Incantatem

Por que me afastar? Porque éramos inimigos e como tais nos odiávamos. Porque eu era uma Weasley e ele um Malfoy. E principalmente porque estávamos em guerra declarada!

Magic and Mistakes

Hermione volta a Londres depois de dois anos. Ela cresceu e já não é a garota de antes. A guerra contra Voldemort teve seu fim e, agora, nada impede ela de ficar com Draco Malfoy. Isso era o que ela pensava. Em meio às mudanças da sua vida, novo emprego e uma nova casa, perceberá que Draco também tem sua própria vida. No entanto, acabarão sendo um dos casais mais conhecidos do mundo bruxo, algo que não esperavam. As consequências de seus atos se tornarão mais perigosas. Magia e erros, porque nem sempre se pode prever o futuro.

Por Culpa do Destino

Seria certo passar por cima de uma guerra por amor?

Imperius

Ele me olhava com aquelas orbes cinzentas como se estivesse arrependido do que me fizera. Eu fora uma tola, uma estúpida e iludida, afinal, como diabos Draco Malfoy se apaixonaria por uma sangue-ruim, nem ao menos a maldição imperius causaria isso. - Deixe-me explicar - ele pediu, sussurrava, sua voz estava quebrada.

Inimicum

Hermione Granger por anos foi uma pessoa amarga e nunca soube ao certo a razão de Draco a abandonar. Agora ela é uma auror e ele um comensal, entretanto um encontro faz com que ambos voltem ao passado e segredos sejam revelados.

29 novembro, 2010

Cap. 7 - Pleasure

Sentia o cheiro dele penetrar em minhas narinas e impregnar em minhas roupas. Seu toque leve e possessivo sobre meu corpo, seus beijos quentes e desenfreados, seus suspiros baixos inerentes aos meus sussurros. Cada toque, cada beijo, cada olhar, eu guardava na memória como se fosse precioso e talvez eu soubesse que era.
Senti ele tocar meu ombro.
–Hermione... – ouvi ele dizer, mas não parecia ser sua voz.
Não dei importância e continue investindo em seus beijos com volúpia.
–Hermione, acorda! – senti desta vez alguém me empurrar e acordei assustada.
No final das contas aquilo não passara de um sonho e era Lilá que estava tentando me acordar. Céus! Eu estava ficando louca.
Eu estava sonhando com Draco e seu corpo nem um pouco lindo. A ironia... como eu a amava. Não! Eu não devia pensar nele assim, pelo menos por enquanto.
–Você está atrasada, Hermione.
Ok, eu teria tempo para discutir com a minha mente insana depois, literalmente pulei da cama e saí em disparada para vestir meu uniforme e estava quase saindo do quarto quando ouvi a voz de Lilá mais uma vez.
–Vai sem sapatos?
Merd*. Eu voltei e peguei meus sapatos, saindo finalmente de lá e os colocando no caminho. Tudo bem que alguns alunos que encontrei nesse meio caminho me olhavam curiosos e soltavam alguns risinhos debochados. Eu era a piada da vez e Merlin com a absoluta certeza não ia com a minha carinha de anjo.
Todos pareciam prontos para presenciar mais alguma loucura minha. Decididamente, cantar bêbada, na frente de todos, para Draco, não foi a coisa mais inteligente que já fiz.
Era a segunda vez naquela semana que eu me atrasada para a aula, saí apressada para o salão principal para pelo menos comer algumas torradas, no entanto para variar, quase tropecei no meio do caminho. Por sorte não caí, mas continuei a correr com pressa, cheguei até minha mesa e fui me sentar do lado de Gina, já que Harry e Rony estavam nos evitando fazia quase um mês, desde a festa clandestina.
–Bom dia. – falei para Gina e ela me respondeu mecanicamente.
Percebi o quão distraída ela estava, fazia semanas que Gina não exibia um só sorriso sincero. Me dava mais vontade ainda de arrancar uma confissão da vaca da Pansy e seu cachorrinho Zabini, mas eu não conseguia pensar em como conseguiria. Peguei Gina várias vezes durante essa semana olhando Harry, por um momento até vi ele próprio fitá-la, mas logo virava o olhar e bufava irritado. Eu tinha que fazer algo. Eles tinham que voltar, e aqueles sonserinos mereciam uma vingança.
Levantei da mesa levando algumas torradas e corri para a aula de poções, aula com o morcegão era uma espécie de absolvição de pecados, porque era realmente um suplício.
Sentei do lado de Draco, ele estava entretido num livro e mal percebeu minha chegada, no entanto, não daria para conversarmos agora, a aula estava começando.
A poção de hoje era muito fácil de ser feita e quase ri quando o Snape perguntou quais eram os ingredientes. Como sempre minha mão estava levantada e ou ele adorava me ignorar ou havia um grande brilho na minha frente que ofuscava sua visão. Fico com a primeira opção. Não era possível que aquele morcego fosse fazer isso sempre. Ouvi Draco rir do meu lado. Era divertido? Ah, ele ia se ver comigo.
–Ninguém? – o morcego perguntou e eu pensei como seria bater a cabeça dele no quando-negro até eu ver seus miolos saírem um por um.
–Casca de Wiggentree, Muco de Verme Gosmento, Moly e Ditamno. – respondi sem permissão para falar, sabendo que viria mais um comentário idiota sobre como eu não conseguia me controlar.
Snape apenas limitou-se a lançar um olhar irritado para mim e continuou a falar.
–Alguém sabe como é o preparo da poção Wiggenweld?
Se eu fui a única que falei os ingredientes como ele espera que alguém saiba preparar? Na verdade acho que o Snape faz isso especialmente para me provocar.
–É só esmagar a Moly, cortar o Ditamno em fatias assim como a casca de Wiggentree. Depois acrescenta no caldeirão o Muco, a Moly e o Ditamno. Mexe até ferver e adiciona-se a casca. Depois se mexe em direção anti-horária até obter uma cor esverdeada. – Falei mais uma vez sem ser convidada.
–Sente tanto prazer em ser tão irritante, Srta. Granger? – finalmente ele perdera a paciência e a bronca estava vinda.
–Não. – respondi com minha raiva crescendo e sorri marota – Você sente?
Segundos depois eu fora colocada para fora da sala de aula com uma bela detenção. É... eu comecei meu dia com o pé direito.

O vento estava fraco, balançando meus cabelos presos em um coque fraco. Eu olhava para o lago negro que naquela época estava congelado. Apenas algumas semanas e já era natal. Teria que apresentar a peça de teatro na frente de toda a escola. Apenas saber isso já me arrepiava inteira.
–Aquilo foi divertido. – ouvi Draco falara atrás de mim e me virei.
–Para você que não recebeu detenção é realmente engraçado.
Draco começou a rir do nada, estava com um acesso de risada. Fiquei com medo, muito medo. Ele chegou até a curvar-se tentando conter-se.
–Draco...? – chamei temerosa e depois do que pareceram séculos ele conseguiu falar algo.
–Você não sabe como eu me contive naquela sala. Eu queria rir muito. Você não só respondeu o Snape, como realmente tirou ele do sério. Há essa hora a escola inteira deve saber.
Há essa hora a escola inteira deve saber.
Há essa hora a escola inteira deve saber.
Lá se ia por água abaixo minha tão respeitada carreira escolar.
Escutei até o barulhinho dela descendo pelo ralo. Ok, menos drama, Hermione.

Perdi aquele dia inteiro com aulas chatas e fui depois para a biblioteca. Procurava algo que me distraísse, quando ouvi uma conversa interessante, tentei me esconder por entre as estantes.
–Não agüento mais isso, Zabini, ele só vive pensando nela agora, odeio aquela sangue-sujo.
–Pansy, Draco disse várias vezes que não ficaria com você. Não é exatamente culpa da Granger.
–Ela é a culpada sim, Draco mal parece a mesma pessoa.
Vaca, eu não fiz nada com o Draco. Invejosa. Ai, como eu tenho raiva dessa garota! Quase me denunciei com meu acesso de raiva, mas consegui ouvir o resto da conversa.
–Vou separá-los e ela vai querer nunca ter entrado no meu caminho.
Eu estava começando a acreditar que Pansy deveria abrir um negócio, “Destrua o namoro alheio”. Mas tanto faz, ela não conseguiria acabar com o meu namoro.
Saí da biblioteca e assim que passei pela porta trombei com Harry. Ele me olhou surpreso e eu não sabia o que falar. Se já não era tão fácil ignorá-lo imagina quando ele está na sua frente.
–Harry... – comecei a falar, mas não adiantaria de nada, ele levantou-se e continuou seu caminho, me ignorando como se eu fosse apenas uma formiguinha passando no corredor.
Levantei-me também só dando conta agora do quanto eu sentia falta do meu melhor amigo. Ele era um idiota. Um completo idiota. Por que não poderia pelo menos fingir que estava tudo bem em eu namorar Draco? Afinal, não deveria ser um problema tão grande.
Sentei no degrau de uma escada e permite a mim mesma sucumbir mais uma vez às lágrimas.
Primeiro eu estava terrivelmente apaixonada por Harry e sofria por vê-lo com Gina.
Depois Draco vinha e mudava tudo.
Agora que estou apaixonada por ele, Harry e Gina terminam por causa de uma maldita armação. Armação esta que eu posso desmascarar.
Mas meu suposto amigo não fala comigo e Gina mal me olha. Só me resta Draco.
Mas não sei se acreditaria em mim, porque a vaca da Pansy e Zabini são seus amigos.
É, sou muito sortuda.
Levantei-me e fui direto para meu dormitório. Estava cansada. E ainda teria que monitorar, rotina era tão... deprimente.

A noite caíra tão silenciosa que eu mal percebi. Fazia alguns minutos que eu fitava de uma janela o céu e ele me parecia lindo, assim como a neve, que se assemelhava a um enorme cobertor, cobrindo toda a extensão da escola.
Comecei a cantarolar uma canção que não saia da minha cabeça, era tão bela e eu a adorava.

You are everything I need to see
Smile and sunlight makes sunlight to me
Laugh and come and look into me
Drips of moonlight washing over me
Can I show you what you want from me

A lua parecia sorrir para mim, como se me incentivasse a prosseguir a canção. Na verdade, ela, de certa forma, me lembrava de Draco. Sorri e me encolhi em pouco em razão do frio rigoroso daquela época.

Angel of mine, can I thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

Parei na hora de cantar quando percebi alguém atrás de mim, quase me assustei se não fosse eu descobrir que era apenas Draco.
–Não pare de cantar – ele sussurrara me abraçando por trás e relaxei em seus braços.
–Não quero cantar perto das pessoas, elas parecem loucas para presenciar mais um “show” meu. – falei ressentida, pois era verdade.
–É uma pena, adoro te ouvir cantar. – Draco falou beijando meu pescoço e senti um calafrio percorrer meu corpo, como sempre acontecia quando ele me tocava.
Estava tão relaxada que podia ficar anos ali com ele, mas eu sabia que não seria possível.
–Hermione, o que faria se eu pedisse para você quebrar algumas regras comigo? – ele perguntou animado.
–Diria não. – respondi firme, fazendo-o rir e logo deixei ele me puxar.
–Vamos quebrar regras, Srta. Granger.
Sabia perfeitamente que era arriscado corrermos sem rumo naqueles corredores iluminados fracamente por archotes, mas éramos loucos, e eu não dava a mínima para o que aconteceria.

Draco me levou para uma das torres da escola, quando cheguei estava cansada de subir tantas escadas, mas Draco não parecia nem um pouco cansado. Ele me olhou e antes que eu pudesse fazer algo, tampou meus olhos.
–Não olhe agora. – sua voz me parecia divertida e de certa forma, doce.
Eu o obedeci, deixando que ele me guiasse. No momento que ele abrira uma porta, senti o vento gelado da noite arrepiar minha pele. Logo, eu sabia que estava em alguma espécie de sacada.
–Abra seus olhos, Hermione.
Obedeci mais uma vez, para então ter uma das mais belas visões. Eu conseguia ver toda a extensão da escola, os terrenos, o lago negro congelado, até Hogsmeade e a floresta proibida, com sua mata fechada e perigosa e onde experimentei aventuras junto com meus amigos. Fiquei extasiada com aquela imagem que mal percebi Draco me abraçar novamente.
–Incrível. – fora somente o que eu conseguira proferir.
–Tenho algo para te dizer.
Senti seriedade em suas palavras, algo que eu nunca percebi em Draco. Virei-me para ele prontamente.
–O que?
–Pela primeira vez na minha vida eu estou apaixonado.
Eu sorri, seu tom era divertido e relaxado. E adorei ouvir o que ele disse.
–Dance comigo. – ele falou pegando minha mão e tentando me guiar. Mesmo que não houvesse canção alguma eu percebi que ele estava muito melhor agora, minhas aulas tiveram efeito finalmente.
Cantei mais um trecho da canção, olhando dentro dos olhos dele.

Angel of mine
Let me thank you
You have saved me time and time again
Angel, I must confess
It's you that always gives me strength
And I don't know where I'd be without you

–Linda canção, Srta. Granger. – Draco falou divertido girando-me em seus braços e me abraçando.
–E você dança muito bem, Sr. Malfoy. – falei no mesmo tom dele e ficamos apenas observando a paisagem.
Sem querer lembrei da conversa que ouvi mais cedo, de Pansy e Zabini. Acho que meus corpo se contraiu e Draco percebeu meu olhar triste.
–O que há de errado?
Eu não queria contar, mas precisava da ajuda dele.
–Acreditaria em mim se eu te contasse algo? – arrisquei.
Draco me olhou para em seguida abaixar seus olhos, como se tivesse duvidas.
–Acreditaria. – respondeu por fim.
–Pansy e Zabini armaram contra o namoro de Harry e Gina. – falei de uma vez.
Não olhei para ele, sabia o que viria a seguir.
–Tem certeza? Eu estava lá. Eu vi a Weasley ficar com aquele quintanista.
–Eu ouvi os dois conversando. Eles realmente armaram, Draco. – me virei para ele e encontrei seu olhar incrédulo.
 –Não sei.
Eu sabia porque ele não acreditava em mim. Viveu metade da vida com Zabini e Pansy, é parecido com os dois, são amigos. É óbvio que preferiria acreditar neles.
Me afastei de Draco com raiva por ele ter estragado um momento tão lindo. Logo agora que eu mais precisava relaxar.
–Espera, Hermione, onde vai? – ele perguntou.
Estreitei meus olhos e resolvi que estava precisando ficar longe dele por algum tempo. Saí de lá, mas é óbvio que ele me seguiu. Meus passos faziam barulho ao bater no chão e não me preocupei com isso.
–Por que está tão estressada hoje? – Draco perguntou atrás de mim e fiquei quieta. – Qual é o seu problema?
Meu problema? Não tenho nenhum problema! – falei virando-me para ele e permaneci com a face próxima demais.
Sentia raiva. Muita raiva. Algo que eu nunca sentia.
–É óbvio que algo está errado.
–Você está errado. Eu estou errada. O mundo está errado. Satisfeito? – perguntei ironicamente para em seguida ele me prender contra a parede.
–O que não está me contando?
–Eu não estou contando algo? Por favor, Malfoy, reveja seus conceitos. Não era eu que estava chorando na sala precisa noite passada.
–Já disse que aquilo não foi nada. – Draco repetiu agora afetado.
Permiti-me lembrar do que acontecera.

:::Flash back:::

A luz crepitava fracamente no corredor onde eu andava. Sentia o vento fraco do ambiente, provavelmente vindo de alguma janela entreaberta. Não entendia às vezes porque deveria monitorar, poucos alunos desobedeciam ao horário de recolher-se e era um desperdício de tempo para os monitores. Mas, para minha sorte, podia escapar daquilo. Podia muito bem ir para a sala precisa, onde provavelmente meu namorado estava. Namorado... eu ainda não acreditava nisso. No entanto, mesmo que andasse para lá, talvez não quisesse encontrá-lo realmente. Meus olhos castanhos, ora tão concentrados, deixavam mostrar certa amargura. Estava cansada de todos ficarem em meu pé, contestando-me sobre o que fazia com Draco Malfoy. E os olhares de raiva das garotas naquele castelo me irritavam mais ainda. Que culpa tinha se eu era quem estava com o garoto mais desejado da escola?
Parara bem na frente da sala precisa, mentalizando o lugar para que a sala permitisse minha entrada. Logo a porta surgiu. Eu a abriu, mas o que vi quebrou meu coração ao meio.
Suluços, lágrimas. De Draco. Ele virou-se de costas, não querendo que eu o visse.
–Vá embora, Hermione. – Draco dissera passando a mão na face, tentando inutilmente secá-la.
–O que houve? – perguntei ignorando-o e aproximando-me dele – O que aconteceu Draco?
–Nada. – ele falou levantando-se e escondendo algo numa gaveta. – Apenas esqueça.
–Draco... – eu comecei a dizer, não sabendo ao certo o que falar, uma vez que eu nunca vira meu inimigo chorar, muito menos quando este é o cara que eu amo. – Sabe que pode confiar em mim, não é?
Aquilo soava tão patético e clichê que eu quis me matar, mas me limitei a ir até ele e a abraçá-lo. Draco me olhou, suas íris pareciam mais claras do que o normal e brilhantes em razão das lágrimas que ele derramara. Eu sabia que ele não queria mostrar fraquezas para mim, mas eu sabia melhor ainda que ele me fizera parar de chorar então era o que eu faria.
–Não importa o motivo que te deixou assim – eu sussurrei. – Eu sei só que tem um cara idiota na minha frente que eu amo.
Draco sorriu e me abraçou, capturando meus lábios com volúpia.
–Já faz um mês – ele sussurrou e eu me surpreendi. – Um mês que estamos juntos.
–E todos achavam que não duraríamos uma semana – eu falei divertida.
–Pansy ainda te incomoda? – ele perguntara do nada.
Draco vira a morena me irritar durante o intervalo das aulas, desde então ele vem me perguntando, sempre digo que não, no entanto sinto-me cada vez tentada a contar a ele sobre ela e Zabini e as armações dos dois.
–Não. – respondi simplesmente decidindo-me que eu teria que desmascará-los sozinha.
–O Potter está falando com você? – Draco voltou a perguntar jogando-se na cama de qualquer jeito.
–Não.
Respondi desanimada, sabendo que talvez demorasse mais ainda para Harry para de ser tão idiota.

:::Fim do Flash back:::

–Realmente Draco. Se aquilo não foi nada, meus problemas também não são nada. – respondi – Agora me solta.
–Admite que está com problemas então? – Draco perguntou ignorando minhas últimas palavras.
–Me solte. – repeti agora empurrando ele.
–Não. – Draco foi firme e segurou minhas mãos, deixando-as presas firmemente entre ele e a parede.
–Não estou brincando Draco. – falei entre dentes e com uma raiva crescente.
–Nem eu, Hermione.
–OK. – gritei.
Não percebi ao certo como tudo aconteceu, mas estávamos tão próximos e brigando tanto que fiquei desconcertada quando descobri que no minuto seguinte estávamos nos beijando, ou melhor, eu estava no melhor amasso da minha vida.
Draco soltara minhas mãos e as deixara livres para passear por suas costas, já ele me prendia ainda, mas pela cintura, puxando-me mais ainda de encontro a ele. Sugava meus lábios com tanta volúpia que me deixava anestesiada por vezes. Estavámos nos agarrando num corredor, no escuro, onde qualquer professor poderia nos pegar. Com a minha sorte a probabilidade disso acontecer era de 100%, mas Draco fora esperto e abriu uma porta e entramos. Continuamos a nos beijar de forma tensa e terna, Draco por vezes beijava meu pescoço, fazendo-me perder mais ainda a consciência.
Estávamos fazendo besteira, mas quem disse que eu me importava? Ele me pegou no colo e me colocou em cima de uma mesa. Eu tirei seu casaco e joguei em um canto qualquer.
 Depois abri um a um os botões de sua camisa, deixando sua pele alva à vista. Quando eu percebi também já estava sem minha própria blusa e respirava arfando, como se fosse difícil conseguir ar. Os beijos de Draco percorriam um caminho, ele beijava meus lábios, meu pescoço, meu busto, me excitando cada vez mais. Minhas pernas estavam ao redor do corpo dele e minhas unhas arranhavam suas costas. Percebi Draco parar por em momento e pensei que ele fosse desistir mais uma vez, mas ele apenas pegou sua varinha e conjurou um colchão. Me pegou no colo mais uma vez e me deitou nele calmamente, passando seus dedos na minha face com ternura.
–Eu te amo. – Ele sussurrou pela primeira vez aquelas palavras para mim e sorri abraçando-o mais forte e capturando seus lábios com desejo. Nem percebi quando me livrei da minha calça, apenas senti Draco segurar minhas coxas firmemente, com desejo e paixão. 
Eu sentia o corpo dele quente e excitado, beijando meus seios e me fazendo soltar suspiros de prazer. Eu estava quase chegando à loucura. Mas não me importava. Eu estava com ele. Logo senti ele invadir minha privacidade, senti a dor se aderir ao prazer. Olhei para ele, sua face parecia dizer “desculpe-me” por me causar dor e nunca ele me pareceu tão lindo. Aquela era a nossa noite. E estava longe de chegar ao fim.
Tínhamos nossas brigas, nossos desentendimentos, mas eu sabia que essa era a parte que eu mais gostava. O que era o amor senão um complexo de amor e ódio?

N/a: Música do cap: Angel of Mine do Evanescence.

24 novembro, 2010

Cap. 6 - Party


Narração by Hermione

O dia frio me atingia de um modo cortante. Sentia minha pele arrepiar-se, meu corpo pedir roupas quentes. Mas ainda assim, eu continuava naquela banheira morna.
Não me dei ao trabalho de esquentar a água. Não me importava de qualquer forma. Apenas lembrava-me calmamente dos dias que tive. Ou melhor, das surpresas que houveram. Às vezes pensava que fora tudo um sonho. Uma ilusão infantil de minha mente.
Encostei a cabeça na borda da banheira e permiti-me recordar.

:::Ínicio do Flashback:::

Eu tomava o café da manhã lentamente. Não teria nenhuma aula, já que era sábado finalmente. Eu ainda não acreditava nas palavras dele. Fora só uma pergunta. Que mal faria se ele me respondesse? Mas não. Ele negava-se a me responder e ainda fugia de mim! Idiota. Só por causa de uma pergunta! E me evita ainda por cima. Sonserino maldito!
Sem pensar olhei para a mesa dele. Draco não estava lá.
–...E então você vai? – ouvi a voz de Gina e só então eu lembrei que ela estava falando comigo.
–Ah, aonde? – perguntei me virando para ela, finalmente prestando atenção.
–Para a lua, Hermione. – a ruiva respondeu sarcasticamente – Acorda, o que aconteceu com você? Está distraída e suspira pelos cantos. Opa, peraí! Você está gostando de alguém. – Gina afirmara sorrindo e me deixando corada.
–Eu? Não. Está louca? – falei baixando os olhos para minha torrada.
–Não minta para mim. Quem é ele?
–Ninguém, Gina. – repeti para a minha suposta amiga – E, aliás, do que você estava falando agora pouco?
–De uma festa. Na sala precisa, hoje à noite.
Aparentemente os alunos adoravam ir à sala precisa ultimamente. Incrível, fora só a Armada de Dumbledore ter descoberto a sala e agora era domínio público.
–Uma festa clandestina eu suponho. – eu falei olhando ela severamente – Se formos descobertos...
–Ninguém vai descobrir. Poucos foram convidados.
–E o que o Harry acha disso? – perguntei passando geléia em outra torrada.
Logo vi Gina hesitar e me dei conta de que Harry ainda não sabia.
–Veja bem Hermione, eles não iriam deixar o Harry entrar. Sabe como sonserinos são...
–Espera. Sonserinos que estão organizando a festa? – perguntei e ela confirmou com a cabeça. – Nem pensar que eu vou.
Se um sonserino já me causava problemas, o que pensar de um grupinho inteiro? Decididamente, essa festa não era lugar para mim.
–Ora, vamos Mione. Não será tão ruim.
–Vou pensar. – eu falei terminando meu café.
No entanto eu tinha certeza. Eu não iria à festa.

:::  :::

–Aquela é Hermione Granger? – ouvi um garoto do sétimo ano perguntar para outro atraindo minha atenção. – Uau.
–Eu não devia ter vindo. – sussurrei para Gina ao meu lado.
–Relaxa, Mione. Você irá se divertir. – Gina dissera se dirigindo para algum lugar em especial e eu a segui.
Descobri logo que ela ia para o bar. Sentia a atmosfera animada de lá. A maioria era do sexto e sétimo ano, por isso reconheci alguns rostos. Havia sonserinos sim, mas estes nunca mexeram comigo, o que era bom, eu acho.
Gina me entregou um copo de alguma bebida, eu não devia beber, mas pouco me importava. Era uma festa e eu queria me divertir.
–Eu já volto Hermione. – Gina falou se afastando de mim.
Eu estava adivinhando que ela me deixaria sozinha. Era típico dela. Entretanto alguém se aproximou de mim, alguém que eu já fazia ideia de quem era. Ouvir sua voz fora só uma confirmação.
–Hermione Granger em uma festa de sonserinos, quem diria?
Eu sorri. Este era o Draco debochado que eu conhecia. Virei-me para ele e fiquei maravilhada. Ele estava lindo e eu sentia também um perfume leve e entorpecente vindo dele.
–Malfoy... decidiu falar comigo finalmente ou vai fugir de novo? – provoquei bebendo minha bebida e sentindo-a queimar minha garganta ao descer.
–Cuidado com isso. – Draco falara ignorando meu comentário e apontando meu copo.
–Já tem uma resposta? – eu perguntei sabendo que aquilo iria irritá-lo.
Draco apenas me ignorou novamente e me olhou de cima a baixo. Eu me contraí. Sabia perfeitamente que estava linda como nunca. Olhei para um dos lados não querendo sustentar o olhar dele. Acabei por fitar um espelho e através dele, eu me vi. Usava um vestido até a metade das coxas. Da cintura para cima era branco, da cintura para baixo era preto. Era lindo e eu o adorava. Minha maquiagem escura completava mais ainda minha aparência um pouco desleixada, mas bela, uma vez que meus cabelos estavam lisos e arrumados de maneira para parecerem despenteados, com fios soltos, dessincronizados.
–Devo dizer... você está linda. – Draco falou me deixando corada.
Peguei outra bebida. Era muito boa, e eu ainda não sabia ao certo o que tinha nela, mas tinha um gosto meio adocicado.
–Granger...
–Sim?
–Você ainda me odeia? – ele perguntou olhando-se intensamente.
–Você gosta de mim? – repeti a pergunta me esquivando e quando vi que ele não responderia, sai de lá.
Me dirigi até a pista de dança. Tocava uma música animada e comecei a dançar. Logo vários garotos estavam ao meu redor. Eu era uma nova garota, uma garota que eles nunca viram. Eu era uma novidade, ou para eles, apenas uma carne fresca. Mas por algum motivo, eu não dava a mínima. Queria apenas me divertir.
Eu movimentava meu corpo de um modo que nunca fizera antes. Dançava de modo sensual, provocante. Pelo canto dos olhos eu vi Draco me olhar. Ele estava realmente irritado, uma vez que eu era o centro das atenções e todos os garotos naquela sala pareciam me desejar.
Entornei meu copo e me deixei levar pelo som. Mas eu precisava de mais bebidas.

:::  :::

Narração by Draco

Quem ela pensa que é? Ela não deveria ficar rebolando daquele jeito, não com aquele monte de cavalos flertando em cima dela. Eu podia apostar que tudo aquilo era para me irritar. A maneira provocante de dançar, a maquiagem pesada, a roupa aderindo em seu corpo.
Merlin! Eu tinha que fazê-la parar antes que a coisa ficasse sem controle.
Fora que ela bebia sem parar, logo ficaria completamente bêbada. E pergunto: Onde a pequena Weasley se meteu que não estava de olho na Granger?
Olhei para a sala tentando procurá-la, mas as luzes eram intensas, coloridas e por vezes escuras. Percebi Pansy conversar de forma animada com algum cara e estranhei vê-la tão feliz, como se algo que planejara tivesse dado certo. No entanto, não dei importância, eu tinha que achar a Weasley.
 Entretanto assim que eu virei para um canto eu percebi a atmosfera mudar levemente e uma nova música começar a ser tocada. Era rápida, com um solo de guitarra no começo e me espantei ao reconhecer a voz.

Hey there, Father
I don’t wanna bother you
But I’ve got a sin to confess
I’m just 16 if you know what I mean
Do you mind if I take off my dress?

Eu tinha que confessar, ela cantava de um modo provocante, que devia ser até proibido. No entanto, não havia nenhum resquício de uma garota tímida e inteligente. Apenas uma mulher atraente, que me fizera paralisara ao cantar. E o pior, Hermione olhava para mim. Não sei o porquê, mas aquela música não combinava em nada com ela.

Don’t know where to start
Let me get to the good parts
Might wanna cross up your legs
I’ve got envy, I’ve got greed, anything that you need
And I’m not above having to beg
There was this boy who tore my heart in two
I had to lay him eight feet underground

Hermione cantava para mim, para me irritar com seu modo sensual e indiferente. Eu sorri e me encostei a um pilar, olhando diretamente para ela. Não podia fazer nada, mesmo que eu quisesse estuporar cada garoto que estava embaixo do palco aos seus pés.
Hermione tinha potencial, isso eu tinha que admitir, no entanto dizer que eu estava apaixonado... eu simplesmente não devia dizer.

All I need is someone to save me
Cause I am goin’ down
And what I need is someone to save me
Cause I am goin’ down, all the way down

Salvação. Todos nós dois precisávamos disso. E por incrível que pareça, eu não podia ser salvo por ela. Eu tinha um destino que ninguém podia mudar. Nem eu mesmo.
Se paixão era o que ela queria, eu podia ajudá-la, mas eu nada mais podia fazer.

Well, hey there, Father
There is just one other thing
I have a simple request
I hear you know God could you give him a nod in my direction
I would be in your debt

Pergunto-me se tudo aquilo era somente efeito da bebida forte que ela tomara. Provavelmente o era. Por incrível que pareça ela estava mais deslumbrante ainda, cada som da sua voz, cada olhar lançado para mim, cada movimento que fazia com o corpo. Aquilo era muito melhor do que ouvi-la cantando em corredores, e convenhamos, a música que eu a escutei cantar era triste demais. Com certeza ela pensara no Potter.
Espero que ela nunca descubra que peguei uma de suas músicas emprestadas, e espero mais ainda que ela não tenha a feito para o Santo Potter. 

Perhaps there is something that we could work out
I noticed your breathing is starting to change
We could go in the back behind all these stacks of bibles
And get out of this cage

Ela sorriu ao cantar esse trecho e percebi que era uma mensagem para mim. Ela queria sair dali, fugir. E comigo. Sorri também. Eu a tiraria daquela sala.

There was this boy who tore my heart in two
I had to lay him eight feet underground
All I need is someone to save me
Cause I am goin’ down
And what I need is someone to save me
Cause God, I’m goin’ down, all the way down

Olhei para meu lado e percebi uma movimentação estranha. Reconheci de repente Gina Weasley. Mas o que me impressionou foi que ela não estava sozinha, estava com alguém e este estava beijando-a. Eu ri, fiquei impressionado. Ela devia estar com o Potter, mas estava traindo-o descaradamente, na frente de vários sonserinos. Então esse era o motivo por eu não encontrá-la. Gina estava ocupada.

I didn’t wanna do it, Father
But I caught him with another woman in the bed I made him
So I put him in a grave
And now there’s no one left around to get me off
When I want it to drag

Voltei minha atenção para Hermione. Os cavalos embaixo dela pareciam cada vez mais excitados, me irritando profundamente. O engraçado era que a maioria estava admirada por vê-la cantar e me olhar tantas vezes a denunciava. Todos estavam surpresos com essa nova Hermione. Entretanto, eu sabia que o que mais achavam estranho era a nossa troca de olhares.

The next day on the television they identified him
By the circumsicion that I made and now I’m on the run
But wait, why did I have to go and kill him
When he was the best I’d ever had
All I need is someone to save me
Cause I am goin’ down
And what I need is something to save me
Cause God, I’m goin’ down, all the way down

Fui até perto do palco, sabendo que me complicaria depois, mas se essa era a noite de loucuras, que fosse assim. Quem estava na minha frente me dava espaço para passar, sem nem ao menos eu pedir por isso.

I’m goin’ down
All the way down

Estendi minha mão e a tirei do palco. Era óbvio que todos falariam nisso amanhã, mas eu não estava nem aí. Eu estava com ela e iria me divertir.
Saímos da sala com os olhares sobre nós e tomei cuidado para não encontrar ninguém no corredor.
De fato não havia ninguém. Saímos correndo, sem destino, nem medo de sermos pegos por algum professor.

:::Fim do Flashback:::

Narração by Hermione

Fazia dois dias que a festa acontecera, mas as conseqüências dela ficaram, atingindo a todos de uma maneira intensa. Harry não fala mais com Gina, nem comigo, por estar tão próxima de Draco. Se ele soubesse realmente a verdade...
Saí da banheira e me enrolei na toalha, secando-me calmamente. Eu não devia ter bebido tanto, assim eu não faria o que fiz, não cantaria musica alguma, nem perderia Harry.
O que não entendo é como Gina pode fazer aquilo com ele. Desconfio que tenham a enfeitiçado. Com certeza tudo fazia parte de algum planinho idiota. A maioria das garotas nesse castelo querem namorá-lo. Ele agora é O Eleito, todas parecem querem abusar da fama d’O menino que sobreviveu.
Mas eu não tenho provas. Ele não acreditaria em mim. Não agora. Coloquei meu uniforme, pronta para enfrentar o dia, ou pelo menos, quase pronta.
Eu não queria ter que enfrentar Draco e suas perguntas, não agora que eu sabia a verdade.
Às vezes não sei qual prefiro, a mentira mais bem vestida ou a verdade nua.

:::Ínicio do Flashback:::

–Onde estamos? – perguntei enquanto Draco me puxava para algum lugar, estávamos subindo uma escada longa e eu senti certa ânsia em razão do excesso de bebida. Quando vi, estávamos na Torre de Astronomia. Fui até uma sacada e vi o céu, estava lindo e enfeitado de estrelas. Um vento gelado vinha até mim, esfriando minha pele, senti Draco colocar seu casaco preto em mim e sorri para ele, permitindo que ele me abraçasse por trás.
–Pensei que tivesse medo de altura.
–Como sabe? – perguntei surpresa por ele saber, mas naquele momento eu não sentia medo, provavelmente por culpa da bebida.
–Simplesmente sei – respondeu misterioso – Você canta bem.
–A resposta é não Draco. – eu sussurrei.
–Como? – ele perguntou confuso, obviamente não sabia do que eu estava falando.
–Sua pergunta. Eu não te odeio.
Eu estava falando a verdade, mesmo insultando-o e ficando com raiva dele de cinco em cinco minutos, eu não sentia ódio algum em relação a ele.
–Eu gosto de você, Granger. – Draco sussurrou no meu ouvido e sorri, sabendo que ele estava sendo sincero também. – Mas eu preferiria não gostar.
–Por que? – perguntei ainda olhando as estrelas brilharem.
–Amanhã você vai descobrir. – Draco falou. – Hoje não se preocupe com isso.
–Olhe! Uma estrela cadente. – eu falei como uma criancinha. – Faça um desejo, Draco.
Não sei se ele o fez, mas logo depois dissera com a voz debochada:
–Desejos nem sempre se cumprem. É uma perca de tempo.
–Às vezes vale à pena acreditar – eu falei virando-me para ele e ficando próxima demais. – Apenas acredite.
Fitar aquelas íris azuis era mágico. Peguei minha varinha e dei um floreio, fazendo uma proteção contra o vento gelado naquela torre. Olhei de volta para Draco e podia jurar que senti um arrepio percorrer minha espinha.
Draco me puxou mais para ele, e tocou meus lábios. O beijo era terno, lento e quente. Mas o que mais eu podia dizer? Eu estava apaixonada por ele sim, era essa a única explicação para eu ter me aproximado tanto dele.
Ele soltou-me e me lançou um sorriso.
–E você gosta de mim, Granger? – ele perguntou desafiador.
Desconcertei-me com a pergunta. Era justo ele fazê-la, mas ainda assim, eu não queria respondê-lo.
–Talvez – eu sussurrei – É perigoso me fazer perguntas agora, não estou no meu juízo perfeito. – falei evasiva.
–Terá que me responder um dia. Não poderá fugir.
Draco pegou sua varinha e conjurou um colchão. Sentou-se nele, olhando fixamente para a lua no céu.
–Você fugiu quando perguntei.
Sentei-me do lado dele.
–Mas respondi.
Vi ele deitar-se. E sustentar meu olhar.
–Já desistiu do Potter?
 Pensei seriamente nisso, era difícil ver Gina e ele juntos, mas percebi que antes era pior, o tempo me ajudava a esquecê-lo.
–Já. Já desisti. – falei baixo com a voz fraca, mas convicta.
Draco sorriu e eu sabia que isso era bom, deitei-me ao lado dele e ele me abraçou, pouco a pouco, não percebi o cansaço tomar conta de mim, acabei adormecendo, abraçada a ele.

:::Fim doFlashback:::

Olhei meu relógio, eu tinha algum tempinho antes da aula. Naquele dia, quando acordei percebi que Draco estava comigo ao meu lado. O sol estava nascendo e eu ouvi passos. Acordei Draco e nos escondemos, mas antes fizemos o colchão desaparecer. Ninguém nos pegou, felizmente. No fim, voltamos para nossas casas e eu com um bônus: uma desagradável ressaca que me fez jurar nunca mais ingerir álcool.
Ontem mal nos falamos, fiquei com Gina, ela ainda não acredita no fim de seu namoro com Harry e jura que não consegue lembrar-se de muita coisa daquela noite. O que eu sei é que Gina não é o tipo de garota que trai. Armaram contra ela e eu adoraria descobrir o culpado.
Sai do banheiro e me dirigi para a aula de História da Magia. Seria tediosa, mas ótima para colocar meus pensamentos no lugar.
No entanto antes que eu pudesse virar o corredor ouvi vozes e parei. Era a vaca da Parkinson.
–Estou adorando isso, Zabini. O Potter acredita que a namoradinha traiu ele, e a tonta não se lembra de nada. Foi ótima sua ideia. Tenho que admitir.
–Fale baixo, Pansy. Alguém pode te ouvir.
–Não tem ninguém aqui – ela falou entediada. – Não se preocupe, ninguém vai descobrir o que fizemos.
Então foram eles os responsáveis. Eles armaram tudo, Pansy e Zabini. Só podia ser. Me afastei daquele lugar antes que eles me vissem. Agora tudo o que eu precisava era arrancar uma confissão deles. Como eu faria isso? Eu não tinha a menor ideia.
Entrei na sala de aula e pude jurar que várias pessoas me acompanharam com o olhar até meu lugar. Decididamente, eu não devia ter cantado na festa, muito menos para o Malfoy. No fim agora entendo porque ele não queria gostar de mim. Teríamos evitado toda a falação ao nosso redor. Somos o assunto predileto dessa escola agora e tenho medo até onde isso irá.
Vi Draco entrar na sala e, assim como quando eu entrei, todos o olharam, no entanto nada o impediu de sentar-se ao meu lado.
–Isso é irritante. – ele falara baixo.
–Extremamente – eu concordei. – Quero só ver até quando eles falarão.
–Até surgir outro assunto mais polêmico, provavelmente. – Draco falara. – Vamos matar essa aula?
–O que? Claro que não, Draco. Acorda, não adianta fugir. – Eu falei estressada.
O professor Binns começou a dar a aula, mas eu não prestei atenção.
–Sabe... Acho que isso vai funcionar. – Draco sussurrara.
–O que irá funcionar? – perguntei confusa.
–Nós. – Ele falou baixo exibindo um sorriso. – E garanto que será... divertido.
Se antes eu já estava receosa, agora eu estava mais, no entanto eu queria Draco. Queria ser alguém para ele e não a eterna Sangue-ruim.


N/a: A música no cap é Goin’Down do The Pretty Reckless. A banda é recente, a tradução vcs encontrar aqui.

Espero que tenham gostado.

23 novembro, 2010

Cap. 5 - Favors


–Doce anjo. Será que você é apenas ilusão de minha mente? – aquela voz arrastada estava melosa demais e eu podia jurar que ele saíra de algum romance do século XVII, mas eu não podia prestar atenção nessas coisas agora.
Os olhos dele me olhavam, estavam fixos em mim. Eu devia falar algo, mas não sabia exatamente o que.
–Por Deus senhor, não fales tão alto. Sabes perfeitamente que não posso vê-lo. – eu arrisquei dizer. Sim, acho que era isso.
– Tu podes, anjo. Tu podes tudo. Já levastes tudo que me pertencia. – Draco dissera tocando minha cintura e senti um calafrio de repente. Ele não devia fazer isso. Ou talvez devia. Eu não conseguia lembrar.
– Não toques em mim. Eu nem devia estar aqui, Draco. – eu falei me afastando.
– Mas estás. E sabes o quanto te seguras querendo tocar-me. – Me deixei ficar entretida no olhar dele, o que eu devia fazer agora?
–Eu... eu… eu esqueci.
–Parem. – a voz de McGonagall se fez ouvir e desmanchou completamente o ambiente da cena. – Srta Granger, como espera interpretar Dorothy se nem ao menos lembra suas falas?
Acredite. Eu não queria interpretar a protagonista.
–E ainda erra o nome. Você trocou o nome de Adrian por Draco.
–Troquei?
–Sim.
Teatro não era meu forte. Eu não sabia nada. E eu não conseguia ignorar Draco. Ou ao menos fingir que estava falando com um personagem. Não. Eu tinha que me ver como Dorothy, a filha de um banqueiro. E Draco como Adrian, um charlatão interessado em meu dinheiro.
–Vou melhorar. Prometo. – olhei para Draco ao dizer isso, mas ele já não prestava atenção em mim, olhava o chão como se estivesse preso em seus pensamentos.
–Tudo bem, Srta. Granger, vamos ensaiar uma parte nova agora. A valsa.
–A o que? – Draco perguntara repentinamente nervoso.
–Valsa, Sr. Malfoy. Acontece quase no final da peça. Dorothy e Adrian dançam no baile e se acertam.
Percebi certa hesitação nele, mas me adiantei para o meio da sala. Eu não queria dançar com Draco, principalmente com tanta gente assim no ensaio. A vaca da Pansy me fuzilava com os olhos, visivelmente querendo meu papel, mas McGonagall não permitira trocas. Rony não estava nada feliz por ter que atuar, e eu tinha certeza que ele arranjaria uma bela desculpa logo. No começo ele não conseguia acreditar nem ao menos que Draco e eu estávamos com os papéis principais, e ainda não acreditava. Antônio Golstein e Padma Patil estavam lá também, ambos não reclamaram por terem que participar, ele seria Jéremy Adams, melhor amigo de Adrian e seu cúmplice, e Padma seria apenas uma figurante, atuando em poucas cenas. Sortuda. Ernesto Macmillan seria Bartholomew Collins, o pai de Dorothy, e Ana Abbott, amiga da minha personagem. Enquanto isso, a Parkinson seria, nada menos, que uma vaca tentando roubar Adrian de Dorothy. Céus. Não quero ter que participar disso.
A professora colocou uma música lenta e Draco ficou parado na minha frente, sem saber o que fazer.
–Ponha a mão na minha cintura, Malfoy. – eu sussurrara.
–Ãh? Ah sim – ele falou e finalmente o fez.

When you have no light to guide you
Quando não houver uma luz pra te guiar
And no one to walk beside you
E ninguém para andar, para andar ao seu lado
I will come to you
Irei até você
Oh I will come to you
Oh, irei até você

Movimentávamos lentamente, mas Draco pisava no meu pé. Na hora eu entendi. Ele não sabia dançar. Eu ri baixo e ele me olhou com raiva.
–O que foi?
–Você não sabe nada sobre dançar, Malfoy.
–E você não sabe nada sobre atuar.
Ok, admito. Isso acabou comigo. Tudo bem, eu realmente não sabia, mas ele pronunciar isso alto tornava tudo ainda mais pior.
–Sabe, eu sabia que você estava blefando quando disse que era uma ótima atriz, mas eu nunca pensei que você fosse tão horrível.
Ele ia se ver comigo. Ah se ia!
–Malfoy! – eu quase gritei, surpreendendo-o. – Pare de pisar no meu pé. Se quiser fazer algo direito, aprenda primeiro.
Todos ouviram e eu julguei ter ouvido alguns risinhos.
–Desculpe, Granger, mas não sou o único que deve aprender algo aqui. Desista de seu papel. Sua atuação é ridícula.
Fui para cima dele com raiva, pronta para bater nele, mas Ernesto me segurou.
–Não vale à pena, Hermione. – ele falara para mim. 
Eu estava com muito ódio dele e ainda julguei ouvir um “Solta ela Ernesto, deixa ela bater na doninha” vinda de Rony e dei um meio sorriso.

No fim, saí dali. Já estava tarde, fui para o quinto andar, direto para o banheiro dos monitores. Não havia ninguém ali. Preparei um banho. Eu adorava aquele lugar, principalmente pela quantidade de sais.
Deixei minhas roupas caídas no chão e entrei na banheira, senti a água quente tomar conta do meu corpo. Fechei os olhos, permitindo-me descansar. Malfoy era um idiota completo, mas eu tinha que admitir, ele era legal, às vezes. O vapor da água quente tomou conta do ambiente e eu só percebi que havia alguém ali quando este se pronunciou.
–Como vai, Granger?
Quase surtei quando ouvi aquela voz, quase quis pular em cima dele, mas me controlei ao lembrar que estava nua. Olhei para os lados procurando-o em meio ao vapor e o achei sentado no chão, encostado em um pilar de costas para mim.
–O que faz aqui, Malfoy? – perguntei tentando achar agora minha toalha, mas estava longe. Que burra eu sou!
–Eu te segui. – ele disse tão normal como se falasse do tempo.
–E com certeza achou que seria divertido me espiar no banho. Aqui é o banheiro dos monitores, mas não quer dizer que pode vir aqui fazer isso.
–Fique sossegada Granger, não vou te espiar, e se eu fizer, juro que serei cuidadoso para você não perceber. – eu sentia claramente um tom debochado e cínico na voz dele. Mesmo ele estando de costas eu podia jurar que ele estava me olhando, não sei como.

–O que quer? Veio buscar o tapa que quase ganhou há pouco?
–Não mesmo. – Draco respondeu irritado. – Experimente me bater, Granger. – ameaçou com sua voz debochada. – Enfim...Vim te propor algo.
–E a resposta é não.
–Não pedi ainda.
–O não permanece. Não me importo.
–E se for algo do seu interesse?
–Ainda fico com o não.
–Te darei aulas de teatro.
 Isso me fez parar de negar. Eu poderia melhorar porque estava óbvio que Draco era, de longe, um ator melhor do que eu.
Mas como sempre, deveria haver um porém.
–Em troca do quê?
Vi ele levantar-se e aproximar-se de onde eu estava, a face pálida dele entrou em meu campo de visão e me encolhi.
–Queroaulasdedança. – Draco disse rápido e baixo demais.
–O quê?
–Eu disse que quero aulas de dança. – ele falara um pouco mais alto e pausadamente, contudo eu vi claramente ele se envergonhar por não saber dançar e ter que pedir a mim para ensiná-lo.
Eu ri alto, fazendo-o ficar com mais raiva.
–Escute aqui. Eu não queria ter que pedir isso. – falou com ódio. – sangue-ruim idiota... Esqueça, não quero mais nada.
Tive uma visão clara das minhas aulinhas de teatro desceram pelo ralo.
–Não! – gritei e ele voltou-se para mim. – Eu te ensino. E não vou reclamar mais.
–Ótimo. – Draco falou mais calmo e finalmente eu o vi me fitar descaradamente.
Senti vergonha, muita vergonha mesmo e desviei meu olhar. Ouvi somente o riso dele.
–Sabe... se eu ainda te odiasse, juro que me vingaria de você. – prestei muita atenção no ainda, queria dizer que ele não me odiava mais?
–Como faria isso? – perguntei engolindo em seco.
–Primeiro, eu levaria comigo suas roupas – disse fitando-as no chão. – Depois traria algumas pessoas para esse andar, você teria que sair daqui um dia, sabe?
–Não seria capaz de fazer isso. – eu sussurrei.
–O pior Granger, é que você está certa. Eu seria capaz de fazer isso. É passado. Eu apenas seria. Mas agora, eu vejo outras coisas mais interessantes para fazer com você.
Impressão minha ou senti certa ironia na voz dele? Ou melhor, um tom mais... safado?
Merlin, eu precisava logo sair dali, mas não via como pegar minha toalha com ele ali dentro. E pergunto: Cadê minha maldita sorte nessas horas?
–Malfoy, saia daqui. – pedi fechando os olhos.
–Claro, Granger. – Draco falou divertido. – Te encontro na sala precisa.
–Maldito sonserino! – gritei depois que ele se foi.

:::  :::

Entrei na sala precisa hesitante. Não estava nem um pouco animada para encontrar aquela doninha quicante. Mas eu fizera um trato com ele e, agora, eu tinha que cumpri-lo. O vi deitado de forma desleixada no sofá e me dirigi a ele, assim que me viu pousou seus olhos em mim, olhando-me de cima a baixo com um sorriso debochado.
–Por que me provoca tanto? – perguntei sentindo raiva dele ainda.
–É divertido. – ele debochou.
–Não estou brincando, Malfoy.
–Nem eu.
Perdi a paciência. Ele sabia exatamente como me irritar, na certa ficava pensando o dia inteiro em formas de fazê-lo.
–Não tem graça. – eu disse controlando-me.
–Ok – Draco falou e levantou-se – Que tal começarmos logo com isso?
–Tudo bem – eu resmunguei tentando esquecer as idiotices dele.
Draco aproximou-se de mim e apontou sua varinha para um velho rádio que havia ali. Logo a mesma música de mais cedo começou ser tocada.

When you have no light to guide you
Quando não houver uma luz pra te guiar
And no one to walk beside you
E ninguém para andar, para andar ao seu lado
I will come to you
Irei até você
Oh I will come to you
Oh, irei até você

–Coloque uma mão na minha cintura – eu disse e ele me obedeceu. – Preste atenção. É o homem que guia, mas para ficar mais fácil, não se preocupe com isso agora. Apenas me siga. – falei próxima demais daquelas íris cinzentas e me peguei fitando a boca dele.
“Foco, Hermione. Foco!” Disse mentalmente para mim mesma.
–Tudo bem. – ele falou olhando fixamente nos meus olhos e me desconcertando.
–Ótimo. Um passo para a direita – eu dizia tentando fazê-lo me acompanhar – Outro para cá, me acompanhe Malfoy! Ai! – exclamei quando ele pisou no meu pé.
–Não tenho jeito para isso. – Draco disse se afastando, mas eu o puxei de volta.
–Se disser isso mais uma vez, eu desisto – falei estressada – Agora, do começo. Degavar.

When the night is dark and stormy
Quando a noite estiver escura e chuvosa
You won't have to reach out for me
Você não precisará tentar me encontrar
I will come to you
Pois eu irei até você
Oh I will come to you
Oh! irei até você

Dessa vez fomos lentamente e consegui fazê-lo aprender um pouco. Depois de algum tempo ele já não pisava mais em mim.
–Merlin! Estou dançando – Draco exclamou maravilhado e olhando fixamente para seus pés.
–Ok. Certo. Agora vamos fazer diferente. Pare de olhar para baixo. Olhe para mim. – eu disse e Draco obedeceu.

Sometimes when all your dreams may have seen better days
Às vezes, quando todos os teus sonhos poderiam parecer melhores dias
When you don't know how or why, but you've lost your way
E você não sabe como e porquê, mas perdeu o seu caminho
Have no fear when your tears are fallin'
Não tenha medo quando as lágrimas começarem a cair

Mesmo dançando meio desajeitado, Draco olhava para meus olhos, me hipnotizava com seu tom azulado no olhar. Me senti embriagada e parei repentinamente.
–Você está aprendendo, Malfoy. Muito bem – falei com os olhos baixos.
–Ótimo. – ele disse feliz e posso jurar que seu tom de voz me agradou como nenhum outro. – Depois ensaiamos mais. Agora como foi o combinado... suas aulas de teatro agora.
Fiz uma careta. Eu não queria ter que atuar naquela maldita peça, mas não tinha escolha. Draco me ignorou e começou suas lições.
–Primeiro: Esqueça quem você é. Ninguém estará interessado em você, somente no personagem. – Draco começou a falar e eu anotei mentalmente o que ele dizia. – Segundo: Conheça seu personagem, incorpore-o. Terceiro: Quem estará no palco com você são personagens, não amigos, nem inimigos. – Ele enfatizou bem a última parte e eu sorri. Quarto: Decore suas falas pelo amor de Merlin!
–Você parece um daqueles professores autoritários. – eu resmunguei sentando-me numa das almofadas no chão.
–Talvez eu seja.
Ele veio sentar-se do meu lado e me entregou um papel. Eram as minhas falas.
–Vamos ensaiar, e lembre-se, não sou o Draco, sou Adrian.
–Acho que de qualquer modo, não faz diferença. Dorothy o odiará. – eu disse sorrindo.
–Não, Hermione. Dorothy não o odiará, nunca conseguiria, ela apenas não admitiu que o amava e quando o fez, descobriu que ele queria apenas seu dinheiro.
–Mas, no fundo, ele queria mais do que isso. – eu falei sentindo mais uma vez um bolo na garganta.
–Sim. – ele sussurrou e percebi que ele estava perto demais. – Ele não queria só o dinheiro. Ele a queria.
–E no fim acabou conseguindo o que queria. – eu respondi desviando meu olhar e foquei o texto. – Vamos ensaiar.
–Claro. – Draco falara.

Não toques em mim. Eu nem devia estar aqui, Adrian. – eu falei tentando ao máximo parecer convincente.
Mas estás. E sabes o quanto te seguras querendo tocar-me. – Draco falou olhando-me fixamente, ele já havia decorado, nem ao menos estava lendo de algum lugar.
Ora, desde modo vou embora. – eu falei agora olhando os olhos dele.
Não, anjo meu. Não se vás. Juro-lhe eu não a atormento mais. – Quase ri, seria ótimo de ele aplicasse isso à realidade e não me atormentasse mais, mas não, eu não deveria perder o foco agora. Não podia misturar as coisas.
Mas tenho de ir. Meu pai logo perceberás que não estou em casa.
Aposto que já está no décimo sono, querida. Fique.
Adrian, se me queres tanto, porque não lutas um pouco? Enfrentes meu pai, não apenas a mim.
Fiquei esperando que Draco falasse, mas pelo visto ele não se lembrava da fala. Seus olhos estavam desfocados, como se olhasse um ponto acima de mim.
–Draco? – chamei e ele prestou atenção em mim. – esqueceu a fala?
Seu olhar estava tão focado em mim e sua face tão próxima. Deus! Ele era lindo e eu sabia que isso seria minha perdição. Minha pergunta ficou no ar, pois um segundo depois ele me beijou. Como eu o odiava por me pegar de surpresa. Seus lábios se aderiram aos meus de uma forma doce e prazerosa. Permiti que sua língua explorasse minha boca canto a canto. Mal percebi quando me deitei entre as almofadas. Sabia apenas que Draco deitou-se em cima de mim, pressionando meu corpo e me puxando mais para si. Senti a mão dele subindo para dentro da minha blusa. Ele tocou minha pele. Há essa hora eu não estava mais presente, meu cérebro resolveu parar de enviar comandos para meu corpo. Ele agia sozinho, permitindo que Draco me tocasse. Mas eu... eu também o acariciava, passava minhas mãos em seus fios loiros da nuca. E inclusive, fui eu quem tirei a camisa dele, fazendo alguns botões estourarem. Passei a mão em seu ombro, em seu peitoral. Mal vi quando minha camisa desaparecera.
Eu estava perdendo o controle e teria feito uma besteira se não fosse por ele parar repentinamente, segurando minhas mãos.
–Desculpe. – dissera do nada e levantou-se, se afastando de mim.
Olhei meu estado. Meu cabelo despenteado, minha face vermelha, minha respiração arfando. Minha camisa no chão. Não sabia o que fazer.
–Eu... – tentei falar algo, mas não consegui.
Vi Draco se dirigir para um armário e tirar uma garrafa de lá. Com certeza algo que continha álcool.
–Perdi o controle. – ele sussurrou sem me olhar.
–Eu... percebi – eu disse pegando minha camisa e a vestindo. – o que foi isso, Malfoy? O que está acontecendo entre nós?
–Eu não faço a mínima ideia. – sua voz soara tão confusa quanto meus pensamentos.
–Eu não devia estar aqui. – falei e me levantei, ajeitei meus cabelos e saí daquela sala, deixando Draco para trás.
Eu precisava me acalmar. Agora era um fato. Eu gostava do modo como ele me tocava. Me beijava. Me hipnotizava. Maldita droga. Maldito sonserino. Aquilo era loucura.
Fui para meu dormitório antes que desviasse meu caminho, mas nesse meio caminho encontrei Gina e Harry conversando no salão comunal. Eles me chamaram, mas eu não queria ficar perto deles. Dei uma desculpa e subi.
Fui para minha cama e me odiei. Eu ainda não tinha conseguido tirar Harry da minha cabeça, e agora Draco também vinha para ocupar meus pensamentos. Eu sentia ódio por ser tão idiota e suscetível a tantas emoções. Eu não podia permitir que ele me seduzisse. 

:::  :::

Aula de poções. Morcegão rondando a sala. Mau humor ligado.  Resultado: Críticas à minha poção. Consequência: Dia estressante.
Olhei para minha mesa e minha poção quase impecável. Como Snape conseguia achar o mínimo erro? Era frustrante. Vi um papelzinho em forma de pássaro pousar no ponto que eu olhava. Eu o abri.

“Aula hoje. Mesmo lugar. Às 19.
Isso é uma ordem, não um pedido
D.”

Era só o que me faltava, me dar ordens. Guardei o bilhete no bolso e olhei com raiva para ele. Eu não havia esquecido o que aconteceu naquela sala e nem iria. Mas o que eu podia fazer? Teria que cumprir o combinado agora.

Depois de mais algumas críticas à minha poção, a aula acabou. Agradeci a Merlin e sai de lá. Teria um tempo livre agora. Fui até uma das janelas e fitei os terrenos da escola cheia de neve. Sem querer me lembrei da guerrinha minha e do Malfoy. “Que infantilidade!” pensei, mas admiti que fora divertido.
Percebi um barulho numa das salas ali perto e achei estranho, era uma das que não eram usadas. Aproximei-me e vi que Malfoy estava atrás de mim.
–O que quer agora? – perguntei irritada.
–Nada, só um aviso. Talvez você não deva abrir essa porta.
Será que ele estava sendo sincero? Eu não sabia. Mas o que eu podia fazer? Enquanto eu travava uma batalha interior para resolver essa questão, Draco se estressou e abriu a porta.
O que eu vi me matou, Harry e Gina estavam se agarrando. Sinceramente, eu odiava vê-los nesses momentos e Malfoy era quem me guiava, na maioria das vezes, para onde eles estavam. Mas desta vez era diferente. Eu tinha certeza que eles iriam mais adiante se não fosse pela porta ser aberta.
–Hermione... – Harry falara envergonhado e não encontrando palavras.
Falei algo como “Desculpe-me” e saí de lá, obviamente com Draco em meu encalço. Parei de andar de repente e o empurrei na parede.
–O que pretende com isso, Malfoy?
–Com o quê? – ele sussurrou e senti o hálito dele em mim.
–Essas cenas. Estou farta de você me obrigar a vê-los juntos.
–A questão, Granger, é que você tem que vê-los. Ou você desiste dele ou sofre. É por isso que faço o que faço.
–Para me ver sofrer?
–Não. Para te ver livre dele.
Eu não esperava isso. Draco queria que eu esquecesse Harry, mas deveria haver um motivo para isso. Draco era meu inimigo, me odiava.

“–O pior Granger, é que você está certa. Eu seria capaz de fazer isso. É passado. Eu apenas seria. Mas agora, eu vejo outras coisas mais interessantes para fazer com você.”

Lembrei-me de suas próprias palavras e acabei chegando a uma conclusão. Talvez fosse loucura, mas eu precisava saber a verdade.
–Você gosta de mim, Malfoy?



N/a: A música é I will come to you do Hanson
Espero que tenham gostado, e não me matem por ter parado numa parte como essa... shuhsus
Sou só um pouquinho má...

19 novembro, 2010

Cap. 4 - Fear


Será que é normal que mesmo que tenha se passado uma semana eu ainda pense em um maldito beijo? Se não for, é lógico que eu não me impressionaria, afinal, não estou, definitivamente, bem nesses dias.
Harry não entende minhas repentinas crises existenciais e Rony, há essa hora, já deve ter desistido de entender. Mas que seja. Eu sinto raiva e vou descontar em quem eu quiser.
Entrei no salão principal e não me permiti olhar para o lado oposto ao que iria. Olhar focado na mesa da grifinória, não! Droga. Meus olhos são traíras. Olham para a droga da mesa da sonserina e pior, para aquela doninha. Foi sorte ele não ter me visto, mas será que foi sorte eu ver a piranha da Parkinson quase se agarrando a ele em pleno salão? Em público? Será que não dava para eles se insinuarem em outro lugar?
Desisti de tentar entender e fui até meu lugar. Peguei uma torrada, comia tão quieta que mal percebi Harry me olhando, só quando levantei meus olhos.
–O que foi? – perguntei.
–O que tem acontecido com você? – ele questionou me fitando com as íris esverdeadas.
–Nada – bela resposta, anta! “Nada” dá no mesmo que uma assinatura de que com certeza há algo errado. Pergunto-me: Onde está a minha inteligente de que tanto falam? Desceu pelo ralo enquanto eu tomava os vários banhos frios que venho tomando?
–Eu te conheço...
–Mesmo? – eu perguntara ironicamente e o fitei em desafio.
–Há algum problema e eu vou descobrir.
–Não há nada para ser descoberto, Harry. – eu sussurrei e decidi que o melhor seria sair de lá.
Andei para o saguão e olhei os terrenos enfeitados de neve. Lembrei na hora da guerra de bolas de neve minha e do Malfoy. Grrr. Eu não queria essas lembranças. Eu não queria que ele fizesse parte de alguma coisa boa em minha vida. Ele era um cretino.
–Como vai, Grangerzinha?
“Ok, agora é só pensar no diabo que ele aparece?” pensei sarcasticamente e me virei para olhar Draco.
Eu não disse nada, apenas o olhei de forma indiferente. Não queria me trair, novamente. E ele, bem... ele também me olhava de forma avaliativa e tinha ainda aquele sorrisinho canalha no canto dos lábios.Como eu o odiava!
–É Granger. Não faça variações com meu nome. E o que quer? – perguntei finalmente.
–Nada. – de novo o nada. Eu odiava essa palavra. Nunca vira alguma tão falsa quanto essa. Eu ri. – Não acredita?
–Parece que acredito?
Draco riu. Céus! Como ele conseguia ser irritante e ao mesmo tempo tão... lindo.
Desviei meus olhos. Eu não devia continuar ali.
–Você tem me evitado todos esses dias... – Draco sussurrou. – Só por causa de um beijo?
–Não, Malfoy. Não é por causa do beijo. – Quem eu quero enganar? ‘Tá escrito na minha cara que é por causa do maldito beijo. – É só que... o problema é você. Você é um sonserino. O sangue-puro. Você me humilha.
Vi algo em seus olhos. Seria mágoa? Com certeza não, mas de algum modo, aquilo não me agradou. Eu estava ferindo ele ou era só impressão minha?
–Realmente... você é esperta. – Malfoy falou com os olhos agora no horizonte – Muito esperta por não se deixar enganar tão facilmente.
O que isso queria dizer? Era uma confissão de que tudo não passava de um modo para me machucar? Seria só uma forma de responder meus maus modos? Como ele conseguir ser tão complicado?
–Adeus, Granger – dissera afastando-se e eu me senti, repentinamente, estranha.
Ele tinha algum segredo. Deveria ser isso. Mas que droga! Eu deveria ficar longe dele, mas não, estou aqui, morrendo de curiosidade para entender essas repentinas mudanças em seu humor. Eu não preciso me preocupar com isso, mas não. Sou um ser que gosta de sofrer, de ser torturado. Sou masoquista. E vou, mais uma vez me meter onde não fui chamada. Vou descobrir o que há por trás dele. Ninguém consegue guardar segredos para sempre.    

:::  :::

Eu estava com medo. Acabei de receber uma mensagem. A professora McGonagall queria me ver na sala dela. Era óbvio que devia ser uma bronca. Será que descobriram que era eu e o Malfoy que o Filch estava perseguindo aquele dia? Não. Não poderia ser isso.
Cheguei no andar da sala dela, fitei a porta. Definitivamente, eu não queria entrar. Será que ela perceberia se de repente eu pulasse da torre de astronomia primeiro? Respirei, não tinha escapatória. Abri a porta.
Para minha absoluta surpresa, havia outras pessoas lá, ou melhor, monitores, até o Rony estava lá. Fiquei aliviada, devia ser só mais uma reunião. Me sentei na cadeira que me foi oferecida e nesse meio tempo vi Malfoy chegar também. Fechei a cara na hora.
–Desculpe chamá-los de repente... – McGonagall começou a falar – Mas, como sabem, o Natal é dentro de algumas semanas. E, decidimos fazer algo de diferente. E já vou dizendo. Isso é obrigatório para os monitores.
Me remexi na cadeira, se era obrigatório era porque ninguém aceitaria.
–Vocês devem encenar uma peça na noite do baile.
Eu ouvi certo? Hermione e encenar só cabiam em uma mesma frase se houvesse um não no meio.
–Desculpe, professora, mas não acho que seja uma boa ideia.
–Mas é claro que é Srta. Granger, essa é uma das mais antigas tradições da escola que se perdeu no tempo. O teatro fazia parte do currículo escolar dos alunos. E, ainda que hoje não faça, seria interessante recuperá-lo.
–Mas então, por que não propõe para os alunos que se sintam bem atuando?
–Tem algum problema com teatros, senhorita?
Deus do céu! Se eu tinha problemas? Era óbvio que eu tinha. Nunca seria uma boa atriz, nunca.
–A Granger não sabe atuar... grande novidade. – ouvi Malfoy sussurrar para alguém atrás de mim.
Que ódio. Eu o odiava com todas as forças.  E o maldito orgulho se apossou de mim.
–Claro que não, professora, na verdade, sou uma ótima atriz. – eu falara totalmente falsa. Eu e minha grande boca que não conseguia ficar quieta! – na verdade, eu adoraria fazer o teste para o papel principal.
QUÊ? Eu disse isso mesmo? De onde eu tirei isso? Não. Não. Eu não posso atuar.
–Ótimo. – McGonagall dissera anotando meu nome em um papel. Devia ser minha sentença de morte. Tinha que ser isso. Como eu sou burra!
Saí da sala com as pernas quase moles. Não podia acreditar no que acabara de fazer. Agora sim eu me jogava da torre da grifinória.
–Não sabia que gostava de teatro, Granger. – Draco comentara.
“Acredite, nem eu sabia!” pensei ironicamente.
–Pois é. – eu disse sem voz.
Ouvi Draco rir. Com certeza minha voz devia estar muito engraçada. Eu disse algo como “Vou para a aula” e saí de perto dele. Era perigoso continuar ali.
Durante o dia eu mal prestei atenção nas aulas. Eram todas chatas. Transfiguração. Feitiços e Defesa contra a Arte das Trevas. No fim do dia me avisaram que os ensaios começariam no dia seguinte. E eu ainda custava a acreditar que iria realmente me humilhar na frente de toda a escola.

Quando entrei no salão comunal para deixar minhas coisas lá e seguir para a monitoração eu vi uma cena horrível. Harry estava com Gina no sofá em uma cena que deveria ser censurada. Não dava para falar onde um começava e o outro acabava, estavam atracados de forma tão indecente que eu tinha certeza que Rony os mataria se os visse. Eu senti um bolo formar-se na minha garganta. Subi para o dormitório e deixei as malditas lágrimas caírem. Deixei minha mochila na minha cama e enxuguei meu rosto. Não iria deixar isso me afetar. Voltei para a sala comunal e passei por eles como se não os visse. Fora fácil. Estavam distraídos demais com a boca um do outro.
Enquanto eu andava devagar pelo corredor, eu sentia toda a dor voltar. Como eu era idiota por chorar. Mas ainda assim, eu não sabia como impedir as lágrimas de virem.
Eram tantas coisas para me preocupar. Entretanto minha mente estava ocupada demais se martirizando. Parei de andar encostei-me na parede fria. Deslizei lentamente por ela, até alcançar o chão e me sentar nele, segurei minhas pernas com meus braços e apoiei a cabeça na perna, como uma criança. Chorava sem me importar com o mundo. Era como se eu quisesse deixar as lágrimas levarem tudo embora.
Senti alguém perto de mim. Quem quer que fosse, eu queria que fosse embora. Mas não. A pessoa abaixou-se e tentou me fazer fitá-lo.
–Vá embora. – eu dissera soluçando.
–Não posso. – a voz arrastada se fez ouvir.
“Deus, por que não posso ter paz nessa escola?”
Me levantei. Não iria ficar ali. Ele segurou meu braço.
–Me deixe, Malfoy. Será que não consegue ver que quero ficar sozinha?
–Chorando? Lamentando sua maldita dor? Vá em frente. – Draco me soltou e cruzou os braços em deboche. – Vamos Granger. Chore mais.
Fiquei desorientada. Como ele conseguia me confundir tanto assim? Respirei fundo. Ainda chorava. Mas não queria.
–Por que nada pode ser do jeito que quero? – perguntei.
–Nada é do jeito que queremos. – Draco respondeu ainda indiferente.
–Por que está aqui?
–Porque tem uma garota idiota chorando no corredor. E esta idiota acha que sou um cretino e estou tentando provar para ela que não sou quem ela pensa.
Ok. Isso me deixou sem fala. Draco não deveria se importar comigo. Nunca o fez, de qualquer modo.
–Para quê isso?
–Simplesmente cansei das pessoas terem a ideia errada de mim.
Seria realmente isso? Eu não iria ficar pensando em como entendê-lo. Estava cansada de decepções.
Me sentei no chão novamente e ele veio sentar-se do meu lado.
–E então... O que houve dessa vez? – ele perguntou relutante.
Eu o olhei e sorri. Ele, com certeza, não queria saber.
–Não precisa fingir que se importa com meus problemas, Malfoy. – sussurrei. – Eu sei que não.
–Nossa... e eu que pensava que não tinha como você ser mais antipática. – Draco falou e eu ri. – Ótimo. Já esta rindo.
–Eu não quero voltar para lá. – eu dissera séria, um tempo depois.
–Para onde?
–Salão comunal.
Ele ficou em silêncio. Era óbvio que ele sabia o motivo. Eu não queria ter que ver Harry e Gina se agarrando de novo. Era muito mais tentador encontrar Rony e levá-lo junto quando isso acontecesse.
–Vem comigo. – Draco falara levantando-se e estendendo a mão dele para me ajudar. – O que foi?
–Não tem medo de ser infectado por uma sangue-ruim? – eu dissera brincando.
–Acredite. Eu tenho muito medo – Draco me respondeu e fechei a cara – Ora, vamos, deixe de ser tonta.
–Para onde vamos? – perguntei enquanto ele me guiava pelo corredor escuro.
–É surpresa.
Eu olhei para Draco. No fim das contas, ele não parecia tão cretino assim. Se era só fingimento aquilo, eu não poderia saber, mas esse Draco estava sendo melhor do que meu suposto amigo.
Alguns minutos depois, paramos na frente de uma parede. Na hora eu entendi.
–Desde quando sabe encontrar a sala precisa? – perguntei.
–É fácil. Depois que o grupinho do Potter foi desfeito ano passado, eu comecei a procurar a sala. E encontrei.
–Grupinho este que eu fazia parte e que você ajudou a entregar à Umbrigde.
–É a vida... – Draco dissera com uma piscadela e girou a maçaneta.
Quando passei pela porta, o lugar estava completamente diferente do que eu imaginara. Era agora uma sala ampla, cheia de almofadas no chão, uma lareira, e várias poltronas. Parecia uma sala comunal.
–Esse é meu refúgio – Draco dissera divertido e se jogando nas almofadas – Qualquer dia desses te mostro meu lugar preferido dessa escola.
Eu fiquei abobalhada. Draco Malfoy quebrara todos os meus conceitos a respeito dele. Loiro maldito. Avistei um livro jogado no chão e o peguei. Era de mitologia. Outra coisa nova para mim: Draco gostava de mitologia. Folheei o livro e parei na página de um mito em especial. Eros e Psique.
–O que está fazendo? – Draco perguntou.
–Lendo. – respondi me sentando em uma das poltronas.
–Qual mito?
–Eros e Psique.
–Ah sim… a união do amor e da alma. – Draco dissera de forma debochada e eu parei de ler. – o que foi?
–Acha ridículo?
Peguei-o desprevenido, ele não sabia o que dizer.
–Não ridículo... é que, não acredito que possa existir algo tão forte capaz de unir duas pessoas.
–Merlin! Eu ouvi isso? Você não acredita no amor. – eu dissera mais debochada ainda dele e deixei-o encabulado. – Malfoy. Você nunca se apaixonou.
–Melhor nunca ter me apaixonada do que chorar em corredores por amor.
Ok, isso foi pura maldade. Idiota. Levantei-me, mas antes eu pudesse sair da sala, ele me segurou. Odiava quando ele fazia isso.
–Não vá. – ele pediu. – Me desculpe.
Se antes eu estava surpresa, vê-lo pedindo desculpas me deixou mais espantada ainda.
–Quem é você e o que fez com Draco Malfoy?
Ele riu, será que era só eu que achava tudo aquilo estranho?
–Fique, Granger. – ele disse tomando o livro de mim – Conhece o mito? – perguntou e eu balancei a cabeça. – Então vou te contar a história.
Eu voltei na poltrona que estava e ele se sentou em uma outra, começando a me contar a história:
“Psique era a mais bela entre suas irmãs, mas enquanto elas já tinham conseguido casar-se, Psique não arranjava pretendente algum. Ela era bela demais e isso deixava Afrodite, a deusa da Beleza, com raiva.
“Ela então mandou seu filho, Eros, o deus do Amor, flechá-la, para que se apaixonasse pelo ser mais monstruoso que existisse. Mas, quando foi flechá-la, Eros foi embriagado pela beleza de Psique e flechou a si mesmo sem querer. Passou um tempo e, como ninguém se candidatava para casar-se com ela, seu pai consultou os Deuses e descobriu que ela, na verdade, estava destinada a casar-se com um ser monstruoso. Na verdade, Eros armou isso. Psique foi levada então para um palácio, seu palácio. Ela descobriu os prazeres do amor, pelo próprio deus do amor, mesmo acreditando estar casada com um monstro, pois não lhe era permitido ver a face de Eros.  
–Isso é triste. – comentei interrompendo-o – Estar casada com alguém, sem ao menos poder vê-lo.
–O amor é cego – Draco comentara. – E, de qualquer forma, isso é o que mais me chama a atenção. Ela o amava, mesmo que pensasse que ele era um monstro.
–Já admite que o amor existe?
–Não. – Draco falara e eu fechei a cara. – vou continuar a história.
“Eros não podia mostrar sua face a ela, porque senão sua mãe descobriria que ele não cumprira sua missão. Mas ainda assim, quando as irmãs de Psique a visitaram, convenceram-na a ver o rosto do marido. Psique o fez. Quando Eros adormeceu, aproximou uma lâmpada no rosto dele. Ela, então, ficou maravilhada com o que viu. Eros era o ser mais lindo que já vira. Sem perceber, derrubou uma gota de óleo da lâmpada nele, deixando uma ferida e acordando-o. O Amor estava ferido.
“Eros fugiu e Psique decidiu que tinha que reconquistá-lo. A primeira coisa a fazer era ter o perdão de Afrodite, e esta a incumbiu de tarefas que julgou que Psique nunca conseguiria cumprir. A primeira era separar grãos em uma noite. Ela, de fato, conseguiu. A segunda era conseguir lã de ouro que alguns carneiros produziam. Ela cumpriu essa tarefa também, deixando Afrodite furiosa. A terceira era conseguir água pura de uma nascente, mas era em um lugar íngreme, sendo assim, as águias de Zeus a ajudaram. E a quarta tarefa era conseguir um pouco da beleza de Perséfone, a esposa de Hades, deus dos mortos. Afrodite pensou que Psique não voltaria viva. Entretanto, depois de conseguir a beleza da deusa, durante o caminho de volta, Psique pensa que sua beleza já estava gasta e abre a caixa, adormecendo em seguida. Eros, já curado, vai atrás dela e recoloca a beleza na caixa, despertando-a e mandando que ela levasse a caixa à sua mãe. Enquanto isso, Eros pede a Zeus que torne Psique imortal, ele é atendido. Anos depois eles tiveram uma filha, o nome dela era Prazer. 
–Bela história. – eu dissera sorrindo.
–Minha preferida da mitologia grega. – Draco falou com o olhar longe. – A propósito, Psique quer dizer alma.
Draco não acreditava no amor, segundo dizia, mas sua história preferida tinha isso como tema, como entender uma pessoa dessas? Ele era muita confusão para a minha pobre mente. Levantei-me e peguei o livro de suas mãos.
–Acho que você não se importará em me deixar lê-lo. – eu disse divertida e vi um sorrisinho formar-se no canto de seus lábios.
–Divirta-se. – ele dissera indo em direção à porta.
–Aonde vai? – perguntei arqueando as sobrancelhas.
–Para o meu dormitório.
– E como posso ter certeza de que você não vai trazer o Filch aqui, por exemplo, ou o Snape. Tudo para me ferrar?
Draco riu mais uma vez, sonserino idiota. Ele voltou então, me fitando com curiosidade.
–Você não pode ter certeza. – sussurrou – De qualquer jeito você vai ter que confiar em mim. A menos é claro – ele começara a falar dando uma passo na minha direção, um passo perigoso e eu, dei um passo para trás – que você queira – outro passo dele pra frente, outro meu para trás – que eu fique – eu estava ficando com medo. Ele se aproximava cada vez mais – aqui. – senti uma almofada atrás de mim de repente e caí em cima dela, não antes de eu ter feito a burrice de agarrar o pulso de Draco e ter o levado junto. – com você. – ele terminou de dizer com a boca próxima a minha.
Aquele hálito estava me deixando louca de novo.
–Não mesmo. – respondi quase sem voz.
–Diga alto, Granger. Diga que não quer que eu fique.
–Eu não quero... que você fique...aqui. – eu disse com meus olhos fixados na boca dele e me lembrei de como era beijá-lo.
Que droga! Foco, Hermione! Foco! Não faça isso consigo mesma.
–Vá embora. – eu quase gritei dessa vez e me levantei quase o empurrando.
Ouvi ele rir abertamente e alto. Que ódio.
–Boa noite, sangue-ruim. – Draco dissera para me provocar e quando me virei para protestar, ele já tinha ido.
Quem ele pensava que era para fazer aquilo tudo comigo? Ele era... apenas um garoto ridículo.
Quando me virei de volta para fitar a sala, havia uma cama. Eu realmente adorava essa sala.
Não precisaria voltar e ter que encarar Harry, nem Gina. Ficaria sozinha. Pelo menos, de alguma forma assustadora, Draco conseguira me animar. Chega de lágrimas. Eu não as queria.
Deitei-me na cama e no momento que coloquei minha cabeça no travesseiro, o perfume inconfundível dele veio até mim. Dormir naquela cama seria tão difícil como se ele estivesse ali.


N/a: Gostaram? Não?
Hum... o mito eu coloquei aqui porque tem uma ligação com a história, em breve vocês verão. Logo eu posto o próximo. :*

17 novembro, 2010

Cap. 3 - Weakness


As horas estavam passando mais devagar do que deveriam, o fantasma do Binns continuava a falar e falar, como se alguém estivesse prestando atenção naquela aula chata de História da Magia, nem ao menos eu estava ouvindo. O que era, senão ruim, preocupante. Era claro que eu não estava bem. Quem estaria?
Rony estava quase começando a babar enquanto cochilava com a cabeça apoiada no braço e Harry estava com um olhar mais perdido que cego, era aquele olhar que só idiotas apaixonados conseguem fazer. Decididamente, eu não estava gostando nem um pouco daquilo. E, para piorar, o Malfoy olhava para mim, era um olhar desafiador, como se soubesse de um detalhe que eu não sabia ou ignorava. Aquilo estava me irritando.
Eu não devia ter brincado com ele ontem, muito menos devia ter me escondido naquele armário com ele, só de me lembrar, me dava arrepios, era difícil imaginar o que poderia ter acontecido, ou melhor, não era difícil, mas sim, apavorante.
Era óbvio que era somente isso que ele queria. Brincar. Me machucar. Me usar. Ponto final. Eu não cairia nos joguinhos dele.
Depois do que pareceu um século e de pensamentos assassinos nada agradáveis envolvendo aquele professor-fantasma-chato a aula acabou. Como sempre, eu saí da sala sem esperar Harry e Rony, eles iriam para outra aula, enquanto eu iria para a de Aritmancia.
No entanto, eu não poderia prever que Gina estaria lá na porta esperando Harry, me apressei o máximo que pude, mal respondi o “oi” dela e já virei o corredor, mas ele estava lá, tampando a minha passagem.
–Me deixe ir, Malfoy. – eu disse entre dentes.
Ele apenas se aproximou de mim e sussurrou com sua voz arrastada:
–Olhe para trás, Granger. – eu não queria olhar, sabia o que havia atrás de mim, mas ele me obrigou.
Rony já havia ido e, por isso, Harry beijava Gina, a puxava de encontro a ele pela cintura, sorria...
Eu quis ir embora de lá, mas Draco continuou a me segurar, não permitindo que eu fosse. Eu quis socá-lo, amaldiçoá-lo.
–Por que você faz isso? – eu perguntei com minha vista começando a balançar.
–Eu? Eu não estou fazendo nada. – ele tivera a cara de pau de dizer – É você, Granger, você que gosta de sofrer.
Eu não ia ficar ali ouvindo aquilo e tendo aquela visão. Não mesmo. Empurrei ele, e segui meu caminho, não ligando para onde estava indo. Eu queria só sair daquele lugar. Precisava de ar, entretanto, para minha mais completa falta de sorte, Draco me seguira. Por Merlin! Eu, com certeza, não havia jogado uma pedra na cruz, mas sim um tijolo inteiro!   
–Não tem nada melhor pra fazer não, Malfoy? – gritei com raiva.
–Não, isso está divertido. – o cretino dissera ironicamente.
Como eu queria fazê-lo engolir todos os dentes e a própria língua! Virei-me para ele, ficando mais perto do que eu deveria. Podia sentir até o ritmo acentuado de sua respiração. Droga! Não era hora de reparar nele assim!
–Pela última vez, Malfoy, me deixe em paz.
Em seguida, continuei meu caminho, ele não fora atrás de mim dessa vez, mas antes que eu pudesse sair de lá, ouvi sua voz, clara e arrastada.
–Dói muito, Granger? – perguntara – Dói não ser correspondida por aquele que sempre esteve perto de você? Aquele que foi sempre seu porto seguro?
Aquilo me machucou, mas eu nada disse, apenas segui em frente, odiando a mim mesma mais do que a Draco.

:::  :::

Como ela conseguia ser tão irritante? Hipócrita. Superficial. E ainda não sei porquê me importo. Definitivamente, eu a odeio. Draco, Draco... Por que você é tão burro?
Eu andava despreocupado até a cozinha de Hogwarts, segui por um corredor de pedra e iluminado por archotes. Havia vários quadros nas paredes, mas dirigi-me a um em especial. Havia uma pêra nele e fiz cócegas nesta, fazendo-a transformar-se em uma maçaneta. Entrei e tive a visão de vários elfos trabalhando. Alguns foram até mim, buscando atender-me e pedi uma garrafa de hidromel a eles.
Abri a garrafa e tomei um gole, sentindo a bebida arder em minha garganta. Eu pouco me importava se ficaria bêbado ou não. Simplesmente precisava fugir da realidade.
Não conseguia entender como alguém poderia ser tão cabeça-dura, ou melhor, não podia entender o porquê de eu querer estar perto dela.
–Idiota... – murmurei para mim mesmo e entornei a garrafa mais uma vez.
Peguei minha varinha e concentrei-me, segundos depois meu violão fora transfigurado em minhas mãos. Eu sorri, mágica era fascinante.
Toquei alguns acordes testando-o e em seguida comecei a dedilhar e a cantar alguns versos.

I tear my heart open, I saw myself shut
Despedacei meu coração, fechando-me
My weakness is that I care too much
Minha fraqueza é me preocupar demais
And my scars remind me that the past is real
Minhas cicatrizes me lembram que o passado é real
I tear my heart open just to feel
Despedacei meu coração, só pra sentir

“Vou me arrepender disso depois...” pensei sarcasticamente. E tocava agora uma sequência de acordes.
Pensei em Hermione e no dia anterior, quando a ouvira cantar. Era óbvio que ela nem ao menos suspeitava... e pelo jeito, nunca saberia.
No entanto ficar trancado com ela fora um sufoco. Queria tocá-la, mas sabia que não devia. O cheiro dela simplesmente tomara conta daquele armário minúsculo.
“Ela ainda é uma sangue-ruim...” dissera para mim mesmo.
“Será que teria algum problema se eu...” comecei a contestar a mim mesmo, mas parei. Era óbvio que tudo que a envolvia era um problema.

Drunk and I'm feeling down
Bêbado e depressivo
And I just wanna be alone
E eu só quero é ficar sozinho
I'm pissed 'cause you came around
Estou nervoso porque você está por perto
Why don't you just go home?
Por que você simplesmente não vai pra casa?
'Cause you channel all your pain
Você canaliza sua dor
And I can't help to fix yourself
E eu não posso ajudá-la a se recuperar
You're making me insane
Você está me deixando louco
All I can say is...
Tudo que eu posso dizer é

Por que ela simplesmente não desaparece? Morre? Maldita garota! E ainda por cima está apaixonada por um cara idiota que se faz de herói. O santo-Potter! Outro que merece a morte. Mas tenho que confessar, eu sei o quanto cruel foi forçá-la a ver o testa-rachada beijando a pobretona, mas mesmo assim, quanto mais rápido ela cair na real, menos ela sofre, eu acho.
Onde será que ela deveria estar agora? Já está escuro, não a vi no salão comunal depois do que fiz com ela, muito menos a vi em alguma aula. Que seja, eu não me importo.

I tear my heart open, I saw myself shut
Despedacei meu coração, fechando-me
And my weakness is that I care too much
Minha fraqueza é me preocupar demais
And our scars remind us that the past is real
Nossas cicatrizes nos lembram, que o passado é real
I tear my heart open just to feel
Despedacei meu coração, só pra sentir

Quem quero enganar? Eu me importo sim. Eu a quero. E vou fazê-la esquecer o Potter. Ele não a merece. Que ironia, nem eu a mereço... Mas que seja. Eu quero estar perto dela. Quero tocá-la. Eu preciso disso, pode ser a única chance que terei.
Engraçado, eu não quero nenhuma garota daqui, a não ser ela. Será porque todas são fáceis demais? Será que é um desafio que eu estou procurando todo esse tempo?

I tried to help you once
Eu tentei ajudá-la uma vez
Against my own advice
Contra meu próprio conselho
I saw you going down
Vi você caindo
But you never realized
Mas você nunca percebeu
That you're drowning in the water
Que está se afogando
So I offered you my hand
Então ofereci "minha mão"
Compassion's in my nature
Compaixão é uma qualidade minha
Tonight is our last stand
Ficaremos juntos uma ultima noite

Eu parei de tocar repentinamente, cansei-me daquela canção. Queria vê-la naquele mesmo instante. E talvez sabia onde encontrá-la.
 –Sangue-ruim... – saboreei minhas palavras e o som delas. – Hermione. – dissera o nome dela e pareceu-me que era a primeira vez que o falava.
Levantei-me e tomei o resto do hidromel. A bebida não fizera efeito. Não estava bêbado, mas que importância isso tinha? Eu era um monitor, ninguém me pararia àquela hora.
Saí da cozinha, sabendo exatamente onde estava meu alvo.

:::  :::

Eu folheava mais uma vez meu livro de canções, já estava cansada de ler os outros ao meu redor, eles me entediavam. O meu não. Fazia-me sorrir ao menos. Naquele dia inteiro minha raiva pelo Malfoy aumentou drasticamente, mas agora, eu não sentia absolutamente nada. No fim, ele tinha razão, doía pensar em Harry. E eu era burra por ainda desejar algo com ele.
Voltei a escrever uma canção que eu parara no meio. Mas para meu completo azar, eu ouvira uma voz conhecida dizer atrás de mim.
E eu sei que ficarei bem, embora meus céus se tornem cinza.
–Não cansa disso? – perguntei cansada. Nem ao menos força para sentir raiva eu tinha. Eu estava fraca demais e, mesmo que eu não admitisse, eu estava com fome também.
–Para falar a verdade, não. – Draco dissera divertido e até aquele sorriso debochado me irritava. – Logo logo você pode se mudar para cá... – ele comentara. – Você vive nessa biblioteca.
Simplesmente dei de ombros, eu me sentia bem aqui e meus amigos quase não vinham me importunar. Juntei minhas coisas. Já não queria ficar ali, mas ele segurou meu pulso. Olhei para Draco, os olhos azulados tinham algo novo, algo próximo à alegria. Com certeza não parecia aquele sonseriso idiota de sempre. Até que eu me lembrara. Ele ainda era o mesmo, a prova fora o que fizera mais cedo comigo. Quis me afastar, mas a profundidade daquele olhar me desarmou. Eu não estava pedindo para ele se aproximar de mim a cada instante. Eu também não estava pedindo para ele parar.
Ele puxou meu pulso, ao qual já estava segurando, e com isso, eu fiquei mais perto ainda dele. Se alguém me perguntasse como aquilo começou, eu não saberia responder.
Mas só lembro-me de Draco me puxar pela cintura de encontro a ele. Eu encontrei seus lábios. Estavam frios. Mas eu não me importei. Estava mais preocupada em explorar sua boca e mordiscar seus lábios. Senti o gosto de alguma bebida, mas eu não me sabia qual era. Tive sensações que nunca na vida eu sentira. Era uma mistura de desejo, prazer. E eu sabia que me arrependeria disso depois. No entanto sentir ele me beijando de volta era a melhor coisa do mundo.
Perdia-me entre seus beijos. Eu arranhava sua nuca levemente com minhas unhas, mal percebia o tempo transcorrer-se. Eu nem ao menos me lembrava do motivo de estarmos ali naquele lugar.
Sem intenção de fazer algo que eu não deveria eu me afastei. Fora tão rápido como começara. Eu arfava e sentia minha face corar. Não deveria ter feito aquilo, o arrependimento viera antes do que eu pensara. Eu olhei para ele. Draco estava tão transtornado do que eu e também respirava com dificuldade. Havíamos esquecido de que precisávamos de ar.
Eu o beijara. Ou ele me beijara. Eu já não fazia ideia. Mas o pior de tudo, eu sabia, era ter de enfrentar Draco Malfoy. Não o olhei. Eu estava mais preocupada em me esconder, talvez até de mim mesma. Eu beijara meu pior inimigo.
–Granger... – ele começara a dizer e eu o cortara.
–Ninguém precisa saber o que ouve aqui, Malfoy. – eu sussurrei recobrando minha consciência – Muito menos precisamos ter alguma ligação. – eu dissera cortando-o. Minha face ainda estava vermelha.
Eu sentia vergonha. Mas ainda assim, eu o desejava. Eu ainda queria beijá-lo. E isso era pior do que tudo. Era exatamente por isso que eu não poderia voltar a encontrá-lo. Não sozinha. Não à noite. Não quando eu estivesse à mercê de sentimentos tão perturbadores.
Draco Malfoy era uma droga. E eu não poderia, sob hipótese alguma, me viciar nele.
Eu fora contra todos meus princípios. Minha cabeça começou a doer e meu estômago reclamava. Mas eu não poderia fazer nada quanto a isso.
Estava tão confusa que sai de lá, pegando minhas coisas e colocando-as na bolsa enquanto andava. Deixei-o para trás e podia jurar que vi um sorriso brotar nos lábios dele, mas talvez fora somente impressão. Eu não reparara nele, precisava da minha cama. E de um belo banho para eu voltar ao normal.

N/a: E as coisas começam a esquenter agora. O que acontecerá entre Draco e Hermione? Espero que tenham gostado. A música é Scars do Papa Roach

16 novembro, 2010

Cap. 2 - Games


Eram dez horas. Eu não estava cansada, muito menos com sono. A monitoração já estava me deixando entediada, não havia nenhum aluno idiota quebrando alguma regra da escola, no entanto, mesmo assim, eu estava andando em um corredor escuro e frio, cumprindo minha tarefa de monitora. Eu sei que isso soa totalmente dramático. Não me importo.
Sento-me no chão, cansei de andar. Abro meu livro de canções, talvez, o mais precioso que eu tenho. Passo meus dedos sobre as folhar amareladas, eu gostava tanto daquele livro...
Naquela mesma manhã eu descobrira algo horrível. Talvez nem tanto, mas eu senti algo dentro de mim contorcer-se quando eu soube. Harry e Gina estavam namorando. Fora ela quem me contara, o que era natural. Gina e eu somos amigos, mas eu não queria que fosse assim. Eu queria arrancar o Harry dela, lutar para consegui-lo, sem me importar com nenhuma amiga. Mas não era isso que estava acontecendo.
Abri o livro e, sem querer, parei em uma página que eu já havia preenchido com uma música. Eu, então, olhei para os lados. Não havia ninguém ali, e também não haveria mal nenhum se eu cantasse. Eu precisava fazer isso.

I Climb, I Slip, I Fall
Eu subo, eu tropeço, eu caio.
Reaching for your hands
Para alcançar suas mãos
But I lay here all alone
Mas eu deito aqui sozinha
Sweating all your blood
Suando todo o seu sangue.
If I could find out how
Se eu pudesse descobrir como
To make you listen now
Fazer com que você ouça agora
Because I'm starving for you here
Porque eu estou desesperada por ter você aqui
With my undying love and I
Com meu amor eterno e eu
I will
Eu vou

Eu amava cantar, mas essa era uma das coisas que ninguém sabia ao meu respeito. Nem mesmo Harry. E, agora que eu estava sozinha naquele lugar, e eu me lembrava de momentos únicos. O primeiro ano em Hogwarts, o quanto eu odiava Harry e Rony, tão desleixados e irresponsáveis eram. Pensei, então, na vez em que eu abraçara Harry, quando voltei ao normal depois de ser petrificada. Foi um dia tão feliz. Mas ver a felicidade de Harry e Sirius foi o melhor que eu pude acompanhar. Os dois iriam viver juntos. Se não fosse por Bellatrix Lestrange o matar. Sinceramente, esse é o motivo pelo qual eu mais a odeio. Ela acabou com a felicidade do meu melhor amigo.

Breathe for love tomorrow
Respirar por amor amanhã
Cause there's no hope for today
Porque não há nenhuma esperança para hoje
Breathe for love tomorrow
Respirar por amor amanhã
Cause maybe theres another way
Porque talvez haja outra maneira

Ouvi um barulho e parei de cantar na mesma hora. Havia alguém ali e eu tinha que descobrir quem era. Levantei-me agarrando meu livro e o coloquei no bolso de minhas vestes. Andei quase correndo, mas não encontrei ninguém, por fim, decidi ir até o jardim. Estava frio, principalmente porque já estava em novembro e a neve enfeitava os terrenos da escola, mas, ainda assim, eu amava aquele lugar.  A neve enganava meus olhos à noite, me fazia ver coisas no escuro, me pregava peças. E eu nada podia fazer contra isso a não ser fingir que tudo estava bem. Afinal. Era isso que eu sempre fazia. Fingir.
E, enquanto eu observava a paisagem tão deslumbrada, senti algo extremamente úmido e frio ser jogado em mim. Olhei para trás e lá estava ele. Era incrível como Draco Malfoy tinha o poder de me estressar. Não importava o quanto eu pedisse. Ele nunca iria parar, e isso porque, segundo ele, eu estaria livre de suas brincadeiras idiotas. Ledo engano. Eu me iludia tão facilmente!
–Malfoy, não comece. – eu pedi e só o que tive como resposta foi outra bola de neve.
Agora chega! Era hora de contra-atacar. Formei uma bola de neve com minhas mãos e joguei nele, acertando-o em cheio. Mal percebi que alguns instantes depois eu estava rindo. Pior, eu estado rindo com o Malfoy.  Quando percebi, eu já estava com muito mais frio do que antes e com a face completamente gelada. E ao tacar outra bola de neve nele e me desequilibrei e cai na neve. O mais incrível era minha capacidade de cair naqueles dias. Eu estava ficando, perigosamente, mais distraída. O Malfoy foi me ajudar, com certeza automaticamente, talvez esquecendo-se de quem eu era.
Já de pé e olhei para ele, os olhos maravilhosamente azuis contrastavam com aquele ambiente e eu me perdi, cada vez mais, naqueles olhos. Era como se ele tivesse levado toda a dor que eu sentia embora naqueles minutos. Fora divertido. Isso eu não podia negar.
–Isso é estranho... – ele dissera com sua voz arrastada.
–O que é estranho? – eu perguntei.
Ele me olhou avaliativo. Eu não queria admitir, mas realmente era estranho estar com ele.
–Você é apenas uma sangue-ruim, então por que eu me sinto tão bem estando com você? – Malfoy perguntou afastando-se de mim e ficando de costas.
Ouvi-lo dizendo sangue-ruim não me afetara. Não dessa vez. O que mais me preocupou foi ele dizer que sentia-se bem ao meu lado.
Eu me aproximei, querendo que ele voltasse a ser o cara legal que estava brincando comigo. Como se fosse um velho amigo ao qual eu acabara de reencontrar.
–Por que importa tanto se eu tenho ou não sangue-puro? – perguntei querendo entender aquilo. Nunca fizera sentido para mim.
Ele não me respondeu. E acho que nem iria. Apenas virou-se e me olhou, então sorriu e eu tive a impressão que ele estava, realmente, diferente.
–Vamos nos divertir, Granger! – exclamara jogando outra bola de neve em meu cabelo.
E a brincadeira recomeçou.
Mas, se eu soubesse o que isso desencadearia, talvez eu não tivesse prosseguido.

Não era nada bom dois monitores estarem brincando na neve como duas crianças e ainda por cima à noite, e por isso, assim que ouvimos barulhos de passos, nos entreolhamos, cessando a guerra que estávamos travando. Draco me puxou pela mão e corremos.
Passamos apressados por duas gárgulas no saguão de entrada e seguimos para um corredor, eu tropeçava, não conseguindo acompanhá-lo direito e deixei um castiçal cair no chão ao esbarrar nele. Continuamos correndo e vimos uma porta, sem pensar Draco me empurrou para dentro dela e eu, com medo do Filch nos pegar, entrei. Mas a última coisa que eu esperava era perceber que aquilo era um armário de vassouras. Quase desisti e saí, mas Draco não me deixou, prendendo-me lá.
–Ficou doida, Granger? – ele sussurrara e eu podia sentir perfeitamente o hálito quente de sua boca. – Se alguém nos pegar, já era, entendeu? É detenção na certa.
Eu, então, continuei ali, tentando não aspirar o cheiro dele. Mas era difícil. Eu nunca pensei que estaria em uma situação dessas. Eu estava trancada em um armário com Draco quase tocando-me, ou melhor, a mão dele me tocava às vezes, não havia espaço para nós dois. Por sorte não havia nenhum barulho de passos do lado de fora.
Eu quis me mexer, minha perna estava formigando já, mas não era possível fazer nada naquele cubículo. Acabei empurrando-o.
–Para, Granger! – ele disse me empurrando também.
Ficamos nessa, eu o empurrava e ele, devolvia, até que, para minha mais adorável sorte eu fui junto com ele quando o empurrei, e assim eu apoiei minha mão no corpo dele, no peito mais precisamente, e descobri que ele não era tão fraco quanto parecia ser. Num segundo eu o olhava nos olhos e, depois, me sentia completamente embriagada com o cheiro dele. Com certeza eu não estava bem. Eu precisava definitivamente de ar.
Afastei-me dele, tentando o máximo possível não tocá-lo, mas como Merlin realmente me adorava, isso era difícil. E eu ainda sentia os olhos fixos dele em mim. Olhando-me de forma avaliativa e estranha. Não. Se eu o olhasse, com certeza iria me trair. Ele saberia que eu não estava nada bem com aquela aproximação.
–Será que ainda tem alguém lá fora? – eu perguntei e agradeci pela minha voz estar normal.
Draco abriu um pouco a porta e olhou o lado de fora, pela tranqüilidade dele eu poderia jurar que, realmente, não havia mais ninguém nos procurando ali. Fosse quem fosse, já estava longe. Mas o pior, eu sabia, era ter de enfrentar Draco Malfoy. Eu dei um passo e sai do nosso esconderijo. Ele saíra depois de mim. Não o olhei. Estava mais preocupada em me esconder, talvez até de mim mesma. Eu estava me sentindo atraída pelo meu pior inimigo. Aquele que por anos me importunara. Aquele que Harry odiava tanto quanto Voldemort. Eu sou uma péssima pessoa. Uma péssima amiga. Uma péssima garota.
Não. Eu não sou tudo isso. Se fosse, nem ao menos conseguiria me olhar no espelho.
–Granger... – ele começara a dizer e eu o cortara.
–Acho melhor voltarmos. – eu dissera. Minha face só demonstrava indiferença, já que eu não desejava, sob hipótese alguma, que ele lesse meus pensamentos.
Eu sentia vergonha. Não deveria estar ali com ele, muito menos deveria ter entrado naquele armário. Fora divertido brincar com ele, jogar seu joguinho infantil, uma guerra de bolas de neve, como crianças. Mas a graça já fora. Era hora da realidade voltar. Porque eu sabia, não importava quantos momentos assim eu tivesse com Malfoy, no dia seguinte, tudo voltaria ao que era antes.
Eu não sentia absolutamente nada por ele. E eu não poderia, de nenhum modo, sentir.
Afastei-me, andando até meu dormitório, onde estaria bem.
O pior de saber que Draco Malfoy seria o mesmo sonserino amanhã era saber que eu ainda amava Harry Potter. E ele não sabia disso.

N/a: A música é Breathe do Paramore. É lenta, mas achei perfeita pra Hermione nesse capítulo. Espero que tenham gostado :*