25 agosto, 2012

[Magic and Mistakes] Proposal


–Não entendo... como não acharam nada lá? – perguntei virando-me de costas para os dois, olhando o horizonte e os jardins da Toca – Quero dizer, deveria haver algum indício de magia.

Virei-me para Harry e Rony e os vi darem de ombros. Eles tinham voltado ontem da França, e me deixaram completamente sozinha para enfrentar aquele jantar com Draco.

–Hermione, aquela era uma área trouxa, os empregados eram trouxas também, lá na França as mortes não passaram de algum acidente ou obra de algum criminoso.

–Mas eu não entendo. Se era um lugar trouxa porque foi registrado magia? – perguntei estressada vendo algumas galinhas ciscarem milho no chão um pouco mais longe.

–Eu realmente não sei. – Harry respondeu e eu não precisava ler seus pensamentos para saber o que ele pensava.

A verdade era que tudo aquilo era muito suspeito. Mortes e sinais de magia, em uma área completamente trouxa. Empregados assassinados, sem machucados ou algum dano em seus corpos, a não ser o fato de já não conterem vida. Foram mortos pela maldição da morte, era a única alternativa.

E era tudo muito semelhante ao que aconteceu há anos, e Harry também sabia disso. Percebi ele passar a mão distraidamente pela cicatriz. Ele era um auror agora, recém formado, mas era. Assim como Rony. Tinha mais experiência com a Arte das Trevas, não era mais o garotinho condenado a enfrentar um bruxo poderoso, não era o mesmo Harry.

Fora Rony quem se virou para ele e expôs o que mais temíamos.

–Não pode ser ele. É impossível – o ruivo sussurrou e olhou para o céu enfeitado de nuvens. – Harry o derrotou, todos viram.

Senti um frio correr pela minha espinha e minha pele arrepiar-se como não acontecia há um longo tempo. Tudo aquilo era surreal.

–Estamos tirando conclusões precipitadas. Não há por que acreditarmos que ele voltou. Eu sei que isso já aconteceu antes, mas agora é diferente. Você o matou, Harry. Pode ser qualquer um agindo na França, menos Voldemort. – falei ríspida tentando convencer a mim mesma que aquelas palavras eram sinceras.

Ouvi a respiração dos dois e recordei dos anos em que tivemos que enfrentar todo tipo de perigo. Do trasgo, dos comensais, até mesmo uma esfinge Harry enfrentara. Será que estaríamos perto de viver tudo de novo? Sinceramente, eu esperava que não.

Rony deu um passo para trás e olhou para a Toca.

–Vou para dentro, mamãe deve estar infernizando Gina enquanto preparam o almoço, não poderia perder isso. – o ruivo falou divertido e se afastou.

Eu olhei ele percorrer o caminho até o interior da casa e me dei conta do quanto gostava daquele lugar. Era como se fosse minha segunda casa.

Virei-me e encontrei um Harry pensativo encarando um ponto indefinido no chão. Percebi que parecia nervoso, como se temesse algo.

–Harry? – chamei-o e obtive sua atenção.

–Sim... – sua voz saíra falha, talvez por sua garganta estar seca.

–Há algo errado? – perguntei aproximando-me dele e vendo hesitação em sua face.

Harry olhou-me, no entanto seu olhar pouco se demorou em mim, de repente ele deu-se por vencido e relaxou os ombros.

–Pedi Gina em casamento ontem. – ele falou e vi um sorriso dançar em seus lábios.



–Você pediu a mão da Gina? – exclamei totalmente surpresa – Harry, isso é realmente ótimo.

Percebi o alívio no rosto dele e estranhei, ao ver minha face interrogadora ele respondeu-me.

–É ótimo saber que isso não é uma loucura, Hermione, afinal, somos jovens e Gina tem viajado muito por causa dos jogos. E bem, não é como se fossemos nos casar logo. E, bem... talvez o Sr. e a Sra. Weasley não... – sua voz perdeu-se e ele não continuou a falar, apenas engoliu em seco.

–É óbvio que eles aceitarão isso. – falei ao perceber o motivo de tanta hesitação – eles te amam, não poderiam ter um genro melhor.

Harry respirou com mais tranquilidade depois que falei isso e juro que podia sentir a felicidade que ele irradiava.

–Obrigado – ele disse de repente e me abraçou.

Era bom saber que eu o tinha como amigo, como sempre tive.

–Como foi o pedido? – perguntei olhando-o.

Harry, de repente ficou vermelho e desviou seu olhar para algumas flores que a Sra. Weasley havia plantado e que agora desabrochavam.

–Harry? – o pressionei, tentando adivinhar. – Me diga. Levou-a para um restaurante? Para um passeio? Como foi?

–Por que não pergunta para ela, Hermione? – Harry desconversou começando a andar na direção da Toca.

–Me conte! – insisti e segurei-o pelo braço – Por favor.

Minha cara deveria ter deixado-o desconcertado.

–Hermione... – ele começou a protestar, mas desistiu. – Ok, eu conto. Mas não é nada romântico. Foi na França, depois do jogo de Gina.

Eu sorri e comecei a ouvir a história dele.



Narração by Harry



Eu estava fazendo carecas como se fosse um louco enquanto via o pomo voar em uma velocidade inacreditável. Gina, é claro, já o perseguia com os olhos enquanto esperava o momento certo de capturá-lo. Os Montrose Magpies estavam com uma vantagem de vinte pontos, aquela era sim uma das melhores partidas que eu já vira.

Num segundo para o outro as Holyhead Harpies avançaram para os aros e marcaram pontos. Pontos esses que com certeza garantiriam a vitória delas.

Quando percebi Gina já estava voando velozmente em cima de sua vassoura e perseguia o pomo, assim como o apanhador do outro time. Eu me esforcei para olhar o duelo entre eles e o pomo, mas felizmente meus olhos eram ágeis e já estavam acostumados com isso. Em questão de segundos eu vi a mão de Gina fechar-se e agarrar a bola mais ágil que poderia existir. Ela havia ganhado.



Tentei passar pelas pessoas que havia ali, eram centenas. Todas comemorando a vitória das Harpies. Cheguei até uma área menos cheia e deixaram-me entrar na sala reservada às jogadoras. Quando me dei conta uma ruiva jogou-se sobre mim e beijou-me nos lábios de um modo animado e feliz, como há muito tempo eu não via.

–Ganhamos, Harry. – ela disse e percebi que nosso primeiro beijo fora exatamente assim, depois de um jogo que eu não pudera jogar. Ela comemorando a vitória da Grifinória. E eu desejando nunca mais largá-la.

–Quer casar comigo, Gina? – falei de repente, dando-me conta das palavras apenas depois que as pronunciei.

Eram repentinas, mas eu sabia que era exatamente isso que eu queria. Eu amava Gina e desejava passar o resto da minha vida ao lado dela. Já havia perdido muitas coisas em minha vida, não desperdiçaria mais meu tempo.

Percebi que a ruiva ficara sem fala e mal se mexia em meus braços, parecia paralisada. E se ela dissesse não? Pela primeira vez na vida isso passava pela minha cabeça. Eu não saberia o que fazer.

–Está falando sério? – Gina perguntou e aqueles olhos amendoados nunca me pareceram tão doces. – Está me pedindo em casamento depois de uma partida de Quadribol?

Pisquei quando me dei conta da intensidade do olhar dela. Era idiotice o que eu estava fazendo, mas era óbvio que eu falava sério.

–Mas é claro. – respondi e antes que pudesse respirar ela colou seus lábios nos meus e sussurrou.

–Você é doido, Potter. – Gina dissera sorrindo.

–Por que não consegue acreditar em mim? – eu perguntei ainda com ela abraçada a mim.

–Eu acredito. E é claro que eu quero me casar com você, Sr. Potter.

Depois disso eu abri um sorriso do tamanho do mundo. Nunca pensara por um segundo sequer que eu faria isso, mas havia conseguido fazer o pedido a ela. Mas é claro que eu iria planejar algo melhor depois. Gina ficaria mais do que surpresa com o que eu faria a ela.



Narração by Hermione



Quando percebi estava com a boca aberta. Eu nunca imaginaria que ele fosse pedir Gina em casamento depois de um jogo de Quadribol. Qual era o problema dele em pensar em algo mais romântico? Quero dizer, eu não aceitaria. Mas o que estou pensando? Aquilo foi perfeito para os dois. Como o próprio Harry disse, fora parecido com o primeiro beijo dos dois.

–Você odiou a forma como a pedi. – Harry sussurrou enviando-me um risinho irônico.

Percebi que não havia falado nada e isso o tinha feito chegar àquela conclusão. Mas ele estava errado.

–Não, Harry. Eu não odiei. – falei sincera – Na verdade acho ótimo o fato de você ter fugido de um pedido clichê. Foi diferente e o que você me disse... foi romântico, à sua maneira. – respondi e percebi que queria muito saber como Gina estava depois de algo como isso.

Achava até estranho o fato dela não ter me contado ainda.

–Preciso falar com Gina – falei animada, deixando Harry sozinho e surpreso, indo para dentro da casa, onde Gina estava preparando o almoço. Seria fácil raptá-la e extrair dela todos os detalhes desse pedido repentino.



A comida estava deliciosa como sempre, a Sra. Weasley sabia preparar a comida dos deuses. Eu não me lembrava de ser diferente em alguma vez em que estive aqui. Ela havia chamado Luna também, que nos divertia com seus comentários excêntricos ao qual não entendíamos. Mas, ainda assim, era divertido tê-la conosco.

Rony sentava-se ao lado dela e eu percebia que por vezes seus braços roçavam, no entanto ele parecia bem animado em devorar seu prato do que prestar atenção à loira ao seu lado. Pelo menos era o que ele queria passar para nós. Isto porque eu já o havia flagrado olhar para Luna algumas vezes, com um sorriso bobo nos lábios. Rony reclamara tanto do modo diferente da corvinal que mal percebia que agora gostava dela. Fazia muito tempo que ele não implicava com a aparência da garota.

Eu sorri pelo canto dos lábios e terminei meu prato. Fitei, então, Harry. Ele parecia nervoso, de novo. Mas Gina estava exultante. Ela havia me contado que simplesmente estava amando o fato de estar noiva de Harry, e que o pedido fora lindo, pelo simples fato de pegá-la surpresa. Agora o problema deles era anunciar para a família da ruiva. Ainda recordava do quanto a Sra. Weasley implicou com Fleur e Gui, e no fato deles serem jovens para pensarem em casamento, agora eles já tinham a pequena Victorie.

Não precisava ser vidente para adivinhar que existia a chance de Molly rebater o desejo de Harry e Gina alegando a pouca idade de ambos.

Harry levantou-se e chamou a atenção de todos. Percebi ele trocar um olhar nervoso com Gina e depois dirigir-se para o Sr. Weasley.

–Tenho algo importante a dizer. – Harry falou e teve a atenção da família, pigarreou um pouco, mas prosseguiu olhando para Arthur. – Gina e eu tomamos uma decisão e espero que todos aceitem. Sabem que amo Gina e que faria tudo por ela. É por isso que quero pedir ao senhor a mão dela. – Harry disse e fora Rony quem se engasgara com o copo de suco.

Luna serviu água para ele e confesso que aquilo era uma cena engraçada. Olhei para a Sra. Weasley, que agora parecia pálida e surpresa.

–Casamento? Já? – ela sussurrou. – Não poderiam esperar mais?

–Molly... – Arthur começou a dizer, mas Gina o interrompeu.

–Mamãe, não se esqueça de que se casou com o papai quando tinha a minha idade. Isso não irá nos impedir, e, além disso, não iremos nos casar agora. Tanto Harry quanto eu precisamos nos dedicar às nossas carreiras, especialmente agora que ele acabou de formar-se como auror.

Gina dissera tudo com tanta convicção e seriedade que eu tinha minhas dúvidas se eles iriam protestar. Sua mãe abriu a boca uma última vez, mas tornou a fechá-la. No fim Arthur deu um tapinha nas costas de Harry e o puxou para um abraço. Era óbvio que eles não negariam nada a ele, especialmente quando se tratava de sua felicidade e da filha.

Eu sorri internamente, feliz pelos meus amigos, mas dei um longo suspiro cansado ao lembrar-me do que prometera a Draco. Ele queria que eu fosse à sua casa.

Era difícil saber as conseqüências, mas ele garantira que seus pais não me tratariam mal. Era o que eu esperava.



Narração by Draco



Eu andava de um lado para o outro tentando me acalmar. Em alguns minutos Hermione estaria comigo, enfrentando os meus pais. A verdade era que eu não ligava se tivesse que enfrentar todos para ficar com ela, mas meus pais... era deles que eu tinha medo. No entanto eu sabia que minha mãe já havia cedido. Só faltava ele.

Conjurei meu violão e me sentei num sofá ao lado da janela, onde a luz do final da tarde iluminava meu quarto. Comecei a dedilhar e tocar alguns acordes sem prestar atenção se formava alguma melodia interessante. Sábado fora um dia estranho, principalmente no jantar, e agora, três dias depois, eu ainda revivia aqueles momentos. A canção fora a melhor parte da noite, mas o fato de Pietro Breine ser amigo de Hermione me deixava irritado.

Pietro não era o tipo de pessoa que se envolvia com uma mulher se não fosse para se divertir. Eu me lembrava dele exatamente por isso. Ele é um aventureiro, um romântico nato.

Sem pensar meus dedos moveram-se por conta própria pelas cordas e as notas saíam, bem como a canção, que já estava na ponta da minha língua.



This is surrender
Esta é rendição

To a war-torn life I've lived.
Por uma vida devastada pela guerra que eu vivi.

Scars and stripes forever
Cicatrizes e listras eternamente

In need of change I can't resist.
Por conta da necessidade de mudança, não posso resistir.



Eu nunca pensei que pudesse sentir ciúmes de Hermione, pelo menos não tanto. Eu sentira isso apenas uma vez, quando ela estava apaixonada pelo Potter. E quando ele a beijou por causa de um maldito feitiço. Mas agora Pietro não era nada para ela e eu me sentia corroído, como se a raiva me dominasse. Seria isso medo de perdê-la?



No need to hide anything anymore.
Não preciso esconder mais nada.

Can't return to who I was before.
Não posso retornar a quem eu era antes.



Antes eu era um idiota, um sonserino ridículo e egocêntrico. Como tudo mudou tão rápido depois que me apaixonei?

Agora penso em algo. O gostar é algo momentâneo, sem futuro. Estar apaixonado dura até certo tempo. Amor mesmo é para sempre.



I can finally breathe.
Eu posso finalmente respirar.

Suddenly alive.
De repente vivo.

I can finally move.
Eu posso finalmente avançar.

The world feels revived.
O mundo sente-se reavivado.



Posso respirar porque tenho a pessoa que amo comigo. É incrível o fato de que alguém pode tornar-se seu mundo, alguém que você até odiava. Só hoje sei quanto infantil era ao brigar com Hermione.



This long of a struggle
Trata de uma longa luta

Finally opened up my eyes.
Finalmente abriu meus olhos.

Revolution's not easy
Revolução não é fácil

With a Civil War on the inside.
Com uma guerra civil no interior.



Eu abrira meus olhos para o presente e para a vida, não poderia deixar que fechassem por causa de um ciúme bobo. Não, eu não seria um idiota por julgá-la de novo. Não quando eu finalmente entendera que Hermione era tão independente como qualquer outra mulher.



No need to hide anything anymore.
Não precisa esconder mais nada.

Can't return to who I was before.
Não posso retornar a quem eu era antes.



Parei de tocar e me senti melhor, quase que instantaneamente olhei pela janela e vi uma figura aparecer de repente perto dos portões negros. Ela acabara de aparatar.

Deixei meu violão de lado e saí do quarto, descendo as escadas e indo até a porta. Nosso velho elfo doméstico estava trazendo Hermione para dentro. Estaquei na porta esperando-a e sorri quando ela aproximou-se.

Beijei-a nos lábios ternamente e depois a puxei para dentro da casa. Segurei firmemente a mão de Hermione e a levei até a sala de estar, onde mamãe estava. Quando entrei, ela estava lendo o Profeta.

–Mamãe. – chamei-a e obtive sua atenção.

Ela olhou para mim, depois para Hermione e abriu um sorriso. Aquilo me aliviava.

–Tudo bem, Hermione? – ela perguntou levantando-se e se aproximando de nós.

Cumprimentou Hermione como se não soubesse quem ela era, ou o que já acontecera.

–É ótimo poder te conhecer melhor. – mamãe falou gentilmente – Espero que possamos deixar o passado no passado.

Hermione sorriu aliviada e perguntei-me se ela pensava o mesmo que eu. Fora nessa sala que a vi sendo torturada e não pude fazer nada. Eu simplesmente me odiava por isso, mas fora a própria Hermione que não permitira que eu interferisse. Se não fosse por ela ter pedido, eu nunca a deixaria ser ferida. Ela havia se preocupado mais em manter minha fachada de comensal do que com sua segurança. Lembro-me que depois disso, não conseguia fechar meus olhos e dormir à noite. Tinha medo quando seus gritos penetravam meus sonhos.

–É o melhor que podemos fazer. – Hermione disse e mamãe logo começou a conversar com ela animadamente.

Isso era algo que eu esperava. Eu apenas tinha medo do que Lucius Malfoy poderia fazer.

Quando pensei isso ouvi barulhos vindos das escadas e prendi a respiração. Ele estava vindo para a sala.

Eu estava de costas para a porta e vi mamãe olhar para um ponto atrás de mim. Ele. Hermione encolheu-se e provavelmente estava sentindo-se desconfortável. Então o que eu mais temia começou.

–O que ela faz aqui? – sua voz era fria, mas eu já não a temia como quando era uma criança.

–Ela tem nome e é minha namorada. – falei levantando-me e olhando fixamente para o rosto do meu pai.

Percebi que ele começava a irritar-se e senti raiva. Raiva daquele preconceito idiota em sua cabeça.

–Tire essa sangue-ruim da minha casa. – ele disse de modo perigoso e percebi o quanto aquela palavra imperdoável era horrível.

–Não a chame de sangue-ruim – falei entre dentes, dando um de meus sorrisos irônicos.

–Estou apenas dizendo a verdade.

Fitar aquele rosto e saber que aquele homem tão parecido comigo era meu pai, tornou-se algo difícil. Será que eu me tornaria como ele no futuro se não amasse Hermione? Eu não iria permitir que isso acontecesse, nem iria deixar ele tratar a mulher que eu amava daquele modo.

Saquei minha varinha e apontei para meu braço.

–Diffingo. – sussurrei e Hermione e minha mãe assustaram-se com o que eu estava fazendo.

Deixei um gemido baixo escapar e vi que o corte que eu fizera no braço sangrava superficialmente. Eu não seria tão doido a ponto de fazer um corte profundo.

Aquele líquido vermelho descia pelo meu braço e eu percebia pela primeira vez o quão louco aquilo parecia e o quanto seria fácil deixar a vida ser drenada de um corpo.

–Olhe para o meu sangue! – eu praticamente gritara e olhei fixamente para meu pai. Ele estava mais afetado do que eu pensara.

Eu podia perceber isso por baixo daquela máscara de indiferença.

–Olhe para o seu maldito sangue nobre! – continuei a gritar. – Acredito que se lembra do dia em que Bellatrix Lestrange cortou o pescoço de Hermione com a faca de prata dela. Lembra-se de que cor eram aquelas gotas de sangue, pai? Lembra-se? – perguntei e percebi que uma fina lágrima deslizou pelo meu rosto.

–Não me importo se seu sangue é amarelo ou verde. Você é meu filho e não quero que se misture com uma sangue-ruim. – ele insistira e eu nunca me senti tão enojado.

–Não pode mandar em mim.

–Então, Draco. Mas não vou deixar um traidor do sangue viver sob o meu teto.

Os segundos depois disso pareciam anos, eu ouvia minha respiração e alguém soluçar atrás de mim, Hermione estava assustada com tudo aquilo, era óbvio que ela não queria ter que presenciar uma briga entre mim e meu pai. O sangue deslizava pelo meu braço, calmo, inerente à situação. E era aquele maldito sangue a raiz de meus problemas.

–Ótimo. Então estou indo embora. – falei baixo e ergui meus olhos, virei-me e fitei minha mãe. – Desculpe-me. – sussurrei para ela e peguei a mão de Hermione.

Eu praticamente a guiava para fora de casa. No fim, não fora uma boa ideia trazê-la. Onde eu estava com a cabeça?

–Está louco, Lucius? Ele é seu filho. Não deveria fazer isso a ele! – ouvi a voz de minha mãe praticamente gritar, mas eu não iria me preocupar com mais uma briga deles. Estava cansado disso já.

Assim que passei pelo portão, me concentrei e aparatei com Hermione. Eu havia feito uma escolha e não voltaria atrás.

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