29 agosto, 2012

[Anywhere but here] Capítulo 1


O salto dela ao entrar em contato com o chão fazia sons típicos e que a deixavam mais nervosa a cada instante. A saia do seu vestido deslizava pelo chão como plumas, e dava-lhe um ar principesco, um porte de dama, que possuía toda a beleza do mundo, embora esta estivesse mascarando toda a dor em seu peito. A maquiagem clara escondia olheiras, porém não seu olhar tristonho.

A garota parou bem no topo da escadaria, perto do hall de entrada, onde casais apaixonados se encontravam para adentrar o grande salão. E, então, ela o viu. Trajava vestes tão negras quanto a noite, as quais contrastavam com o seu claro e volumoso vestido. Os olhos azulados pareciam belos para ela e assim que eles encontraram o olhar dela, a garota sentiu todo o seu corpo estremecer, assim como o seu coração, que batia descompassado, quase a matando aos poucos, Tum-tum. Tum-tum. Ela morria... por não tê-lo.

Uma mão pousou em sua cintura e ela olhou para trás.

– Você está linda, Hermione – Rony falou ao pé de seu olvido. – E não precisa entrar sozinha nesse baile.

– Eu já disse, Rony, eu tenho um par. E você também já tem o seu, e se eu fosse você, não deixaria Lilá esperando. – Hermione falou sorrindo para o amigo e ficou vendo-o afastar-se e reunir-se à loira.

Harry com Gina, Rony com Lilá. Seus amigos pareciam felizes e isso a animava, porém de onde vinha tamanha tristeza em seu coração? Seu olhar machucado era a consequência de um amor que nunca se realizaria?

Draco Malfoy ainda a fitava de perto da entrada do salão, como se dissesse: “você é minha, é comigo que deve entrar Hermione Granger”. Entretanto, tais palavras não saiam de seus lábios, ela as lia na mente do sonserino. Ele a queria, mas nunca poderiam pertencer um ao outro. Era loucura.

Hermione deu um passo à frente e degrau a degrau começou a descer a escada, aproximando-se do loiro mais e mais. “Isso é loucura” disse a si mesma mentalmente. A cada centímetro mais próxima de Draco sentia seu coração pular. “Loucura...”

A garota parou bem à frente do sonserino e fitou-o demoradamente. Alguns alunos que esperavam no hall dirigiram os olhares para aqueles dois supostos inimigos, talvez esperando que puxassem suas varinhas e se matassem ali mesmo. Mas isso não aconteceu.

– Você tem certeza sobre isso? – a garota contestou-o. – Sabe que o preço por andar com uma sangue-ruim é alto... para um Malfoy.

O loiro dirigiu seu olhar para quem o fitava com Hermione, sentia-se exposto, como um animal numa jaula, o qual todos fitavam a todo instante, um animal preso à própria condição privilegiada. Qual o sentido em ter poder, se não poderia usá-lo? Seu nome o precedia, seu nome o elevava cada vez mais, porém, seu nome também o destruía aos poucos, pois o dela nunca estaria à sua altura, não como ele queria, não como precisava que estivesse. Hermione Granger tinha tudo para ser sua garota, mas possuía um sangue amaldiçoado.

Draco suspirou e, ignorando todos os seus pensamentos, fez uma reverência para garota.

– Não me importa as consequências, eu iria para o inferno por você – o loiro falou. – Você quer ou não ser o meu par esta noite, Hermione?

– Draco...

Is this the end of the moment or just a beautiful unfolding

Of a love that will never be or maybe be

Everything that I never thought could happen or ever come to pass and I wonder

If maybe, maybe I could be all you ever dreamed, cause you are


A música no salão principal encheu a audição de ambos, Hermione olhou para a enorme porta e finalmente aceitou a mão que Draco mantinha estendida.

– O que todos irão pensar? – ela sussurrou.

– Irão pensar que você está linda... e que é minha.

– Draco, não é hora para isso – Hermione disse corando. – Meus amigos... sua familia...

– Granger, eu pensei que você fosse corajosa, se não quer fazer isso, apenas entre sozinha ou volte para seu dormitório. Eu tenho mais a perder do que você, mas estou aqui, não? Porque não ligo para a droga do seu sangue ou o meu e...

– Draco! – a garota falou. – Eu já entendi.

Beautiful inside, so lovely and I can't see why I'd do anything without you, you are

And when I'm not with you, I know that it's true

That I'd rather be anywhere but here without you

O sonserino exibia um semblante pensativo, ela percebia isso. Não entendia por que diabos ele a convidara e insistira para vir com ela naquele baile, sabia apenas que deveria vir, por ela, por ele.

Hermione mantinha uma postura incrivelmente nobre, como se fosse uma verdadeira princesa de contos de fadas, uma princesa adormecida que agora despertava naquele enorme salão decorado nos mínimos detalhes. Ela parou bem no centro da pista e Draco pousou sua mão em sua cintura.

Os dois monitores de Hogwarts estavam juntos e teriam a primeira dança, conforme a tradição da milenar escola. Entretanto, tamanha era a surpresa de todos ao deparar-se com aqueles dois juntos. Granger e Malfoy? Era realmente essa a cena que viam? Não havia hostilidades entre eles, tampouco troca de xingamentos ou expressões de asco.

Is this a natural feeling or is it just me bleeding

All my thoughts and dreams in hope that you will be with me or

Is this a moment to remember or just a cold day in December, I wonder

If maybe, maybe I could be all you ever dreamed cause you are

Uma música lenta começou a ser tocada e com toda a graça do mundo os dois jovens principiaram a dança. Draco a conduzindo e Hermione deixando-se levar pelo rapaz.

– Essa é a nossa última noite em Hogwarts... – a grifinória comentou com o loiro – Eu estou com medo de como as coisas serão daqui para frente.

Essas palavras estavam há tempos entaladas na garganta da menina, e somente agora ela percebia isso. Dizê-las a Draco era já uma grande vitória.

– Esqueça o amanhã, meu bem. É o hoje que importa – Draco falou a girou em seus braços.

– Draco, tenho algo para te dizer... – a garota falou nervosa.

– Seus amigos querem matar-me por estar com você. – Draco falou mal ouvindo-a, fitava agora Potter e Weasley pelo canto dos olhos.

– O que mais você esperaria? Estamos dançando, imagine o que pensariam se soubessem que estivemos juntos... – Hermione comentou e soltou uma risada, mas parou ao ver a expressão de Draco. – O que foi? Por que essa cara? Draco, por que está sorrindo tanto?

– O que aconteceria se nos vissem juntos... de verdade? Sem máscara alguma ou tradição escolar maquiando o fato de dançarmos...

Beautiful inside, so lovely and I can't see why I'd do anything without you, you are

And when I'm not with you, I know that it's true

That I'd rather be anywhere but here without you

– Draco...

Sua voz morreu, no mesmo momento em que ela sussurrou seu nome, ele tomou-a nos lábios, tocando-os lentamente e de forma suave. E por um segundo não havia salão algum ao redor daqueles dois jovens condenados pela Guerra Bruxa. Não havia um baile ou canção dispersando a atenção de ambos. Não havia ninguém testemunhando a união daqueles dois, tampouco alguém que pudesse quebrar o momento que só a eles pertencia.

Hermione afastou-se do loiro e fitou-o assustada, temendo o que pensariam, porém ao encontrar os olhos do rapaz, percebeu que ele sorria, um sorriso genuíno, um que ela raramente vira em seus lábios nos últimos meses.

“Essa é a nossa última noite, Hermione. Venha comigo ao baile” Lembrou-se do pedido do sonserino. Lembrou-se de como tudo aquilo começara, do ódio, do orgulho ferido de ambos.

Is this the end of the moment or just a beautiful unfolding of a love that will never be for you and me

Cause you are

– Para onde irá amanhã, Draco, quando o Expresso de Hogwarts chegar a Londres? Para que lado irá seguir? – Hermione contestou-o, tentando evitar ao máximo o momento de dizer adeus.

Draco puxou-a pela mão, ainda sob os olhares de todos naquele salão. Viu os amigos dela fazerem menção de os seguir, porém Ginevra Weasley deteve tanto Potter quanto o irmão. O loiro a levou para fora do salão, numa sacada onde a luz era fraca. Mesmo nessa perspectiva escura, ele distinguia claramente a expressão preocupada da grifinória.

– Draco...

– Eu não partirei no Expresso de Hogwarts amanhã – ele principiou e ela franziu o cenho. – Eu partirei essa noite, Hermione. Partirei como um comensal, Dumbledore me expulsará da escola, junto dos outros...

– Outros? – Hermione repetiu. – Do que você está falando? Disse que não era um comensal, que nunca desejou tornar-se um...

You're beautiful inside, you're so lovely and I can't see why I'd do anything without you, you are

– Essa guerra é inevitável, minha família já está praticamente enforcando-se nessa causa. Eu preciso salvá-los, porém não posso arriscar você, sabe que nunca teria chance se o Lorde das Trevas ganhar.

– Então...

– Então você me deixará partir essa noite.

– Para morrer? Para lutar contra mim e meus amigos? – Hermione falou com desdém. – Faça isso, Malfoy! Vá embora!

Ela voltou-se para dentro a fim de retomar seu caminho e adentrar o Grande Salão, entretanto, Draco a conteve. A mão quente dele encontrou a mão fria dela e Hermione novamente o fitou nos olhos.

– Hermione...

A garota puxou o braço, soltando-se do loiro, numa atitude hostil e raivosa.

– Você comete apenas erros, Draco. Eu pensei que pela primeira vez poderia confiar em você, fingir que por pelo menos um dia fôssemos adolescentes comuns, daqueles que não precisam se preocupar com assuntos de gente grande, daqueles que só necessitam escolher um par ou o melhor vestido, encontrar os amigos numa festa e se divertir – Hermione falou. – Nosso maior problema não deveria ser uma guerra.

And when I'm not with you, I know that it's true

Ela sentiu os olhos arderem, mas não cederia tão facilmente às suas emoções, levantou o rosto, e quando o fez, percebeu que Draco tinha a face tão séria quanto a dela. Ele olhava a um ponto mais distante naquele momento, onde uma fumaça escura ameaçava adentrar os portões da escola.

That I'd rather be anywhere but here without you

Hermione virou-se novamente para o salão e levou a mão até uma das dobras do vestido, onde escondera sua varinha, mas o sonserino fora mais rápido e a conteve novamente.

– Eu não espero que você entenda... – sua voz era rouca. – Não espero que me apoie, mas grave essas palavras, Hermione Granger: acabarei com essa guerra, por você.

Por um segundo ela acreditou naquelas palavras, com toda a sua vontade, porém, no outro instante, ela não mais o via. Mergulhara na escuridão.

– Ela está acordando... – uma voz conhecida falou.

Abriu os olhos, a luz machucou seus olhos e Hermione sentiu-se tonta.

– O que aconteceu? – a garota perguntou e fitou Gina.

A ruiva parecia preocupada, Hermione olhou-se e percebeu que ainda trajava um longo vestido de baile. Porém não recordava de absolutamente nada. Lembrava-se vagamente de uma dança, de um beijo... um beijo... Draco!

– Hey, não se levante ainda! – Gina ordenou segurando a amiga. – Você está fraca.

– Eu não lembro o que houve... Estava com Draco e...

– Ele a trouxe até aqui, à sala precisa. E depois mandou me chamar. Ele te estuporou Hermione, fez isso para fugir do castelo com o papaizinho dele – Gina falou aborrecida. – Não sei o que viu nele, de todos que você poderia se apaixonar... foi escolher logo o pior!

– Gina! Isso não importa agora. Eu vi comensais e...

– Todos viram, adentraram o castelo e houve duelos. McGonagall e os outros os controlaram.

Hermione levantou-se e aproximou-se da janela da sala. Mesmo com a escuridão que havia lá fora, ela pôde ver um leve brilho vindo da lua.

– Você ao menos conseguiu dizer a ele o que queria? – Gina perguntou para a amiga.

– Não... eu não disse – Hermione falou.

“Eu não espero que você entenda...”

– E o que havia de tão importante para você dizer a Draco Malfoy? – a ruiva perguntou mais uma voz.

“Não espero que me apoie...”

– Hermione eu sou sua amiga, me conte!

“... mas grave essas palavras, Hermione Granger...”

– Hermione!

“Acabarei com essa guerra, por você”

– Estou grávida de Draco Malfoy...


0 comentários:

Postar um comentário

Não faça comentários com conteúdo preconceituoso ou com palavras de baixo calão.
Respeite as opiniões expressas no blog, bem como opiniões de outros leitores.
Faça comentários sobre o tema da postagem.
Leia também a Licença do blog
Volte sempre. Obrigada.