31 agosto, 2012

[Incantatem] Impulsos

Eu amaria dizer que sou uma daquelas garotas mega sortudas, uma garota que faz o que quer e manda e desmanda. A que quando passa, todos observam andar como nos filmes, com direito a câmera lenta e paradas dramáticas.

Mas aí eu lembro que Deus não me fez patricinha nem vadia.

E então eu volto à realidade. Ruiva, olhos azuis, sardas e livros.

A nerd da grifinória, também conhecida como a Weasley invocada, apelido que meu querido primo James me deu e até hoje eu sinto um impulso de afogá-lo no lago negro. Algo que eu faria se ele continuasse a chamar-me assim.

– Ele está olhando de novo – Molly falou olhando para a mesa da corvinal pelo canto dos olhos.

Eu não precisava virar-me para saber a quem ela se referia. O fato era que Molly sabia a queda, ou melhor, o precipício que eu tinha por Lorcan Scamander. Loiro. Olhos azulados. Ar sonhador. A perfeição em forma humana. Ai meu Merlin, por que a droga que chamam de coração precisa bater tão forte?

– Ela está vermelha – Dominique falou cutucando Molly.

Minhas duas primas começaram a gargalhar e eu estava cada vez mais irritada. Quem sabe elas poderiam fazer companhia a James no lago futuramente. Seria uma bela ideia.

– Eu não gosto dele, não gosto! – sussurrei.

– Não gosta de quem? – uma voz atrás de mim contestou.

Merda! Albus tinha que chegar logo agora?

– Hmm, desse almoço – eu falei sem pensar – eu realmente não gosto!

Albus fitou meu prato e viu ali um assado, delicioso por sinal.

– Pensei que essa fosse sua comida preferida, Rosie.

Por que, Merlin? Por que ele não podia ser um pouco mais parecido com o tio Harry? Albus poderia muito bem ser como James, um lerdo de carteirinha! Até mesmo meu pai teria caído nessa desculpa idiota minha!

Nick e Molly ainda riam e eu resolvi que me virar para meu prato era uma ótima alternativa para aquilo tudo. Ainda que ele fosse meu melhor amigo, era também amigo de Lorcan e eu não precisava passar mais vergonha ainda.

– Você anda estranha, Rosie – Albus falou sentando-se ao meu lado.

Deixei meu garfo na mesa e levantei-me. Eu não precisava aguentar a essa situação. A biblioteca era muito mais sedutora para mim do que o salão principal. Muito mais!

– Rosie! – Albus falou, mas eu já estava andando para longe. – O que deu nela? – pude ouvi-lo.

Os corredores frios faziam eu me sentir bem, me afastavam de tudo e todos e o melhor de tudo era o caminho até a biblioteca. Praticamente deserto!

No entanto quando abri a porta dei de cara com um loiro tão mais lindo do que Lorcan.

E também muito mais desprezível que o corvinal.

– Weasley! Bem vinda ao lar novamente! – Malfoy falou divertido e cruel. – O lugar de uma rata é na biblioteca!

Tive um impulso de puxar minha varinha e arrancar cada fio de cabelo daquele estúpido, mas me segurei. Eu não precisava me rebaixar a um Malfoy.

– Realmente, Malfoy! Pena que não temos um chiqueiro para ser sua casa. – falei e o empurrei com o ombro quando entrei.

Eu sabia que ele me fuzilava com o olhar.

E também sabia que Malfoy estava espumando de raiva.

Pior do que enfrentar o Malfoy, é enfrentar um Malfoy irritado.

Parabéns Rose Weasley! Gênio de Hogwarts! Mexe com fogo, sai queimada.

Eu ainda não acreditava no que aquele projeto de feiticeiro fizera!

Aula de poções, última aula do dia e com o Slughorn, que supostamente idolatrava Albus por alguma razão, uma razão com nome e sobrenome. Uma que se chamava Harry James Potter.

Simples assim.

E eu via claramente o quanto Malfoy odiava essa atenção que Albus recebia. Eu também me incomodava, veja bem, meu amigo era realmente inteligente, mas suas poções só eram boas por sorte, ele simplesmente sabia o que fazer, como se ele naturalmente soubesse exatamente o que aconteceria com cada ingrediente acrescentado.

É claro que era um talento natural, algo que o professor vivia ressaltando, dizendo que era o dom que ele herdara de Lilian Evans, sua melhor estudante e avó de Albus.

Naquele dia tudo o que tínhamos que fazer era um poção do sono, mas Malfoy não ia deixar barato o que eu lhe dissera mais cedo. Ele não parava de me olhar durante a aula, seu olhar nojento o denunciava. Ele tinha um plano, um plano diabólico.

Faltava apenas cinco minutos para minha poção estar pronta, chequei novamente as instruções no quadro negro. O professor me elogiara dez minutos atrás e eu me sentia a rainha das poções. Ou quase isso.

Alguém estragara meu brilho completamente. E quando eu digo alguém, eu quero dizer Scorpius Hyperion Ridículo Babaca Malfoy. Quando dou por mim, minha poção começa a borbulhar. Claramente há algo errado. Algo que eu acrescentara que não devia estar ali. Checo os ingredientes, penso no que fiz. Não! Eu fiz tudo exatamente como o pedido. A não ser que... checo meu caldeirão e percebo que o fogo está mais forte do que deveria. Olho para a mesa da sonserina. Malfoy está se divertindo com a situação e guarda sua varinha, sorrindo vitorioso. E então minha poção explode. Tenho apenas tempo de cobrir meu rosto antes que o líquido me queime.

EU VOU MATÁ-LO!

***

– Rosie, não! – Albus falava me segurando enquanto eu tentava alcançar o Malfoy.

Eu já imaginava a bela sensação de vê-lo sem seu gorduroso cabelo.

– Me. Solta. – Falei entre dentes e meu amigo continuou a me segurar, impedindo que eu continuasse a seguir o Malfoy-babaca pelos corredores.

– Não vale a pena. E você tem uma reunião hoje se lembra? Irá deixá-lo arruinar até mesmo seu cargo de monitora?

Parei. Albus estava certo. Eu não deveria deixá-lo estragar até mesmo isso. Talvez, depois da reunião, eu poderia trucidá-lo. Só talvez.

– Certo. Te encontro na sala comunal depois – falei e fui até as escadas, correndo antes que eu me atrasasse para a reunião dos monitores.

Lembrava-me ainda do orgulho de mamãe quando recebi meu distintivo nas férias. Ela era capaz de sair voando de felicidade. Era o mínimo que eu podia conquistar, afinal, eu era filha dos bruxos mais famosos, todos sabiam exatamente quem eu era quando cheguei a Hogwarts e mesmo sendo tão invisível na escola, eu ainda era lembrada como uma Weasley.

Não demorei nem dez minutos para chegar até a sala, todos estavam ali e quase arfei quando vi Scamander. Era Lysander, obviamente. O irmão gêmeo de Lorcan. Eles podiam até mesmo ser super parecidos, mesma aparência, mesmos rostos, mas suas expressões e olhos eram diferentes. Com o tempo era fácil diferenciá-los. Lysander era o irmão tímido e dedicado. Lorcan era o que se destacava com as garotas, para minha perdição.

– Hey Rosie! – Lysander me chamou e eu sorri.

Ele era um ano mais velho e nossa amizade existia desde muito tempo atrás. Afinal, sua mãe era amiga dos meus pais.

Ficamos conversando até todos chegarem. Malfoy já estava lá com uma garota que eu me lembrava como sendo Diana Nott. Garota ignorante e que me amava com todo o coração, ao ponto de adorar me lançar azarações.

Minha sorte era que meu conhecimento de feitiços de bloqueio era muito além do dela.

Reportei tudo o que acontecera aquela semana. Enquanto os outros falavam, eu prestava atenção e meu olhar cruzava com o de Malfoy. Era uma guerra silenciosa, uma guerra com um só vencedor e seria eu.

Eu odiava minha inocência!

Estava completamente enganada.

Eu seria a perdedora e com P maiúsculo, grafado na minha testa.

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