Incantatem

Por que me afastar? Porque éramos inimigos e como tais nos odiávamos. Porque eu era uma Weasley e ele um Malfoy. E principalmente porque estávamos em guerra declarada!

Magic and Mistakes

Hermione volta a Londres depois de dois anos. Ela cresceu e já não é a garota de antes. A guerra contra Voldemort teve seu fim e, agora, nada impede ela de ficar com Draco Malfoy. Isso era o que ela pensava. Em meio às mudanças da sua vida, novo emprego e uma nova casa, perceberá que Draco também tem sua própria vida. No entanto, acabarão sendo um dos casais mais conhecidos do mundo bruxo, algo que não esperavam. As consequências de seus atos se tornarão mais perigosas. Magia e erros, porque nem sempre se pode prever o futuro.

Por Culpa do Destino

Seria certo passar por cima de uma guerra por amor?

Imperius

Ele me olhava com aquelas orbes cinzentas como se estivesse arrependido do que me fizera. Eu fora uma tola, uma estúpida e iludida, afinal, como diabos Draco Malfoy se apaixonaria por uma sangue-ruim, nem ao menos a maldição imperius causaria isso. - Deixe-me explicar - ele pediu, sussurrava, sua voz estava quebrada.

Inimicum

Hermione Granger por anos foi uma pessoa amarga e nunca soube ao certo a razão de Draco a abandonar. Agora ela é uma auror e ele um comensal, entretanto um encontro faz com que ambos voltem ao passado e segredos sejam revelados.

18 setembro, 2011

Cap. 6 - Poções e Venenos


Capítulo 6 – Poções e venenos

"Hell is empty, and all the devils are here."
William Shakespeare

A música alta invadia sua audição, vibrava em seu corpo e a anestesiava. A menina estava num estado completamente alucinado, olhava para tudo maravilhada, desde a sala mergulhada em luzes multicoloridas, até a banda improvisada no palco e a horda de estudantes que se divertiam.
Tudo se movimentava, rápido, lento, junto com o som, com as vozes histéricas.
Ela sorria. Gargalhava. Merlin! Aquela era a melhor sensação do mundo, nunca sentira nada de uma forma tão profunda, nunca vira estrelas brilharem na noite tão alegres, tampouco prestara atenção ao sorriso dos outros.
Havia vidros quebrados no chão, eram outrora frascos de poções. Um líquido azul misturava-se a outro verde.
Os cachos loiros estavam desfeitos. Ela jogou a cabeça para trás e abriu os braços, girando devagar e quase caiu no chão. Uma mão a segurou. Por um momento esperou encontrar olhos tão negros quanto a noite. O que viu, no entanto não foi isso e ainda assim, não se decepcionou. Olhos azulados a fitavam. A boca pálida dele gesticulou algo, mas ela não prestou a mínima atenção no que ele dissera. Seus olhos apenas acompanharam o movimento dos seus lábios e não resistiu.
Tocou-os com os seus próprios lábios rosados.
Doce, fora a sensação do beijo inesperado.
E então... acordara.
A cabeça da garota doía fortemente. No entanto a pior parte de tudo não era sua ressaca. Lembrava-se vagamente da noite anterior, do barulho, das vozes, do álcool anestesiante e dele.
Desejou então não ter sonhado e nunca ter ido àquele maldito lugar.
“Se arrependimento matasse... eu estaria enterrada já” pensou, no entanto Lucy não pode evitar morder os próprios lábios, não acreditando no que acontecera na festa e fora dela.

21 de fevereiro, sexta

Os cachos castanhos estavam caídos no lado esquerdo do rosto de Hermione, tampando uma página amarela de um livro. A mão direita escrevia rapidamente num pergaminho e a expressão era deveras concentrada. Os lábios rosados estavam úmidos, visto que num curto intervalo de tempo ela molhava-os com a língua e, por vezes, mordiscava-os.
Os olhos se retiraram do pergaminho e fitaram a biblioteca, onde alguns alunos circulavam a procura de livros para suas tarefas e trabalhos. Dois olhos cinzentos abaixaram-se de volta ao próprio volume, folheando-o lentamente e mal prestando atenção nas palavras.
E assim a Guardiã da Pedra terá sua Nêmesis, e como tal, possuirá nas veias a vingança e as trevas. No entanto, a justiça não perecerá e tudo aquilo ou aquele que se voltar contra a ordem natural e o equilíbrio universal, colocando-os em perigo, será castigado.
Os olhos do loiro apenas pairavam sobre as palavras, não se recordava de nada que lia e mais uma vez seu olhar caiu sobre a grifinória, ela voltara a ler.
Pensou por um momento no quão bela ela era e no quanto a desejava. Isso estava matando-o por dentro, corroendo seu corpo, sua mente e o enlouquecendo, pois podia tê-la e ainda sim, não a tinha.

Hermione levantou os olhos do volume que lia, seu tempo era cada vez mais escasso e o número de tarefas e trabalhos só aumentava a cada dia. Checou seu relógio, tinha mais uma hora antes que a próxima aula começasse. A alguns metros uma sonserina escrevia num pergaminho, para todos aparentava estar terminando algum trabalho, mas os olhos atentos de Hermione perceberam exatamente o que se passava.
A sonserina mais durona daquela escola suspirava, Lucy nunca admitiria, mas Hermione tinha certeza absoluta que na mente da garota não havia feitiços ou poção alguma, poderia apostar com qualquer um que certo corvinal de cabelos negros preenchia todos seus pensamentos.
Hermione riu e retomou seu trabalho, o que meio minuto depois pareceu ser algo inútil, já que Rony sentou-se ao seu lado, jogando-lhe um papel dobrado.
– O que? – Hermione perguntou e leu o que lhe parecia ser um convite.
Para a Festa dos Desejos está convidado
Poções e venenos nunca estiveram tão perto
Prove ou não do veneno adulterado
Desperte através dum sentimento incerto
Encontre em si anjo culpado ou demônio ousado
Entretanto, não ouse tomar do arrependimento
Após a insanidade a noite é asfixiante
Berço do bem e do mal, de qualquer findável encantamento
Escolha seu frasco embebido na doce luz bruxuleante
E nunca diga não à tão doce evento.
– Rony, o que é isso exatamente? – Hermione contestou prestando atenção aos versos.
– É uma festa clandestina, ouvi falar que alguns lufanos e corvinais estão organizando. Uma menininha do segundo ano me entregou hoje cedo. Pensei que você tivesse recebido também.
– Ah! – Hermione exclamou entregando o convite roxo de volta a Rony. – Não recebi, mas, de qualquer modo, não parece ser uma festa muito... segura.
– Na verdade, Srta. Granger, é totalmente segura – uma voz falou atrás dela.
Hermione antes mesmo de virar o rosto sabia quem era. Deu de cara com um Anthony despenteado e com um sorriso maroto. O garoto deixou que um outro convite roxo caísse sobre a mesa.
– Eu não a vi cedo, adivinhei que estivesse na biblioteca, mais uma vez.
– Certo, mas talvez, Sr. Wolhein, você devesse saber que não tenho tempo para ir à festa alguma.
– Desconte do tempo que vem até aqui. Estudar tanto vai te matar, Granger, é sério! – Anthony murmurou lançando a ela um olhar falsamente preocupado.
– Como diabos consegue ter notas tão altas e ainda assim ser tão...
– Lindo? Perfeito? Irresistível?
– Presunçoso!
Rony, que estivera até o presente momento quieto e com uma carranca em razão da presença do Anthony, soltou um muxoxo de descaso, fingindo ojeriza.
– Incomodado, cenoura?
– Não comecem você dois! – Hermione pôs-se entre os dois e puxou Rony consigo. – Não tenho tempo para isso, tampouco quero encontrar anjos ou demônios, dê esse convite a alguém mais interessante.
E com isso a garota deixou Anthony atônico para trás, perdido entre a vontade de ir junto com ela para convencê-la e, ao mesmo tempo, quase cedendo ao desejo de estuporar o ruivo com ela.
– Ignore o Weasley – Lucy falou, pegando o convite que Hermione deixara na mesa. – Eu a convencerei, ou Draco, tanto faz... Ele só irá se ela for também.
O corvinal sorriu, prestando atenção na garota.
– Está diferente, Lucy... – ele murmurou – parece feliz.
– Talvez esteja vendo coisas demais, lobo.
– Não me chame assim! – Anthony brigou, abaixando sua voz o máximo que pode.
Lobo, Lobo, Lobo!
– Lucy!
A loira riu e enquanto ele exibia uma face colérica, puxou sua mochila e saiu dali, dando-lhe uma piscadela divertida.

***

Hermione tirava seu livro de poções da bolsa enquanto via um Harry furioso entrar na sala, Rony vinha atrás calmo e a garota poderia jurar que vira curiosidade no rosto do ruivo, com certeza ele sabia tanto quanto ela sobre o estado do moreno.
Eles vieram diretamente até a mesa dela e Hermione ia logo perguntar o que acontecera se não fosse Snape ter entrado na sala.
– Abram seus livros na página 297 – Snape dissera secamente.
No alto da página Hermione pôde ler perfeitamente o tema da aula: Poções do Sono.
Nas próximas páginas variadas poções eram citadas, algumas temporárias, simples e fracas, algumas curativas e outras permanentes, proibidas e realmente perigosas.
– Alguém reconhece essa poção?
Hermione fitou a poção numa mesinha perto dela, não havia fumaça alguma, apenas um líquido azul cobalto, que brilhava intensamente, uma fragrância fraca e doce era exalada e Hermione sentiu-se levemente tonta. Reconhecia a poção, não tinha duvidas de qual era e, assim, sua mão foi ao ar, mas era óbvio que Snape a ignoraria.
E como pensou, ele fez exatamente isso.
– Sr. Malfoy? Pode me dizer que poção é essa?
Draco, que antes fazia algumas anotações, levantou o rosto, dando de cara com uma Hermione aborrecida, virou a face e fitou a poção rapidamente.
– Poção Dormientem, senhor.
– E para que ela serve?
– Para adormecer, obviamente. Uma gota dessa poção e toda a força vital será drenada, reduzida à metade e a pessoa dorme por longos anos, até hoje nunca foi registrado ninguém que tenha despertado após entornar essa poção.
– Dez pontos para sonserina – Snape falou satisfeito e virou-se para os outros alunos.
“Essa poção foi feita por uma bruxa no século XIII, Thaleia Dornröschen era seu nome. Alguns historiadores dizem que ela, por causa da poção, ficou adormecida por cerca de oitenta anos, e sua história deu origem a algumas versões de um conto trouxa que agora não me recordo o nome.
Snape conhecer contos de fadas trouxas? Isso pareceu um absurdo a Hermione, mas ela escondeu o máximo que pode sua surpresa. O líquido azulado ainda a deixava nauseada e o brilho era tão belo quanto um luar. E o perigo que aquilo reservava era até mesmo sedutor para ela, dormir até a morte, sair de toda aquela guerra e não ser a tão extraordinária Guardiã, mas sim a Bela Adormecida.
– Hermione! – a voz de Rony soou urgente.
– Ah, o que foi, Rony? – ela sussurrou para o amigo.
– Você parece... estranha, estava fazendo umas caretas e não me ouvia.
Hermione piscou os olhos não compreendendo o amigo, não estava estranha, estava apenas fitando a poção Dormientem, sua luz brilhante e mágica, imaginando como seria prová-la... Não estava fazendo caretas, não mesmo.
Imaginou por que uma poção tão perigosa estava ali, sendo ensinada num livro do 6º ano. Coisas tão perigosas não deveriam estar nas mãos de adolescentes tão descuidados e idiotas... Então algo lhe ocorreu. Tinha um livro perigoso também sobre a Pedra do Destino, mas e se houvesse mais informações em outros livros? Praticamente varrera a biblioteca e pouco encontrara, mas e se os livros úteis estivessem na seção restrita?
Obviamente nenhum professor iria dar-lhe autorização para retirar algum volume de lá. Não a ela que já era uma suspeita, já tinha a ficha suja na escola, detenções, fugas para o ministério, desrespeito às regras... E desta vez Lockhart não estava ali para dar uma autorização à Harry, nunca haveria um professor tão descuidado quanto ele.
Ficou então tentando achar uma solução para aquilo e mal prestou atenção à aula. Snape os mandou fazer uma poção simples e Hermione a fez perfeitamente como sempre, no entanto, nenhum ponto lhe foi dado por isso.
Saiu tão apressada da sala que não percebeu Draco demorar-se ali enquanto todos saiam e Snape terminava de arrumar os ingredientes em seu armário.
“Preciso pensar em como roubar um livro da Seção restrita. E pensar que um dia eu zelei pela minha ficha limpa em Hogwarts...”


***

22 de fevereiro, sábado

As capas velhas pareciam tenebrosas, assustavam-na tanto quanto a escuridão da biblioteca proibida. Uma estranha sensação preenchia seu ser, mas o medo não a impedia de continuar sua busca. Era impelida pelo impulso de saber mais sobre aquela maldita pedra.
Apontou sua varinha para a estante e pôde ler alguns títulos, eram todos livros antigos, datados de um tempo incerto. No entanto, emanavam magia pura e tão poderosa que Hermione tinha absoluta certeza que seu conteúdo era avançado demais para uma mera garota de dezessete anos.
Puxou um livro, abriu-o e correu os olhos pelas palavras ainda nítidas. Não era o que ela queria. Puxou outro. Nada. Estava quase tocando num volume de capa negra quando ouviu um ruído.
“Nox” murmurou e seus olhos encontraram a penumbra. “Merda, deveria ter pedido a capa de Harry emprestada!” pensou consigo mesma, xingando-se mentalmente por sua burrice.
Saiu em passos silenciosos dali, sabendo que seria inútil continuar sua procura. Alguém a veria, e perguntas incômodas surgiriam. Fechou a porta calmamente, evitando barulhos e assim que se virou para o corredor, reprimiu um grito, alguém tampou sua boca com a mão e fora empurrada contra a parede com uma violência repentina.
– Você tem o direito de permanecer calada, Granger! – uma voz zombeteira falou e Hermione percebeu o sorriso presunçoso de Draco Malfoy.
– Seu maldito! – Hermione falou com raiva, tentando controlar seu tom de voz o máximo que podia. Bateu nele com força e os braços dele não demoraram a segurá-la firmemente.
– Silêncio, quer uma detenção?
– Sou uma monitora, sua serpente nojenta!
– Uma monitora que estava na seção restrita à noite e no escuro.
Isso a calou. Maldito!
– O que estava fazendo lá?
– Olhando os livros!?
– Tenho cara de idiota?
– Quer uma resposta sincera?
– Olhe aqui Granger, você estava numa área proibida e até onde sei, sempre que infringe as regras é por causa do Potter ou do Weasley e...
– Sonserinos ignoram regras, por que diabos eu fazer isso é tão importante? – Hermione dissera sentindo uma crescente raiva por Draco.
– Você não é uma sonserina.
– E você não é meu pai, então me deixa em paz!
Ela tentou em vão fugir dali, mas Draco a impediu, segurando-a ainda e com a face perto demais da dela.
– O que estava fazendo lá?
– Já disse uma vez, Malfoy. Repito: Não estou procurando nada importante, só queria dar uma olhada nos livros!
– Precisa relaxar sabe? Anda estressada demais, por Merlin!
– Por que isso lhe importa? É minha vida, meu estresse. Não entendo no que isso diz respeito a um sonserino idiota!
– Ok, mas você ter invadido a Seção Restrita talvez seja do interesse de algum professor ou até mesmo de Madame Pince e eu, como um monitor respeitável, teria que reportar isso à nossa ilustre bibliotecária.
A voz de Draco era totalmente teatral e seu sarcasmo escorria pela sua boca como veneno de basilisco.
– Draco! Não brinque comigo, você já quebrou muitas regras, mais do que eu posso sonhar um dia, não faça isso...
– Mas eu preciso, sabe o quanto quero ser monitor-chefe, minha querida?
– Eu faço o que você quiser por um dia inteiro.
– Que tal por uma noite inteira?
– Vá à merda, Malfoy!
– Hey, acalme-se! Estava falando sobre a festa, sua pervertida! Vá e eu não faço nada.
– Sem chances. Vamos, Malfoy, eu faço um trabalho para você, que tal o de História da Magia?
– Que tal a festa?
– Eu não vou a essa festa, Malfoy. As chances de que isso aconteça são nulas, inexistentes! Ouviu bem?



***


22 de Fevereiro, Domingo


– Maldito sonserino, filho de uma... – Hermione ia murmurando consigo e olhou para os lados, aflita.
“Eu deveria ter encarnado a Hermione de 11 anos, certinha, chata e inteligente. Onde diabos fora parar meu juízo? Por que diabos fui cair na chantagem do Malfoy? Por que, Merlin?”
Se algum professor a encontrasse estaria frita. E ainda assim entrou na sala precisa.
Ficou abismada com a barulheira da festa. A sala precisa parecia ser tudo, menos Hogwarts. Havia um lustre gigante no centro da sala e velas flutuavam no teto. Luzes multicoloridas dançavam pelas paredes e caiam sobre os adolescentes, sobre o chão, sobre todo o salão. Vermelho. Anil. Violeta. Verde. As cores se movimentavam juntas, nunca se misturando e tampouco desviando de suas trajetórias. Algumas garotas dançavam no centro do salão, girando seus corpos de forma rápida, desengonçada e sensual, estimuladas a dançarem por um grupo de sonserinos, que as impeliam a isso e as comiam com os olhos, despindo-as daqueles vestidos ousados em suas mentes pervertidas.
A música alta enchia os ouvidos de qualquer um, letras sem nexo, berradas por algum vocalista à beira da insanidade e acompanhada por instrumentos barulhentos. A banda fazia Hermione recordar-se das Esquisitonas e do baile de inverno. Mas ali não havia professor algum para impedir nada ou para controlar adolescentes à flor da pele.
We are miserable (Nós estamos tristes)
You are drivin' me insane (Está dirigindo-me louco)
This could be your sick love song (Este poderia ser a sua insana música romântica)
This could be your sign that things are going wrong (Este poderia ser o sinal de que as coisas vão mal)
This could be your sick love song (Este poderia ser a sua insana música romântica)
Sick love song (Insana música romântica)
Sick love song (Insana música romântica)

– Hey gatinha! – alguém gritou em meio à multidão e apareceu à frente de Hermione.
Lucy sorria como se fosse a pessoa mais feliz do mundo. E trazia consigo um copo quase vazio. Wiskey, Hermione pensou.
A sonserina vestia uma saia negra e uma camisa branca justa, com os primeiros botões abertos e um quinhão do sutiã negro exposto, usava também uma jaqueta jeans por cima da roupa. Os cabelos loiros estavam bagunçados dando a impressão de que acabara de agarrar-se com alguém.
– Viu Wolhein? – Lucy contestou-a bebericando a bebida.
– Não, eu acabei de chegar – Hermione respondeu olhando à sua volta, tentando reconhecer alguém em meio a tantas pessoas.
“Como diabos colocaram tantas pessoas aqui sem os professores perceberem?”
– Draco ainda não chegou – Lucy falou divertida. – Sei que o procura e, francamente, não tente ir embora antes dele a ver. Se fizer isso com certeza ele irá denunciá-la a Snape.
Hermione bufou irritada, se soubesse que um simples livro causaria isso, nunca teria invadido a seção restrita na noite anterior.
– Por que ele não aparece logo então? – a grifinória contestou a sonserina.
– Porque está na guarda. Só entrará aqui na metade da festa.
– Guarda?! – Hermione perguntou não entendendo.
– Tem cinco caras lá fora guardando os corredores. Draco é um monitor, perfeito para o cargo. Ele ajudou nos feitiços para evitar que o barulho saia dessa sala e também colocou feitiços nos corredores, assim os professores podem ser confundidos. Um cara da Corvinal pediu esse favor a Draco e é óbvio que o pequeno Malfoy vai aproveitar muito bem isso quando exigir sua parte no trato.
– O que Draco irá pedir?
– Não faço ideia... Ainda.
Lucy percebeu uma cabeleira negra e alta no outro lado do salão e disse algo a Hermione, voltando a procurar Anthony.
A castanha ficou estranhamente sozinha no meio da horda de jovens. Os cachos castanhos não mais existiam, e sem eles, seus cabelos pareciam maiores e ondulados. Vestia um casaquinho negro por cima de uma blusa rosada decotada, o que a deixava embaraçada. Odiava expor seu corpo com roupas mais ousadas, sentia os olhares sobre ela, sobre seu corpo.
Olhou novamente para o salão e aproximou-se de uma bancada. Havia dezenas de frasquinhos com líquidos coloridos, todos embaixo de uma forte luz roxa, o que a fez lembrar-se dos versos do convite. Numa plaquinha lia-se “Poções ou venenos. Qual sua escolha?”.
A grifinória não fazia ideia do que aconteceria caso alguém tomasse uma das poções, ocorreu-lhe que aquilo era uma brincadeira de péssimo gosto e imaginou quem fora a mente doentia que inventara.
– Gostou? – uma voz atrás de si se manifestou.
Virou-se para ficar quem era e reconheceu Anthony. Abriu a boca num perfeito “O”. Ele nunca lhe parecera tão irresistível. “Foco, Hermione Granger! Até o final dessa noite ele será o namorado da Lucy!”, pensou lembrando-se do dia anterior, quando o corvinal lhe dissera isso.
– Eu que tive a ideia. – Anthony falou e pegou um dos frascos, o qual trazia um líquido esverdeado.
“Haha, era óbvio que isso tinha a mão de Wolhein” Hermione pensara. “Quem mais teria a estúpida ideia de envenenar alguém?”
– Não pegue nenhum frasco rosa ou azul. – Tony dissera divertido e deu uma piscadela. – Viu Lucy?
– Er... Estava procurando por você. Tire a bebida dela, Tony. E boa sorte! – Hermione falou rindo e o viu afastar-se.
Sozinha novamente Hermione pensou no que ele disse sobre os frascos. Não pegue o azul nem o rosa... Não pegue... Mas que droga! Ela não fazia ideia do que ele quis dizer, poderia ser a verdade, mas também poderia ser uma mentira, visto a picadela. Maldito!
Pegou então, teimosamente, o frasco azul e o guardou no bolso.
– Aquela é a Granger? – ouviu um garoto dizer para um amigo e sentiu-se constrangida, saiu dali e foi direto para o balcão cheio de cerveja amanteigada.
Estava quase lá quando trombou com alguém.
– Desculp... – começara a dizer e viu dois pares de olhos castanhos.
Os cabelos cor de fogo da garota estavam lindos e lisos, como sempre, mas algo nela estava diferente. Gina Weasley parecia mais mulher do que qualquer outra garota ali.
A ruiva limitou-se a olhar rapidamente para Hermione e, depois, saiu dali, com Lilá e outra garota quintanista.
Hermione sentiu falta de sua melhor amiga e culpou Harry por isso. Sabia perfeitamente que o amigo fora estúpido ao dizer que a amava ainda. A cena na sala precisa ainda estava intacta em sua memória e não se desvaneceria tão cedo. Harry vira suas memórias, Gina odiava vê-los juntos e agora, pelo o que sabia, ela e Harry estavam dando um tempo.
Harry... Outro que ela não vira ainda na festa. E Rony. Deveria ter vindo com eles, mas insistira tanto que não iria à festa que isso a deixara envergonhada, fora o fato de ter vindo só por causa de Malfoy e suas chantagens ridículas.
Pegou uma cerveja amanteigada e a entornou, sentindo-se sozinha. Anthony procurava Lucy e ela, a ele. Gina resolvera ignorá-la. Harry e Rony estavam sumidos e Draco... não estava ali, por mais que negasse, se pelo menos o sonserino estivesse ali, se sentiria melhor.
Hermione então se forçou a prestar atenção à canção que uma garota do sétimo ano cantava, enquanto continuava a procurar alguém interessante. “Harry e Rony, apareçam droga!”

Draco sorriu, o tipo de sorriso que nunca presenteava a ninguém, somente a ela. Entre as luzes frenéticas Hermione conversava com o Potter e o Weasley, mas ela estava tão linda que o sonserino mal percebeu a presença dos amigos dela. Somente se deu conta deles quando estava quase perto de Hermione.
Esquivou-se e simplesmente a olhou fixamente, desejando que ela o visse e também sorrisse, mas ela não o fez. Duas garotas pararam ao seu lado e ofereceram um wiskey de fogo, o qual o loiro negou. Não queria beber ainda, tampouco corresponder à malícia nos olhos daquelas duas.
– Hey, você! – Draco chamou uma garotinha morena e ela arregalou os olhos, mal acreditando que Draco Malfoy estava falando com ela. – Pode me fazer um favor?
A menina balançou a cabeça, assentindo rapidamente.
– Conhece Hermione Granger? – ela afirmou. – Sem que o Potter e o Weasley ouçam, diga a ela para ir até... o balcão de poções. Pode fazer isso?
A garota disse que sim e, somente o fato de ter trocado meias palavras com o loiro, sua noite animou-se consideravelmente.
Os lábios de Draco se curvaram, exibindo um sorriso presunçoso e deveras malicioso. Hermione ainda era tola, tanto quanto no dia em que a conhecera e a desprezara.

“Maldito” ela pensou pela enésima vez, se dirigindo até o outro lado do salão, trombando nas pessoas e desejando estar longe dali o mais rápido possível. Parecia impossível chegar até onde Draco a chamara, não com tantas pessoas barrando seu caminho. Fora então que sentiu uma mão puxá-la para um canto e quando percebeu Draco segurava sua mão direita e a puxava para o meio da pista de dança.
– O que pensa que está fazendo, Malfoy?
– Dançando, faz bem à saúde e você deveria tentar isso também...
Granger fechou a cara, traçando planos na sua mente para se livrar dele, o que incluía torturas, azarações e uma morte lenta e dolorosa.
– Me solte! – ela disse baixo, evitando chamar a atenção dos outros. – Eu vim, como pediu, agora me deixa em paz?
– Agora que a festa está começando? Não mesmo, minha pequena.
Draco segurou firmemente suas mãos e a forçou a dançar no ritmo da música animada.
Ela poderia muito bem ter o empurrado e fugido daqui, mas evitá-lo mais só atrairia problemas. Ia contra si mesma a cada instante perto dele e odiava-se por isso. O que Draco queria? Desejava quebrar seu coração novamente? Transformá-lo em pó?
– Não irá dizer o que estava fazendo na seção restrita, irá? – Draco dissera baixo, as íris cinzentas sobre as castanhas, a boca fina a poucos centímetros dos lábios da grifinória.
Hermione fitou-o completamente hesitante, queria muito dizer tudo a Draco, toda a verdade sobre sua condição, sobre sua sina... Mas ele entenderia? O que isso iria trazer de bom a ele? Draco fora um completo canalha semanas atrás, antes do natal. Usou-a como a um lixo e agora parecia tentar recuperar o que perdera. Até onde sua sinceridade ia? Estaria ele arrependido ou queria apenas se divertir mais?
– Não, Draco. Não posso, nem quero dizer nada. Assuntos restritos... Apenas pessoas confiáveis sabem, entende?
O sonserino olhou para Hermione duramente, estava indiferente, mas o olhar magoado o denunciava. Draco prensou ainda mais o corpo de Hermione sobre o dele e deixou sua face descansar no pescoço da garota. Uma leve fragrância adocicada estava impregnada nos cabelos castanhos e isso o anestesiava. Os lábios dele tocaram levemente a pele pálida dela.
– Aposto que está tramando algo, Srta. Granger, mas o quão complicado isso é para você ter que invadir uma biblioteca? – sussurrou, provocando-a em cada palavra.
Imediatamente a lembrança veio à mente de Hermione e ela fechou os olhos, sendo absorvida totalmente no encanto da serpente.
Aquilo a fez rir, lembrar-se da noite passada e do que dissera era algo engraçado, somente Draco conseguia curvá-la, fazê-la ir contra si mesma.
Sentia o cheiro dele impregnar em sua própria pele e tentou em vão afastar-se, mas ele não iria se separar tão cedo dela.

***

Lucy, tentou levantar-se, mas quase escorregou, Anthony a amparou rapidamente e seus lábios ficaram tão próximos que ele pode sentir o cheiro de álcool impregnado na sonserina.
Os olhos castanhos claros estavam fixados nos castanhos escuros dele e pela primeira vez Lucy percebeu que não estavam tão negros, como de costume.
– Lucy, eu...
Ele principiou, sendo incapaz de achar as palavras que tanto treinara. Lucy poderia ser pequena e toda menininha, mas ele tinha absoluta certeza de que aquela era apenas sua casca. A garota era mais forte e mais intimidante do que as outras, então como confessar a ela o que sentia? Como convencer Lucy a namorar com ele?
– Lucy, eu te a...
Boom!
Algo explodira no meio do salão e todos os olhos caíram sobre um garoto quintanista, todo cheio de fuligem, ele fizera uma bagunça descomunal e agora o salão estava um alvoroço. Meninas queriam esganá-lo por sujarem seus vestidos e alguns garotos apenas riam, aumentando os desastres mais ainda.
– Merda! – Anthony deixou escapar e fez com que Lucy se sentasse novamente no balcão. – Não saia daqui e não beba mais nada. Entendeu?
Lucy sorriu e não respondeu, quando percebeu Anthony já havia sumido em meio ao tumulto.
– Não acha chato seu namorado te abandonar assim? No meio da festa? – uma nova voz dissera.
– Dê o fora, Zabini. – Lucy falou entre dentes e pediu outro wiskey de fogo, ignorando o aviso de Anthony.
– Por que eu faria isso? – o sonserino falou com a mão no queixo dela e a puxando mais para si.
Lucy limitou-se a tentar empurrá-lo, mas não foi isso que a livrou dos braços de Zabini. Alguém o empurrou e todo o seu wiskey caiu em seu vestido.
– Desculpa aí... Está uma confusão essa sala... – Ronald Weasley murmurou despreocupado.
– Olhe o que fez seu grifinório sujo! – Lucy gritou com raiva e desejou amaldiçoar o ruivo ali mesmo, no entanto saiu dali batendo os pés, sentindo um ódio puro.
A garota alcançou a porta da sala precisa e dando um ultimo olhar para a festa, saiu dali. Queria muito ficar lá por Anthony, mas estava toda suja e manchada de bebida, se ali ficasse, pagaria um mico enorme. Entrou na primeira sala que encontrou e bateu a porta, mal se lembrando que o barulho poderia denunciá-la.
Tirou a jaqueta toda molhada e jogou num canto, abriu os botões da camisa um por um e, cinco segundos depois, a porta fora aberta. Lucy se preparou para uma detenção.
Virou-se. A sua frente estava Rony Weasley.
– Saia daqui seu traidor do sangue nojento, não basta me sujar inteira? Precisa vir aqui zombar de mim? Já me tirou da festa, já acabou com todas as minhas chances de ter uma noite divertida, agora o que quer?
Para sua surpresa ele não respondeu, os olhos azulados dele estavam fixos nela e em sua blusa aberta. Lucy percebeu isso claramente, mas não fez nada, pelo contrário, apenas riu do embaraço dele e se aproximou perigosamente.
Humilhar o Weasley ia ser mais divertido do que ficar gritando com as paredes.
– O que foi, Weasley? Perdeu algo? – dissera provocante e sorrindo maliciosa.
Rony recuou até a parede, evitando o contato com ela.
– Eu joguei a bebida em você, admito, mas eu não queria isso. Zabini colocou algo dentro do seu copo e eu...
– Acha que preto fica bem em mim? – Lucy contestou ignorando o que Rony dizia.
A loira limitou-se a arrancar a camisa branca e seus seios ficaram expostos com apenas o sutiã negro.
A boca de Rony caiu e ele ficou apenas fitando-a, as palavras estavam perdidas na sua garganta e seu juízo fora dar um longo passeio. Odiou a si mesmo por não ter forças para sumir dali.
Quanto a Lucy, ela estava amando a brincadeira e aproximou-se mais de Rony. Ele escapou novamente, mas ao dar um passo para o lado acabou caindo numa cadeira e Lucy aproveitou a deixa, sentando-se no colo do grifinório.
Se alguém dissesse a ela o que estava fazendo, nunca acreditaria.
A Lucy sóbria iria matar-se antes que pudesse tocar em um grifinório, mas lá estava ela, bêbada e provocando uma cenoura ambulante.
– Você gosta disso? – Lucy perguntou e beijou levemente os lábios do ruivo.
Não fazia ideia do por que estava brigando com ele antes, aquilo parecia tão bom. Não havia motivos para gritos, Ronald poderia ser um tapado a maior parte do tempo, mas dissera coisas legais a ela, certa vez. E ele nunca lhe pareceu tão quente quanto naquele momento.
– Lucy... talvez isso... esteja errado... – Rony tentou dizer entre os beijos da sonserina. – Eu e você... não somos para... ser.
Shiiiu – Lucy disse, os lábios rosados sorriram – Nada na minha vida é certo, Weasley, agora cale a boca e me beija.
Então Rony cedeu, incapaz de resistir mais às pernas da garota enroladas em sua cintura, tocou sua coxa, por baixo da saia negra e aprofundou o beijo, excitando-a.
A lascívia ardia dentro dele, sentia seu corpo pulsar de desejo, beijava o pescoço alvo da garota, maravilhado. Lucy arrancou sua camisa com urgência e ele gemeu baixo quando sentiu as unhas dela cravarem-se em sua pele. Rony deixou seus dedos deslizarem pelo corpo dela, sentindo sua pele lisa e delicada.
Lucy estava entregue à insanidade, mas Rony ainda não. Poderiam ambos estarem anestesiados peça bebida, mas uma ponta de consciência ainda existia no grifinório.
“Ela só tem 15 anos” Rony pensou e por isso afastou-se dos lábios rosados.
Lucy encarou-o estupefata, o que diabos ele estava fazendo?
– Você me odeia, Moore. E eu posso ser um idiota, mas nunca seria como Zabini.
E se não houvesse nenhuma luz
Nada errado, nada certo
O ruivo agora evitava fitá-la. Afastando-se dela vestiu novamente sua camisa, botão a botão, enquanto a sonserina permanecia muda. Pegou estão as roupas dela e entregou a Lucy.
Os orbes castanhos o fitavam, magoados e confusos.
– Você disse que... – Lucy começou a dizer, totalmente desconcertada. – Disse que me ajudaria, Weasley.
E se você decidir
Que você não me quer ao seu lado?
Rony olhou-a desconfiado, mas ali estava somente uma menina, não a arrogante Lucy Moore. Respirou fundo, sentindo-se incapaz de fazer qualquer coisa que a auxiliasse, mas sabendo que talvez, com sorte, poderia fazer algo.
– Eu disse – Rony murmurou – mas que tal vestir suas roupas antes de me falar seus problemas?
A sonserina piscou os olhos e quase, por pouco, sorriu.
– Vai me julgar uma sonserina sanguinária?
– Quem sabe... É uma opinião que eu geralmente tenho sobre você.
Lucy conseguiu com esforço vestir sua camisa corretamente e hesitou. Um resquício de lucidez brilhou nela e sentiu-se também cansada.
– Amanhã, Weasley... amanhã talvez eu te conte algo, sabe como é, né? Sonserinos tem segredos demais.
E levantou-se trôpega, quase caindo no chão se Rony não a segurasse.
– Acho que parar de beber resolveria boa parte da sua vida, Moore.

***

– Estou pensando em algo realmente interessante... – Draco sussurrou e antes que Hermione pudesse responder, ele puxou-a pela mão.
– Draco, não! – dissera tentando se soltar.
Mas fora inevitável, quando deu por si, estava já em cima do palco e Draco ria. Aquele maldito a empurrara até ali, apenas para vê-la pagar um mico. Alguém entregara um microfone a ela e pela primeira vez em semanas Hermione sentia-se fraca.
Onde eu me meti?
– Ãh, eu – ela começara a dizer e sentia a face esquentar cada vez mais, todos a olhavam, exatamente o tipo de atenção da qual tentara escapar toda a noite.
Foco, Hermione Granger. Você é uma bruxa poderosa e lendária, agora seja esperta e... Se vingue do Malfoy!
– Eu queria dizer o quanto essa festa está sendo fabulosa e é claro, divertida. E estive pensando numa forma de torná-la inesquecível! Na ultima festa de Halloween eu cantei a vocês e fazer isso novamente não seria original.
– Mas todos amariam! – Draco gritou e a multidão fez coro ao sonserino.
Hermione o amaldiçoou profundamente naquele momento.
– Vocês querem uma canção, mas querem uma de Hermione Granger ou uma de Draco Malfoy?
A sala inteira se surpreendeu com as últimas palavras da grifinória.
– Ele está ao meu lado, bem embaixo do palco e disse-me agora mesmo o quanto iria amar cantar algo hoje.
Draco a olhou com fogo nos olhos de tanta raiva que sentia dela naquele momento.
– A questão é: Draco estava brincando comigo ou irá ter coragem para subir aqui? Afinal, alguém tão audacioso negaria uma simples canção?
Hermione o provocou, lançando a este um olhar divertido e provocante. Draco exibia uma expressão cética, como ela se atrevia a inverter os papéis? Ela deveria cantar, ela era quem gostava de fazer isso, não ele.
Ela queria brincar? Pois não iria perder aquele jogo tão cedo. Subiu no palco e aproximou-se perigosamente de Hermione.
– Se não tem coragem para cantar alguns versos, Granger, não jogue isso nas costas de um sonserino – dissera para provocá-la e essa simples aproximação causou arrepios na garota.
– Eu tenho coragem de sobra para cantar qualquer coisa, Malfoy! – Hermione gritou com raiva e se irritou ao ver um sorriso escapar dos lábios dele.
– Prove.
Hermione o olhou furiosa. “Foda-se”, pensou, “já fiz isso antes!”
Roubou o microfone do sonserino e respirou pesadamente, puxando o ar com força e o soltando. Lançou um olhar rápido para Draco e colou seu corpo levemente no dele, mantendo o contato com os olhos cinzentos e surpresos. Sua voz ecoou pela sala, visto que o silêncio se abatera sobre o lugar instantaneamente.
Birds flying high, you know how I feel (Pássaros voando alto, vocês sabem como eu me sinto)
Sun in the sky, you know how I feel (Sol no céu, você sabe como eu me sinto)
Reeds drifting on by, you know how I feel (Bambus balançando sozinhos, vocês sabem como eu me sinto)
It’s a new dawn, it's a new day, it’s a new life for me (É um novo amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
It’s a new dawn, it's a new day, it’s a new life for me (É um novo amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
And I'm feeling good (E eu estou me sentindo bem)

A voz de Hermione soava aguda, angelical e completamente doce, possuía certa nobreza e manhas de uma mulher dona de si e sua atitude independente e sensual comprovava mais ainda sua classe, seu poder.
Assim que cantou o último verso, empurrou Draco com uma leveza e singelo desdenhar, jogando-o alguns metros para longe. Agitou então sua varinha e alguns instrumentos ali perto começaram a tocar uma melodia animada.

Fish in the sea, you know how I feel (Peixe no mar, você sabe como eu me sinto)
River running free, you know how I feel (Rio correndo solto, você sabe como eu me sinto)
Blossom in the trees, you know how I feel (Flores nas árvores, vocês sabem como eu me sinto)
It's a new dawn, it’s a new day, it's a new life for me (É um novo amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
And I'm feeling good (E eu estou me sentindo bem)

Hermione piscou para os garotos perto dela e deixou um sorriso escapar, estava anestesiada e não fazia ideia de como conseguia cantar na frente de tantos. Tirou seu casaco lentamente, com classe, de maneira provocante, deixando metade de sua platéia excitada com a nova Hermione.
Ela não era mais a sabe-tudo, para Draco, aquela era a garota que o machucara nas últimas semanas, a Hermione cruel e sanguinária. E toda aquela atitude o deixava morrendo de ciúmes.
– Tira mais! – um corvinal gritou e Draco agitou sua varinha discretamente, fazendo com que o garoto caísse no chão.
“Babaca” pensou com raiva.

Dragonflies all out in the sun (Libélulas todas soltas no sol)
You know what I mean, don't you know (Vocês sabem o que quero dizer, você não sabem?)
Butterflies are all having fun (Borboletas todas se divertindo)
You know what I mean (Vocês sabem o que quero dizer)
Sleep in peace when the day is done, that's what I mean (Dormir em paz, quando o dia está terminado, isso é o que quero dizer)
And this old world is new world and a bold world for me (E esse velho mundo é um novo mundo e um mundo ousado para mim)

A grifinória fitou Draco e o olhar dele era tão intenso que se sentiu desnudada. Seu decote era evidente, mas perto dele, tudo era mais intenso. Poderia sentir-se intimidada perto dos outros, mas aquele sonserino a destruía completamente, afastava toda a sua segurança. No entanto não seria fraca, não dessa vez.

Stars when you shine, you know how I feel (As estrelas quando brilham, vocês sabem como eu me sinto)
Scent of the pine, you know how I feel (O aroma do pinheiro, você sabe como eu me sinto)
Freedom is my life (Liberdade é minha vida)
And you know how I feel (E você sabe como eu me sinto)
It’s a new dawn, it’s a new day, it’s a new life for me (É um novo amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
It’s a new dawn, it’s a new day, it’s a new life for me (É um novo amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
And I'm feeling good (E eu estou me sentindo bem)

Hermione sorriu e assim que abandonou o microfone voou diretamente para Draco. Ele a fitou com interesse e parecia maravilhado com ela.
– O que fez com Hermione Granger? – contestou-a divertido.
– Muitas coisas aconteceram a Hermione Granger, Malfoy – Hermione respondeu dando de ombros e rindo. – Vou pegar algo para beber, estou com sede.
– Eu pego – Draco dissera indo direto para o onde alguns sonserinos bebiam.
Um garoto do sétimo ano preparava alguns drinks enquanto conversava animado com duas meninas da corvinal. Draco pegou a bebida mais fraca que achou somente pelo fato de álcool e Hermione serem uma combinação perigosa.
– Não comece a me culpar, Parkinson. Não posso ser mais inútil do que você, sabe bem disso! – uma voz raivosa dissera atraindo o olhar de Draco.
Zabini estava praticamente gritando com Pansy em meio a toda a barulheira do salão. A sonserina mantinha sua arrogância e levantou a cabeça numa clara alusão à sua superioridade sobre o outro.
– Você faz tudo errado, meus planos dão certos, são perfeitos, mas Zabini, você é quem nunca os entende!
– Realmente, nunca há falhas no que você planeja... Merlin! Você é um gênio Pansy! Mas quantas vezes o Draco te usou mesmo?
– Ele não me usou!
– Cara, ele te trocou por uma sangue-ruim, sabe o que é isso? É ridículo, humilhante, nojento!
– Olhe o que diz! Está correndo atrás de uma mestiçazinha metida a sonserina, quem é você para me julgar? Se Moore um dia sequer olhar para você considere-se um sortudo.
– Cala a boca, sua maldita! – Zabini gritou com raiva, indo para cima da garota.
– Hey! Calminha aí! – Draco postou-se entre os dois, encarando o amigo com suas íris cinzentas e autoritárias. – Não ouse tocá-la.
– Que emocionante, o traidor voltou para defender a amante nojenta, a Granger não é suficiente, Malfoy?
– Ouça aqui, Zabini, eu nunca ousaria atacá-lo, mas se abrir a boca mais uma vez para...
– Saia daqui, Malfoy! Ninguém o chamou. – uma voz atrás do sonserino falou e para surpresa de Draco, esta pertencia a Pansy.
O loiro virou-se e a fitou desconcertado. Estaria Pansy louca?
– Você é só um maldito amante de sangue-ruins, não preciso que tente me defender ou algo do tipo, vá dar uma de herói com aquela maldita grifinória, talvez assim ela volta a abrir as pernas para você.
Draco sentiu uma repentina onda de raiva e instintivamente puxou sua varinha. A ponta da mesma tocou o pescoço alvo da sonserina e ela engoliu em seco, exibindo um nítido e palpável medo.
– Lave suas palavras para falar de Hermione. Ela não é você, Parkinson, e não tem metade de sua fama de vadia. Quem é você para falar dela? – Draco dissera com ódio no olhar, esquecendo-se completamente do mundo, da suposta festa e de todos os jovens ali.
Theodore veio até eles ao ver que Zabini não faria nada e, assim, meteu-se entre os dois, puxando Draco para longe de Pansy.
Uma fina lágrima deslizou pelo rosto da sonserina e antes que fizesse alguma besteira, Draco saiu dali em passos largos, ignorando qualquer um em seu caminho.
Uma ruptura acontecera.
Ele já não conseguia medir as consequências de seus atos.
Sabia sim desde o começo o que aconteceria.
Defender Hermione era ir contra todos os seus amigos, sua família. Para defendê-la passava por cima dos próprios conceitos.
E se eu comecei errado
E nenhum poema ou canção pudesse consertar isso
Ou te fazer sentir que eu pertenço a você?
E se você decidir
Que você não me quer ao seu lado?
Que você não me quer na sua vida?
Abriu a porta da sala precisa e saiu pelos corredores silenciosos. Ouvia somente o som dos próprios passos no chão e, assim que avistou uma porta, abriu-a. Respirava pesadamente e sua mente explodia.
“O que diabos eu fiz?”
“Estou me prejudicando à toa!”
“Não, não é à toa, é por ela!”
“Mas se eu for castigado por isso... o que acontecerá à mamãe?”
A porta atrás de si foi aberta com estrondo e Draco encarou Hermione. Ela estava ofegante.
Como você pode saber se nunca tentou?
– Eu estava te chamando, por que não me respon...
Antes que ela terminasse a frase, ele a puxou pela mão e trancou a porta. Agitou a varinha, murmurando um Abaffiato.
Cada passo que você dá
Pode ser seu maior erro
Odiaria a si mesmo por isso, mas não poderia impedir a si mesmo.
– Você é uma sangue-ruim, uma nojenta. A escória da sociedade mágica e não deveria existir, sabe muito bem disso, não sabe, Granger? Eu a desprezei sempre, desde o primeiro momento em que pisou os pés nessa maldita escola, e se Potter fosse meu amigo hoje, se ele tivesse aceitado minha amizade quando ofereci, ah Granger... garanto que sua vida seria um verdadeira inferno! Não teria nenhum amiguinho amante de trouxas para defendê-la e talvez estaria morta ou ainda petrificada à essa altura.
“Não imagina como desejei sua morte todo santo dia, toda santa hora. E só Merlin sabe o quanto a amaldiçoei por ousar me bater, quis torturá-la por somente ter invadido aquele maldito ministério. Por que tinha que estar lá? Por sua culpa meu pai acabou em Azkaban, por culpa do Potter ele foi torturado, por culpa de você e de seus amiguinhos minha mãe sofre hoje e eu faço coisas que não desejo. Sabe o que é lutar todos os dias contra si mesmo? Sabe o que é não fazer ideia de quem realmente é o inimigo? – Draco gritou tudo na cara de Hermione.
Pode ceder ou pode quebrar
É o risco que você corre
Estava completamente descontrolado e jogava tudo para o alto. Hermione encolheu-se quando um vaso antigo quebrou-se e partículas de vidro voaram para o chão. Uma mesa fora quebrada, a madeira partira-se ao meio repentinamente. Aquelas magias involuntárias do sonserino a assustaram, podia sentir seu poder, sua força. Draco era puro ódio naquele momento.
– Eu a mataria se pudesse, sabia disso? – o loiro gritou, sua voz cada vez mais alta e insana. – E eu posso. Posso porque sei o feitiço para isso – dissera jogando a garota na parede e mantendo-a ali, presa. Uma mão em seu pescoço, segurando-a firmemente e a outra na varinha, apontada para o coração da grifinória. – Posso porque sempre desejei isso, porque sempre a odiei e já fiz coisas terríveis. Aos doze anos fui ingênuo, desejei que um basilisco fizesse o trabalho de um comensal... e descobri mais tarde que eu mesmo poderia fazê-lo. Minha meta era matá-la, Granger, matar a sangue-ruim que eu mais odiei seria algo fascinante.
“Mas aí aconteceu. A maldita grifinória que eu odiava era você. E você era também a única mulher que eu já tinha amado, ou melhor, a segunda. Estou preso entre você e meus ideais, minha família. Estou completamente louco, não sei o que fazer, não sei qual mulher salvar, qual escolher.
E se você decidir
Que você não me quer ao seu lado?
Que você não me quer na sua vida?
A varinha caiu da mão do sonserino e ele percebeu somente naquele momento que chorava silenciosamente. Soltou então Hermione e caiu de joelhos, chorando agora como uma criança de cinco anos. A garota abaixou-se, abraçando o loiro e deixando-o deitar a cabeça em seu colo.
Draco tremia como nunca e murmurava todo tipo de coisas sem sentido, como palavras jogadas ao vento.
– Eu tenho que... eu não quero ser um assassino... não posso... o Lorde a matará, não posso... não posso deixá-la morrer... e Hermione, ela não pode sofrer... não pode chorar mais... e eu não quero... não...
– Não fale nada, Draco. Eu... – Hermione começou a falar, soluçando tanto quanto Draco Malfoy. – Vai dar tudo certo, eu prometo.
O sonserino podia sentir a respiração pesada dela unir-se à sua, seus seios subirem e descerem, ouvia o coração de Hermione bater num ritmo rápido.
Como você pode saber se nunca tentou?
Algo nele morria, talvez a esperança de um dia viver em paz. Sua vida era construída sobre o desespero, sobre o medo e a insegurança. Tinha medo e amava a única que nunca possuiria. E só de pensar em sua missão, no que tinha de fazer... Arrepios tomavam conta de seu corpo e não se lembrava de uma única noite de sono normal. Já não sonhava e sentia-se fraco.
– Eu não quero matar...
– Você não precisa fazer isso – Hermione o rebate.
– Preciso sim, se eu não matá-la, o Lorde matará mamãe.
– A Ordem pode escondê-la.
– O Lorde é invencível, ele a acharia e mataria qualquer um que tentasse escondê-la.
– E se...
– Eu não quero... não posso matar...
– Dumbledore pode ajudá-lo...
“ ... preciso matar a guardiã” Draco pensou, sem coragem de colocar aquilo em palavras audíveis e Hermione ouviu esse pensamento perfeitamente.
Uma lágrima deslizou devagar pelo rosto de Draco e caiu sobre a pele de Hermione.
Isso calou Hermione e ela desejou que Steiner nunca tivesse ensinado Legilimência a ela. Seus próprios pensamentos a perturbavam, não precisa estar na cabeça de outras pessoas, especialmente na de Draco, que ainda murmurava coisas incoerentes.
A cabeça dele ainda estava deitada em seu colo como se buscasse proteção, sentia suas lágrimas e as dele, lágrimas negras que lavavam aquelas duas almas perdidas.
Você sabe que a escuridão sempre se transforma em luz
– Draco, olhe para mim. – Hermione se afastou e segurou o rosto dele entre suas mãos – Draco eu fiz horríveis também, fiz coisas que não deveria e até hoje estou ferida, eu não... não sei mais o que é felicidade.
Isso não ajudou Draco em nenhum sentido, ouvi-la dizendo aquilo só piorava tudo.
– Meu maior erro foi ter me apaixonado por você – Hermione falou lentamente – mas erro maior seria abandoná-lo.
– Hermione, eu...
– Você me feriu, Draco. Machucou-me de todas as formas possíveis.
– E por isso mereço a morte, eu sei.
– Merece sim, mas sabe o que mais? Isso também seria a minha morte.
Isso impressionou Draco. Aquela era mesmo Hermione falando? Acostumara-se tanto com a grifinória vingativa e ácida que se esquecera como ela conseguia ser doce.
– Me perdoa – pediu e teve a impressão de que aquela era a primeira vez que usava a palavra perdão.
Hermione fitou-a, lágrimas nos olhos, gelo no coração. Como perdoar aquele que a matara por dentro? Cedo demais para isso.
Puxou-o então para si, tocando seus lábios com urgência, leveza e doçura.
Um beijo terno e rápido, suporte das mais conturbadas emoções e válvula de escape. Um beijo para esquecer o mundo e maquiar toda a realidade.
Um toque de dois amantes, que esvaia toda a angústia daquelas mentes cansadas de lutar. Um presente dado de bom grato aos dois. Um momento tão perto da perfeição e tão longe da eternidade. A dor misturando-se ao doce daqueles lábios, e o temor saindo de cada poro.
Assim que Hermione abriu os olhos percebeu que o olhar de Draco já não tinha um brilho de lágrimas, seus olhos estavam tão vermelhos quanto poderiam estar, mas o cinza gélido tomava conta de seu rosto.
– Você não vai fazer nada disso, Draco – Hermione começou a dizer, tentando evitar que o choro saísse. – Não vai matar ninguém e...
Draco tirou as mãos de Hermione de seu peito e as beijou, tocando-as suavemente.
– Eu nunca amei ninguém como a amo.
– Draco...
– Mas eu não fui feito para isso, Hermione. Não sou o Potter. Não tenho permissão para amar.
Hermione fez menção de interrompê-lo novamente, mas ele a calou com um rápido beijo, tão doloroso quanto o primeiro.
 – Desde o ano passado vivi pensando em como me tornar um comensal seria minha morte. Junho está tão perto, Hermione e ainda assim eu não consigo aceitar isso. Durante a minha vida inteira esperei isso e hoje quero que esse dia nunca chegue.
– Fuja comigo.
– E depois o que?
– A ordem...
– A sua ordem a acolherá, lá você estará salva, não eu. Me promete algo?
– Qualquer coisa.
– Viva.
Hermione piscou, não entendendo aquilo. Viva? No que diabos Draco estava pensando? E então a compreensão caiu sobre ela.
– Não! Não pode estar falando sério! Não faça nada idiota, eu não suport...
– Prometa! – Draco exigiu, as mãos dele apertando as dela fortemente, as lágrimas novamente no rosto de Hermione.
– Draco...
O que me mata é que eu te machuquei assim
A pior parte é que eu nem sabia
– Eu preciso que você prometa isso.
– Eu prometo, mas Draco... não...
Novamente ela foi interrompida, calada pelos lábios dele.
Cada passo que você dá
Pode ser seu maior erro
Sentia o medo de Draco.
O seu próprio.
A missão dele era matar a guardiã.
Matar a ela.
E ele nem suspeitava que ela sabia disso.
Lera seus pensamentos, invadira sua mente.
Ao abrir os olhos não conseguiu impedi-lo de fugir. Draco se fora, deixando-a entregue aos próprios temores.
Como dizer a Draco quem ela era? Como revelar ao amor da sua vida que ele deveria matá-la?
E se eu comecei errado
E nenhum poema ou canção
Pudesse consertar o que eu comecei errado
Ou te fazer sentir que eu pertenço a você?
É o risco que você corre




N/a: Adorei escrever esse cap, juro, é calmo, essencial para a fic e com um final bem triste. Adoro finais tristes by the way...

Esse cap foi betado pela LauraM do Nyah, o primeiro cap betado, que linds *-*

Ok, o que acharam? O que a Hermi vai fazer? Qual serão as escolhas do Draco? E Rony e Lucy? Anthony no meio? Ai Merlin! Confusão em cima de confusão...
ushsuhsus
As musicas citadas no cap são várias, tem trechos de Coldplay (What If), Natalie Gauci (Feeling Good), Lifehouse (Whatever it takes) e Motley Crue (Sick Love Song).
Várias canções, admito, mas gostei de cada verso nesse cap e sofri para escrever aqueles simples versinhos do convite da festa, poesia não é o meu forte :\
Então é isso, bjos :*