Incantatem

Por que me afastar? Porque éramos inimigos e como tais nos odiávamos. Porque eu era uma Weasley e ele um Malfoy. E principalmente porque estávamos em guerra declarada!

Magic and Mistakes

Hermione volta a Londres depois de dois anos. Ela cresceu e já não é a garota de antes. A guerra contra Voldemort teve seu fim e, agora, nada impede ela de ficar com Draco Malfoy. Isso era o que ela pensava. Em meio às mudanças da sua vida, novo emprego e uma nova casa, perceberá que Draco também tem sua própria vida. No entanto, acabarão sendo um dos casais mais conhecidos do mundo bruxo, algo que não esperavam. As consequências de seus atos se tornarão mais perigosas. Magia e erros, porque nem sempre se pode prever o futuro.

Por Culpa do Destino

Seria certo passar por cima de uma guerra por amor?

Imperius

Ele me olhava com aquelas orbes cinzentas como se estivesse arrependido do que me fizera. Eu fora uma tola, uma estúpida e iludida, afinal, como diabos Draco Malfoy se apaixonaria por uma sangue-ruim, nem ao menos a maldição imperius causaria isso. - Deixe-me explicar - ele pediu, sussurrava, sua voz estava quebrada.

Inimicum

Hermione Granger por anos foi uma pessoa amarga e nunca soube ao certo a razão de Draco a abandonar. Agora ela é uma auror e ele um comensal, entretanto um encontro faz com que ambos voltem ao passado e segredos sejam revelados.

24 dezembro, 2010

Feliz Natal!

Desejo a vocês, queridos leitores, um Feliz Natal... muitos doces, muitos presentes rsrsrs.
Agradeço também a vocês pelas mais de 1000 visitas.
E desejo já um próspero Ano-Novo, aproveitando para explicar sobre a manutenção que farei.
A partir do dia 29/12 o Ordem de Merlin ficará fora do ar e voltaremos somente no dia 1º de Janeiro.
Estarei trocando o template e aproveitarei para fazer alguns ajustes.

Agradeço a compreensão.

Gabi Garcia

Doces lembranças

One-shot de Natal


Doces Lembranças

A manhã já havia nascido há algumas horas, o que era mais do que natural. Uma borboleta perdida voava perto de algumas flores, no jardim. E um menininho observava tudo, mudo e atento.
Os olhinhos castanhos não deixavam escapar nada e transpareciam toda a inocência que uma criança poderia ter, ainda que tivesse aquele mesmo ar brincalhão e atrevido, como se armasse mais um de seus planos infantis e sapecas.
Seus cabelos que costumavam ficar verdes, agora estavam castanhos, sem vida, sem cor.  Era cedo demais para o menino estar ali, fora do conforto de sua cama, mas para ele, não fazia diferença. Não conseguiria voltar a dormir de qualquer modo...
– Ted! – uma voz feminina viera de dentro da casa, chamando-o.
O menino olhou para dentro da casa, onde a avó estava e, em seguida, deu uma última olhada para fora, onde a neve dominava o ambiente. A borboleta já não existia e as flores que imaginara ainda não haviam nascido. Não havia nenhuma grama verde, mas um extenso cobertor feito de neve. Ali fora estava apenas o inverno, fitando-o.
Ted suspirou e saiu da varando e entrou na casa.
– Sim, vovó? – ele falou, encontrando-a na cozinha.
– O que estava fazendo lá fora? Está um gelo! – Andrômeda exclamou, preparando o café da manhã.
Seus cabelos tão negros estavam já com alguns fios grisalhos e algumas rugas se destacavam em sua expressão cansada.
– Nada. – Ted respondeu, sentando-se em sua cadeira.
O menino deixou a cabeça apoiada num braço e este, sobre a superfície da mesa. Acabara de assumir um ar pensativo, como se duelasse consigo mesmo em uma torturante guerra mental. 
“Talvez... talvez eu esteja certo” ele pensou.
– Hoje iremos para a Toca... seu padrinho me pediu para te levar lá... – a mulher falou enquanto a água fervia.
Ela agitou a varinha e o pão foi cortado em pedaços menores. Com outro floreio o copo de Ted encheu-se de leite.
– Vovó... por que o natal existe? – Ted perguntou repentinamente.
A pergunta o atormentava há dias e fazê-la era uma necessidade quase que vital.
– Que pergunta é essa, Ted? – a bruxa contestou, não sabendo o que responder para o neto, nem qual seria a melhor resposta – Ele existe porque existe, oras.
– O padrinho disse que é uma festa cristã... mas eu não entendo. – O menino continuou. – Se o natal existe, por que o Papai Noel e as renas não?   
Andrômeda viu-se numa enrascada. Não sabia a resposta para aquela pergunta, tampouco algo que fizesse Ted parar com suas perguntas rotineiras. 6 anos, a fase dos “Por quês?”.
Mas então lhe ocorreu algo.
– E como você sabe que não existe? – a mulher contestou, querendo que tivesse pegado o menino desprevenido sobre uma questão como aquela.
Ted, para sua surpresa, abaixou os olhos para a mesa, fitando seu pão com geléia, hesitante. Era como se ele sentisse vergonha de sua resposta. Mas ainda assim respondeu, sem fitar a avó.
– No ano passado eu pedi um presente para o Papai Noel. – Ted falou, a voz ligeiramente aguda.
Andrômeda olhou o neto com mais atenção, talvez tentando entender o que estava passando por aquela cabecinha castanha. Diferente dos outros dias, o menino estava quieto demais, pensativo demais. Não era ele mesmo. Entretanto, antes que pudesse acrescentar algo à conversa, a chaleira começou a fazer barulhos e ela a retirou do fogo, terminando de preparar o café.
De volta à mesa, a bruxa retomou o ponto onde parara.
– E o que você pediu para ele?
Ted novamente hesitou e ocupou-se com seu café da manhã.
– Ted? – a mulher insistiu.
– Pedi um snap explosivo – o menino falou e terminou de comer.
Levantou-se apressado e subiu as escadas, indo direto para seu quarto.
E Andrômeda soube, Ted Lupin estava mentindo para ela.

:::  :::

– Gui e eu estávamos pensando em ir para a France, mas Victoire quis ficar com a Senhorra Weasley, entan resolvemos ficarr aqui, non Gui? – Fleur Delacour falava animada com Hermione, enquanto os maridos de ambas conversavam e mal prestavam atenção às mulheres.
Hermione Granger apresentava uma barriga proeminente e estava radiante com sua gravidez.
Um pouco longe das mulheres estavam duas crianças brincando animadas. Uma garotinha pequena e um menino esperto.
– Este ano pedi um monte de doces de Natal – uma menininha ia falando, os cabelos dourados destacando-se cada vez mais – E uma boneca linda que eu vi! Acha que o Papai Noel vai trazer para mim? – Victoire perguntou animada.
Seus olhinhos azuis traziam uma esperança genuína e infantil.
– Ele não existe, Vick. – Ted falou enquanto comia algumas guloseimas que os dois roubaram da cozinha sem que a Senhora Weasley os visse.
– Você está mentindo! – a menina falou.
Com apenas quatro anos Victoire mostrava-se inteligente, e era tão falante e bela quanto a mãe, mas demonstrava naquele momento, uma profunda irritação quanto ao que o amigo falara.
Mas antes que os dois entrassem em uma discussão sobre quem estaria certo, um Harry surgiu atrás deles. Os olhos verdes estavam atentos e sobre caíram primeiro no afilhado.
– E por que ele não existe, Ted? – o moreno perguntou.
Gina estava ao lado dele com Tiago dormindo em seus braços. O bebezinho tinha um cabelo ruivo ralo e aparentava estar no mais profundo e doce sonho.
Por outro lado Teddy viu-se mais uma vez frente aquela pergunta. Não via uma razão para responder, mas também se sentia muito melhor para falar sobre aquilo com o padrinho do que com sua avó.
Estava numa encruzilhada. E todos olhavam para ele.
– Por que ele não existe. – Ted falou revirando os olhos e correu deles, indo para fora da casa e encontrando o frio.
Não queria mais falar daquilo. A única certeza que tinha era que Papai Noel era uma lenda. Não havia trazido seu presente. E também não descera por chaminé alguma.
Mal pensara isso, Harry abriu a porta e ficou ao lado dele, não falara nada, tampouco exigiu uma resposta do menino.
E Teddy ficava mais tentado ainda a falar.
Por fim fora Harry quem quebrou o silêncio.
– Não deveria estragar as fantasias de Victoire. – Harry falou sorrindo – Ela é mais nova, Ted, e não entende certas coisas.
Ele tinha razão, mas Ted ainda não via motivos para crer em algo irreal.
– Quem que te falou aquilo? – o moreno voltou a perguntar.
– Ninguém. – Ted respondeu. – Eu pedi um presente. E ele não me deu.
Sua voz continha certa mágoa e ressentimento, que não passaram despercebidos por Harry.
– E o que é que você pediu?
O menino poderia ter ficado irritado com essa pergunta novamente, no entanto não ficara. Queria dizer ao padrinho tudo, não só porque ele o entendia, mas também porque era quase um pai para ele.
– Eu pedi a mamãe e o papai de volta. – Teddy Lupin falou.
O moreno não alterou sua expressão, embora seu olhar tenha ficado ligeiramente mais suave.
Porque a verdade era apenas uma.
Teddy era feliz, mas estava crescendo sem a presença dos pais, assim como ele próprio. Mas diferente de Harry, Teddy tinha sua avó, tinha um padrinho e amigos. Uma família.
Entretanto, ainda assim, sentia algo faltando.
– Teddy... – Harry começou – Acho que todas as crianças como você já desejaram isso – O moreno falou. – Não. Crianças como nós desejam isso.
O menino olhou para o homem e viu-se nos olhos de Harry Potter. Este se abaixou na altura de Teddy, um joelho no chão, outro dobrado. Fitou o menino demoradamente.
–Eles não vão voltar – Harry falou.
Sua voz estava quase quebrada, um bolo crescia em sua garganta e o menininho tinha agora os olhos brilhantes. Sabia daquilo, mas ouvir dito em voz alta era como uma sentença. Antes parecia somente uma teoria, agora era um fato. Que nunca mudaria. Era como uma estocada de uma espada em seu corpo frágil. Um choque de gelo sobre um corpo quente.  
–Eu e sua avó já conversamos com você, não é?
–Sim... eles morreram lutando. – Ted falou, como se já tivesse dito e ouvido aquilo mil vezes.
– Lutando por você, para que pudesse viver melhor do que eles viveram.
Os cabelos castanhos ficaram um tom mais claro, mas nenhum dos dois percebeu isso.
– Eu só... queria vê-los. – Ted falou, agora aceitando melhor que não os teria jamais.
Harry não sabia o que fazer. Sempre tivera a consciência de que esse dia chegaria, mas naquele momento não fazia ideia de como encarar a situação.
Internamente sempre fora como o menino, desejando que os pais voltassem. Vira-os no espelho Ojesed. Vira seus fantasmas saírem pela varinha de Voldemort naquele cemitério horrendo. E vira-os também depois de girar a Pedra da Ressurreição três vezes em sua mão. E inclusive, naquela ocasião, vira Lupin.
Era uma opção, mostrar o pai para o pequeno Ted.
Mas ao mesmo tempo seria doloroso para o menino.
Fantasmas devem permanecer no passado e nas lembranças.
E Harry lembrava-se de seu último encontro com Remo Lupin.

–Eu não queria que você tivesse morrido – disse Harry, as palavras saindo involuntariamente. – Nenhum de vocês. Sinto muito...
Ele se dirigia mais a Lupin do que a qualquer dos demais, súplice.
–... logo depois de ter tido um filho... Remo, sinto muito...
–Eu também sinto. Lamento que nunca chegarei a conhecê-lo... mas ele saberá porque morri, e espero que entenda. Estive tentando construir um mundo em que ele pudesse viver uma vida mais feliz.
(Relíquias da Morte, p. 543)

Harry decidiu-se por si próprio vê-los naquela noite. Precisa daquele apoio. E agora a Pedra estava perdida em algum ponto na Floresta Proibida. Mas ainda que a tivesse em mãos, não permitiria que Teddy a usasse para vê-los, por um simples segundo que fosse. Seria doloroso demais e triste. Não ajudaria a substituir aquela sensação de perda, apenas a aumentaria. Precisava somente fazer o menino entender, o que provavelmente já havia acontecido.
–Você parece com eles mais do que imagina. – Harry falou. – Na verdade parece muito mais com Tonks. Ela era desastrada e super animada, eu nunca conheci alguém como ela.
Teddy estava novamente com os olhos brilhando, mas agora era de excitação. E Harry interpretou isso como uma permissão muda para continuar a falar sobre os pais do menino.
–Ela gostava de deixar a cor dos cabelos rosa... eu lembro como se fosse ontem. Ela era auror a propósito e seu mentor era Olho-Tonto Moody. E ela odiava que a chamassem de Ninfadora.
–E o papai? Como ele era?
–Remo era incrível... foi um dos melhores professores que eu já tive. E foi ele quem me ensinou a conjurar meu patrono.
–E você vai me ensinar a fazer isso? – Ted perguntou.
–É claro... quando você tiver idade para fazer magias – o moreno falou e Ted fechou a cara, querendo visivelmente aprender o feitiço logo.
–Ele era amigo do meu pai – Harry continuou – E foi quem me contou várias histórias dele e dos marotos.
O menino, que antes estava deprimido, agora parecia realmente interessado em ouvir o padrinho, mas ao fim daquela noite não havia se esquecido de que aquilo tudo eram lembranças. Doces lembranças que não voltariam no tempo.
E Harry tinha ciência de que ainda que o menino se sentisse mal por isso, um dia ele conseguiria falar deles sem a costumeira mágoa.
Mas nunca sem sentir um vazio no corpo. Isso nunca desapareceria.
Gina viera chamá-los para o jantar, que estava pronto.
Harry entrou, esperando que Teddy o acompanhasse, mas o menino continuou ali.
–Não demore, Teddy. – Harry falou e desapareceu para dentro com Gina.
O menino olhou para o céu. Seus cabelos perderam completamente o tom castanho, estavam agora verdes, vivos e lindos. E antes de entrar na casa também, murmurou algo, baixo, mas ainda assim compreensível.
–Feliz Natal, mamãe e papai.     

19 dezembro, 2010

Cap. 9 - Promise


"Ou quem sabe você pertence à Sonserina
E ali fará seus verdadeiros amigos
Homens de astúcia que usam quaisquer meios
Para atingir os fins que antes colimaram"

Narração by Hermione

A paisagem estava como sempre coberta de neve, mais duas semanas e seria Natal. E eu me envergonharia na frente de toda a escola na minha tentativa fracassada de atuar. Se bem que eu estava melhor agora, depois de todas as aulas que Draco me dera. Não seria tão ruim, no final das contas. Olhei novamente para fora do coche onde estava com as meninas e me lembrei que eu deveria estar com Draco naquele passeio. Era triste saber que ele não confiava em mim. Lembrei mais uma vez do que acontecera ontem.

:::Flashback:::

Aquela tinha sido uma noite difícil, eu somente tinha conseguido fechar meus olhos de madrugada. No entanto logo tive que acordar, pois a luz da manhã penetrou pela janela. Ainda não conseguia acreditar no que acontecera. Draco vira Harry me beijar e nem passou pela cabeça dele que eu era uma vítima.
Soquei meu armário com raiva e me arrependi, já que minha mão começou a doer. Resolvi me arrumar. Coloquei então, meu uniforme. Era sexta ainda e eu teria aulas, infelizmente. Por incrível que pareça, elas agora me pareciam chatas e tediosas. Provavelmente isso era efeito do convívio com Draco.
Fui até a sala de teatro e, antes de abrir a porta, parei. Alguém tocava uma melodia, era linda e me surpreendi quando ouvi a voz de Draco. Nunca havia visto ele cantar e ouvir a minha canção pela voz dele, era no mínimo estranho. Ele roubara a minha música. Mas tão logo eu pensei nisso, parei, Draco tocava e cantava muito bem.
Encostei-me na porta e fiquei ouvindo-o, deixando-o torturar a mim com aquela música. Como eu queria entrar e olhá-lo, dizer olhando para seus olhos que eu nada fizera contra ele. Que eu não o traíra. Mas eu queria ouví-lo cantar e, se eu entrasse, ele pararia.
“Por que Harry fizera aquilo? Por quê?”
Agora era eu que estava brava com ele, eu que o ignorava e Harry tentava explicar-se a cada vez que me encontrava. Eu não queria falar com ele, não depois do que fizera.
E aquelas palavras penetravam em mim cada vez mais.

Nunca deixarei você cair
Eu estarei de pé com você eternamente
Eu estarei lá por você do começo ao fim de tudo
Mesmo se salvar você me envie para o céu

Draco, para minha tristeza, parou de cantar e vi que teria que enfrentá-lo. Abri a porta e entrei, encarei seus olhos cinzentos e tentei gesticular algo.
–Draco... – comecei, mas ele me interrompeu.
–Poupe-me de palavras, Hermione. – sua voz era fria, bem diferente do que usara para cantar.
–Mas... – tentei protestar, mas a porta fora aberta e logo as pessoas começaram a chegar.
Nossa conversa teria que esperar.

:::Fim do Flashback:::

Bufei irritada. Draco tinha que me ouvir, não fugir e me ignorar como estava fazendo todo esse tempo. Assustei as meninas com meu mau humor repentino.
–O que foi, Mione? – Parvati me perguntou olhando-me como se eu fosse louca.
–Nada, apenas... não queria ir para Hogsmeade.
–Acredite, você não é a única. – Gina me respondeu com seu olhar cansado e o desviou.
Eu não havia contado para ela o que acontecera, ninguém a não ser eu, Harry e Draco deveriam saber.  Seria melhor assim.
–Você ainda não disse o motivo por não estar com Draco. – Gina me lembrou sem fitar-me.
Eu hesitei, ela era minha amiga, deveria entender, mas tratando-se de Harry era difícil prever a reação dela. Optei por esconder a verdade dela. Mais uma vez.

A vila de Hogsmeade era a mesma de sempre, o fluxo de alunos, as crianças indo atrás de doces. Mas eu não esperava ver Draco indo para o Café Madame Puddifoot, e pior, com Pansy Parkinson. Draco sabia que ela queria armar contra nós, então porque ainda estava com ela?
Vê-los sorrindo e de mãos dadas era torturante e me fazia sentir ódio dele.

Mas tão logo pensei nisso, senti alguém atrás de mim. Virei-me, era Theodore Nott.
–Olá, Granger... e Weasley. – ele disse me olhando e a Gina, mas logo desviou seus olhos de mim, parecendo procurar alguém.
Era estranho um sonserino, que não fosse Draco, falar comigo. Mas Nott era diferente, era provavelmente o único com inteligência naquela casa.
–Err, olá. – respondi a ele.
–Onde está o Potter? – Nott perguntou olhando de mim para Gina.
Amarramos a cara. Não estávamos falando com Harry.
–Está aqui, Theo. – uma voz atrás de mim falara e reconheci como sendo Zabini.
Estreitei meus olhos para ele e Harry que vinha atrás, talvez sem nada entender.
–Ótimo, Brásio. – Nott respondeu e se virou para Gina – Weasley, entre no pub da Madame Puddifoot com o Potter, não, não discuta, sei que não estão se falando no momento, mas se comportem, ok? Finjam que são um casal, não será difícil no fim das contas.
Gina olhou para Harry e eu sabia exatamente o que se passava nas cabeças deles. O que Harry falou em seguida apenas provou que eu estava certa.
–O que é tudo isso?
Theodore respirou entediado, mas respondeu.
–Isso, Potter, é caridade a grifinórios e vingança contra uma vaca. – me surpreendi com a resposta e ri.
Vingança... contra uma vaca. A cara de Zabini e sua presença ali me explicava tudo.
–Mas afinal, seu planinho deu certo, não? – disse me virando para Zabini.
–Não, Granger. – ele respondera – O plano da Pansy deu certo. Ela queria Draco e nesse momento acha que ele vai pedir ela em namoro. Eu não tive o que eu queria. Aquela vaca me enganou. E agora vai ver que posso muito bem me vingar. Pansy esqueceu que assim como ela, Draco e eu somos sonserinos também. Vingança está no nosso sangue.
Agora eu estava gostando. A Parkinson teria o que era dela.
–O que eu faço? – perguntei olhando para os dois.
–Vem comigo. – Nott disse me puxando para o pub, mas gritou para Harry e Gina. – Vocês dois entram depois de mim.

O pub estava cheio, mas ainda assim, aconchegante. Nott me levou até uma das mesinhas circulares e me sentei. Olhei para o local e vi Draco sentado com Pansy. Eles riam e a mão dela procurava a dela. Senti uma vontade absurda de arrancar os dedos da mão dela, um a um.    
Harry e Gina entraram alguns minutos depois e sentaram-se no fundo do pub.
–O que exatamente irá acontecer? – perguntei para Nott.
–Calma, você vai ver. – o garoto respondeu olhando para a porta onde Zabini estava entrando com uma garota loira da corvinal. – Agora sim, o show irá começar.
–Como? – perguntei, mas ele não me deu atenção, apenas olhou para Draco e eles sorriram cúmplices. Eles estavam realmente tramando alguma. – Preste atenção, Hermione. A Pansy é realmente nossa vítima, e acha que terá o Draco só para ela. Então tudo que ela fizer agora, é sob o efeito de Veritasserum.
“Veritasserum? Não. Eles não iriam fazer isso.” Disse a mim mesma mentalmente e vi Pansy beber um chá e logo ouvi a voz de Draco, alta e clara para todos naquele lugar.
–Então Pansy, o que fez na noite de quinta-feira? – ele perguntou.
–Enfeiticei Harry Potter e foi realmente engraçado vê-lo beijando a sangue-ruim da Granger por causa do encantamento... – a morena falou prontamente e levou as mãos à boca quando percebeu o que fizera.
Draco sorriu e continuou.
–E na noite da festa, quem você enfeitiçou?
–Gina Weasley. – A voz de Pansy novamente a denunciara.
–Por quê? – Draco perguntou segurando as mãos da garota para que ela não resolvesse fugir da humilhação.
–Porque eu queria você e a cada momento estava mais louco por causa daquela nojenta. Eu precisava testar meu plano em alguém antes, e o Potter é meu alvo predileto.
As pessoas no pub resolveram esquecer que estavam ali para namorar e pareciam muito mais interessados na conversa dos dois sonserinos.
–Quer dizer que precisa de armações para conseguir um namorado? Precisa realmente destruir o namoro alheio e ainda por cima, enganar um pobre garoto, fingindo que se ele a ajudasse iria dar a ele uma bela noite de prazeres? – Draco dissera com seu tom sarcástico e seco, deixando Pansy cada vez mais envergonhada.
Eu tinha que confessar, estava adorando aquilo. E não conseguia sentir a menor pena dela. 
–É verdade tudo isso, Pansy? – Draco insistiu.
–Sim, é verdade, eu armei tudo! – ela praticamente gritara.
Draco riu e olhou para o fundo do pub.
–Ouviu Potter? A Weasley é inocente. – Draco dissera olhando para Harry e senti vergonha por acusá-lo.
–Sim. – Harry disse envergonhado e olhando fixamente para Gina. – E eu sou tão inocente quanto Hermione.
Draco então olhou para mim e sorriu.
–Eu sei. – ele falou, mas depois dirigiu-se a Pansy. – Não quero mais saber de nenhum planinho idiota, entendeu?
Pansy assentiu com a cabeça, não tendo coragem para falar algo, nem para encarar todos os olhares que a acompanhavam, vi apenas ela olhar ameaçadoramente para Zabini e este lançar a ela um risinho debochado. Draco levantou-se e veio até mim.
–Obrigado, Nott. – disse para seu amigo e me olhou. – Você vem comigo.
Agora ele queria conversar comigo, depois de todo esse tempo. Levantei-me e o segui para fora do pub, onde os olhares de todos resolveram nos acompanhar.
Lá fora, onde o frio começou a penetrar em meu corpo, eu olhei para Draco de forma acusadora, como se dissesse que ele não acreditara em mim, no final das contas. O que era verdade.
Não tivemos tempo para dizer nada, a porta fora aberta novamente e Zabini saiu, com Pansy atrás dele. Ela segurava sua varinha e estava pronta para enfeitiçá-lo. Mas logo que saiu do pub, seus dedos ficaram moles e ela deixou a varinha cair, bem como tropeçou repentinamente. Olhei para trás e lá estava Gina, a pessoa que mais conhecia azarações naquela escola.
–Azaração dos Dedos de Geléia e do Tropeço. – ela disse divertida e eu ri.
–Obrigado, Weasley – Zabini disse e viu Harry logo atrás dela – e me desculpem.
–Depois dessa humilhação, você está mais do que desculpado. – ela dissera e Harry a abraçara por trás.
Com isso percebi que eles fizeram as pazes e já estavam juntos novamente. Olhei para Draco e ele me afastou de todos.
–Me desculpe. – Draco sussurrou e senti minhas pernas fraquejarem.
Era tudo o que eu queria ouvir nesses últimos dois dias, mas, por alguma razão, eu já não sentia tanta vontade de perdoá-lo.

Narração by Draco

Aquela olhar acusador era torturante. Eu errei, sabia disso, mas Hermione deveria entender o quanto eu fiquei nervoso ao vê-la com o Potter. Ela também fora a vítima e será que eu ter feito tudo isso com a Pansy não iria valer de nada?
Pedi desculpas, para depois encarar um olhar frio dela. Um olhar que ela aprendera comigo.
–Desculpas aceitas. – Hermione dissera indiferente e começou a andar devagar, eu a acompanhei.
–Sabe que não fiz de propósito. Eu estava nervoso. – disse andando ao lado dela.
–Eu sei. – fora apenas o que ela falara.
Entrei no caminho dela, fazendo-a parar. Hermione apenas me fitou ainda com seu olhar quebrado e decepcionado.
–Então por que você está assim comigo? – perguntei. – Volte para mim, Hermione. Por favor.
Ela olhou o chão, tendo medo talvez de perder sua indiferença caso me olhasse.
–O problema Draco, é que você não confia em mim. Quantas vezes mais vamos brigar?
Hermione dissera isso quase sussurrando e a forcei a olhar para mim, seus olhos castanhos brilhavam. Eu tinha esquecido o quanto ela era incrível.
–Eu sou um idiota, lembra? O idiota por quem você se apaixonou. Às vezes você precisa me perdoar. Por Deus, Hermione, estou te implorando.
Fiz ela sorrir pela primeira vez naquele dia e sem pensar a abracei, pegando-a de surpresa. O perfume dela entrou em minhas narinas, impregnando-se em minha roupa. Olhei para ela e tomei seus lábios como adorada fazer, de um jeito terno e lento. Puxando-a mais para mim, como deveria ser.

Deixei-me levar pelas sensações maravilhosas que ela me causava e, quando nos soltamos, me lembrei de como meu plano começara.

:::Flashback:::

Eu já estava cansado de ficar naquela sala comunal. Nott não desgrudava de um livro que pegara mais cedo na biblioteca e eu jogava sem parar uma maçã no ar, apenas para pegá-la e jogá-la novamente.
Vi pelo canto do olho Zabini entrar bufando na sala e sentar-se em uma das poltronas. Ele estava com raiva, muita raiva.
–O que houve? – perguntei a ele e Nott pareceu perceber o humor de Brásio também.
Ele nos olhou, primeiro a mim, depois Theo.
–Ainda sabe planejar uma boa vingança, Draco? – fora o que ele perguntara e ergui uma sobrancelha.
–Quem é a vítima dessa vez e por quê? – Theo perguntou agora completamente interessado.
–Pansy, por ser uma completa vaca.
Eu ri e ouvi Zabini contar tudo o que sabia e o que fizera com Pansy. Ele a ajudara a acabar com o namoro do Potter e o meu, porque Pansy prometera recompensá-lo com uma incrível noite de sexo, mas agora que ela conseguira o que queria, não iria fazer nada por Zabini. Me levantei do sofá e fui até Brásio. Ele me olhou e dei um belo soco na cara dele.
Zabini foi ao chão e me olhou com medo.
–Isso foi por destruir meu namoro. – falei friamente – E por ser um burro. E agora sim estamos quites, Brásio, e já podemos planejar nossa doce vingança.   
Zabini riu. Uma vez sonserino. Sempre sonserino.    

:::  :::

–E então, como vamos fazer isso? Não temos Veritasserum, não temos nem certeza se eles irão aceitar nossa ajuda. – Theo falou e eu sorri maroto.
–Temos Veritasserum, é fácil roubar algumas gotinhas do armário do Snape, já aqueles grifinórios não irão participar de nada. É só mandar o Potter e a Weasley para lá, irão se quiser. Mas Hermione, ela você tem que levar. Você é inteligente Nott, saberá o que fazer. – falei para ele que era quem mais estava achando furos em nosso plano.
Pansy iria passar vergonha, muita vergonha.

:::  :::

–Olá Pansy. – eu falei ao descer as escadas e me joguei ao lado dela no sofá.
–Olá, Draquinho – ela dissera passando as mãos nos meus cabelos, já que deitei com a minha cabeça nas pernas dela.
–Vai a Hogsmeade comigo amanhã? – perguntei e a louca quase teve um ataque.
–Claro, lindo. Ah... estou tão feliz em ver que você não está mais com a sangue-ruim.
É, pena que a felicidade dela, iria durar bem pouco. E eu garantiria isso.

:::  :::

Já fazia uns dez minutos que eu estava ali no pub com a chata da Pansy. Por que eles não chegavam logo?
Mal pensei nisso e Theo entrou com Hermione. Finalmente eu a olhava sem raiva, e sem hesitar um possível contato com ela. Esse plano tinha que dar certo.
Logo depois o Potter e a Weasley entraram e depois Zabini com uma amiga dele da corvinal. Nott me olhou e deu o sinal para eu começar. Mais alguns instantes e tudo estaria acabado. Pansy teria o que sempre mereceu: Humilhação.
O show começaria.

:::Flashback:::

Voltei à Hogsmeade onde estava com Hermione e a vi se afastar de mim, ela me olhou hesitante.
–Draco... – Hermione sussurrou. – Você perdeu algo importante, não consigo mais acreditar que confia em mim. Não posso continuar com isso.
–Está acabando comigo? – perguntei surpreso.
–Talvez. – ela sussurrou. – Não. Na verdade eu não consigo fazer isso.
Eu sorri. Essa era a minha Hermione. Sem nem um pouco de segurança e susceptível aos seus sentimentos, que no caso, eram por mim.
–Preciso de tempo para decidir. – ela pediu olhando-me com suas íris castanhas.
Não respondi. Hermione virou-se indo embora, e eu estava deixando-a ir. Quando dei por mim estava gritando.
–Eu prometo Hermione, vou provar que confio em você, e ainda será minha, não importa o que façam.
Ela olhou para trás e pude ver um sorriso em seus lábios e eles se movimentaram como se dissessem “Eu sei que você vai.” 
Eu perdera a confiança dela, assim como Psique perdeu a de Eros e eu recuperaria, assim com a deusa da alma recuperou.

N/a: Só pra lembrar, a fic está quase acabando... teremos só mais dois capítulos + o epílogo. E depois disso a continuação, Magic and Mistakes! 
Sim, está acabando já *cry*
É triste acabar uma fic, mas nos veremos na 2ª temporada, certo?

:* 

14 dezembro, 2010

Queridos Olhos Verdes


Sinopse: Depois de sua morte, Severo Snape encontra-se sozinho em um caminho estranho. Ainda com o pesar de seus erros, relembra-se de sua vida e acaba encontrando alguém em seu caminho, a única pessoa que poderá realmente perdoá-lo de seus erros.

Todos os personagens pertencem à J.K. Rowling.

:::  :::

Thinking about all our younger years
Pensando em nossos tempos de juventude
There was only you and me
Só tinha eu e você
We were young and wild and free
Nós éramos jovens, selvagens e livres

Ele caminhava sem rumo, esperando encontrar apenas uma pessoa em especial. Sabia que cometera erros, que fizera escolhas erradas e, descobriu tarde demais, que isso seria sua perdição. Esperara durante muito tempo por este dia e sentia-se maravilhosamente bem.
A estradinha por qual andava era acidentada e por vezes, tropeçava. Mas não parava de andar. O campo estava repleto de flores, as quais levavam ao seu olfato um perfume puro e delicioso.
O homem parou de repente e pôs-se a olhar as flores, as que lhe chamaram a atenção foram os lírios. Brancos e puros. Como ela.

“Sei o que você é.”
“Como assim?”
“Você é... você é uma bruxa.”
As primeiras palavras que tratara com a menina foram para revelar-lhe o mundo da magia e seu destino. Ele contara para ela e, mais tarde, tornara-se seu melhor amigo, admirando-a antes mesmo de realmente conhecê-la. Uma criança doce e amável, e o amor de sua vida.

Now nothing can take you away from me
Agora nada pode te tirar de mim
We've been down that road before
Nós já estivemos naquela estrada antes
But that's over now
Mas agora já acabou,
You keep me coming back for more
E você continua voltando pra ter mais

 “E realmente vai ser entregue por uma coruja?”
“Normalmente é. Mas você é nascida trouxa, então alguém da escola terá de vir para explicar aos seus pais.”
“Faz diferença ser nascida trouxa?”
“Não, não faz a menor diferença.”

Ah, como queria ter acreditado nisso naquela época, já com apenas dez anos, sabia que o que a sociedade bruxa mais valorizava era o sangue-puro. E como sempre, fora fraco e deixara esse preconceito crescer dentro de si. Não deveria fazer diferença e, se soubesse que isso destruiria sua vida, teria impedido a si mesmo de tomá-la por sangue-ruim e insultá-la. Ela era sua amiga, sempre fora, e por uma incrível burrice e orgulho, jogara sua amizade pela janela.


Baby you're all that I want
Meu bem, você é tudo o que eu quero
When you're lying here in my arms
Quando você está aqui deitada em meus braços
I'm finding it hard to believe
Eu acho isso difícil de acreditar,
We're in heaven
Estamos no paraíso
And love is all that I need
E o amor é tudo o que eu preciso
And I found it there in your heart
E eu o achei aqui em seu coração
Isn't too hard to see?
Não é tão difícil enxergar?
We're in heaven
Estamos no paraíso

Lembrou-se da seleção das casas, na sua primeira noite em Hogwarts. Ouvira o nome dela ser chamado “Evans, Lílian” e em seguida a voz do chapéu, determinada e certa, como se não existisse nenhuma sombra de dúvida em sua escolha “Grifinória”. E ela estava indo, mais uma vez para longe dele, pois sabia o quanto seria impossível estar na mesma casa do que sua amiga. Tinha a mente de um Slytherin, era o príncipe mestiço. E foi para o outro lado do salão, longe de Lílian.

Mas continuaram a ser amigos e ele continuou a deixar seu lado negro tomar conta de sua mente. O ciúme cegava-o e o amor por sua amiga, aumentava, chegando quase a ser uma tortura, pelo simples fato de que não tinha coragem de dizer a verdade a ela.

“Eu não quis dizer... só não quero ver você fazer papel de boba. Ele gosta de você, Tiago Potter gosta de você! E ele não é... Todo o mundo acha... Grande herói de quadribol...”
“Eu sei que Tiago Potter é um biltre arrogante. Não preciso que você me diga. Mas a ideia que Mulciber e Avery fazem do que seja brincadeira é simplesmente maligna. Maligna, Sev. Não entendo como você pode ser amigo deles.”

Ele não prestara a mínima atenção no que ela dissera, apenas uma frase repetia-se em sua mente, como se estivesse deliciando-se com suas palavras “Tiago Potter é um biltre arrogante”
E mais nada era importante depois disso.

Once in your life you find someone
Uma vez na sua vida você acha alguém
Who will turn your world around
Que irá fazer seu mundo virar
Bring you up when you're feeling down
Te colocar pra cima quando você sentir pra baixo

Sangue-ruim. Ele ainda não acreditava no que fizera. Lílian queria apenas ajudá-lo, fazer com que Tiago Potter e Sirius Black parassem com suas brincadeiras idiotas. E ele gritara com ela, proferindo a palavra imperdoável.

“Eu não preciso da ajuda de uma sangue-ruim!”

Fora quando a distância entre eles tornou-se mais extensa e ele sabia que fora esse o exato dia em que a perdera. Sabia que se fosse com ele, jamais perdoaria a quem tivesse o insultado.

Nothing could change what you mean to me
Nada pode mudar o que você significa pra mim
There's lots that I could say
Tem muitas coisas que eu poderia dizer
But just hold me now
Mas só me abrace agora,
'Cause our love will light the way
Porque o nosso amor irá iluminar o caminho

“Me desculpe”

Isso de nada bastou, nem nunca bastaria. Lílian já não queria uma amizade com ele, era pedir demais depois de tantos deslizes e o tempo passou, sem o perfume do lírio.
O que parecia inevitável aconteceu, a mulher que amava apaixonou-se por seu inimigo. Casaram-se e tiveram uma criança. Uma criança com um destino cruel. Que ele próprio providenciara ao relatar a profecia à Lord Voldemort. Só quando fizera a besteira que parara para pensar em suas consequências. O Lord das Trevas não pouparia a criança, nem a mãe sangue-ruim.
Pedira ajuda, então, para o único que podia auxiliá-lo.

“Esconda-os todos, então. Mantenha ela... eles... em segurança. Por favor.
“E o que me dá em troca Severo?”
“Em... troca? O que quiser.”

Dera sua vida para proteger o filho dela, a criança, mesmo que lembrasse o pai na aparência, tinha muito mais de Lílian do ele que podia imaginar. Não só os olhos incrivelmente esverdeados. Harry Potter era semelhante à mãe, era a essência dela.
E vê-lo era insuportável. Fazia-o lembrar-se da única mulher que amara.

And, baby you're all that I want
Meu bem, você é tudo o que eu quero
When you're lying here in my arms
Quando você está aqui deitada em meus braços
I'm finding it hard to believe
Eu acho isso difícil de acreditar,
We're in heaven
Estamos no paraíso
And love is all that I need
E o amor é tudo o que eu preciso
And I found it there in your heart
E eu o achei aqui em seu coração
Isn't too hard to see?
Não é tão difícil enxergar?
We're in heaven
Estamos no paraíso

O caminho que ele percorria era longo e parecia não acabar. Uma brisa fresca batia em seu rosto, causando uma sensação ótima nele. O homem parou de olhar o chão e levantou seus olhos. Quase arfou quando reconheceu ao longe uma mulher. Seus cabelos eram acaju e longos, caindo-lhe pelas costas. Ela parecia relaxada e colhia algumas flores. Parecia feliz como ele não via há muito tempo. E a distância entre eles não era nada comparado a todos os anos em que ele somente a vira em sonhos. Ele não podia vê-la tão perto naquele momento, no entanto sabia que seu rosto era lindo. Ainda se lembrava da menina que conhecera na juventude, ela era ainda sua melhor amiga.
O céu azulado parecia mais interessante agora naquele momento e toda a dor que sentia se esvaía a cada segundo. Porque ela estava ali.

I've been waiting for so long
Eu estive esperando por tanto tempo
For something to arrive
Por alguma coisa que chegasse
For love to come along
Por um amor que viesse junto
Now our dreams are coming true
Agora nossos sonhos estão se realizando
Through the good times and the bad
Através dos bons e dos maus momentos
I'll be standing there by you
Eu estarei lá por você

Sem perceber, começou a andar mais rápido, como se algo dentro dele tivesse sido despertado ao ver a figura quase que angelical de Lílian Evans. A cada passo aproximava-se mais ainda da mulher, no entanto, quando seus olhos piscaram, ela já não estava ali.
Snape parou de andar e encarou o nada. Um raio de sol cegou-o por um segundo e no outro sentiu uma mão leve em seu ombro.
Virou-se bruscamente e lá estava ela, tão calma e serena.
Havia até se esquecido do quanto o sorriso dela era lindo. Sem pensar, abraçou-a.
Flashes passaram por sua cabeça, muito rápidos. Cenas de sua vida, de tudo que já acontecera entre eles. Era uma vida que já acabara e, assim, lembrou-se finalmente de como viera parar naquela estrada cheia de flores. As últimas imagens que estavam em sua mente eram de uma cobra sufocando-o e, depois, do garoto que mais odiara. E em seguida, dos olhos incrivelmente esverdeados de Harry Potter, os mesmos de Lílian.

“Olhe para mim”

Pelos olhos de Harry desejara ver Lílian e seu desejo agora era completo. Ele podia vê-la e tocá-la, como nunca pudera.

“Me desculpe” ele murmurou não sabendo se ela podia ouvi-lo ou não, mas a ruiva apertou-o mais ainda.
“Sim Sev, eu te perdoo.”
Começou a tremer, fazia muito tempo desde que ouvira a voz dela.
“Eu... eu... fui um idiota” sussurrou e percebeu que chorava.

And, baby you're all that I want
Meu bem, você é tudo o que eu quero
When you're lying here in my arms
Quando você está aqui deitada em meus braços
I'm finding it hard to believe
Eu acho isso difícil de acreditar,
We're in heaven
Estamos no paraíso
And love is all that I need
E o amor é tudo o que eu preciso
And I found it there in your heart
E eu o achei aqui em seu coração
Isn't too hard to see?
Não é tão difícil enxergar?
We're in heaven
Estamos no paraíso

“Eu fui o culpado, Lílian, por sua morte. Eu... eu...”
“Não, Sev. Não se culpe, isso não faz bem pra ninguém.”
Lílian falou passando suas mãos pelo rosto dele. “Você sabe que, de algum modo, ele nos mataria”.
Snape soluçou parecendo mais uma criança, mas era um homem que vira seus erros e tentara, durante toda a sua vida, redimir-se.
“Onde estou?” perguntou para Lily e ela lançou-lhe um de seus sorrisos.
“Você realmente não sabe?” perguntou.
Snape deu uma olhada ao seu redor. O sol brilhava fracamente, parecia que acabara de amanhecer, havia árvores espaçadas e um balanço um pouco mais adiante.
“Estamos num parquinho...” falou, embora soubesse que Lily sabia em que lugar estavam “...Onde nos conhecemos”

Sua melhor amiga fechou os olhos, apreciando o ar. Ele ainda a amava. Depois de todo o tempo que passou.

“Não entendo”
“O que não entende?” ela perguntou.
“O que você faz aqui... e eu?”
“É sua mente Sev, você me chamou aqui”
“Pensei que eu estivesse morto”
“E está.”

Parara de falar. Estava realmente morto, como ela dissera, mas porque a chamara?

“Há algo pendente. Algo que você deveria ter tratado comigo há muito tempo, por isso estou aqui.” Ela respondeu como se tivesse lido seus pensamentos.
Algo pendente? Ele não entendia.
“Diga Severo, o que tem para me dizer de tão importante?”

A intensidade de seu olhar o deixou desorientado, como se fitar os olhos dela o denunciasse. Então a imagem de seu patrono veio à sua mente, no exato momento que o conjurara para Dumbledore.

“Depois de todo esse tempo?”
“Sempre” fora o que respondera ao diretor.

Era isso. Nunca dissera a ela o que sentia. Mas até mesmo agora, não sabia o que dizer.

Heaven
Paraíso 

“Lily, eu... eu...”
As palavras pareciam fugir de sua mente, começara a sentir-se inconfortável e desejava até mesmo que alguém dissesse aquilo em seu lugar. Não. Isso nunca. Não podia fugir novamente.

“Eu te amo, Lily. E sempre amei.”

You're all that I want
Você é tudo o que quero
You're all that I need
Você é tudo o que preciso

A mulher sorriu, como se sempre soubesse. Ela precisava apenas ouvir da boca dele. Pegou as mãos dele e olhou-o profundamente nos olhos. Ela não precisava dizer que o amava também. Ele lia em sua expressão. Mas sabia que ela, mesmo depois de tudo, era sua amiga. Estar com ela já valia tudo o que ele enfrentara.

“Vamos Sev, Temos um caminho longo ainda”

Lilian começou então a guiá-lo. Por algum motivo tinham que atravessar toda aquela estrada.

Ninguém poderia adivinhar que aquele caminho já fora percorrido o bastante. Que ele já caíra muitas vezes ao tropeçar em obstáculos, e que conseguira passar por várias outras pedras. Apenas tinha que terminar o restante para, então, poderem descansar.
Lílian estava apenas acompanhando seu melhor amigo, pois sabia que ele conseguira sua redenção há muito tempo.
Aquilo era apenas uma última caminhada do resquício de vida que ainda existia em Severo Snape.

:::  :::

N/a: A música da fic é Heaven do Bryan Adams.
Baseei a fic no capítulo 33 - "A História do Príncipe" - de Relíquias da Morte.
Espero que gostem
bjos :*

10 dezembro, 2010

Cap. 1 – Coração de gelo


O passado está sempre conosco,
apenas esperando para bagunçar o presente.
--Gossip Girl--

Estava frio. E escuro. Mas não era por causa do inverno. A culpa era do lugar. O único lugar no mundo capaz de despertar temores, arrepios, dores. Um lugar que enlouquecia. E de fato, poucos eram os que conseguiam sair de lá sem nenhum resquício de loucura.
Um sorriso brotou dos lábios dela. Um sorriso puro e perverso, que revelava parte de sua beleza, qualidade esta que se tornara pouco vista na mesma. Já fora bela, muito bela, mas a vida a destruíra. Anos passaram-se e ela já não era a mesma jovem de antes. Colocou suas mãos pálidas e frias na grade suja. Sabia que logo estaria longe de lá. Era isso que dava mais força a ela. Não. Não era isso. Saber que logo se uniria ao seu lorde que a fortalecia. Apenas isso.
Por anos estivera ali e quando finalmente estava aproveitando sua liberdade, fora presa novamente. Tudo culpa de uma sangue-ruim. E de Draco. Vingar-se-ia. Nem que isso a trouxesse de volta à Azkaban.
A névoa encobria os dementadores, mas ela podia senti-los movimentar-se lentamente. Eles não tomariam sua felicidade. Não deixaria.
Sorriu de forma prazerosa. Apenas uma questão de tempo e estaria longe dali.

:::  :::

O salto dela, ao bater no chão, produzia um barulho característico. Andava calmamente pela Plataforma 9 ¾ sem importar-se muito com as crianças do primeiro e segundo ano que faziam quase um escândalo ao reencontrar os amigos. Usava uma saia até a metade da coxa, uma meia preta, uma camisa branca simples e um casaco negro, mas ainda assim, atraia olhares para ela. Seus cabelos haviam crescido um pouco nas férias e seus cachos castanhos estavam perfeitos. O tempo que transcorreu teve um ótimo efeito sobre ela, até mesmo sua postura era diferente, como se sua personalidade, aparentemente, tivesse sido modificada.
Hermione não via seus amigos na plataforma.
–Onde estão todos? – Anthony perguntara aproximando-se dela.
–Não sei. – a castanha falara e consultou seu relógio – Ainda é cedo, eles costumam se atrasar. Acho melhor procurarmos uma cabine.
Juntos eles se dirigiram para o Expresso de Hogwarts, entraram e alguns alunos assustaram-se com a aparência dela. Aquela não parecia Hermione Granger, definitivamente. Era uma nova garota. Anthony seguia atrás dela, seus cabelos estavam negros como nunca e seu olhar escuro e intimidador, mas ainda preservava sua ironia e divertimento.
Eles seguiram procurando uma cabine calmamente, no entanto, como num passe de mágica a atmosfera tornou-se mais densa ao redor de Hermione. A magia dentro dela agitava-se. Hermione olhava calma para um ponto a sua frente, o olhar cinzento inconfundível, os cabelos loiros caídos e o sorriso debochado. Tudo ainda estava lá. Hermione permanecia indiferente, não conseguia sentir nada naquele momento. O olhar castanho estava frio e perdido em meio às brumas. Ela estava quase alienada e continuaria assim se isso a ajudasse a manter a barreira que construíra entre o mundo e seus sentimentos.
Olhou para o lado e percebeu que a cabine estava livre, entrou nela, seguida por Anthony, que lançou à Draco um olhar tão gelado tanto o da grifinória.
O corvinal sabia o quanto fora difícil para a garota as últimas semanas e era culpa de Draco. Entretanto, não conseguia aceitar a postura dela, e arrependia-se por ter contribuído de certa forma.
–É minha última viagem a Hogwarts. – Anthony lembrou-se olhando pela janela a paisagem coberta de neve.
–Como se sente? – o tom dela voltara ao normal tão rápido mudara.
–Velho. – Anthony falara e ela rira.
Hermione só não sabia o perigo que corria enquanto aprisionava seus sentimentos dentro de si própria. Encostou a cabeça no vidro e permitiu-se ser preenchida de lembranças, simples e resolutas. Traziam a ela uma sensação que não conseguia definir. As férias em Roquefort fora muito bom a ela, mas ainda assim, descobrira coisas que preferia não saber.     

Flashback
:::Uma semana após o baile:::

Acordou sobressaltada. Sonhara com algo ruim, mas não se lembrava do que se tratava. Suspirou irritada. Não sabia o que era pior: Não lembrar-se ou querer lembrar-se de seus pesadelos. Levantou-se e fitou os fracos raios de sol invadir o quarto. Era uma bela cena. E pensar que fazia só uma semana que deixara Hogwarts...
Alguém bateu na porta e entrou sem ao menos ser convidado. Ela sabia quem era sem ao menos olhar.
Bonjour mademoiselle... – a voz de Tony chegou aos seus ouvidos.
–Por que não para de invadir meu quarto? – Hermione perguntou sentando-se na cama e espreguiçando-se.
Olhou Anthony, ele ficara muito mais divertido do que era antes. Podia jurar que já o considerava um ótimo amigo, mas naqueles dias ele tinha um ar estranho e olheiras profundas.
–Porque é divertido. – ele respondera.
–Espera até a Lucy saber disso... – Hermione comentara e Tony fechou a cara na hora.
–Não estou comprometido, Granger. – Tony respondeu, mas pensou seriamente em acrescentar um “ainda” à frase.
A verdade era que não conseguira resolver as coisas com a loira e esta parecia estar desaparecida, uma vez que não respondia suas cartas. Já enviara quase meia dúzia delas, apenas nessa semana que transcorrera e até agora nada. Se a loira queria brincar, que os jogos retornassem.
–Então, meu café da manhã vem ou não?
–Você está ficando metida. Não é porque é minha convidada que pode exigir as coisas assim – o garoto dissera ironicamente, pegando o telefone na cômoda ao lado da cama e discando alguns números.
Hermione deixou-o sozinho e seguiu para o banheiro. Aquilo era irônico. Estava hospedada no hotel do avô de Anthony. Não poderia prever isso há uma semana. Quando Anthony dissera que iria com ela à Roquefort, não sabia que a família dele era importante na cidade, que, aliás, era muito pequena, tendo em médio dois mil habitantes apenas, muito menos sabia que iria aproximar-se tanto dele. O destino reservava surpresas.
Tirou suas roupas deixando-as caídas no chão e ligou o chuveiro, deixando a água deslizar pelo seu corpo. Era tão boa a sensação. Realmente, estar na França fazia bem para ela. Esquecia-se do mundo. Nem ao menos abrira ainda os presentes de Natal que recebera de Harry e Rony, deixara-os de lado. Tudo relacionado à sua vida normal deveria ser esquecido, por hora.
Pegou a toalha e secou-se, colocando em seguida a roupa que separara. Depois de cuidar de sua higiene, saiu do banheiro, encontrando Anthony numa poltrona e seu café da manhã em uma mesinha perto dele.
Dégustez votre café. – Aproveite seu café, ele dissera com seu sotaque francês e Hermione pegou algumas torradas e um suco.
–E então, vai me dizer onde é o castelo do meu sonho ou vou ter que descobrir sozinha? – ela perguntou séria.
–Eu preferiria não ter que dizer, mas você descobriria mesmo assim... – dissera olhando ela com censura – Então, eu vou te levar até lá.
–Está falando sério?
–Não, não estou, o castelo fica depois de um monte de rochas, um lugar em que quase não há ladrões e animais selvagens, além de ser muito fácil chegar lá, principalmente porque aparatar lá não é permitido. Acorda, Granger! Você se perderia muito fácil, além de ter que voltar pra cá sem nada, isto é, se voltasse.
–Ok, ok, não exagera Sr. Ironia. – Hermione falara irritada voltando sua atenção para a comida.
Anthony a olhara, em todos aqueles dias, ela não dera o mínimo vestígio de que tinha sido ferida no baile, estava sempre alegre, não demonstrando seus reais sentimentos. Seria esta a solução que encontrara? Ignorar os fatos? Seja o que fosse aquela máscara, não daria certo para sempre.
–Qual a história desse castelo misterioso? – Hermione perguntou.
–É só um castelo antigo. Sabe como é, os castelos antigos eram frios, tinham os cavaleiros... acredito que seja como qualquer outra história medieval. Mas alguns dizem que é um lugar amaldiçoado. Para falar a verdade, eu não acredito nisso.
–Bom... Nunca se sabe – a garota falou, por fim.
Por um instante seus olhos se detiveram num jornal e ela reconheceu como sendo o Profeta Diário. Na primeira página havia uma notícia que a arrepiou.
Nova fuga em massa.
Assim que Hermione pegou o jornal e o leu, percebeu que mais um pesadelo começara. Bellatrix Lestrange estava solta, novamente.

Fim do flashback

A garota andava pelo corredor lentamente, acabou por achar a pessoa que queria e abriu a cabine, entrou e sentou-se, largando sua bolsa de mão num compartimento na parte de cima da cabine. Quando se sentou percebeu o olhar surpreso de Draco e o fitou com indiferença.
–O que foi? – perguntou calmamente.
–O que aconteceu com você? – Draco perguntou olhando-a de cima a baixo.
Lucy olhou seu reflexo pelo vidro, embora fosse fraco dava para ver sua aparência. Lucy usava agora uma maquiagem pesada, negra, contrastando mais ainda seus olhos castanhos caramelados. Usava também uma roupa mais justa, que destruíra completamente seu visual de menininha. Seus cabelos loiros estavam bem maiores do que antes, grandes demais para terem crescido em um espaço de tempo tão curto, com certeza ela usara magia para torná-los maiores.
–Não há nada de errado comigo. – ela sussurrou.
–Seus problemas refletem na sua aparência agora? – Draco contestou olhando-a entediado.
–Apenas cansei de ser quem eu era.
–Ótimo, e parece que não foi só você. – Draco resmungou.
–O que quer dizer?
Granger. – dissera fitando a janela – ela está diferente. E a culpa é toda minha.
–Talvez finalmente ela tenha se tornado a bruxa que nasceu para ser, você só... ajudou um pouco. – a garota sussurrou.
Draco olhou-a entediado e depois percebeu que ela estava tensa, ainda que sua aparência quisesse mostrar o oposto disso.
–E você, Lucy? Já sabe o que fará? – Draco perguntara mudando de assunto.
–Não faço a mínima ideia.
Pela primeira vez desde que ela entrara, Draco conseguiu deixá-la desprotegida, tocando no seu mais novo ponto fraco. Lucy não fazia ideia de como sair dos problemas que arranjara.
Flashback
:::Uma semana depois do baile:::

A loira fitava a janela, o campo estava totalmente enfeitado com a neve. Era lindo.
Ficava imaginando como garotos podiam ser tão complicados. Draco especificamente. Uma hora, queria, mais do que tudo estar com Hermione, e na outra, a traía, mesmo que não quisesse realmente. Uma cena não saía de sua mente. Draco com a cabeça em seu colo, segurando com força, sem perceber, o colar que dera a Hermione.
Fazia uma semana que saíra de Hogwarts. Aquela era a manhã de Natal e, assim, alguns presentes estavam amontoados em um canto do seu quarto. Pelo menos alguém se lembrava dela.
A porta fora aberta repentinamente e uma garotinha entrara apressada e subira na cama.
–Oi Lucy! Sabia que hoje é Natal? – ela dissera com sua voz doce e pulando na cama.
–É verdade, Lauren? – perguntara infantilmente para a prima – E o que você ganhou?
–Isso. – a menininha falara mostrando a boneca que carregava junto com ela.
Lucy sorrira. Lauren tinha seis anos e seus cachinhos loiros eram o que contrastava mais sua inocência infantil. Mal tivera tempo de respondê-la quando uma mulher entrou no quarto.
–Lauren, pare de pular na cama – a mulher dissera severamente – Ah, bom dia, Lucy... Será que você pode tomar conta da Lauren e do Theodore hoje?
–Claro, tia Meredith... – a garota respondeu mecanicamente.
–Ótimo, eu e o Paul vamos visitar uns amigos e eu não quero levar as crianças com esse frio. – Meredith comentara, mas a sonserina não prestara atenção.
Voltara seus olhos para a janela e visualizou a paisagem fria. Aquilo lhe trazia lembranças. Tristes lembranças.
Voltou, então, seus olhos para o quarto. Meredith tentava tirar a filha da cama, mas a menininha não parava de brincar, de sorrir. Daria tudo para ter aquilo. Mas sabia que nunca mais teria essa chance.

Lucy saiu do quarto e quase trombou com Theodore na escada. O garoto a olhou desanimado e seguiu para o próprio quarto. Lucy ainda não conseguia entender o primo. Ele agia tão despreocupado, sempre. Mas não tinha tempo para isso agora. Entrou na cozinha e comeu uma torrada e café. Estava com saudade de Hogwarts, lá pelo menos era mais agitado. E tinha Anthony...
“Garoto idiota...” pensara irritada. Por que ele tinha que beijá-la? Por que tentar brincar com ela? No entanto, algo dentro dela dizia que ele não estava brincando.
–Tanto faz... – murmurou consigo e mal percebeu Theodore entrar – Merlin! Um dia você vai me matar de susto.
O garoto apenas a olhou sem emoção, seus olhos verdes continham certa tristeza que nenhuma criança merecia. Ele pegou um pedaço de bolo na mesa e subiu novamente para seu quarto.
“Garoto estranho” pensou indo para seu próprio quarto, onde Lauren já devia ter quebrado sua cama.

:::  :::

–Vamos brincar de outra coisa, Lucy? – Lauren pedira pela décima vez segurando sua bonequinha.
–Lauren, já estamos brincando há horas, estou cansada. E já era para você estar dormindo. Você não tem um botãozinho de desligar?
–Tenho seis anos, quero brincar. – a menina protestou.
–Ok, que tal uma música? – Lucy perguntou olhando para o piano na sala.
–Sabe tocar? – Lauren perguntou animada.
–Sei o básico. – Lucy responder lembrando-se de quando sua mãe a ensinou.
Sentou de frente para o piano e tocou as teclas do velho piano, fazendo uma melodia tomar conta da sala e embalar a menininha. Lucy concentrou-se, tentando lembrar a canção e na medida em que o som escapava por entre seus dedos lembrava-se da letra. 

I don’t know what I've done
Eu não sei o que eu fiz
Or if I like what I've begun
Ou se eu gosto do que eu comecei
But someone told me to run
Mas algo me disse para fugir
And honey you know me it's all or none
E querido você sabe que eu sou tudo ou nada
There were sounds in my head
Havia sons em minha mente
Little voices whispering
Pequenas vozes sussurrando
That I should go and this should end
Que eu deveria ir e que isso deveria terminar
Oh and I found myself listening
Oh e eu me peguei escutando

Lauren estava quieta agora, apenas ouvindo a voz da prima. Era estranho ver a criança tão calma, sem fazer bagunça alguma ou pedir para que brincassem com suas bonecas. A loirinha estava completamente entretida na canção, assim como Lucy que se lembrava de si própria naquela letra. Ela ouvia vozes, pensamentos... e não havia feito muitas coisas boas ultimamente. Suas mãos deslizaram rápidas pelas teclas, aumentando o ritmo da melodia.

`Cause I don’t know who I am, who I am without you
Por que eu não sei quem eu sou, quem eu sou sem você
All I know is that I should
Tudo o que eu sei é que eu deveria...
And I don’t know if I could stand another hand upon you
E eu não sei se poderia permanecer na contra mão por você
All I know is that I should
Tudo o que eu sei é que eu deveria...
`Cause she will love you more then I could
Porque ela te amará mais do que eu poderia
She who dares to stand where I stood
Ela que ousou estar onde eu estive

Lucy pensou em parar de tocar, eram palavras falsas aquelas. Ela sabia muito bem quem era e nunca sucumbiu a nenhum desejo por estar apaixonada. “Talvez um” pensou lembrando-se do baile e do beijo entre ela e Anthony. O corvinal simplesmente a pegara de surpresa. Mas afinal, ela havia feito a mesma coisa depois da festa na sala precisa, ainda que embriagada.

See I thought love was black and white
Veja, eu pensei que o amor era preto e branco
That it was wrong or it was right
Que era certo ou errado
But you aren't leaving without a fight
Mas você não está partindo sem uma luta
And I think I am just as torn inside
E eu penso, eu estou despedaçada por dentro

Continuou a tocar e cantar, mas assim que ia continuar, ouviu um grito vindo do andar superior e parou de uma vez, perdendo todo o encanto da canção. Era Theodore que gritava. Lucy fora até o pé da escada, pronta para subi-la, quando viu o menino nos últimos degraus, preso por um homem. Rodolpho Lestrange. Quase pode prever a porta de entrada ser arrombada e dois homens entrarem por esta. Lauren agarrou-a por trás em um visível medo daqueles estranhos.
Lucy estava com sua varinha a postos assim que ouvira o grito do primo e assim, atacou quase que simultaneamente os homens. Conseguiu fazer com que Rodolpho se desequilibrasse e Theodore desceu correndo a escada, indo até ela.
O comensal às suas costas lançou-lhe um feitiço, prontamente repelido por ela, mas o que estava a sua frente também a atacou, fazendo um corte em seu braço que sangrou.
Não podia fazer muito contra eles, eram três contra uma, e não podia arriscar a vida das crianças. No fim tentaram dominá-la com o Imperius. A maldição entrou em sua cabeça, deixando-a vazia, apenas com uma mensagem. Pare de nos atacar. Era certo que eles a temiam de certa forma, em razão do último ataque que fizeram a ela, na floresta proibida, e assim, iriam querer contê-la. Mas Lucy não sucumbia facilmente a maldições. Estava treinada para não receber ordens, ainda que esta fosse dada pela Maldição Imperius. Conseguiu livrar-se dela, e assim, tentou um último feitiço, facilmente repelido pelos homens.
Percebeu que agarraram Theodore e Lauren e finalmente parou seus ataques, apenas as crianças eram importantes.
–Finalmente estamos frente a frente de novo, Lucy Moore. – Lestrange dissera divertido.
–Realmente, mas sempre precisa de capangas quando me encontra, só porque não consegue enfrentar uma garotinha em um duelo? – a garota falara provocante e recebeu um tapa do homem.
“Maldito!” pensara Lucy contento a dor e ainda fitando-o com superioridade.
Um ar que o comensal já vira em outra pessoa, mas nada falara.
–Por que está aqui? O que quer de mim? – Lucy fora direta adivinhando as pretensões do homem.
–Como sabe que quero algo de você? – o homem perguntou ainda apontando a varinha para ela.
–Não viriam à toa aqui se não tivessem um objetivo e ou é isso, ou querem me matar. Mas prefiro ser otimista e escolher a primeira opção.
–Com uma esperteza igual a essa você poderia ser uma ótima seguidora do Lorde das Trevas.
–Pensei que não precisasse de inteligência para isso, já que seus atuais seguidores não apresentam tanta...
Outro tapa atingiu a face dela e um filete de sangue escorreu de seu nariz. Lucy, com certeza, queria os provocar, era divertido fazê-los perder a paciência, e descobriu que ainda que seu corpo doesse, queria mais do que tudo, irritá-los.
–Vai me fazer de saco de pancadas o dia todo ou vai me dizer o que quer?
O silêncio que se seguiu foi incômodo, quase irritante. Lucy conjurou um lenço e limpou seu sangue calmamente. Se eles queriam algo, provavelmente tinha a ver com a pedra, isto é, se já soubessem que ela tinha conhecimento sobre tal artefato. Mal concluíra isto e Rodolpho disse o que desejava, no entanto, o que pedira era algo que Lucy não podia aceitar, entretanto sabia que não tinha o privilégio de negar. Olhou para as crianças assustadas, que talvez nada entendiam sobre o que o homem falava. Eles a olhavam com medo e, assim Lucy aceitou o que o homem propunha. Mal sabia ela que se arrependeria amargamente de sua escolha.
–Quero que apague a memória das crianças – Lucy pediu – Não quero que elas lembrem-se do que aconteceu aqui.
–Posso fazer isso – Lestrange falou fitando as crianças.
Enquanto Lucy virava-se para a menininha loira, o comensal olhou para o chão e viu um lenço manchado de sangue. Lembrou-se de que a garota limpara seu sangramento com ele. Por um instante ignorou aquilo, mas recordou-se de algo importante e, assim, pegou o lenço sem que ela visse, e colocou-o no bolso. Aquilo teria uma boa utilidade, futuramente.       

Fim do flashback

Draco fitou Lucy, sabia que ela estava presa em pensamentos, mas nada podia fazer para ajudá-la. Precisava pensar, e muito. Não sabia como tirá-la daquela situação em que ela se metera. Quando recebeu a carta dela, já sabia que algo lhe acontecera. Não exatamente o que, mas já sabia.
Incrível como algumas semanas mudaram totalmente a sua vida. Vira que cometera um grande erro ao largar Hermione, e pelos poucos segundos que a vira, não conseguira encontrar nenhum resquício da velha Hermione. Parecia que as férias a transformaram em uma nova pessoa. Ela estava fria, provocante e podia jurar que o frio repentino naquele corredor fora provocado por ela. Por alguma razão, Hermione estava mais... poderosa.

Já era noite quando o expresso chegou a Hogwarts. Draco cochilava e acordou com Lucy cutucando-o para que acordasse. Pegou sua mala de mão com alguns pertences e saiu da cabine, percebendo que a maioria dos alunos já estava nos corredores do trem. Teria que enfrentar, mais uma vez, as aulas, para sua profunda tristeza. Por um segundo vira Hermione de relance e teve outra impressão de sentir um frio corroer seu corpo. Agora ela já estava com o uniforme, mas ainda assim, parecia provocante, como se suas saias tivesse diminuído de tamanho e sua camisa tivesse ficado mais justa. Decididamente algo acontecera a Hermione Granger.
Então sentiu raiva e saiu do trem, com Lucy em seu encalço. Encontrara mais uma vez Hermione com o Potter e o Weasley e sorriu. Eles eram tão idiotas. E decididamente, precisava fazer algo com esse grifinórios que pensavam serem heróis.
–Vamos brincar um pouco, Lucy? – perguntou com sua voz rouca e seguiu na direção deles.
O antigo Draco estava de volta.
–Veja se não é o testa-rachada e o pobretão... como foi o Natal comendo os restos dos Weasley, hein? – provocara e o moreno fora para cima dele.
Draco deu um passo para trás na mesma hora que Rony segurou Harry.
–Saia daqui, Malfoy. – o ruivo falara com raiva.
–Se não...? – Draco continuou com seu tom debochado.
–Se não irá se arrepender depois. – fora Hermione quem respondera, postando-se entre os garotos e encarando Draco desafiadoramente.
Por um segundo ele parou de rir, mas por que deveria temer aquela garota?
Draco riu descaradamente.
–Realmente, eu sempre me arrependo depois. – falara cruelmente e virou-se novamente para seu caminho.
–Você é em completo idiota, Malfoy – Lucy falou com ódio, enquanto andava ao lado dele – Uma coisa é mantê-la longe, outra é provocá-la. Estou falando. Ela não irá se controlar para sempre. Uma hora você vai se ferrar.
Com essa última declaração a loira subiu para uma das carruagens e Draco estacou. Lucy tinha razão. Mas ainda assim, precisava fazer aquilo. Quanto mais a machucasse, mais iria esquecê-la e isso se tornaria uma rotina, como era antigamente.
Suspirou e permitiu-se ser preenchido com suas próprias lembranças, pois agora seu destino estava praticamente definido. E este não incluía nenhuma grifinória.

Flashback
:::nove dias, depois do baile:::

As luzes no corredor iluminavam fracamente o ambiente, um passo abafado foi ouvido pelas paredes escuras. Outro passo em direção à escada principal da mansão. Os fios claros se destacavam, bem como os olhos azuis. Ele não estava com sono, deixara a algum tempo de sentir, dormir era torturante, seus sonhos contribuíam somente para ocasionais gritos e dores. Não conseguia dormir, sem ter que acordar com um pesadelo. Preparou-se para descer a escada, mas ouviu vozes. Uma era de sua mãe, a outra, para seu espanto, era de Bellatrix. Seus músculos se contraíram ao som da voz esganiçada dela. Sua mente viajou no tempo e distinguiu claramente os gritos de dor de Hermione em meio à voz prazerosa de Bellatrix.
Draco forçou-se a voltar para aquele lugar escuro e abaixou-se entre o corrimão da escada, como uma criança, pronta para espionar.
–Não seja idiota, Ciça – dissera Bellatrix esganiçada – Charles sumiu, é óbvio que ele foi atrás da menina. Ele nega, mas sabemos qual é a verdade. Ele teve a filha com aquela sangue-sujo.
–Bella, porque ele mesmo iria propor algo contra ela se existisse algum laço entre eles? Ele está destruindo a vida dela! – Narcisa falara com raiva. – 15 anos e condenada por um homem idiota que passou os últimos anos em Azkaban.
–Com 15 anos pode-se fazer muita coisa, Ciça... e esses atos tem conseqüências futuras.
–O que está insinuando? – a mulher loira perguntou com evidente irritação.
–Seu filhinho. Ele é o culpado por eu ter ido para Azkaban, de novo. – a morena falara com raiva e sentando-se de qualquer jeito no sofá.
–Ora, o que está dizendo? Draco não fez nada.
–Ele me estuporou! E minutos depois havia dois aurores me prendendo. Por culpa dele e daquela sangue-ruim maldita!
–Como é? – Narcisa perguntara alterada. – Ele não teve culpa.
–Ora, Ciça, não vai adiantar seus argumentos sem fundamentos. Seu filho é o culpado e merece um castigo por sua desobediência ao Lorde.
–Desobediência? – Narcisa agora se levantara com raiva – Meu filho passou os últimos quatro meses pesquisando sobre uma maldita pedra. Esta era sua tarefa. E ele a cumpriu. Já entregou tudo o que descobriu ao Lorde das Trevas. Não fazia parte de sua tarefa assumir que tinha uma ligação com a tia foragida, nem admitir que fosse ligado ao Lorde. Draco não pode estar sob suspeitas em Hogwarts.
Draco tinha que admitir, sua mãe era genial. E com certeza, conseguiria absolvê-lo de todos aqueles erros.
–Agora você, Bella, desobedeceu ao Lorde. Suas ordens eram de aterrorizar as pessoas, deixá-las temerosas, não de atacar estudantes em Hogsmeade, principalmente com a quantidade de aurores que há lá agora. O erro foi seu. Arque com as suas consequências.
Bella, por um momento bufara irritada com a irmã, mas sabia bem no fundo que ela estava certa. Ainda assim, queria sua vingança. A sangue-ruim era culpada. Assim como Draco. Ambos pagariam e muito caro.
Draco, sabendo que sua mãe vencera a batalha, voltou para o quarto, sabendo também que a última coisa que queria era ser descoberto pela tia. Com sorte ela iria embora no dia seguinte para reunir-se ao Lorde. Entrou no quarto e viu uma alvíssima coruja empoleirada na janela. Desamarrou a carta que ela trazia e percebeu que era de Lucy. Leu atentamente para logo descobrir que sua melhor amiga encontrava-se em um problema que ele não poderia ajudar. Era quase tão pior que seu destino.
De uma forma ou de outra, nem ele, nem ela poderiam renunciar às suas escolhas. Era um trabalho para toda a vida. Em alguns meses, assim que completasse dezessete anos, Draco não teria escolha, seria feito um comensal da morte e teria que cumprir uma missão que não queria.
Respirou fundo, sabendo que não teria escapatória.

Fim do flashback

Hermione saia calmamente da carruagem puxada por um testrário, ao qual a garota conseguia ver. Rony a ajudava a sair. Estava também com Gina e Harry. Eles se juntaram a ela minutos depois que Hermione encontrara uma cabine no trem. Os três tiveram ótimas férias juntos, na toca e Hermione sentiu-se ligeiramente deslocada. Sentia também os olhares dos amigos sobre ela e sua nova aparência. Contestaram-na, mas nada respondera sobre isso.
Agora, olhando o castelo tão de perto se sentia estranha, como se fizesse séculos que ela não o via. Era só uma impressão.
Encontrou no saguão de entrada e logo estava indo rumo à sua mesa. Dera um rápido olhar à mesa da sonserina e o vira. Draco parecia ótimo, no entanto Lucy... A aparência dela mudara tanto quanto a sua própria, mas ela parecia muito mais sombria. Sabia o motivo disso, mas apenas porque vira em uma visão, no instante em que pensara nisso, recordou-se exatamente do momento em que vira.

Flashback
:::Uma semana depois do baile:::

Os dois andavam pela estradinha tortuosa. Hermione, por vezes, tropeçava, mas logo continuava a andar.
–Eu ainda não entendo porque simplesmente não aparatamos até lá. – ela dissera com raiva e cansada.
–Pela centésima vez, Granger. Não dá para aparatar lá. E fica quieta senão eu te largo no caminho. – o corvinal respondeu estressado.
–Até parece... – Hermione sussurrara.    
Ela já estava cansada de andar, e o frio não ajudava em nada. Alguns minutos depois, Anthony virou-se para ela.
–Daqui a pouco nós chegamos, a área que é proibido aparatar já está quase no fim. Aí podemos ir direto até o castelo.
–Finalmente... – ela sussurrou aliviada.
Por um momento ela pensou em ficar em silêncio, mas uma questão passou pela sua cabeça.
–Você é francês?
–O que? Não. Sou Britânico, como meu pai. Minha mãe é francesa.
–Onde eles estão? – a garota perguntou e mal percebeu quando a face de Anthony endureceu. Obviamente ele não queria discutir sobre aquele assunto, no entanto prosseguiu.
–Meu pai está em Londres. Trabalha no ministério. Minha mãe é herbologista. Viaja pelo mundo.
–Sério? Que interessante.
–Acredite, não é. – falou duramente e Hermione percebeu que era melhor não insistir no assunto, mesmo que não entendesse o motivo para eles não celebrarem o natal com o filho.

Alguns minutos depois estavam de frente para um grande castelo, no topo de rochas centenárias e de onde provavelmente vinha o nome da cidade, Roquefort, rocha forte.
Hermione admirou-se com a vista e olhou para Anthony ao seu lado.
–Pegue na minha mão. – ele disse estendendo-a e Hermione obedeceu.
Sentiu um gancho invisível puxá-la, depois a sufocante sensação de ser empurrada por um estreito cano, para então firmar seus pés no chão e poder respirar. Aparatara pela primeira vez e decididamente, odiara.
–Ótima sensação, não? – Tony perguntou divertido.
Hermione limitou-se a lançar-lhe uma careta, a ânsia que sentia estava passando e olhou ao seu redor. À sua frente estava a entrada para o imenso castelo. Anthony adiantou-se e tentou abrir a porta, seja manualmente ou por feitiços, esta não abrira. Hermione aproximou-se da porta e sem querer encostou a mão na parede, a superfície pareceu ter afundado onde sua mão tocara e a porta abriu-se.
–Como fez isso? – Anthony perguntou assustado.
–Eu... encostei aqui – a grifinória respondeu temerosa e olhou para o interior do lugar.
Havia um enorme saguão e muito pó e sujeira. O cheiro indicava que ninguém habitava aquele lugar há anos. Via teias enfeitadas com algumas aranhas e alguns ratos. O lugar não agradara em nada, mas sabia que estava no caminho certo. Entrou, mesmo sob os protestos de Anthony. Sentia-se estranhamente ligada àquele lugar. Fora até o salão principal e percebeu que aquele era o salão com que sonhara, quando vira a fantasma misteriosa. Mesmo estando com tanta sujeira, podia imaginar o salão de modo que fosse imponente, belo, minimamente enfeitado.
Sem saber para onde estava indo, fora até a escadaria e a subira.
–Granger! Pare! Você não sabe o que tem aqui. – Anthony brigara arrependendo-se de tê-la trazido ali, mas ela não lhe dera atenção.
Continuou subindo, degrau a degrau, até chegar a um amplo corredor, abriu uma das portas e viu um cômodo vazio, tornara a fechá-lo, fora para o próximo, era uma biblioteca, ou pelo menos o que sobrara desta. Tornara a entrar no corredor e abriu a próxima porta, como se adivinhasse, sabia que aquele era o cômodo que procurava. Ao entrar reconheceu-o de seu sonho.
–Finalmente veio até mim, Guardiã. – uma voz doce e bela dissera e assim que Hermione olhou para trás, ouviu a porta bater com estrondo e trancar-se.
–Hermione! – a voz de Anthony do outro lado a chamou, intensa e urgente.
–O que pretende com isso? – Hermione perguntou a fantasma e tentou destrancar a porta.
Fora em vão.
–Apenas para evitar que ele me atrapalhe. – a mulher dissera deslizando de forma elegante para o chão.
Hermione a olhou. Percebeu que era a mesma mulher com que sonhara.
–Quem é você exatamente?
– Juliette Granreister. Vivi em 1480, nesse castelo, com meu pai e minha irmã. Era a herdeira do trono, até minha morte, em 1504.
–Você é uma princesa? – Hermione perguntou e ela assentiu. – E morreu aos 24 anos. Por quê?
–Fui assassinada por ordem do meu pai. Ele não aceitou minha fuga com um plebeu e bem... eu era a herdeira da pedra, sabe? E Gerhard era o único que podia me ensinar sobre ela.
–Quem é Gerhard? – a garota perguntou visivelmente irritada com a outra, pelos poucos detalhes.
–Um ferreiro. Vivia num povoado vizinho, assim que nos vimos, nos amamos e tentamos ficar juntos. – ela falou nostálgica – Mantivemos contatos e ele descobriu sobre meus poderes. Ele era bruxo também, mas nascido trouxa. Mesmo assim, Gerhard podia me ajudar com a pedra, mas meu pai, o rei, nunca entenderia. O preconceito contra o sangue já era intenso naquela época. – a jovem mulher dissera. – Vê esses ferimentos? – ela perguntou mostrando seu colo e Hermione entendeu que os ferimentos eram os brilhos que havia nela – São marcas de sangue. Esfaquearam-me. – A garota estava impressionada com a frieza da mulher ao relatar a própria morte. – Mas eu não sou importante, nem minha história. O importante é que o poder foi passado adiante e você é hoje a Guardiã, tem a promessa de proteger a pedra.
–Não fiz juramento algum.
–Seus ancestrais fizeram. E hoje em dia é tão difícil encontrar a herdeira... os genes das bruxas escolhidas se disseminaram rápido demais. Praticamente sumiram tantos séculos depois.
–Espera! – Hermione pedira totalmente perdida – Genes? Eu sou sua descendente?
–Sim... você, Melanie, Lucy... Todas as herdeiras, mas obviamente é mais poderosa que herda o poder. – a mulher respondeu – Você é nascida trouxa, eu sei. Mas você herdou isso de um de seus pais, obviamente.
–Homens podem ser guardiões? – A castanha perguntara.
–Não. O poder não é despertado neles. Mas já houve casos... especiais.
–O que quer dizer? – a garota pediu, interessada.
–Alguns homens podem afetar o poder da guardiã. Esse é o caso de Melanie e Charles.
Então Hermione parara de falar, tentando absorver tudo.
–E eu não tenho escolha?
–Realmente. Nenhuma de nós tem. – a fantasma falara desconsolada, prova de que também não escolhera ser a guardiã.
–E o que devo fazer?
–Lembra-se de seus sonhos? Lembra-se do que eu disse?
Então fora realmente ela que penetrara em seus sonhos, de alguma forma.
As palavras dela se fizeram nítidas em sua mente.

–O segredo logo se revelará, a magia da guardiã já está se mostrando e o controle sobre esse poder será difícil de conseguir.
–O que? Do que está falando?
–Você saberá logo e seu destino será do lado da luz, e não importa o quanto o seu poder se desenvolva, haverá sempre alguém que poderá destruí-la, mas que também será o único que poderá ajudá-la a não cair em conseqüência de sua magia.
–De quem você está falando?
–Falo do único capaz de parar seu poder caso você se descontrole. Do único que irá lutar até o fim por você. E quem você irá salvar de um destino cruel.
–Mas...
–Não há tempo para se desperdiçar. O escolhido das trevas terá que cair para que veja o quanto tem e o quanto já perdeu, para só então recuperar tudo aquilo que lhe foi tirado.

–Aquilo tudo... – Hermione começou a dizer, fazendo suas palavras refletirem seus pensamentos – Suas palavras... eram uma profecia?
–Sim querida. É a sua profecia.
O choque das palavras da mulher abateu-se sobre Hermione. Deixou-se cair no chão e permaneceu ali sentada. Dor, surpresa, aflição. Ela não conseguia separar uma da outra.
Ouviu, se repente, um barulho, como se alguma porta estivesse sendo forçada e percebeu que realmente era isso que estava acontecendo. Mas não era a porta a qual ela entrava, era outra, do lado oposto dela.
Quando a porta se escancarou, um homem alto entrou. Vestia uma capa negra e quando retirou o capuz, ela viu seus cabelos loiros. Seus olhos eram castanhos, tão intensos como o de alguém que ela conhecia. Reconheceu-o instantaneamente de suas visões e levantou-se. Puxou sua varinha, antes que pudesse atacá-lo, ele a desarmou.
–Não sou seu inimigo, Hermione Granger. – Charles Steiner falou calmamente e se dirigiu para a fantasma – Há quanto tempo, Julie.
–Charles, Charles, a que devo essa visita tão repentina? – a mulher perguntara – Afinal, já faz 15 anos que não vem aqui.
–Estar preso contribuiu para isso... – o homem respondeu, mas logo seus olhos sobre caíram em Hermione – mas é melhor deixar o passado no passado.
–Você estava em Azkaban – a castanha dissera. – É por isso que Lucy não te conhece?
–Sim e não.
Charles aproximou-se da garota, fitando-a com atenção nos olhos, concluiu que ela era uma boa oclumente, mas não como ele, ou como sua filha, pelo que sabia.
–Juliette, estou me apresentando para ser o mentor da guardiã, assim como fui da antiga. – Charles fora direto, olhando fixamente ora para uma, ora para outra.
–Hermione Granger já tem seu protetor, e você já tem uma protegida. – a fantasma respondeu de modo superior e de certa forma, arrogante.
–Tenho? – a garota perguntou, mas foi ignorada
–Sua missão, por hora, é proteger o sangue da guardiã Melanie. Sua filha é preciosa, não a deixe cair nas mãos sujas do homem de seu país que se auto-intitula “Lorde”. Hermione está em boas mãos e aprenderá a controlar seu poder tão bem quanto suas ancestrais.  
–Será que alguém poderia preocupar-se em falar para mim quem é meu protetor? – Hermione praticamente gritara, e no outro instante sentira algo forte puxá-la, sua mente fora projetada para algum lugar longe de onde estava.
A garota sentiu um feitiço atingi-la no braço esquerdo e gritou de dor. Havia três comensais a atacando e duas crianças assustados. Fora então que ela ouvira uma ordem. Pare de nos atacar. No entanto ela não cedera, embora quase não tivesse forças para lutar contra a maldição. Ela lançara alguns feitiços mirando os homens. As crianças! Não posso deixá-las em perigo. Pensou e depois de mais alguns ataques ela parou. Não teria chance de derrotá-los com os dois ali.
Ela sorriu e provocou o líder dos comensais, recebendo um tapa que ardera em sua face. Cuspira sangue.
“Por que está aqui? O que quer de mim?” perguntou finalmente.
O homem falou depois de uns minutos e ela não pode acreditar.
“Apenas uma coisa, Srta. Moore. Algo que tenho certeza que você conseguirá, afinal, você é filha da herdeira. E devo dizer, Melanie praticamente implorou a morte. A questão é, você faria diferente dela?”
Sentiu raiva. Muita raiva, mas controlou-se. Não queria aceitar o que ele propunha. Mas como escapar da morte quando se está encurralada? Podia escolher a morte, como sua mãe, ou ser fraca e cooperar com eles, ganhando mais alguns dias de vida. Antes de poder pensar ela já sabia qual opção seria.
Era uma fraca, afinal.

Hermione percebeu que estava de joelhos no chão frio. Suas mãos estavam nas têmporas e pela primeira vez deu-se conta do quão forte fora sua visão. Ela estava ali. Ela era Lucy.
Sua cabeça doía profundamente e ouviu gritos.
–Hermione! – era Anthony que gritava do outro lado da porta, incapaz de abri-la.
–Abra a porta – Hermione pediu para Juliette. – Deixe Anthony entrar.
Ela nem percebera que estava com lágrimas nos olhos. A fantasma erguera uma das mãos e a porta abriu-se.
Anthony correra até ela, preocupado.
–O que houve? Por que você gritou? – ele perguntou apressado, abaixando-se na direção dela.
Hermione só sabia de uma coisa. Anthony não pode saber o que aconteceu com Lucy. Ela precisava de uma desculpa. Algo que ele acreditasse. E rápido, antes que se denunciasse.
–Tive uma visão... do passado... – a garota falou – De uma das guardiãs... sendo torturada. – era o melhor que podia inventar. Seu cérebro não queria funcionar. Ela queria apenas saber como Lucy estava.
–Não adianta. – Charles dissera como se tivesse lido seus pensamentos – O que você viu já aconteceu.   
Anthony percebera a presença dele pela primeira vez desde que entrara na sala. Pegou sua varinha e apontou para o homem.
Charles o desarmou por puro reflexo.
–Não precisa me atacar, Sr. Wolhein. – ele dissera.
–Por que não a encontra? Lucy... – Anthony tentou falar.
–Não comece com os “Por quês” – Charles pedira irritado – Não é da sua conta garoto. O fato de eu não ter procurado por Lucille não diz respeito a você. – o homem continuou.
–Lucille? – Anthony perguntou estranhando e sorriu – Esse é o nome inteiro da Lucy?
–Lucille Marie Moore. – Charles confirmou sem humor.
–Sr. Steiner. – Hermione chamou ainda impressionada com a visão.
A grifinória tinha certeza de ter vislumbrado um temor no homem, mas sua expressão era uma máscara, ela não conseguia decifrá-lo e também não entendia o motivo dele estar tão calma sendo que a filha acabara de ser atacada.
–Está tudo bem. – ele dissera enfatizando suas palavras – O que você viu aconteceu, de qualquer modo. Você não pode fazer nada contra isso. – Charles falou sentando-se calmamente numa poltrona empoeirada.
Hermione percebeu que ainda que quisesse discutir e ir até a sonserina, sabia que de algum modo aquele homem tinha razão. Algo em seu olhar a paralisava, dizia para acalmar-se e, de fato, ela o fez.
–Não entendo... – Anthony falou – O que ele faz aqui e o que aconteceu a você. Quero dizer... por que você gritaria? – o garoto perguntou sentado no chão ao lado de Hermione.
Como contar a ele o que acontecera sem precisar envolver Lucy nisso?
–Eu vi um ataque, Tony. – falara de uma vez – Não sei quem ela é, mas simplesmente senti o que ela sentiu. – Hermione explicara omitindo como sempre o nome – Mas isso não importa agora. – a garota virou-se então para Charles Steiner – E o que está fazendo aqui?
Ele a encarou por alguns segundos e a olhou entediado, como se fosse óbvio.
–Você tem potencial garota. Eu ouvi muito a seu respeito. Sei o que você fez no Ministério da Magia, ano passado. Lucius com certeza sente raiva de você e seus amigos por colocá-lo em Azkaban. Era para eu estar lá, mas não fui. – Charles respondeu olhando fixamente para ela. – Mas o que eu tenho observado é uma decadência. Sempre pensei que encontraria uma bruxa forte e poderosa. Decepcionei-me. Havia apenas uma garota frágil e indefesa.
–“Garota frágil e indefesa”? – Hermione repetiu com uma raiva controlada.
–Exatamente. O relacionamento com o garoto Malfoy te deixou fraca. Vulnerável. – o homem falou e a garota abriu a boca para protestar. – Não adianta negar. Sei que mal está saindo do hotel e que é Anthony Wolhein quem te tira da cama e tenta animá-la todos esses dias.
Hermione colocou as mãos nos ouvidos. Ela não precisava ouvir aquilo. Mas ainda assim continuava a ser perfurada pelas palavras de Charles Steiner, como se algum feitiço a fizesse ouvir, mesmo não querendo. Draco Malfoy a destruiu. Não. Draco não importava mais. Ela não queria ouvir esse nome. Ainda doía, como percebeu. Fraca. Poderes oscilantes. Magia não-desenvolvida.
Não. Ela não era indefesa.
–Não! – Hermione gritou segurando as têmporas ainda – Mentiras! Apenas mentiras! – ela sabia que estava chorando e sentia as mãos de Anthony sobre as suas, tentando acalmá-la.
Uma descarga de energia parecia atingi-la. Indo do seu corpo para o chão, onde estava sentada. Sua cabeça doía e um vento fraco e estranho entrava pela janela.
–Por que faz isso? – Tony perguntou – Por que tornar tudo pior para ela?
Hermione, ao ouvir essa pergunta, deu-se conta de que Lucy fizera a mesma coisa com ela na floresta. Lucy gritou. Provocou-a. Charles fizera o mesmo naquele momento.
–Para despertar minha magia – fora Hermione quem respondera a pergunta de Anthony, dando-se conta daquilo quando despertou sua lembrança.
–Correto. – Charles respondeu e levantou-se, indo até Hermione.
Ele estendeu suas mãos e a garota colocou as próprias mãos frias sobre as dele. Hermione Granger levantou-se, encarando o homem mais alto nos olhos.
–Você é uma guardiã. Não prenda sua magia e comporte-se como tal. – Charles dissera.
Por um segundo ele tivera uma ideia e, então, fitou Anthony. O garoto parecia-lhe preocupado e responsável, naquele momento. No entanto sabia que era apenas uma questão de tempo e seu tom debochado e irônico voltaria. Ele era o tipo de pessoa que adorava diversão. E, com isso, ajudaria Hermione.
–E você, Sr. Wolhein, também tem uma tarefa. – falara encarando-o – Transforme Hermione Granger na bruxa que ela nasceu para ser. Nada de bibliotecas, nada de livros e pesquisas, por hora. Agora ela deve aprender a entender as pessoas.
–E como eu seria útil? – o garoto perguntou, fitando o homem com seus olhos negros.
–Você conhece essa cidade mais do que ninguém. Mostre a Srta. Granger os perigos, as armadilhas, para que ela aprenda a lidar com elas.    
Anthony olhou para o homem a sua frente como se ele tivesse dito algo insano, algo completamente sem nexo. Afinal, para que uma sabe-tudo como Hermione Granger usaria um conhecimento daquele tipo? Por que ela deveria aprender a lidar com os perigos que ele lidava?
Antes que Anthony proferisse alguma de suas perguntas, ele entendeu. Armadilhas. Aprender a lidar com as pessoas. Perigos.
Charles Steiner queria que Hermione fosse inteligente.
Ou melhor, mais inteligente.
Ele queria acabar com a ingenuidade dela.
E nesse ponto, Anthony tinha que concordar.
–Desafio aceito. – ele dissera agora mais animado.
Acontecesse o que acontecesse, Hermione Granger se transformaria.
–E Granger... – Charles continuou encarando a menina – Quero que você treine sua oclumência. Esvazie sua mente antes de dormir e medite sempre. A primeira coisa que precisa fazer é aprender a controlar seu poder.
Hermione olhou-o, ele tinha razão. Portanto assentiu. Faria o que ele mandara.
Só então percebeu que a fantasma havia sumido. Sua chance de saber mais se fora e tampouco acreditava ainda que a pedra estivesse ali. Teria que continuar buscando-a, como deveria ser.

Fim do flashback

Hermione descansou a cabeça na mão e ficou assim por alguns segundos durante o jantar. Não estava com fome alguma, mas também não sairia dali, queria passar um tempo com os amigos. Sem querer, acabou desviando seus olhos para a mesa da Corvinal e encontrou Anthony. Ele, por sua vez, olhava para a mesa da sonserina, exatamente para uma loira. Hermione o entendia. Ambos estavam encrencados se dependessem de sonserinos.
–O que aconteceu exatamente com você? – Harry perguntou repentinamente e ela deu de ombros.
Não estava com a mínima vontade de discutir sobre isso. Sua aparência não importava, eles não entenderiam mesmo...
Hermione então pegou uma tortinha qualquer e começou a comê-la. Harry ainda fitava-a esperando por uma resposta que ela simplesmente não queria dar.
A castanha jogou os cachos para trás da orelha e virou-se para o garoto.
–Você queria que eu me afastasse do Malfoy e eu fiz isso. Você queria que eu fosse forte e agora eu sou. Se não queria que eu mudasse, Harry, desculpe-me, mas já é tarde para evitar essa mudança.
Ela então saiu andando, passando pelas mesas e atraindo olhares de cobiça e inveja. Aquela garota não parecia nada mesmo com a sabe-tudo Hermione Granger.
Ela fora até o saguão e olhou para trás, certificando-se de que ninguém a estava seguindo. Não queria ser importunada logo agora, mas tão logo se virou bateu de frente com alguém. Destino ou acaso, era Draco Malfoy.
A mão dele agiu automaticamente e a segurou pela cintura, evitando que ela levasse um tombo. A mão fria dele agia estranhamente como brasa, ardendo até mesmo por cima de suas roupas.
Mas ele não a abalaria. Não mais.
–Boas férias, Malfoy? – perguntou cínica.
O loiro levou alguns segundos para perceber do que ela estava falando, até que a soltou e apenas olhou para sua face, estranhando aquela reação tão natural.
–Mas é claro. – respondera baixo – E as suas?
–Melhores impossível. – exclamou colocando uma mecha do cabelo para trás.
Draco a olhava de cima a baixo, tentando encontrar a fragilidade dela, a mesma que vira no baile de máscaras. E Hermione não parecia com raiva pelo o que ele fizera mais cedo, no desembarque. Parecia nem lembrar-se. Não havia mais nada em Hermione.
–O que aconteceu com você? – perguntou por fim.
–Nada. – Hermione respondeu.
–Nada? Não sei... Isso é tudo, menos nada. Aposto que optou por essa estúpida indiferença para não se machucar, é mais fácil assim não é? Quando você não precisa se preocupar em importar-se.
Draco calou-se e esperou que ela dissesse algo. Estava quase desistindo quando ela começou a falar, calma e perigosa.
–Você destruiu todas as minhas esperanças e sonhos em relação a nós, Draco. Agora eu vejo que esse nós nunca existiu, era sempre você e eu sempre. Sinta-se a vontade para voltar com seu precioso hobbie de me odiar, Malfoy. Afinal, é o que você sabe fazer melhor. E não reclame do modo como segui em frente. – a castanha dissera num tom que nunca usara, desafiante e cheio de arrogância.
–Esta não é você. – o loiro sussurrou.
–Tem razão. Você matou Hermione Granger, isto é uma carcaça, a que vai te destruir caso você entrar em meu caminho.
Antes que Draco pudesse responder aquela provocação percebeu que alguém se aproximava.
–Hermione! – alguém a chamou e a castanha virou as costas para Draco.
–Sim, Parvati? – falou para a menina, ignorando seu olhar avaliativo.
–Hum… vamos ter uma festa no salão comunal hoje. Avisei o Rony e o Harry agora, então vê se aparece daqui a pouco por lá...
–Mas é claro.  
Assim que a garota saiu de lá, Hermione olhou novamente para os lados. Não havia mais sinal algum de Malfoy. A grifinória encostou-se na parede de pedra e respirou fundo. Sabia que seria difícil enfrentar Draco, mas nunca pensou que fosse tanto assim.

Draco andava em passos largos por um corredor. Assim que teve chance, saiu de perto da grifinória. Sentia-se péssimo toda vez que a via daquele modo.

Pela primeira vez em muito tempo, Draco chorava. Suas costas estavam apoiadas na parede fria. Não fazia barulho, não queria que ela o visse. Pela fresta da porta ouvia-a cantar de forma dolorosa. E a canção o atingia mais do que a ela. Pensara tanto que a magoaria que se esquecera de pensar em como ele próprio se sentiria. Agora, era tarde. Hermione era quem o machucava, com a canção.

Draco sentia mais raiva ainda. Queira socar algo, nem que fosse a parede e pudesse quebrar seus dedos.  Parou de andar e sentou-se no chão, massageando as têmporas. Controle. Não podia perder o controle.
Você matou Hermione Granger, isto é uma carcaça, a que vai te destruir caso você entrar em meu caminho.
Será que sempre seria assim? Sempre aquela maldita garota o afetaria?
–Você não vai fazer isso comigo, Hermione. Não mais. – Draco falou veemente e foi inundado por mais lembranças.

Flashback

–Concentre-se, Malfoy. – Draco falara para si mesmo enquanto segurava sua varinha.
O loiro olhou ao seu redor. Havia seis comensais a sua volta. Deu um passo para trás e lançou um feitiço no primeiro que avistou.
Outras cinco labaredas vieram em sua direção enquanto um deles caía.
Draco fez um escudo e, depois, uma luz cegou os homens. Acertara outro. Fora quando resolver esconder-se nas sombras e rumou para um pilar, enquanto os últimos vestígios da luz que lançara se dispersava.
Percebeu que os quatro que faltavam o procuravam, atentos. Draco, entretanto, virou-se para eles, azarando um deles e amarrando outro com cordas invisíveis.
Um feitiço acertou seu braço esquerdo e o fez gritar de dor. Sua camisa foi pintada de vermelho púrpuro e Draco sentiu ódio do homem que o ferira. Saíra então do seu esconderijo e ergueu sua varinha. Conjurou um chicote transparente e o usou contra um dos homens, fazendo-o urrar de dor. O outro veio por trás e assim que veio agarrá-lo por trás, Draco conjurou uma faca de prata e deslizou para o lado, pegando-o por trás e levando a arma para seu pescoço. Dez dias de treino haviam o transformado. Não lutava mais com medo. Não pensava duas vezes antes de lançar qualquer feitiço e, principalmente, não se importava em ferir ou não o oponente.
–Muito bem, Draco. – a voz de Bellatrix soou prazerosa – Aprendeu muito bem.
A mulher estava radiante. Pela primeira vez encarava o sobrinho com esperança.
–No final das contas... talvez você não seja tão inútil quanto eu pensei... – ela sibilou.
Draco largou o comensal que segurava. Ele cambaleou para o chão e olhou os companheiros. Todos no chão. Derrotados por um adolescente de dezesseis anos.
Draco olhava a tia. O treinamento dela era puxado, mas aprendera tudo que a mulher ensinara. O ruim de tudo aquilo era que se passasse mais tempo com a comensal, se tornaria mais cruel. Menos humano. Esse era seu medo.
–Em junho, quando você completar dezessete anos, você será um perfeito seguidor do Lorde, Draco. Poderoso e temido.
Draco permaneceu indiferente. Junho. Quase seis meses. Seis meses para o fim da vida que conhecia.

Fim do flashback

Draco passou suas mãos uma última vez em seu rosto e levantou-se. Precisava esquecer o passado. Era a única forma de seguir em frente. Mal começou a andar, alguém apareceu na sua frente.
–Draco! – a menina falara aproximando-se.
–Ah não! – ele resmungou baixo.
Pansy Parkinson estava agora quase o abraçando.
–Draco... eu não te achei no vagão e no jantar mal consegui falar com você...
–E o que você tinha de tão importante para me falar? – o loiro perguntou seco.
–Nada. Queria só te ver agora que estamos juntos... – a morena falou abraçando-o pelo pescoço.
–Nós o que? – Draco contestou tirando as mãos dela de seu corpo – Desde quando?
–Desde o baile, oras. – a menina falou sorrindo.
–Não, Pansy. Não estamos juntos. Eu só te beijei. Só isso. Não quer dizer que somos namorados agora, porque nunca seremos, e eu já te avisei sobre isso. – o garoto falou e começou a andar na direção do seu salão comunal, deixando-a para trás.
Foi então que ele parou e nem ao menos teve o trabalho de encará-la ao dizer:
–O fato de eu e a Granger termos terminado não quer dizer que eu vá namorar você, Pansy.
E, depois, ele retomou seu passo, deixando a morena para trás, como sempre fazia.

:::  :::

Lucy andava despreocupada pelo corredor em direção às masmorras. Sentia um frio penetrar em seu corpo e puxou sua capa para mais perto ainda do corpo. Então seu caminho foi bloqueado. Ela quase trombou de frente com o garoto se não tivesse parado de andar antes.
O que viu nos olhos de Anthony foi somente acusação e certa raiva.
–Anthony, eu sei que você quer gritar comigo e... – começou, mas foi interrompida.
–Por que não respondeu minhas cartas?
Lucy respirou fundo, não queria ter que enfrentar ele agora, era tarde demais para discutir, mas ainda assim, inevitável.
–Você está fugindo de mim de novo.
Não era uma pergunta. Era uma afirmação. E era verossímil. Quanto menos ele soubesse sobre o que aconteceu, melhor. E quanto menos envolvido, mais seguro estaria.
–Lucy, olhe para mim! – Anthony exigiu, levantando o rosto dela pelo queixo.
Nos olhos da menina havia somente a indiferença.
–O que eu fiz? – perguntou, sem saber o que pensar.
Lucy afastou-se dele, permanecendo longe antes que traísse a si mesma.
–Nada, você não fez nada, Anthony – respondeu incapaz de mentir e acusá-lo em vão.
–Mas algo aconteceu. – ele sussurrou e Lucy não falou nada contra isso – Lucy, eu sei que você tem seus segredos, mas será que não está na hora de deixar alguém se aproximar de você.
O garoto deu um passo para frente encarando a menina fixamente nos olhos enquanto causava arrepios inevitáveis nela. Sua forma de falar a tranquilizava, mas ainda assim, ela não cederia.
–Pessoas têm segredos, Anthony, e até mesmo eu sei qual é o limite para interferir na vida dos outros. – Lucy dissera desafiante.
Percebeu somente um segundo depois o movimento dele e fora tarde demais. Anthony a prensou na parede fria, sem dó ou sensibilidade.
–Isso vindo da garota que atirou o Malfoy na Hermione é realmente reconfortante. – ele atirou sem piedade – Acorda Lucy! Você mentiu para mim, para o Draco e para qualquer outra pessoa nesse castelo. Você me fez levar um soco na cara e tem acesso ao meu maior segredo. Você praticamente torturou a Hermione e humilhou o Weasley! E agora vem me falar sobre limites? Olhe-se no espelho, garota!
Ele ofegava, sentia raiva dela e de repente percebeu que sempre quis dizer aquelas palavras para a loira. Mas tinha medo e pena, pois por mais que sentisse ódio, não deveria feri-la daquele modo. Entretanto, sabia que Lucy precisava abrir seus olhos. Precisava realmente acordar de seu mundo intocável, porque agora nem tudo seria como costumava ser e ou ela entendia isso, ou sairia ainda mais machucada.
–Você não tem o direito de dizer isso! – ela gritara indo para cima dele com uma raiva que nunca sentira na vida.
Lucy tentava feri-lo do mesmo modo como fizera há pouco, mas diferente dele, ela continha muito mais um ódio físico. Precisava fazê-lo sentir dor. Porém era fraca. Não conseguia acertar um só tapa, já que Anthony segurou suas mãos com força, prendendo-a entre ele e a superfície da parede.
Ainda que tentasse nunca conseguiria se livrar dele, e aqueles olhos negros estavam perto demais, chamativos demais. A respiração dele regular e a dela, tensa. O olhar dele calmo e o dela, afetado.
Lucy então se inclinou para frente e tocou os lábios dele. Já fazia semanas que queria fazer aquilo e agora não importava se estivessem brigando, ela aproveitaria o momento. Sem máscaras. Sem álcool. Eram apenas os dois naquele momento.
Anthony explorava sua boca com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. Prensava-a contra seu corpo como se já o conhecesse há a um longo tempo. E então ele percebeu que talvez fosse o único que a conhecesse mesmo. Anthony soltou as mãos dela e segurou-a pela cintura, puxando-a contra si ao mesmo tempo em que Lucy arranhava o pescoço dele com suas unhas.   

And I won’t be far from where you are if ever you should call
E eu não estarei longe de onde você está se você chamar
You meant more to me than anyone I've ever loved at all
Você significa mais pra mim do que qualquer um que eu sequer amei
But you taught me how to trust myself
Mas você me ensinou como confiar em mim mesma
And so I say to you, this is what I have to do     
E então eu lhe digo, isto é o que eu tenho que fazer

–Lucy – Anthony falou, segurando o rosto dele entre suas mãos – Você não precisa fazer tudo sozinha.
A menina encarou-o, os olhos castanhos sobre os negros. Não sabia o que fazer. Estava condenada. E por mais que seu coração implorasse para que ela falasse tudo a Anthony, seu cérebro trabalhava mais arduamente e esconder tudo. No fundo ela sabia quem ganhava essa competição. Sempre usaria sua razão, para não ferir-se.
–Eu sei. – Lucy respondeu tirando as mãos dele de sua face – E é por isso que você precisa confiar em mim.
A menina olhou para ele uma última vez e, depois, continuou a seguir para seu salão comunal. Cada passo mais longe dele, cada centímetro mais sozinha. Entendia Draco e suas ações agora, para seu azar.

:::  :::

Ronald Weasley conversava animado com Parvati enquanto Lilá o fitava do outro lado da sala. Era óbvio que a menina estava com raiva da amiga por simplesmente conversar com seu ex. Mas nada podia fazer, assim que se aproximasse o garoto a ignoraria completamente, deixando humilhada.
Mas fora ela quem pedira por isso. “Maldito Wolhein!” pensou pegando uma cerveja amanteigada. E começando a conversar com Dino.
Do outro lado da sala uma garota observava a sala completamente absorta em pensamentos. Ela não via a sala, mas a sala com certeza a observava. Hermione Granger tornara-se um destaque.
Fora então que Simas aproximou-se dela.
–Tudo bem, Hermione?
A castanha demorou uns segundos para perceber a presença dele, mas então o vira.
–Mas é claro... – respondera ainda distraída.
–Sabe o que seria ótimo? – o garoto perguntou e Hermione balançou a cabeça negativamente – Você animar essa festa com uma música.
Mal ele acabara a frase, Hermione foi dizendo um sonoro não. Mas as insistências começaram e ela não sabia como fugir daquilo.
–Por que não jogamos algo? – ela perguntou agarrando-se àquela salvação.
–Pode ser. – Simas falou desanimado – Snap Explosivo?
–Não, pensei em algo mais... interessante. Sabe como se joga blackjack? – a garota perguntou e ele acenara positivamente.
Hermione, então, conjurou um barulho e começou a embaralhá-lo. A mesinha de centro da sala fora desocupada e a garota, Simas, Dino e Colin sentaram-se em um dos lados. Hermione, então, deixou o barulho sobre a mesa.   
–Quem quer ser o carteador? – ela perguntara.
–Eu serei. – Gina falou animada, levantando-se do sofá e deixando Harry agora sozinho. – Apostas?
–Aposto 16 sicles – Simas falou colocando o dinheiro sobre a mesa.
–14.
–16 também.
–Aposto 2 galeões. – Hermione falou depositando as duas moedas junto com as outras.
Vários pares de olhos a encararam, estupefatos. Até que Gina distribuiu duas cartas para cada um ao estilo de Londres e virou uma de suas cartas para cima. 7 de copas.
–O que vai ser, Simas? – Gina perguntou sorrindo.
O garoto olhou para suas cartas, pensando seriamente no que fazer. Suas cartas somavam 19. Precisava de um 2 ou um Ás. Optou por manter suas cartas já que se pedisse outra, com certeza quebraria.
– E você, Dino?
Ele tinha um seis de ouros e um valete. 
–Hit. – o garoto falou e recebeu outra carta, ultrapassando os 21 pontos em seguida – Droga! – exclamou com raiva.
–Você quebrou, Dino... – Gina falou divertida – E você Colin?
–Eu mantenho. – O garoto falou fitando suas cartas. Era o mais inteligente a fazer, já que somavam 18 pontos.
Por último, a ruiva olhou para Hermione.
Ás de ouro e três de paus.
–Mais uma carta. – a castanha falara, olhando atentamente para suas duas cartas.
Quatro de ouros
–Outra, Gina.
Cinco de copas
Hermione sorrira. Nem ao menos precisara pensar muito ou usar qualquer estratégia. Gina tinha um sete em sua mão. O máximo que ela poderia fazer eram 17 pontos, e ela não arriscaria pegar outra carta. Colin e Simas tinham mais de 18. Dino estava fora do jogo. A castanha olhou sua mão, sorrindo. 4 cartas. 13 pontos. Sabia o que fazer, mas sabia, principalmente, que ganharia.
–Outra carta, Gina.
7 de espadas.
20 pontos.
Cinco cartas Charlie.
Hermione fitou Gina e a garota virou sua carta, revelando um rei. Tinha razão quando pensou nas possibilidades da pontuação da ruiva. Gina não iria conseguir um Blackjack com aquele sete, e automaticamente, Hermione era a vencedora. Conseguira cinco cartas sem estourar os pontos.
–Isso, Hermione, foi sorte de principiante. – a garota falara emburrada.

A expressão dela lembrou outra pessoa. Um garoto de cabelos castanhos escuros, quase negros. E umas belas férias na França.

Flashback

–Eu não vou conseguir fazer isso, Tony! – exclamou, tentando acompanhá-lo pela rua – Odeio trapaças!
–Bem... agora você vai começar a gostar. – o garoto falou despreocupado – É só ler a mente do carteador. Você descobre qual a carta escondida e eu enfeitiço o baralho. Mas não olhe para mim. Se descobrirem que estamos juntos no cassino, vamos ser expulsos.
–Vão nos prender, isso sim!
Hermione resmungou e ao passar na frente de uma vitrine, olhou para seu reflexo. Seus cabelos castanhos estavam presos em um coque frouxo e a maquiagem escura deixa-a mais velha, com a face mais madura e sensual. Seu vestido vermelho evidenciava isso mais ainda, mostrando suas curvas. Mas sua expressão mudara um pouco. Anthony mudara sua feição com alguns feitiços, assim como fizera com si mesmo. Ninguém poderia reconhecê-los.
–Hermione! – o garoto chamara ao vê-la parada na rua.
Hermione continuou seu caminho, alcançando-o.
–Esse vestido que você comprou, essas maquiagens e toda essa trapaça que me ensinou... É tudo para cumprir o que prometeu ao Steiner? Que eu mudaria?
O garoto olhou-o pelo canto dos olhos, esperando uma resposta.
–Isso não é por ele. – Anthony dissera – É por você. Hermione, você vai voltar a Hogwarts bem, não quero que o Malfoy te veja como eu te vi naquele dia, no baile. Você é poderosa, é inteligente. É a melhor bruxa que eu já conheci. Está na hora das pessoas verem isso também.      
Os dois pararam de andar, olhando atentamente para as luzes à frente. Um edifício todo movimentado e repleto de pessoas.
–E o vestido... É meu presente de Natal para você. – o moreno completou sorrindo – Entre primeiro. Daqui a dez minutos estou aí dentro. Não esqueça nada do que eu ensinei.
Hermione sentiu um frio na barriga. Não podia fazer aquilo. Era ruim. Não precisava trapacear para mudar. Quis dizer isso a Anthony, mas ele começou a andar para longe e viu-se sozinha. Fazia três dias que os dois praticavam algumas estratégias. E se esquecesse tudo?
Disse então, para si mesma, que não se esqueceria. Era uma grifinória e precisava de coragem, embora naquele momento, quisesse ter qualidade sonserinas. Seria mais fácil de enfrentar tudo aquilo.
Hermione, então, entrou no cassino, ficando encantada com a quantidade de pessoas e jogos. Mas já sabia o que fazer. Aquela noite seria divertida.

Fim do Flashback

Hermione sorriu a lembrar-se. Naquela noite ela conseguira ler a mente do carteador e descobriu qual carta ele possuía. E Anthony fez de tudo para ela ganhar. Todas as cartas eram favoráveis, com exceção de alguns jogos, que os dois decidiram perder de propósito, para manter os olhos atentos longe deles. Qualquer cassino que se preze odiava os vencedores e, se descobrissem a trapaça, os expulsaria sem dó.
Ficou então jogando com seus amigos até tarde, quando decidiu descansar da viagem.
Assim que entrou no dormitório feminino deparou-se com seu malão, teria que arrumar tudo no dia seguinte. Ainda assim, o abriu e tirou de lá um caderno com capa de couro. Folheou-o procurando qualquer detalhe que revelasse de onde viera. Não encontrou nada. Ganhara aquele caderno de natal, ele aparecera entre seus presentes. Não havia remetente, nome, ou cartão. Simplesmente nada. Desistiu daquilo e deitou-se na cama. Mas assim que fez isso, foi inundada por lembranças e pelas palavras de Draco.
Esta não é você.
Não. Não deveria importar-se com aquilo. Respirou fundo e limpou sua mente. Sua única meta agora era si mesma.
Draco Malfoy era apenas um sonserino.
E ela, a guardiã de um amuleto poderoso.

Cause I don’t know who I am, who I am without you
Porque eu não sei quem eu sou, quem eu sou sem você
All I know is that I should
Tudo o que eu sei é que eu deveria
And I don’t know if I could stand another hand upon you
E eu não sei se poderia suportar outra mão sobre você
All I know is that I should

Tudo o que eu sei é que eu deveria

:::  :::

N/a: Mais uma temporada, mais intrigas, mais brigas e mais paixões.
É, eu não podia abandonar tudo isso, e principalmente, vocês leitores queridos.
Agora... o que acharam desse começo?
Confuso? Interessante?
Hmm, ainda tem mais detalhes das férias... trarei isso em mais flashbacks.
Sobre a Hermione... gostaram da mudança? Querem que ela recupere um pouco do que era?
Sobre o Draco... bem, ele ainda vai se encrencar mto ;D
Lucy... o que houve com ela nas férias?
A música que ela canta é Where I stood da Missy Higgins.  
Anthony... um amigo perfeito? Talvez... esperem por mais hsuhshuhs
É isso... provavelmente o próximo capítulo só sai ano que vem, como presente de ano novo... depende da minha outra fic Magic and Mistakes, que vem tirando um pouco do meu tempo.
Mas é isso.
Espero que todos já estejam de férias, assim como eu (:
Feliz Natal para todos.
E um ótimo ano-novo *autora adiantada*
xoxo