Incantatem

Por que me afastar? Porque éramos inimigos e como tais nos odiávamos. Porque eu era uma Weasley e ele um Malfoy. E principalmente porque estávamos em guerra declarada!

Magic and Mistakes

Hermione volta a Londres depois de dois anos. Ela cresceu e já não é a garota de antes. A guerra contra Voldemort teve seu fim e, agora, nada impede ela de ficar com Draco Malfoy. Isso era o que ela pensava. Em meio às mudanças da sua vida, novo emprego e uma nova casa, perceberá que Draco também tem sua própria vida. No entanto, acabarão sendo um dos casais mais conhecidos do mundo bruxo, algo que não esperavam. As consequências de seus atos se tornarão mais perigosas. Magia e erros, porque nem sempre se pode prever o futuro.

Por Culpa do Destino

Seria certo passar por cima de uma guerra por amor?

Imperius

Ele me olhava com aquelas orbes cinzentas como se estivesse arrependido do que me fizera. Eu fora uma tola, uma estúpida e iludida, afinal, como diabos Draco Malfoy se apaixonaria por uma sangue-ruim, nem ao menos a maldição imperius causaria isso. - Deixe-me explicar - ele pediu, sussurrava, sua voz estava quebrada.

Inimicum

Hermione Granger por anos foi uma pessoa amarga e nunca soube ao certo a razão de Draco a abandonar. Agora ela é uma auror e ele um comensal, entretanto um encontro faz com que ambos voltem ao passado e segredos sejam revelados.

31 agosto, 2012

[Incantatem] Lips of a angel

– Tem certeza disso? Sabe nós poderíamos pensar em algo, mudar todo o plano, eu poderia fingir que estou doente, Lorcan ainda assim iria com Camila para Hogs...

– Weasley! – eu reclamei, já cansado dela arranjar desculpas para não ir – você vai com Scamander, deixará de ser uma nerd chata por um dia e se tornará uma garota interessante.

– Eu sou interessante – ela protestou arrumando seu gorro negro na cabeça.

– Obviamente – falei avaliando-a de cima a baixo. – Você bem que poderia ter se arrumado mais.

– Não começa! Já tive que aguentar minhas primas doentes querendo me arrumar, por um milagre escapei, mas você, Malfoy... você é o último que pode falar da minha aparência e, de qualquer forma, Lysander é um cego apaixonado.

– Mas uma saia curta ou um decote iria deixá-lo...

– Quieto! – ela falou com raiva e virou-se para a janela.

Weasley usava uma saia vermelha com uma estampa xadrez, a meia preta escondia suas pernas para a infelicidade de qualquer um e a blusa branca também não revelava tanto de seu corpo. Ela ainda parecia a nerd irritante da grifinória, mas eu tinha que admitir, estava linda.

Mal percebi que agora ela me fitava e falava algo.

– ... Então, o que acha? – ela contestou. – Malfoy! Você está prestando atenção?

– É claro que não! Por que eu te ouviria? – falei para quebrar meu embaraço por fitá-la com tanta atenção.

Weasley bufou de raiva e quase me bateu, por pouco mesmo.

– Eu perguntei se você acha uma boa ideia eu levá-lo até o Café Madame Puddifoot...

– Não! – me vi quase gritando e ela me olhou, surpresa e levemente assustada. – Quero dizer... deixe apenas Lorcan e Camila lá, obviamente eles irão até o Café, e depois disso você pode apenas passear com seu amiguinho, pelo visto, para você, quanto menos românticas as coisas são, melhor, não?

Ela me olhava desconfiada, eu estava nervoso com o olhar intenso de seus olhos azuis.

– Certo, Malfoy – ela sussurrou e olhou para os lados – Estou indo, então.

Vi pela janela a Weasley se reunir com os gêmeos Scamander e di Angelo. A loira usava uma boina marrom e uma saia jeans curta que exibia suas pernas torneadas, totalmente diferente da Weasley, di Angelo usava também uma maquiagem leve e roupas que deixam óbvias as suas curvas. Se ela não fosse um furacão, nem estivesse me ameaçando, seria uma boa sair com ela. A garota ao menos tinha atitude.

Por outro lado, aquela nerd sem o uniforme parecia realmente uma garota de verdade, tsk, “ela é uma garota, Malfoy!” falei para mim mesmo e me arrependi, “Não, ela é apenas uma Weasley”. Vi ela beijar a bochecha de Lysander e uma sensação estranha cruzou meu estômago.

Senti então alguém me abraçar por trás e nem precisava virar para saber que era apenas Diana. A garota loira beijava minha face delicadamente.

– O que você tanto olha, Scorp? – ela sussurrou próxima ao meu ouvido.

– Nada – falei virando-me e ela tomou meus lábios com lascívia, prensando-me contra a parede de pedra. – Diana?

– Sim?

– Sabe que hoje não posso ir com você, né?

Automaticamente ela parou de beijar-me.

– Por quê?

– Isso, minha querida, não é da sua conta.

– Você está estranho! – a loira falou – até mesmo Liam pensa isso! Seu melhor amigo, Scorp!

– Olha, minha vida não é da conta de ninguém e hoje eu não irei com você para a vila.

Deixei a garota para trás e sai do castelo. Peguei o primeiro coche que achei e entrei nele.

***

A mão dele tirou uma mecha do cabelo dela de seu rosto, os olhos dele a fitaram com encanto, os lábios dele estavam próximos demais e ela... apenas sorria, ria, como se repentinamente um encontro com Scamander não fosse um problema. Ela estava adorando aquilo.

Traidora! E pensar que ela complicara tudo, se eu soubesse que ela ia se divertir num encontro com aquele trambolho, eu não teria sujado minhas mãos com a poção, teria deixado tudo por conta dela.

Eles estavam olhando a vista para a Cada dos Gritos e eu me aproximei mais, me escondendo atrás de uma das centenárias árvores que havia ali.

– Eu preciso te dizer algo – Scamander falou, o sorriso idiota ainda em seu rosto me fez querer vomitar.

– Então diga – a Weasley o encorajou, ainda que estivesse meio temerosa do que poderia ouvir.

Oh não, declaração não! Ah, merda, não sei se eu ria da cena ou fugia para não ter que aturar açúcar escorrendo do focinho de Scamander.

– Eu não sei direito como te falar isso – ele começou, não falasse, simples! – Mas eu acho que te amo, Rose.

Espera! Ele ACHAVA?

– Lysan...

– Não, Rose, não fala nada. Eu sou encantado por você desde criança, gosto de ver você com seus livros, você sorrindo, você com medo de cair da vassoura enquanto nós, Lorcan e seus primos jogávamos quadribol na Toca, acha que eu não me lembro desses detalhes? Eu sou louco por você – ele repetiu.

Legal, ela tinha medo de altura, refleti, tentando não pensar nas outras coisas que ele dizia. Olhei para a Weasley, ela tinha os olhos arregalados e a expressão... indecifrável. Mas algo nela me dava arrepios, talvez fosse o modo como ela olhava o nerd corvinal.

– Rose, eu quero te namorar.

Ok, pausa dramática para eu rir! Rose Weasley namorando! A poção ficara mais forte do que eu pensara, mas espere. Não fora forte, conclui agora realmente nervoso, olhei para os dois atentamente e o olhar de Scamander parecia... genuíno. Ele se inclinou para a Weasley e em dois segundos ele selou toda a distância entre eles. Ele a beijara.

Apertei minhas mãos com força, pronto para ir até lá, afinal, eu prometera a Weasley que não deixaria nada acontecer, mas mal pensei isso e ela o envolveu com seus braços. Ela estava correspondendo ao beijo.

Pisquei não entendendo mais nada. Rose o correspondera. Scamander a amava realmente, provavelmente não tinha coragem de contar isso a ela, a poção apenas o ajudou a se declarar.

Scamander a amava.

Eu comecei a rir e os dois se separam abruptamente. A Weasley olhou para mim surpresa e eu sustentei seu olhar. Meu rosto estava quente e eu não conseguia parar de gargalhar.

– Mas que lindos, finalmente um casal fofo em Hogwarts! Chamem-me para o casamento, por favor – eu disse gargalhando e vi mágoa na face da Weasley.

– Cale a boca, Malfoy – ela falou e Lysander entrou na frente dela, me desafiando.

– Está brincando, não é? – eu gritei. – Você não é Lorcan, Scamander, não tem força, não sabe defender nem a si próprio, quanto mais a Weasley. Seu irmão sim, e a propósito, está na hora de você sair da sombra dele.

– Você tem razão, Malfoy! – Scamander falou e avançou para cima de mim.

No entanto, eu não senti nada. Fui jogado para trás não por ele, mas sim por uma força invisível. Olhei para a Weasley e ela tinha sua varinha em mãos. Scamander estava também jogado no chão, bem longe de mim.

– Vocês são dois idiotas! – ela gritou com lágrimas nos olhos azulados e saiu correndo.

Pude apenas ver sua cabeleira cor de fogo desaparecer.

Ela estava certa. Eu era um completo idiota.

***

Eu dedilhava meu violão com calma, meus dedos percorriam as casas na madeira lisa, roçavam nas cordas e com a pressão exigida eles já estavam doloridos. A melodia que saia do instrumento me acalmava, somente aquilo conseguia me colocar novamente sob controle.

Mas por que diabos eu estava assim? Ela era apenas uma Weasley e nosso plano estava dando certo. De certa forma ela fora uma boa atriz. Tsk. Atriz! Nem pensar, ela era péssima para dissimulações e talvez fosse exatamente por isso que eu a odiava mais naquele momento.

Ela correspondera a Scamander, o beijara por livre e espontânea vontade enquanto enojava tudo que vinha de mim. Aquela ruiva ferira meu orgulho, apenas o orgulho e pagaria por isso. Chamara-me de idiota! Tsk, ridícula!

Abandonei meu violão e joguei-me na cama. Eu olhava para o teto da sala precisa, que agora parecia o céu estrelado de lá de fora, no entanto eu não via céu algum, via olhos claros e púrpuros cabelos vermelhos.

“Maldita!” xinguei-a novamente e ouvi um clique ali perto, levantei-me e percebi que alguém entrava na sala precisa, minha sala.

– Vá embora! – eu gritei e então vi a última pessoa que desejava ver.

Rose Weasley.

Eu soltei uma gargalhada e percebi os olhos inchados dela.

– Eu não te convidei a entrar – falei com raiva.

– Foda-se – ela resmungou.

– Nossa! Ela sabe falar palavrões! – zombei e ela veio até mim, sua varinha apontada para meu peito.

Mas eu não tinha medo dela. Apenas sentei-me na cama.

– O que quer?

– Por que fez aquilo? – Weasley contestou.

– Porque eu quis!

– POR QUE ME HUMILHOU, MALFOY? ERA O SEU PLANO! – ela gritou com ódio.

– NO MEU PLANO VOCÊ NÃO PRECISAVA BEIJAR SCAMANDER! – gritei de volta levantando-me e ficando de frente para ela, embora ela fosse mais baixa.

– ENTÃO ESSE É O PROBLEMA? CIÚMES? – Wesley gritou mais forte.

Eu hesitei. Não era ciúmes, era apenas meu orgulho ferido, por ela preferir beijá-lo e não a mim.

– Eu... eu não sentia ciúmes de você! – falei, embora tivesse gaguejado.

– E por que fez isso? Qual a outra brilhante explicação para você ter feito o que fez? – a ruiva perguntou com novas lágrimas, o que me matava por dentro.

– Weasley, mulher chorando não é legal.

– VOCÊ É O CULPADO.

– VOCÊ O BEIJOU PORQUE QUIS.

– E você o provocou por que quis também? – ela disparou e eu tampei meu rosto com as mãos, caindo propositalmente na cama.

– Sim, eu fiz porque quis! – gritei com raiva e percebi ela a minha frente, abaixando-se para me fitar nos olhos.

– Por quê?

Sua pergunta morrera. Não a respondi, apenas a puxei, fazendo com que ela desequilibrasse e caísse em cima de mim, a prendi pela cintura e tomei seus lábios, explorando-os com cuidado, como se ela fosse uma boneca de porcelana, minha porcelana.

A mão dela foi até meu rosto e eu entendi perfeitamente que ela não fugiria. Rolei e a fiquei por cima dela, tocando sua pele por baixo de sua roupa. Merlin! Aquela grifinória era quente demais, pensei sorrindo em meio aos beijos e senti ela tocando meus cabelos de forma nada experiente. Apenas uma menininha, pensei divertido e jurei que mesmo que estivesse louco, nunca faria nada que destruísse essa imagem dela.

Well, my girl's in the next room

Sometimes I wish she was you

I guess we never really moved on

– Scorpius – ela falou, afastou-se ligeiramente da minha boca, ela arfava, tinha dificuldades para respirar. – Eu... não sei se isso é certo...

– Fala de novo – pedi.

– Não sei se isso é certo.

– Não – eu sussurrei. – Eu quero que você diga meu nome – pedi agora sorrindo e pela primeira vez na vida o sorriso dela era genuíno e eu que a fizera sorrir.

It's really good to hear your voice saying my name

It sounds so sweet

Coming from the lips of an angel

Hearing those words it makes me weak

And I never wanna say goodbye

But girl you make it hard to be faithful

With the lips of an Angel

– Scorpius – Rose Weasley falou e meu nome pela primeira vez fora dito pelos lábios de um anjo. – Você é um idiota – ela riu e eu capturei seus lábios.

– Eu quero você Weasley – falei. – Realmente quero – sussurrei.


And I never wanna say goodbye

But girl you make it hard to be faithful

With the lips of an angel

Ela me olhou assustada e eu não entendi isso a principio.

– Eu... eu preciso ir – ela falou e me jogou para o lado, tirando-me de cima dela.

Num minuto ela estava ali, no outro estava já de pé e me fitando desnorteada.

– Weasley? – chamei, mas ela apenas me ignorou e saiu de lá, ou melhor, fugiu de mim.


And I never wanna say goodbye

Merda! Eu fizera besteira!

[Incantatem] Amortentia

Se algum dia um belo príncipe lindo e de cinzentos olhos cruzar seu caminho, se ele lhe parecer um anjo em forma humana, com cabelos loiros espetados e um sorriso mais perfeito do que os céus... não se deixei enganar! Dê a ele um belo tapa de tirar seus olhos das órbitas!

Porque esse mesmo deus perfeito pode ser também um demônio, a forma humana da destruição, que irá varrer toda a segurança de sua vida.

– Rose, é sério... você não está normal – Albus falou pela centésima vez naquele dia e eu o olhei para ele fuzilando-o.

– Estou sim! – falei com raiva. – Eu só estou preocupada com os N.O.M.s. – resmunguei enquanto checava se meu livro de Aritmancia estava na minha bolsa.

Senti então alguém me puxar e enquanto Albus continuava a andar a minha frente, eu estava agora virando o corredor. Meu primo nem ao menos percebeu minha ausência. Que cara legal!

Olhei para o lado e vi um loiro idiota sorrindo idiotamente da forma mais estúpida possível.

– Bom tarde, Weasley! – Malfoy falou e eu tirei o braço dele da minha cintura.

– Não fale comigo quando houver alguém por perto! – eu rosnei.

– Não estou vendo ninguém – ele falou olhando para os lados e eu dei-lhe um tapa no ombro. – Nossa, mas como baixinha é invocada!

– Cale a boca! – falei e me arrependi, da última vez que ouvi algo desse tipo, aquele idiota me beijara. Eu ainda tinha pesadelos sobre isso e já fazia mais de uma semana.

Ele pareceu lembrar-se do ocorrido, porque um sorriso dançou em seus lábios, virei-me para a janela, onde podia ver o lago negro.

– Descobriu algo sobre di Angelo? – perguntei.

– Nada, ela esconde muito bem seus podres – ele falou irritado. – E por isso precisamos seguir com o resto do plano.

– A parte que eu finjo que gosto de Lysander e arranjo um encontro duplo com Lorcan e Camila, mas que plano inteligente! – reclamei sorrindo ironicamente.

Malfoy pareceu ainda mais irritado e ligeiramente cansado.

– Olha, Lorcan me odeia, se eu tivesse um pouco de amizade com ele, talvez eu conseguisse, mas não, quem fala com ele aqui é você.

– Eu não falo, eu falo com Lysander.

– Eles são iguais, tanto faz. – Malfoy falou não dando a mínima. – O passeio a Hogsmeade é no sábado, e você está enrolando demais nisso. Arranje o encontro!

– Eu. Não. Quero. Sair. Com. Lysander. – falei pausadamente e ele quase gritou de raiva.

– Seja expulsa então!

– Talvez eu prefira isso! – rebati e sai de lá a passos largos, mas ele me pegou novamente pelo braço e me jogou contra a parede.

– Não, você não prefere. – Malfoy falou e senti ele erguer sua varinha, pressionando-a em meu pescoço. – Eu tenho uma reputação a zelar e você vai fazer o que mandei, Weasley.

– Você não manda em mim! – gritei e o empurrei.

Sai de perto daquele estúpido quase correndo, a raiva crescia em mim a cada segundo. Quem ele pensava que era para me ameaçar daquele modo?


***


De olhos cinzentos.

De pele branquinha.

Garoto Slytherin.

Ferrando a ruivinha!


Eu cantarolei mentalmente enquanto fitava Lysander andar até mim. Ele tinha um olhar bobo na face e me olhava de forma completamente estranha.

– Oi Rose – ele disse, sua voz doce como algodão.

– Hm, oi – falei e percebi que ele estava nervoso, olhava-me como se... me adorasse? Não, era só impressão aquilo, definitivamente.

– Eu estava pensando, se você não tiver nada para fazer, bem, eu, nós... poderíamos ir a Hogsmeade juntos.

Meu-Merlin-amado. Olhei para o lado e vi Malfoy sorrir para mim, ele fazia força para não rir, e eu queria matá-lo. Ele enfeitiçara Lysander! Sonserino MALDITO!

– Lysander, eu acho que... – eu estava pronta para dar um fora nele, mas sua face estava se convertendo num careta de desesperança e tristeza. – Sim, eu vou – falei querendo matar a mim mesma. – Na verdade, talvez seja uma boa ideia você levar seu irmão também. Tenho uma amiga que adoraria vê-lo, acho que você entende isso, não é? – contestei dando-lhe uma picadela.

– Mas é claro! – o corvinal exclamou mais feliz do que um ganhador da mega-sena bruxa. – Até sábado!

– Até – falei sorrindo e Lysander virou-se para ir embora, imediatamente fui até onde Malfoy estava, puxei-o pela gola da camiseta e entrei na primeira sala que encontrei. Joguei-o com força lá dentro e fechei a porta.

– Hey, ruiva, cuidado! Essa camisa é cara, sabe? – ele resmungou e eu o ataquei, dando-lhe tapas.

Malfoy segurou meus pulsos e eu continuei me debatendo, até que o empurrei e nós dois fomos para o chão, na verdade eu no chão e ele, por cima de mim.

– Sai de cima! – eu gritei com raiva e ele continuou a me segurar.

Seus olhos cinzentos era incríveis, lindos demais para ser tão arrogante.

– Weasley, você é uma medrosa, eu só te ajudei, dei um empurrão e...

– O que fez com Lysander? – perguntei entre dentes.

Malfoy desviou os olhos e percebi que ele não queria responder a nada.

– MALFOY!

– Amortentia, ok? – Scorpius falou com raiva. – Eu dei Amortentia a ele.

– Você deu uma poção do amor para Lysander? Como diabos conseguiu alguma coisa minha? Você precisa do meu DNA na poção para ele se apaixonar!

– Seu cabelo, tinha um fio na minha camisa de quando estávamos na sala precisa – disse sorrindo e de forma canalha.

Era a primeira vez que ele falava algo sobre aquele dia, desde então nós dois estávamos ignorando o pequeno fato de que Malfoy me agarrara.

– Sai de cima de mim – falei quase sussurrando, me afundando no olhar dele, no seu cheiro tão perto de mim e seus lábios... – Malfoy, saia!

Não precisei falar novamente, ele enfim soltou minhas mãos e rolou para o lado. Deitou-se no chão, sua cabeça perto da minha, o perfume ainda próximo demais, asfixiante.

– Se você não sair com Lysander, então Camila não terá Lorcan e nós vamos morrer sem nossas varinhas, nada de N.O.M.s, N.I.E.M.s, empregos...

Fechei meus olhos, ele aparecia falar não comigo, mas consigo mesmo. E por um momento eu me sentia da mesma forma, mas como eu iria conseguir lidar com Lysander apaixonado por mim, mesmo que temporariamente? E quanto a Lorcan namorando Camila? Era muita coisa para eu lidar, e eu não tinha escolha.

– Isso que fez foi errado.

– Você nunca iria dar o primeiro passo.

– Mas foi errado! – repeti.

– Fiz isso por você, Weasley – ele sussurrou, me impressionando ainda mais. – Agora pare de ser uma chata ética.

Quis retrucar, mas ele levantou-se e ficou me encarando. Por mais ridículo que pareça, mesmo com todos os problemas que tínhamos, eu estava odiando-o menos.

Ele estendeu suas mãos e eu as aceitei, Malfoy era muito mais forte que eu, e levantou-me facilmente.

– Você pode pelo menos ficar com ele por algumas horas? – Malfoy perguntou-me. – Se ele tentar algo, eu estarei perto, ok? – o loiro foi dizendo e eu estava realmente impressionada.

Eu ouvira bem? Malfoy iria me proteger caso algo desse errado? Eu precisava urgentemente ver se eu estava com febre ou tendo ilusões.

– É, eu acho que posso fazer isso – falei sorrindo. – Até sábado, Malfoy.

[Incantatem] Cale-me

Queria tanto nunca mais acordar, minha cama era uma companhia muito, mas muito melhor do que qualquer outra pessoa nesse castelo. Mas como sempre havia uma vida me esperando e entediantes aulas de História da Magia logo na primeira aula.

E só por isso me levantei e comecei a me arrumar. Eu estava totalmente pronta, com minha mochila nas costas e já descia para a sala comunal quando vi dois Potter sonolentos saindo de seus dormitórios.

James era a própria face do sono e andava parecendo um morto vivo. Incrível! Ele uma miniatura do meu irmão!

Mal pensei isso e vi Hugo saindo com Lily para tomar o café. Seus cabelos ruivos chamavam a atenção em qualquer lugar que estivessem.

Já no salão principal eu comia uma torrada e bebia meu suco de abóbora. Todos cochichavam e a comida mal descia pela minha garganta. A noticia sobre o fogo da noite anterior havia se espalhado pela escola inteira, para a minha tristeza e desgraça.

A diretora Mcgonagall entrava agora no salão e se dirigiu para o centro, onde todos poderiam fitá-la. O falatório diminuiu assim que ela olhou a todos os alunos.

– Na noite passada houve um incidente no 3º piso, como bem é de conhecimento da maioria a essa hora. Não descobrimos ainda o causador ou causadores do estrago, mas isso é só uma questão de tempo. O culpado tem até o final da semana para se apresentar. Caso contrário, quando descobrirmos a punição será uma expulsão.

Se antes a torrada não descia, agora nem o suco me ajudava. Eu estava começando a ficar desesperada. Olhei para a mesa da sonserina e encontrei automaticamente o olhar de Malfoy. Ele já estava me fitando e observava meu quase ataque silenciosamente.

O olhar dele dizia claramente “respire”.

Mas meu medo não o ouvia.

– Estão liberados para as aulas. – McGonagal falou.

– James, foi você? – Albus perguntou prontamente para o irmão.

– Não! Deve ter sido o Fred – o mais velho replicou.

– Hey, Potter, nem venha. Nem mesmo meu pai faria isso! – Fred reclamou visivelmente ofendido – Além do mais, eu não posso ser expulso, ok? O velho comeria meu fígado.

– Sinceramente, eu nunca achei que vocês dois sequer chegariam ao ultimo ano – Dominique falou tanto para James quanto para Fred – Quero dizer, quantas detenções vocês já ganharam?

– Isso não vem ao caso, priminha. – James falou, porem senti uma leve pontada de orgulho vindo dele, como se as detenções fossem algum tipo de prêmio, um reconhecimento pela sua suposta genialidade.

Do outro lado do salão, Malfoy fez um aceno discreto e apontou o hall de entrada.

Deslizei para fora da minha cadeira. E peguei minha mochila, mal acreditando que eu iria mesmo ao encontro dele. Argh! Situações desesperadas, medidas idiotas!

– Aonde vai Rose? – Nick perguntou.

– Vou devolver um livro. Vejo vocês depois! – eu falei, mas minha prima levantou-se também.

– Eu vou com você, preciso achar algo que me ajude num dever.

Tive que ter todo o autocontrole do mundo, era óbvio que minha face iria me denunciar se eu dissesse “hmmm, vou sozinha, Nick” ou “Eu procuro seu livro, ok?”.

Qualquer resposta iria acabar comigo na hora! E não fiz nada. Minha prima me seguiu para fora do salão e ganhamos os corredores da escola. Malfoy estava encostado numa das paredes e me olhou como se eu tivesse uma doença.

Eu podia quase ler seus pensamentos. Ele estava morrendo de raiva!

Na biblioteca eu devolvi um livro que estava na minha bolsa há quase uma semana e comecei a circular pelas estantes, Nick estava a alguns metros, concentrada na sua busca. Puxei um livro e uma mão puxou-me para trás, levando-me para perto de outra estante, longe da visão da minha prima.

– Malfoy! – eu sussurrei surpresa e ele me olhou estressado.

– Contou a alguém? – o loiro contestou.

– Que? Claro que não!

– Xiiiiiiu! – ele levou o dedo indicador aos lábios e espiou o lugar, pronto para ver se alguém nos olhava.

Obviamente ser visto com uma Weasley estragaria sua popularidade.

E então ele tirou um papel do bolso e o jogou para mim.

Eu o abri e quase desmaiei. Quase.

Sei seu segredinho Malfoy. Seu e da Weasley-Certinha.

A caligrafia era fina, provavelmente de uma garota.

E tão poucas palavras me fizeram arrepiar.

– Quem você acha que...?

– Rose? Cadê você? – ouvi voz de Nick e vi ela se aproximando.

Malfoy rapidamente saiu dali, se esgueirando para outra estante.

– Aqui! – gritei e Madame Pince me lançou um olhar raivoso pedindo silencio – O que acha desse livro, Nick? – perguntei puxando-o da prateleira.

– Não serve, é avançado ainda para mim. – ela falou e eu tentei achar Malfoy novamente.

O fato de que alguém sabia o que fizemos me assombrava terrivelmente. Suspirei.

Eu estava perdida.


***


A aula de História da Magia foi entediante como sempre, a de Transfiguração, embora fosse uma das minhas prediletas, também não conseguiu me animar. Mil pensamentos cruzavam minha mente. Eu não parava de pensar que seria expulsa. Talvez a essa hora a pessoa que sabia sobre mim e Malfoy já tivesse nos entregado.

A aula acabou e eu peguei minhas coisas, juntando-as. Um dos livros caiu no chão e antes que eu pudesse pegá-lo, um pé horrível pisou no mesmo.

Pense numa garota-problema. A Srta. Sou Popular E Faço O Que Quero. Pensou?

Pois é. Foi ela que simplesmente pisou no meu mais querido livro. Tento reprimir a vontade de socá-la, mas a garota continua a se fazer de desentendida diante do meu ataque.

Loira, lindos olhos castanhos, carinha de anjo, só a carinha!

– Algum problema, querida? – a garota contesta olhando-me de forma superior.

Eu simplesmente odiava essas garotas corvinais. Espertinhas, bonitinhas... arrogantes.

Eu pego meu livro e começo a erguê-lo para jogar na cara dela, mas a menina olha em algum ponto atrás de mim.

– Hey, Lorcan! – ela fala.

– Oi, Camila – uma voz familiar falou e eu instantaneamente virei-me. – Olá Rose.

Lorcan. Disse. Olá. Rose.

Lorcan... LORCAN FALOU COMIGO!

Oh meu Merlin! Eu tinha que parar com isso, cadê o ar quando se precisa dele? POR QUE AS PESSOAS ROUBAM MEU AR? AR! AR!

– Rose?

– Er... oi – falei tentando sorrir, mas eu deveria ter feito uma careta, parabéns Rose Weasley! ANTA! – eu preciso, hmm... ir.

Saí dali quase correndo, enquanto eu jogava minhas coisas na mochila, minhas pernas iam cada vez mais rápidas, até que eu tombei feio com alguém. Eu quase fui ao chão, dois livros voaram para fora da mochila e uma mão me segurava pela cintura.

– Desculp... – eu comecei a falar, mas vi que dois olhos cinzentos me fitavam com curiosidade.

E pela terceira vez em menos de uma semana eu estava mais próxima de Malfoy do que eu realmente queria. Segunda vez só naquele dia. Soltei a mão dele de mim automaticamente e ambos nos agachamos para pegar nossas coisas. Minha mão foi até meu livro de Transfiguração em Magia e a mão do Malfoy foi até a minha.

Sua pele na minha foi como choque num dia de tempestade.

Levantei-me rapidamente e comecei a dar as costas para ele.

– Weasley! – ele chamou puxando-me de volta.

– O que foi?

Só então eu notara que ele estava diferente, preocupado talvez. Havia algo errado e para ele estar falando comigo, era muito errado mesmo. Talvez ele estivesse mais preocupado do que eu com a nossa expulsão.

– Malfoy? – chamei-o e ele me puxou para o outro corredor, onde não havia ninguém.

– É a garota di Angelo que sabe. – Malfoy falou e eu não precisava que ele me dissesse mais nada.

Ela sabia o que acontecera há uma semana.

Ela sabia que destrui a sala de troféus.

Adeus futuro acadêmico!

– Você está entrando em choque de novo! – Malfoy falou cutucando meu ombro.

Eu me encolhi com esse toque e me afastei alguns centímetros.

– Mas... Por que ela não falou nada ainda?

– Para nos chantagear, é claro.

– Então dê a ela o que ela quer! – falei simplesmente.

– O problema é que não é tão simples assim.

– Por que não?

– Ela quer Lorcan.

Se eu não estivesse olhando para Malfoy, eu iria pensar que eu estivesse louca, mas ele falara exatamente aquelas palavras que ouvi. Camila di Angelo, a garota mais linda e prepotente da corvinal queria Lorcan.

Okay Rose Weasley, está na hora de tirar seu exército de campo. Eu não sou nada perto de Camila, talvez seja uma formiguinha, uma inútil e descartável formiguinha.

Malfoy fitava-me profundamente e sorriu. Eu queria muito saber o motivo disso, mas eu realmente não imaginava;

– Isso está ficando interessante – ele sussurrou e se aproximou ainda divertido, perigosamente divertido. – Weasley, você gosta do Scamander.

– Não gosto! – praticamente gritara, ainda que sentisse minha face enrubescendo.

– Gosta! – ele exclamou agora rindo e eu soquei seu peito. – Ai! Por que me bate? É a verdade!

– Eu. Não. Gosto! – falei entre dentes e socando-o a cada palavra dita. – Eu só, eu só não sei como juntá-los. – menti descaradamente.

Malfoy estreitou os olhos me avaliando. Eu odiava mentir, mas eu nunca falaria a verdade a ele.

– Eu te ajudo. É só fazer o que eu mandar...

– Mas, Malfoy...

– Tudo bem, Rose? – uma voz atrás de mim falou e eu virei-me assustada.

Albus fitava-me como se eu acabasse de fugir de um hospício.

– Tudo ótimo, Al – falei mal acreditando em mim mesma.

Puxei meu primo e mostrei a língua a Malfoy.


***


Mas é claro que ele não me deixaria em paz. Logo que entrei na estufa para a aula de herbologia, notei um passarinho voando para minha mesa. Peguei-o imediatamente e não ousei fitar Malfoy.

– O que é isso? – Al perguntou soando curioso e suspeito.

– Nada. – falei simplesmente e ele fechou a cara.

O que eu falaria para ele? Malfoy e eu estamos amiguinhos, decretamos paz para não nos ferramos nem sermos expulsos. E também iremos juntar meu amor com uma idiota corvinal. O que acha meu querido, Albus?

Não. Fico com o “nada” mesmo.

Simples, direto, magnificamente petulante e nada vergonhoso.

Esperei meu primo começar a mexer nas plantas e abri o bilhete. Uma caligrafia perfeita estava grafada ali.

Sétimo Piso. 20h.
- S.M.

É, pelo visto ele também gostava de ser direto.


***


Tic tac tic tac. Deus! Eu realmente odiava o som de relógios! O meu no pulso estava me irritando profundamente. Pior do que se encontrar num corredor escuro com Scorpius Malfoy... é levar um bolo do mesmo.

Não que isso seja um encontro ou algo do gênero, não! É apenas um... um... será que existe uma palavra para definir um encontro forçado com seu inimigo?

Não, acho que não.

Consultei meu relógio novamente e o tic TAC interminável ainda me irritava. Onde diabos ele estava?

Mal pensei isso ouvi passos e ele cruzou o corredor. Agarrou meu braço me puxando com ele.

– Hey! – reclamei, mas continuei andando.

Quase trombei nele quando Malfoy parou e ficou fitando uma parede com um interesse totalmente novo. Ele era louco? Eu o socara com tanta força assim, por acaso?

– Malf... – comecei a falar, mas parei.

Portas estavam surgindo do nada, na parede de pedra. Lembrava-me vagamente de ter lido algo em Hogwarts - uma história. Aquela era a sala precisa! Antes que eu pudesse me recuperar do choque, Malfoy me puxou para dentro da sala e fechou a porta.

O lugar estava decorado de forma simples, alguns pufes estavam espalhados, a lareira estava acesa e uma estante enorme de livros ocupada uma parede. Estava pasma, caminhei até os livros e li os títulos. Eu sabia que eu estava parecendo uma louca rata de biblioteca para o Malfoy, mas eu não me importava. Aquele era um tesouro.

– Vejo que amou minha coleção, Weasley.

Eu ergui uma sobrancelha o olhei.

– Sua coleção?

– Bom, mais ou menos. Eu trouxe alguns aqui desde que comecei Hogwarts, a maioria estava aqui quando achei a sala, mas são meus, é como vejo.

Malfoy tinha uma coleção de livros maior do que a minha. Isso sim era um milagre, a novidade do século!

– E depois eu que sou amante de livros! – eu falei com raiva e quase lhe taquei um na cara, se ele não tivesse desviado eu com certeza acertaria.

Ele fitou-me como se eu fosse louca.

– A diferença é que eu gosto de coisas além de livros. – Malfoy falou desafiante.

– Tipo?

– Quadribol, poções, filmes, garotas.

– Eu também gosto de outras coisas – falei sem pensar, somente para não perder aquela discussão.

– Mesmo?

– Arrã – disse com raiva e dei-lhe as costas.

Continuei a olhar a sala, mexi nos livros dele sem avisar, pouco me importando com o fato de pertencerem a um sonserino tão idiota.

– Eu te chamei aqui porque precisamos decidir o que fazer em relação à di Angelo.

Eu o ouvia atentamente, embora não quisesse.

– Ela quer o Lorcan e ele não me suporta.

Li duas linhas de um livros de transfiguração e dois segundos depois senti ele ser puxado de minhas mãos. Malfoy estava com raiva, próximo demais e com os olhos mais parecendo uma tempestade.

– Está me ouvindo?

– ESTOU! – gritei com mais raiva ainda.

– Preciso que você seja amiga dele. É uma Weasley, poderá fazer o que quiser, e mesmo assim eu te direi tudo o que deve dizer a ele. – Malfoy falou. – Vamos Weasley, ele me odeia. Eu não posso fazer isso sozinho.

– Por que não faz algo a di Angelo? Chantageie ela também oras!

– Weasley! Você tem uma bela mente para o crime. Poderia muito bem ser uma sonserina.

– Me poupe, Malfoy!

– Eu pensei nisso... em chantageá-la. Mas primeiro devemos descobrir algo podre dela.

– Pare de falar tudo como se existisse um “nós”.

– Nós não precisamos ser inimigo sempre, Weasley. Depois que resolvermos esse problema você pode me ignorar a vontade. Mas por favor, não piore o que já está uma merda.

– Boca suja!

– Eu falo o que eu quiser!

– E eu faço o que me dá na telha! Boa noite, Malfoy! – falei me dirigindo para a porta.

Mas não pude dar nem meio passo. A mão dele fechou-se ao redor do meu braço e me jogou contra a parede. A outra mão encontrou meu pulso e eu me vi presa entre a parede e o próprio Malfoy.

– Me solte!

– Não!

– Não estou brincando.

– Nem eu. Diga que me ajudará!

– Um Malfoy pedindo ajuda para uma Weasley? É isso mesmo? Merlin! O mundo acabará hoje!

– Cale a boca Weasley!

– Vem fazer – respondi o que foi a coisa mais estúpida do mundo.

– Ok. – foi sua única e curta resposta e somente por um segundo esqueci que estava presa em seus braços.

Não havia algo mais perigoso para se falar do que aquilo que eu disse. ONDE ESTAVA MINHA INTELIGENCIA QUANDO EU PRECISAVA?

Num minuto eu era Rose Weasley, no outro, não era nada. Tudo o que passava pela minha cabeça era Malfoy, Malfoy, Malfoy.

O maldito tomara meus lábios à força, prensando-me contra a parede ainda mais. Senti seu cheio, asfixiante e de algo que me lembrava doces. Baunilha talvez. Eu não sabia dizer ao certo. Tentei soltar-me, tentei afastá-lo, mas quando me dei conta, estava na verdade cedida a ele. Eu o beijava de volta, contra a minha vontade.

E então ele afastou seus lábios, os olhos cinzentos fitavam-me com curiosidade, mas a máscara fria continuava ali.

Olhei para o chão, eu era uma estúpida!

– Diga o que tenho que fazer com Lorcan. E descubra logo algo que eu possa usar contra di Angelo – eu falei agora olhando-o com intensidade, sem temer mais nada.

Empurrei-o e sai de perto dele, caminhando em passos largos para a porta. No entanto, parei.

– Quando isso acabar, esteja longe de mim, Malfoy – falei ainda de costas e finalmente sai daquela sala.

[Incantatem] Fogo!

Se horas antes alguém dissesse que meu futuro na escola estava comprometido por uma enguia sonserina, eu não acreditaria. Afinal, eu era a garota mais certa de toda a Hogwarts, ou pelo menos era o que todos amavam lembrar e falar. Rose Weasley? Quem era? Óbvio que a santa da grifinória, certinha demais, irritante demais.

É como me descreviam.

E eu acreditava neles, embora não quisesse.

Mas todo meu autocontrole desaparecia quando uma serpente cruzava meu caminho. Vejam bem: Malfoy me provocava praticamente toda vez que me via. E eu precisava revidar, eu não herdara apenas a inteligência de minha mãe, mas também seu orgulho. E somente por isso eu esperei escondida atrás de uma armadura depois da reunião.

Malfoy passaria naquele corredor e era apenas uma questão de tempo até isso acontecer.

Dessa vez não havia Albus Potter nenhum para me segurar.

Dito e feito. Avistei a cabeleira loira e engordurada dele e já com a minha varinha a postos eu me revelei. Claro que a face dele converteu-se numa careta de surpresa. Ele por um segundo estava assustado a ponto de dar um passo para trás. Efeito surpresa, eu amava isso.

Murmurei um feitiço simples e ele foi empurrado por dois metros, caiu no chão com uma careta de dor.

– Está louca, Weasley? – ele rosnou com raiva puxando sua varinha.

Eu fora mais rápida e bloqueei seu feitiço. Os olhos cinzentos pareciam uma tempestade naquele momento, prontos para desabar sobre mim.

– Você destruiu minha poção, Malfoy!

– E daí? Vai me bater com um livro? – ele gritou ríspido e eu não me controlei.

Gritei o primeiro feitiço que passou pela minha cabeça. O bom foi que eu nunca usara o feitiço e eu o fizera perfeitamente. Era como observar um trabalho bem feito. O ruim era que o feitiço era totalmente destrutivo. Eu não acertei o Malfoy, porque ele lançou sua própria magia e esta se chocou com a minha. O que veio a seguir foi uma explosão e eu fui jogada para trás. Minhas costas bateram na parede e eu senti dor. Abri os olhos e vi chamas pelo corredor, entrando numa sala, destruindo a tudo.

Malfoy estava perto do fogo e levantou-se rapidamente, correndo para longe.

E então ouvi passos. Desesperei-me, comecei a correr e o idiota do Malfoy me seguiu. Tínhamos destruído uma sala. A sala de troféus. Destruímos uma sala. Eu estava morta. Morta!

Vi uma porta e a abri. Era um armário de vassouras, ótimo lugar para um esconderijo, mas péssimo para mim. Pensei duas vezes e então senti alguém me empurrar para dentro. Desesperei-me mais ainda.

– Hey! – reclamei enquanto Malfoy se apertava lá comigo e trancava a porta.

Estou perdida!

– Incomodada, Weasley? – a galinha sonserina falou perto demais, eu podia sentir sua respiração.

Não, eu não estava incomodada, estava ficando louca!

Tentei me afastar, não havia espaço para isso. Espaço, eu precisava de espaço imediatamente.

– Deixe-me sair – eu falei e ele tampou minha boca.

– Juro, Weasley. Se me pegarem considere-se morta! – ele sussurrou, mas sua voz era firme, assustadora.

Mas eu não tinha medo dele, tentei me soltar, mas nem isso eu conseguia fazer naquele cubículo, e pior, eu me mexi tanto que acabei quase caindo e nisso o Malfoy veio junto, sua mão segurou-me pela cintura, uma das mãos ainda tapava-me a boca e os olhos cinzentos... bem, digamos estavam perigosamente perto dos meus olhos.

Ele me fitava com interesse, com um olhar fixo e que eu não podia ler. Uma voz estava no corredor, lá fora. E nem eu, nem ele, ousou mudar de posição. Ficamos ali, apenas nos fitando, meu coração pulando pela boca por causa de toda a adrenalina, por causa do duelo, por estar naquele lugar apertado, por eu estar totalmente enrascada. E pior, enrascada com Scorpius Malfoy!

A voz foi desaparecendo e senti Malfoy relaxando e então ele soltou-me.

– Nem um pio, Weasley!

Quem ele pensava que eu era para obedecê-lo? Não mesmo que eu ouviria suas palavras.

– Vão me expulsar, vou ser banida de Hogwarts, nenhuma escola irá me querer e... e eu vou acabar velha e com mil gatos... e preciso, preciso...

– Weasley! – Malfoy falou segurando meus ombros, eu estava entrando em choque, mas ao olhar o loiro, senti que nem tudo estava perdido. – Não vai acontecer nada, você vai ficar quieta, não dirá nada a ninguém. NINGUÉM! Nem mesmo para o Potter.

– Mas Malfoy...

– Odeio dizer isso, Weasley, mas esse será nosso segredo. Eu não posso arriscar meu futuro, meu pai...

Então ele parou, obviamente estava falando demais para uma mera nerd grifinória, mas eu sentia uma pontada de curiosidade.

– O quê?

– Esquece – o loiro falou e fitou o chão. – Jura que não dirá a ninguém?

Eu hesitei. Eu estava mesmo fazendo um acordo com Malfoy? Aquilo tudo soava como uma loucura.

– Sim.

– Mesmo que sua vida dependa disso?

Ow, além de loucura parecia também um pacto. Aquele loiro era assustador, isso sim. Daqui a pouco ele me pedia para fazer um voto perpétuo.

– Eu já lhe dei minha palavra! – falei mais alto do que pretendia e ele quase tampou minha boca novamente. – Podemos sair daqui? – perguntei agora baixo, rezando para ele dizer sim.

Malfoy encostou um ouvido na porta e percebi, mesmo no escuro, que ele fazia uma expressão concentrada, algo que eu já vira durante as aulas, suas sobrancelhas estavam mais juntas, a testa franzida.

“Tire seus olhos da serpente agora, Dona Weasley!” gritei para mim mesma em pensamento, corando. Mesmo com Malfoy ali na porta eu achei a maçaneta e o portal abriu-se.

Ele me olhou com uma careta, mas eu já estava empurrando-o para fora e sai daquele armário maldito. Liberdade! Liberdade! Viva!

Nunca me senti tão bem ao sentir o ar fresco dos corredores, e só naquele momento percebi o quanto o armário estava quente comigo e com o Malfoy lá dentro. Ok, eu deveria parar de pensar nessas coisas, não era saudável ficar tão perto dele, definitivamente.

– Volte direto para o dormitório, invente uma desculpa. Se eles perceberem que estávamos fora, já era, ouviu bem?

Aquela cobra estava mesmo me dando ordens? Era isso mesmo, Merlin?

– Adeus, Malfoy – falei sorrindo e só então percebi que o suéter dele tinha algumas fagulhas, como se tivesse sido queimado. – Livre-se do suéter, ou o concerte – falei preocupada.

Ele olhou-se e então suspirou.

– Livre-se você da sua saia, Weasley. – ele falou completamente divertido e comendo minhas pernas com o olhar.

De fato minha saia estava também ligeiramente queimada, e eu corei com o comentário dele. Merda! Eu tinha que ficar vermelha? Eu devia ter sido uma bruxa realmente má numa outra vida, só assim para eu merecer o Malfoy! Ô Deus, por favor, tire-me daqui, ou leve Malfoy com você!

– Adeus, Malfoy! – falei novamente e me virei, indo para minha sala comunal.

Pude ouvi-lo gargalhar e só deus sabia o quanto eu queria estrangulá-lo por isso.

[Incantatem] Impulsos

Eu amaria dizer que sou uma daquelas garotas mega sortudas, uma garota que faz o que quer e manda e desmanda. A que quando passa, todos observam andar como nos filmes, com direito a câmera lenta e paradas dramáticas.

Mas aí eu lembro que Deus não me fez patricinha nem vadia.

E então eu volto à realidade. Ruiva, olhos azuis, sardas e livros.

A nerd da grifinória, também conhecida como a Weasley invocada, apelido que meu querido primo James me deu e até hoje eu sinto um impulso de afogá-lo no lago negro. Algo que eu faria se ele continuasse a chamar-me assim.

– Ele está olhando de novo – Molly falou olhando para a mesa da corvinal pelo canto dos olhos.

Eu não precisava virar-me para saber a quem ela se referia. O fato era que Molly sabia a queda, ou melhor, o precipício que eu tinha por Lorcan Scamander. Loiro. Olhos azulados. Ar sonhador. A perfeição em forma humana. Ai meu Merlin, por que a droga que chamam de coração precisa bater tão forte?

– Ela está vermelha – Dominique falou cutucando Molly.

Minhas duas primas começaram a gargalhar e eu estava cada vez mais irritada. Quem sabe elas poderiam fazer companhia a James no lago futuramente. Seria uma bela ideia.

– Eu não gosto dele, não gosto! – sussurrei.

– Não gosta de quem? – uma voz atrás de mim contestou.

Merda! Albus tinha que chegar logo agora?

– Hmm, desse almoço – eu falei sem pensar – eu realmente não gosto!

Albus fitou meu prato e viu ali um assado, delicioso por sinal.

– Pensei que essa fosse sua comida preferida, Rosie.

Por que, Merlin? Por que ele não podia ser um pouco mais parecido com o tio Harry? Albus poderia muito bem ser como James, um lerdo de carteirinha! Até mesmo meu pai teria caído nessa desculpa idiota minha!

Nick e Molly ainda riam e eu resolvi que me virar para meu prato era uma ótima alternativa para aquilo tudo. Ainda que ele fosse meu melhor amigo, era também amigo de Lorcan e eu não precisava passar mais vergonha ainda.

– Você anda estranha, Rosie – Albus falou sentando-se ao meu lado.

Deixei meu garfo na mesa e levantei-me. Eu não precisava aguentar a essa situação. A biblioteca era muito mais sedutora para mim do que o salão principal. Muito mais!

– Rosie! – Albus falou, mas eu já estava andando para longe. – O que deu nela? – pude ouvi-lo.

Os corredores frios faziam eu me sentir bem, me afastavam de tudo e todos e o melhor de tudo era o caminho até a biblioteca. Praticamente deserto!

No entanto quando abri a porta dei de cara com um loiro tão mais lindo do que Lorcan.

E também muito mais desprezível que o corvinal.

– Weasley! Bem vinda ao lar novamente! – Malfoy falou divertido e cruel. – O lugar de uma rata é na biblioteca!

Tive um impulso de puxar minha varinha e arrancar cada fio de cabelo daquele estúpido, mas me segurei. Eu não precisava me rebaixar a um Malfoy.

– Realmente, Malfoy! Pena que não temos um chiqueiro para ser sua casa. – falei e o empurrei com o ombro quando entrei.

Eu sabia que ele me fuzilava com o olhar.

E também sabia que Malfoy estava espumando de raiva.

Pior do que enfrentar o Malfoy, é enfrentar um Malfoy irritado.

Parabéns Rose Weasley! Gênio de Hogwarts! Mexe com fogo, sai queimada.

Eu ainda não acreditava no que aquele projeto de feiticeiro fizera!

Aula de poções, última aula do dia e com o Slughorn, que supostamente idolatrava Albus por alguma razão, uma razão com nome e sobrenome. Uma que se chamava Harry James Potter.

Simples assim.

E eu via claramente o quanto Malfoy odiava essa atenção que Albus recebia. Eu também me incomodava, veja bem, meu amigo era realmente inteligente, mas suas poções só eram boas por sorte, ele simplesmente sabia o que fazer, como se ele naturalmente soubesse exatamente o que aconteceria com cada ingrediente acrescentado.

É claro que era um talento natural, algo que o professor vivia ressaltando, dizendo que era o dom que ele herdara de Lilian Evans, sua melhor estudante e avó de Albus.

Naquele dia tudo o que tínhamos que fazer era um poção do sono, mas Malfoy não ia deixar barato o que eu lhe dissera mais cedo. Ele não parava de me olhar durante a aula, seu olhar nojento o denunciava. Ele tinha um plano, um plano diabólico.

Faltava apenas cinco minutos para minha poção estar pronta, chequei novamente as instruções no quadro negro. O professor me elogiara dez minutos atrás e eu me sentia a rainha das poções. Ou quase isso.

Alguém estragara meu brilho completamente. E quando eu digo alguém, eu quero dizer Scorpius Hyperion Ridículo Babaca Malfoy. Quando dou por mim, minha poção começa a borbulhar. Claramente há algo errado. Algo que eu acrescentara que não devia estar ali. Checo os ingredientes, penso no que fiz. Não! Eu fiz tudo exatamente como o pedido. A não ser que... checo meu caldeirão e percebo que o fogo está mais forte do que deveria. Olho para a mesa da sonserina. Malfoy está se divertindo com a situação e guarda sua varinha, sorrindo vitorioso. E então minha poção explode. Tenho apenas tempo de cobrir meu rosto antes que o líquido me queime.

EU VOU MATÁ-LO!

***

– Rosie, não! – Albus falava me segurando enquanto eu tentava alcançar o Malfoy.

Eu já imaginava a bela sensação de vê-lo sem seu gorduroso cabelo.

– Me. Solta. – Falei entre dentes e meu amigo continuou a me segurar, impedindo que eu continuasse a seguir o Malfoy-babaca pelos corredores.

– Não vale a pena. E você tem uma reunião hoje se lembra? Irá deixá-lo arruinar até mesmo seu cargo de monitora?

Parei. Albus estava certo. Eu não deveria deixá-lo estragar até mesmo isso. Talvez, depois da reunião, eu poderia trucidá-lo. Só talvez.

– Certo. Te encontro na sala comunal depois – falei e fui até as escadas, correndo antes que eu me atrasasse para a reunião dos monitores.

Lembrava-me ainda do orgulho de mamãe quando recebi meu distintivo nas férias. Ela era capaz de sair voando de felicidade. Era o mínimo que eu podia conquistar, afinal, eu era filha dos bruxos mais famosos, todos sabiam exatamente quem eu era quando cheguei a Hogwarts e mesmo sendo tão invisível na escola, eu ainda era lembrada como uma Weasley.

Não demorei nem dez minutos para chegar até a sala, todos estavam ali e quase arfei quando vi Scamander. Era Lysander, obviamente. O irmão gêmeo de Lorcan. Eles podiam até mesmo ser super parecidos, mesma aparência, mesmos rostos, mas suas expressões e olhos eram diferentes. Com o tempo era fácil diferenciá-los. Lysander era o irmão tímido e dedicado. Lorcan era o que se destacava com as garotas, para minha perdição.

– Hey Rosie! – Lysander me chamou e eu sorri.

Ele era um ano mais velho e nossa amizade existia desde muito tempo atrás. Afinal, sua mãe era amiga dos meus pais.

Ficamos conversando até todos chegarem. Malfoy já estava lá com uma garota que eu me lembrava como sendo Diana Nott. Garota ignorante e que me amava com todo o coração, ao ponto de adorar me lançar azarações.

Minha sorte era que meu conhecimento de feitiços de bloqueio era muito além do dela.

Reportei tudo o que acontecera aquela semana. Enquanto os outros falavam, eu prestava atenção e meu olhar cruzava com o de Malfoy. Era uma guerra silenciosa, uma guerra com um só vencedor e seria eu.

Eu odiava minha inocência!

Estava completamente enganada.

Eu seria a perdedora e com P maiúsculo, grafado na minha testa.

29 agosto, 2012

[Anywhere but here] Capítulo 2

A menininha segurava um enorme álbum de fotos no colo e soltou uma risadinha ao ver alguém conhecido.

– O tio Rony está ridículo com essa roupa, mamãe!

A mulher olhou para a foto e viu o amigo vestido com seu traje de gala para o baile do Torneio Tribruxo. Aquilo fazia anos, mas provocou uma risada gostosa nela.

– Eu sei, minha pequena... – a mulher falou. – Mas acredite, a foto está bem melhor do que a cena ao vivo e a cores!

– Está brincando, né? O tio Rony está horrível! – um menininho loiro falou subindo na cama e pulando no colo da moça.

– Já disse para não falar assim do seu tio... – a mãe ralhou com o menino.

– Mas Jean também falou, mamãe...

– Não brigue com nenhum deles, a mini-Hermione também falou mal do pobretão, como Hyperion disse. Ambos tem bom gosto! – um homem falou surgindo a porta.

– Draco! – a mulher falou erguendo-se e levando o menino consigo no colo. – Hoje é Natal, não vá brigar com meus amigos...

– Eu vou ganhar presentes, mamãe? – o menininho contestou, olhando da mãe para o pai.

– Não sei, Hyperion, você não está sendo um bom menino ultimamente.

– Hermione! Ele só tem três anos, não pode ficar maltratando-o assim... – Draco ralhou ao ver o filho fazer cara de choro. – E aguentar o Potter não era o que eu tinha planejado para o natal...

– E o que você planejou papai? – Jean perguntou inocentemente ainda olhando o velho álbum.

Draco jogou-se na cama, ao lado da filha e passou as mãos pelos cabelos aloirados da menina.

– Quantos anos você tem mesmo?

– Sete! – ela levantou uma das mãos e o dedo indicador da outra.

– Hm, quando você tiver trinta anos faça-me essa pergunta novamente...

– Draco! – a mulher ralhou com o marido e o pequeno Hyperion desceu de seu colo, para ir junto à irmã novamente.

– É você nessa foto, mamãe? – o loirinho perguntou, apontando para uma velha fotografia dos tempos de Hogwarts, uma na qual Hermione trajava um longo vestido e dançava com seu pai.

Hermione a olhou e lembrou-se daquela noite.

– Sim, meu bem, sou eu e o papai.

O menino foi falar algo, mas nesse momento ouviu um estalo. Duas cabeças loiras olharam pela janela do quarto e sorriram.

– Tia Gina está aqui! – o menino falou e saiu que nem louco para atender a porta.

– Espera! – Jean falou.

A menina saiu embestada atrás dele e Hermione se pôs a rir.

Poderia esperar tudo, menos por aquilo. Comemorar o Natal com seus filhos, amigos e Draco... era algo que no passado ela nunca imaginaria.

– Por que está sorrindo? – Draco contestou.

– Por nada... só estava me lembrando de tudo. E do quanto você era feio naquela época! – Hermione brincou.

– Feio? – Draco ficou escandalizado e pegou o álbum das mãos dela. – Olhe para a minha beleza! Sou um lindo, Hermione. Admita!

Ela fitou novamente a foto.

– É... você dá para o gasto...

O loiro fechou a cara e avançou ameaçadoramente para a mulher.

– Dou para o gasto? – perguntou e a segurou pelos braços.

– Draco, não! – Hermione pediu, mas Draco não a atendeu, começou a fazer-lhe cócegas e ela morreu de rir. – Draco... DRA... PA... RA!

– Diga que sou lindo.

– Voc... você é... lindo! PARA!

– Diga que é minha...

– É sério... para! – pediu novamente, e ele continou. – Okay, okay, eu sou sua!

– Diga que me ama!

– Eu estou cansando desse jogo, Malfoy! Você vai me beijar de uma vez, sim ou não? – Hermione contestou fazendo uma falsa cara de brava e Draco riu da expressão dela.

– Sim, senhora! – falou e tomou-a nos lábios como dois adolescentes apaixonados, traduzindo nesse toque a necessidade de tê-la para si. Sentindo-a como nunca, desejando-a como sempre.

[Anywhere but here] Capítulo 1


O salto dela ao entrar em contato com o chão fazia sons típicos e que a deixavam mais nervosa a cada instante. A saia do seu vestido deslizava pelo chão como plumas, e dava-lhe um ar principesco, um porte de dama, que possuía toda a beleza do mundo, embora esta estivesse mascarando toda a dor em seu peito. A maquiagem clara escondia olheiras, porém não seu olhar tristonho.

A garota parou bem no topo da escadaria, perto do hall de entrada, onde casais apaixonados se encontravam para adentrar o grande salão. E, então, ela o viu. Trajava vestes tão negras quanto a noite, as quais contrastavam com o seu claro e volumoso vestido. Os olhos azulados pareciam belos para ela e assim que eles encontraram o olhar dela, a garota sentiu todo o seu corpo estremecer, assim como o seu coração, que batia descompassado, quase a matando aos poucos, Tum-tum. Tum-tum. Ela morria... por não tê-lo.

Uma mão pousou em sua cintura e ela olhou para trás.

– Você está linda, Hermione – Rony falou ao pé de seu olvido. – E não precisa entrar sozinha nesse baile.

– Eu já disse, Rony, eu tenho um par. E você também já tem o seu, e se eu fosse você, não deixaria Lilá esperando. – Hermione falou sorrindo para o amigo e ficou vendo-o afastar-se e reunir-se à loira.

Harry com Gina, Rony com Lilá. Seus amigos pareciam felizes e isso a animava, porém de onde vinha tamanha tristeza em seu coração? Seu olhar machucado era a consequência de um amor que nunca se realizaria?

Draco Malfoy ainda a fitava de perto da entrada do salão, como se dissesse: “você é minha, é comigo que deve entrar Hermione Granger”. Entretanto, tais palavras não saiam de seus lábios, ela as lia na mente do sonserino. Ele a queria, mas nunca poderiam pertencer um ao outro. Era loucura.

Hermione deu um passo à frente e degrau a degrau começou a descer a escada, aproximando-se do loiro mais e mais. “Isso é loucura” disse a si mesma mentalmente. A cada centímetro mais próxima de Draco sentia seu coração pular. “Loucura...”

A garota parou bem à frente do sonserino e fitou-o demoradamente. Alguns alunos que esperavam no hall dirigiram os olhares para aqueles dois supostos inimigos, talvez esperando que puxassem suas varinhas e se matassem ali mesmo. Mas isso não aconteceu.

– Você tem certeza sobre isso? – a garota contestou-o. – Sabe que o preço por andar com uma sangue-ruim é alto... para um Malfoy.

O loiro dirigiu seu olhar para quem o fitava com Hermione, sentia-se exposto, como um animal numa jaula, o qual todos fitavam a todo instante, um animal preso à própria condição privilegiada. Qual o sentido em ter poder, se não poderia usá-lo? Seu nome o precedia, seu nome o elevava cada vez mais, porém, seu nome também o destruía aos poucos, pois o dela nunca estaria à sua altura, não como ele queria, não como precisava que estivesse. Hermione Granger tinha tudo para ser sua garota, mas possuía um sangue amaldiçoado.

Draco suspirou e, ignorando todos os seus pensamentos, fez uma reverência para garota.

– Não me importa as consequências, eu iria para o inferno por você – o loiro falou. – Você quer ou não ser o meu par esta noite, Hermione?

– Draco...

Is this the end of the moment or just a beautiful unfolding

Of a love that will never be or maybe be

Everything that I never thought could happen or ever come to pass and I wonder

If maybe, maybe I could be all you ever dreamed, cause you are


A música no salão principal encheu a audição de ambos, Hermione olhou para a enorme porta e finalmente aceitou a mão que Draco mantinha estendida.

– O que todos irão pensar? – ela sussurrou.

– Irão pensar que você está linda... e que é minha.

– Draco, não é hora para isso – Hermione disse corando. – Meus amigos... sua familia...

– Granger, eu pensei que você fosse corajosa, se não quer fazer isso, apenas entre sozinha ou volte para seu dormitório. Eu tenho mais a perder do que você, mas estou aqui, não? Porque não ligo para a droga do seu sangue ou o meu e...

– Draco! – a garota falou. – Eu já entendi.

Beautiful inside, so lovely and I can't see why I'd do anything without you, you are

And when I'm not with you, I know that it's true

That I'd rather be anywhere but here without you

O sonserino exibia um semblante pensativo, ela percebia isso. Não entendia por que diabos ele a convidara e insistira para vir com ela naquele baile, sabia apenas que deveria vir, por ela, por ele.

Hermione mantinha uma postura incrivelmente nobre, como se fosse uma verdadeira princesa de contos de fadas, uma princesa adormecida que agora despertava naquele enorme salão decorado nos mínimos detalhes. Ela parou bem no centro da pista e Draco pousou sua mão em sua cintura.

Os dois monitores de Hogwarts estavam juntos e teriam a primeira dança, conforme a tradição da milenar escola. Entretanto, tamanha era a surpresa de todos ao deparar-se com aqueles dois juntos. Granger e Malfoy? Era realmente essa a cena que viam? Não havia hostilidades entre eles, tampouco troca de xingamentos ou expressões de asco.

Is this a natural feeling or is it just me bleeding

All my thoughts and dreams in hope that you will be with me or

Is this a moment to remember or just a cold day in December, I wonder

If maybe, maybe I could be all you ever dreamed cause you are

Uma música lenta começou a ser tocada e com toda a graça do mundo os dois jovens principiaram a dança. Draco a conduzindo e Hermione deixando-se levar pelo rapaz.

– Essa é a nossa última noite em Hogwarts... – a grifinória comentou com o loiro – Eu estou com medo de como as coisas serão daqui para frente.

Essas palavras estavam há tempos entaladas na garganta da menina, e somente agora ela percebia isso. Dizê-las a Draco era já uma grande vitória.

– Esqueça o amanhã, meu bem. É o hoje que importa – Draco falou a girou em seus braços.

– Draco, tenho algo para te dizer... – a garota falou nervosa.

– Seus amigos querem matar-me por estar com você. – Draco falou mal ouvindo-a, fitava agora Potter e Weasley pelo canto dos olhos.

– O que mais você esperaria? Estamos dançando, imagine o que pensariam se soubessem que estivemos juntos... – Hermione comentou e soltou uma risada, mas parou ao ver a expressão de Draco. – O que foi? Por que essa cara? Draco, por que está sorrindo tanto?

– O que aconteceria se nos vissem juntos... de verdade? Sem máscara alguma ou tradição escolar maquiando o fato de dançarmos...

Beautiful inside, so lovely and I can't see why I'd do anything without you, you are

And when I'm not with you, I know that it's true

That I'd rather be anywhere but here without you

– Draco...

Sua voz morreu, no mesmo momento em que ela sussurrou seu nome, ele tomou-a nos lábios, tocando-os lentamente e de forma suave. E por um segundo não havia salão algum ao redor daqueles dois jovens condenados pela Guerra Bruxa. Não havia um baile ou canção dispersando a atenção de ambos. Não havia ninguém testemunhando a união daqueles dois, tampouco alguém que pudesse quebrar o momento que só a eles pertencia.

Hermione afastou-se do loiro e fitou-o assustada, temendo o que pensariam, porém ao encontrar os olhos do rapaz, percebeu que ele sorria, um sorriso genuíno, um que ela raramente vira em seus lábios nos últimos meses.

“Essa é a nossa última noite, Hermione. Venha comigo ao baile” Lembrou-se do pedido do sonserino. Lembrou-se de como tudo aquilo começara, do ódio, do orgulho ferido de ambos.

Is this the end of the moment or just a beautiful unfolding of a love that will never be for you and me

Cause you are

– Para onde irá amanhã, Draco, quando o Expresso de Hogwarts chegar a Londres? Para que lado irá seguir? – Hermione contestou-o, tentando evitar ao máximo o momento de dizer adeus.

Draco puxou-a pela mão, ainda sob os olhares de todos naquele salão. Viu os amigos dela fazerem menção de os seguir, porém Ginevra Weasley deteve tanto Potter quanto o irmão. O loiro a levou para fora do salão, numa sacada onde a luz era fraca. Mesmo nessa perspectiva escura, ele distinguia claramente a expressão preocupada da grifinória.

– Draco...

– Eu não partirei no Expresso de Hogwarts amanhã – ele principiou e ela franziu o cenho. – Eu partirei essa noite, Hermione. Partirei como um comensal, Dumbledore me expulsará da escola, junto dos outros...

– Outros? – Hermione repetiu. – Do que você está falando? Disse que não era um comensal, que nunca desejou tornar-se um...

You're beautiful inside, you're so lovely and I can't see why I'd do anything without you, you are

– Essa guerra é inevitável, minha família já está praticamente enforcando-se nessa causa. Eu preciso salvá-los, porém não posso arriscar você, sabe que nunca teria chance se o Lorde das Trevas ganhar.

– Então...

– Então você me deixará partir essa noite.

– Para morrer? Para lutar contra mim e meus amigos? – Hermione falou com desdém. – Faça isso, Malfoy! Vá embora!

Ela voltou-se para dentro a fim de retomar seu caminho e adentrar o Grande Salão, entretanto, Draco a conteve. A mão quente dele encontrou a mão fria dela e Hermione novamente o fitou nos olhos.

– Hermione...

A garota puxou o braço, soltando-se do loiro, numa atitude hostil e raivosa.

– Você comete apenas erros, Draco. Eu pensei que pela primeira vez poderia confiar em você, fingir que por pelo menos um dia fôssemos adolescentes comuns, daqueles que não precisam se preocupar com assuntos de gente grande, daqueles que só necessitam escolher um par ou o melhor vestido, encontrar os amigos numa festa e se divertir – Hermione falou. – Nosso maior problema não deveria ser uma guerra.

And when I'm not with you, I know that it's true

Ela sentiu os olhos arderem, mas não cederia tão facilmente às suas emoções, levantou o rosto, e quando o fez, percebeu que Draco tinha a face tão séria quanto a dela. Ele olhava a um ponto mais distante naquele momento, onde uma fumaça escura ameaçava adentrar os portões da escola.

That I'd rather be anywhere but here without you

Hermione virou-se novamente para o salão e levou a mão até uma das dobras do vestido, onde escondera sua varinha, mas o sonserino fora mais rápido e a conteve novamente.

– Eu não espero que você entenda... – sua voz era rouca. – Não espero que me apoie, mas grave essas palavras, Hermione Granger: acabarei com essa guerra, por você.

Por um segundo ela acreditou naquelas palavras, com toda a sua vontade, porém, no outro instante, ela não mais o via. Mergulhara na escuridão.

– Ela está acordando... – uma voz conhecida falou.

Abriu os olhos, a luz machucou seus olhos e Hermione sentiu-se tonta.

– O que aconteceu? – a garota perguntou e fitou Gina.

A ruiva parecia preocupada, Hermione olhou-se e percebeu que ainda trajava um longo vestido de baile. Porém não recordava de absolutamente nada. Lembrava-se vagamente de uma dança, de um beijo... um beijo... Draco!

– Hey, não se levante ainda! – Gina ordenou segurando a amiga. – Você está fraca.

– Eu não lembro o que houve... Estava com Draco e...

– Ele a trouxe até aqui, à sala precisa. E depois mandou me chamar. Ele te estuporou Hermione, fez isso para fugir do castelo com o papaizinho dele – Gina falou aborrecida. – Não sei o que viu nele, de todos que você poderia se apaixonar... foi escolher logo o pior!

– Gina! Isso não importa agora. Eu vi comensais e...

– Todos viram, adentraram o castelo e houve duelos. McGonagall e os outros os controlaram.

Hermione levantou-se e aproximou-se da janela da sala. Mesmo com a escuridão que havia lá fora, ela pôde ver um leve brilho vindo da lua.

– Você ao menos conseguiu dizer a ele o que queria? – Gina perguntou para a amiga.

– Não... eu não disse – Hermione falou.

“Eu não espero que você entenda...”

– E o que havia de tão importante para você dizer a Draco Malfoy? – a ruiva perguntou mais uma voz.

“Não espero que me apoie...”

– Hermione eu sou sua amiga, me conte!

“... mas grave essas palavras, Hermione Granger...”

– Hermione!

“Acabarei com essa guerra, por você”

– Estou grávida de Draco Malfoy...


Anywhere but here by Beeh




Uma última noite para dois amantes, uma última noite... para o começo de tudo.

Fic dedicada a Annah


1. Capítulo 1
2. Capítulo 2

Never by Dream and Beeh


by Dream and Beeh

Em toda sua vida, Hermione Granger nunca pensara que pudesse desafixar-se do mundo real, a um completamente diferente.
Ela também nunca pensara que nele, seus maiores temores e emoções seriam despertados, e encarariam-na face a face.
A garota vai para a escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e lá, tem de vivenciar a pior de suas experiências, ao lado de Draco Malfoy.
O garoto torna seus piores pesadelos possíveis, juntos aos amigos, quais a humilham e a julgam por ser sangue-ruim.
Logo, seus destinos são entrelaçados em uma terrível teia de ódio e intrigas, quais os pressionam, esmagando seus corações.
O que ela e nem ao menos ele sabe, é que esse ódio poderá tornar-se algo incondicional em suas vidas. Algo mais forte do que as emoções outrora vivída pelos dois. Algo que ultrapassará os limites da realidade, e que os confrontarão sem piedade. Algo que poderá selar suas vidas para sempre.
Ódio, comédia, e acima de tudo, o amor, se mesclarão na vida de dois únicos jovens, quais, apesar da inocência que a vida lhes emprega, enfrentarão seus destinos com bravura e determinação, ultrapassando barreiras, e mostrando a todos que, em meio a tanto ódio, um fruto de amor pleno e terno pode brotar com profundidade em seus corações.


1. Prólogo
2. The Beginning

[Never] Prólogo

Beeh: Hey povo *O* Mais uma fic minha e a minha primeira com o Yurizito *O* É, eu sei que eu não deveria postar mais uma, mas eu não me controlo, a história vai se formando e eu TENHO que escrever, e a culpa é do Yuri que me convenceu a embarcar nessa tbm u_u. Alguém adivinha quem escreveu cada pov? kkkkkkkk Ganha o Draquito quem adivinhar, brinks ele é meu, tirem os olhos >.< HSUHDSUDHS!
Yuri: Ainda bota a culpa em mim, u_u! KKKKKKKKKKK! Hey povo! Bem, eu tive que escrever essa fic quando eu tive a idéia dela, e a Gabes parecia ser a pessoa perfeita pra escrever ela comigo, né, dona Gabes, u-u? Enfim, esperamos que gostem, gente! Até lá em baixo!


Hermione's Point Of View

Hermione olhou fixamente pela janela do carro de seus pais e fechou os olhos com ternura.

A carta de Hogwarts ainda permanecia em seu bolso desde que ela havia deixado sua casa, à caminho da estação de King’s Cross.

Em sua mente, abria-se um longínquo clarão de diversos pensamentos, cujos mesmos a garota decidia guardar para si mesma.

Sua sina.

Ah, como ela tinha o poder degradante de arruinar-lhe a vida; suja e odiada por aqueles cujo sangue puro tomava-lhe as veias. Hermione lera tudo sobre ela.

Ela pensava em quantos problemas seriam-lhe cobertos; quantas humilhações seriam-lhe impostas; quantas peças seriam-lhe pregadas... Pelo simples fato de Hermione não ter nascido de um fruto bruxo.

Por ter nascido trouxa.

A garota apertou os olhos com fervor e sentiu os cílios saliarem-lhe a pele. Seus olhos chorosos encobriam-se de lágrimas, mas ela os mantinha firmes, mesmo que encobertos por suas pálpebras.

Seus ouvidos captaram o agudo som da buzina do carro dos pais, e o estridente som da voz do homem que dirigia logo à frente, gritando algo que Hermione não pôde ouvir.

Ela tampouco ligava.

Apertou os livros que mantinha presos aos braços e apertou-lhes com força.

A única coisa que lhe acalmava a alma, o pensamento e até mesmo a escuridão que outrora lhe era imposta.

Ela olhou de relance para o lado, e observou as ruas de Londres com louvor. Eram tão lindas. O asfalto impecável era encoberto pelas mais diversas pessoas que nem mesmo Hermione Jean Granger poderia distinguir. Elas deixavam-lhe rastros de pegadas que, em meio à tantas, se perdiam em uma só colisão.

Eram tantos os edifícios... Rodeavam a rua em um alinhamento sem igual, erguendo um majestoso lote que se prolongava em constante seguimento.

Como Londres era-lhe especial... As emoções que outrora vivera ali mesmo, naquelas ruas... Tomariam-lhe a memória e o coração para sempre...

Apenas a simples lembrança daqueles momentos consumia-lhe a alma... e isso doía.

A garota desviou o olhar dali na mesma hora, e focou-os novamente em seus livros. Ah, como eles eram-lhe reconfortantes.

Tomou um a mão e abriu-lhe com leveza, deixando os outros sob as pernas. “Eros & Psyque.”

Este, ganhara de presente da mãe, em uma visita rápida à Floreios & Borrões para comprar os livros da escola. Hermione desembrulhara-lhe ofegante e ansiosa, ali mesmo, após de um grande abraço à mãe.

Uma mulher com curvas magníficas pousava na capa, ao lado de um homem, ambos cobertos por um manto branco, cobrindo-os do pescoço à baixo. O homem continha deslumbrantes asas nas costas, e cortejava a mulher, enquanto a mesma trocava carinhos com ele. As letras transpareciam em dourado, em uma fonte singela, rabiscada ao rodapé. As folhas do livro eram amareladas e borradas nas pontas. Folheou-as com carinho, e partiu para a leitura. Passou a introdução não muito entusiasmante e os créditos e dedicatórias. Seus olhos avistaram o Capítulo Um e as tantas letras que o compunham. Ela irradiou no mesmo instante.

Tocou com os olhos as primeiras palavras, mas o rangido do freio estalou pelo carro, atrapalhando a leitura; eles haviam chegado à estação.

Ela rapidamente fechou o livro e tomou os outros a mão, guardando-os em sua bolsa, qual colocou de relance no ombro.

Desceu do carro em um entusiasmo incomparável e sorriu, contemplando a grandiosa estrutura que se erguia acima de sua cabeça.

Seus pais rapidamente trouxeram-lhe um carrinho, onde colocou suas maletas, malas, bolsas e os mais diversos livros.

Sorridentes, entraram na estação e atravessaram o salão de entrada, disparando à escada, que os levou para as mais diversas plataformas que seguiam em perfeito alinhamento, nos mais diversos lados.

Mas apenas uma plataforma, ou duas, no caso, era importante naquele momento. As plataformas 9 e ¾.

A plataforma que dava acesso ao expresso de Hogwarts, e que se encontrava em uma barreira entre as plataformas nove e dez. Hermione lera isto em um livro, e firmara-se curiosa por este momento desde que descobrira sobre o mundo da magia.

Então, a família Granger caminhou até as plataformas. As plaquinhas se alinhavam frente à frente, em cada plataforma, ao redor da estreita barreira de pedra que as dividia.

Hermione virou-se aos pais; os olhos marejados pelas lágrimas. Sorriu inocentemente e deixou uma única lágrima cair. Afinal, aquilo não seria um adeus. Correu até eles e abraçou-lhes com força.

– Sentiremos sua falta, querida – disse a mãe, dando um beijo do lado direito do rosto da filha, enquanto o pai ocupava o esquerdo, como sempre faziam.

A garota sibilou um risinho e disse-lhes:

– Também sentirei, mãe.– Beijou o pai de leve na testa.

– Bem... Aqui nós ficamos, querida – disse o pai, separando-se da mãe e filha, que fizeram o mesmo.

– Sim... – disse Hermione, e com desenvoltura, jogou-lhes um beijo. – Adeus, mãe, pai.

– Adeus, querida – disseram-lhe os pais.

Hermione virou-se com leveza e encarou a estrutura de pedra que erguia-se notoriamente à sua frente, e tremulou de leve. Curiosidade, acima de tudo, elevava-se junto ao temor da garota.

Seria tudo aquilo um sonho? Ou a realidade realmente a envolvia em uma teia de profundas emoções e sentimentos? Será que a magia realmente existia? Ou será que aquilo tudo não se passava somente em sua mente fértil, durante um simples cochilo noturno?

Só havia uma maneira de descobrir.

Hermione posicionou o carrinho e a si própria devidamente alinhadaà barreira. Suspirou.

De um passo, seguiu-se vários, e a garota chocou-se contra a barreira.


Draco’s Point Of View

Draco Malfoy era criança incomum. Julgá-lo parecia impossível, assim como entendê-lo. Todos os que o faziam, cometiam erros, ele confundia a qualquer um. Seus gestos eram os mesmos de uma criança adorável, sabia ser dócil, tinha carisma para tocar a mais carrancuda pessoa. Draco era um menino extraordinário. Sua aparência era a de um pequeno príncipe e qualquer um julgaria que ele recebera a mais fina educação, visto que seu sangue nobre e reputação o precediam. Os dedos ágeis foram treinados perfeitamente para tocar a mais bela composição no piano, sua mãe o ensinara, ainda que o pai discordasse. Música era algo inútil para Lucius Malfoy, que rapidamente instruíra o filho a reconhecer aspectos da Magia das Trevas. Os olhos azulados naturalmente encontravam traços de Magia Negra.

E com tal educação estaria para se tornar também um dos melhores bruxos de sua geração, ainda que fosse uma simples criança, porém excepcional. Draco iniciaria seus estudos numa das mais conceituadas escolas de magia e bruxaria: Hogwarts.

Tão precoce menino estava agora fitando seu reflexo no espelho. Os olhos cinzentos eram uma tarde tempestuosa. Lucius ensinara-o a não ansiar nada, o nervosismo era para os fraco, entretanto, Draco estava nervoso. A perspectiva de estudar numa escola como aquela o deixava anestesiado de tanta euforia.

Ele fitou-se uma última vez antes de ouvir um estalo forte em seu quarto. O elfo Dobby o olhava.

– Sua mãe o chama, menino Malfoy.

Ele fizera-lhe uma reverencia tão exagerada que seu nariz tocou o chão. O menino ignorou o elfo e saiu de seu quarto, descendo rapidamente as escadas da opulente mansão. Nas paredes ricamente decoradas, os retratos de seus antepassados acompanharam seus passos até o hall de entrada, onde sua mãe arrumava a camisa de seu pai, perfeitamente polidas e negras. O homem era alto e era facilmente perceptível que a maior parte de suas feições eram vistas nas do filho. Os olhos ora azulados, ora cinzentos. Os cabelos loiros, longos no pai, curtos no filho. A expressão arrogante na face. A postura nobre. A mãe, por outro lado, trazia no rosto as características dos Black, o modo superior, os gestos de uma lady, a impetuosidade e olhos atentos e esperto. Draco era a cópia de seu pai, mesclada com a superioridade e impulsividade dos Black.

– Draco, meu amor, desça logo, ou irá perder o Expresso – Narcisa Malfoy falou, olhando para seu menino e terminando de ajeitar as vestes do marido.

Era visível que o homem estava incomodado, Narcisa sabia o porquê. E Draco também. O menino ouvira uma das discussões dos pais. O problema era ele. Lembrava-se das palavras de Lucius. O fato dele não querer que o filho fosse para Hogwarts, mas sim para o Instituto Durmstrang. Draco não queria nem imaginar como seria viver num lugar tão frio e ficou mais do que feliz ao ver a mãe discordar.

“Você não vai levar meu filho para tão longe!” Narcisa Malfoy falou.

Agora, vendo a expressão do pai, Draco sabia que ela tinha muita coragem para bater de frente com o pai. Temia-o ao passo que também o admirava.

– Sim, mamãe, vamos... – Draco falou terminando de descer e viu seu malão ali perto – Aliás, como iremos?

Draco sabia que a mãe odiava pó de flu, deixava as vestes imundas, fora que essa não era a melhor forma de transporte.

– Uma chave, é claro – sua mãe falou pegando um pente que estava em cima de uma mesinha – temos mais dois minutos antes de partir.

A loira aproximou-se do filho e beijou-lhe a face.

– Ainda temos tempo para nos despedir, mamãe... – Draco reclamou, porem deixou a mãe beijá-lo.

Era bom receber algum carinho, ainda que fosse somente de sua mãe. O pai mantinha-se mais afastado, pegou o seu malão e o puxou para mais perto.

– Draco... – Narcisa começou – Eu quero que você aproveite a escola o máximo que puder, não arranje confusões e não deixe nunguém pisar em você, meu menino. Você é um Malfoy, tem sangue Black. É melhor do que todos ali juntos. E escreva-me.

– Mamãe, eu voltarei em alguns meses, não estou indo para sempre.

– Escreva-me Draco!

– Okay! Eu escrevo – o pequeno loiro falou e se afastou da mãe ao ver o pente de madeira brilhar. – Temos que ir.

Narcisa estendeu o objeto, Draco o tocou ao menos tempo que o pai fechou suas mãos sobre as mãos do filho e da esposa. E juntos partiram da mansão Malfoy. Draco sabia que tudo mudaria naquele dia. Seu coração deu um solavanco.

Inimicum by Beeh


Hermione Granger por anos foi uma pessoa amarga e nunca soube ao certo a razão de Draco a abandonar. Agora ela é uma auror e ele um comensal, entretanto um encontro faz com que ambos voltem ao passado e segredos sejam revelados.


Inimicum

Let me fall




Respiro.

O ar foge de meus pulmões, eu mal posso sentir minha respiração. Prendo-a. Tento em vão soltá-la, é difícil. Sinto uma agonia crescer em meu peito, abraço-me, minha pele é fria, assim como a fina chuva que cai do céu, banhando minha face, meu corpo, lavando meus pecados , porém ela não consegue levar para longe meu pesar, mesmo depois de tanto tempo.

O céu ali nunca me parecera tão tristonho, talvez transparecesse meu estado. Agarro-me mais forte, querendo que eu me desvaneça com esse aperto. Sou a escória da sociedade. Minha sina é a morte para aqueles que me odeiam. Meu sangue é tão poluído quando o de uma meretriz.

– Você não deveria estar aqui – a voz vem até mim, familiar, com um leve tom de ameaça. – Este é o um lugar para você.

Há em seu tom certa irritação. Há em seus olhos o desejo de se aproximar mesclado ao medo de me possuir ali mesmo. Quem iria querer cair em tentação? Quem cairia por causa de uma sangue-sujo? Anjos não caem, porém ele não era um anjo, ainda que o parecesse. Ainda que eu secretamente desejasse voar para o infinito com ele e possíveis belas asas de plumas.

Eu o fitei. Vê-los entre as lápides causava-me arrepios. Ele era quem não tinha o direito de estar ali.

– Um cemitério é um lugar para todos. Eventualmente – respondi e dei-lhe as costas, fitando a lápide novamente.

A superfície cinzenta era gélida e estava úmida devido à chuva. O home m aproximou-se e colocou acima de minha cabeça seu guarda-chuva negro. Eu o olhei confusa, como poderia ele ainda importar-se depois de tudo o que acontecera? Seu rosto era jovem, porém a expressão era a de um velho. Não combinavam com seus poucos 26 anos.

– Por que está aqui, Draco? – perguntei avaliando o loiro a minha frente.

Ele devolveu o olhar e em seguida fitou a lápide, apontando-a.

– Não é óbvio? Estou aqui por ela – o homem falou e abaixou-se, depositando cravos brancos no túmulo cinzento.

Olhei para um ponto um pouco mais a frente, onde uma estatua de um anjo fora colocada, era enorme e sombria, dava-me medo ao mesmo tempo em que me fascinava pela beleza. A cruz na lápide era negra e assustadora.

– Já faz cinco anos, Hermione – ele comentou e percebi a mudança em seu tom.

Não era mais hostil, por um segundo ele era novamente o antigo Draco Malfoy. O Draco pelo qual eu me apaixonara. O meu mais doce inimigo.

– Não me lembre – pedi e senti lágrimas vindo sem permissão, virei-me para escondê-las, mas era impossível, Draco podia perceber qualquer aspecto de meu estado destruído. Sempre fora assim.

– Ela foi nossa salvação e também a perdição... – Draco falou e eu funguei, chorando. – Pare de chorar, já faz tanto tempo e nada irá voltar.

– Cale a boca – falei virando-me novamente para ele – Eu sei que ela não voltará... eu sei...

Senti os braços dele me envolverem.

Inimigos.

Amantes.

Estranhos.

O que diabos éramos?

Ele me abraçava e eu permitia seu toque. Já havia meses que não o via. E fazia já anos que não nos falávamos. Hoje era apenas um acaso. Nunca o vi antes na lápide onde agora estávamos. Entretanto, já vi flores antes no túmulo, sempre cravos brancos.

– Você deveria estar com os comensais, não abraçado a uma sangue-ruim – falei, mas não o soltei, nem ele a mim.

– E você deveria estar com a Ordem – Draco falou no mesmo tom e eu afundei em seu peito.

Senti ele tocar meus cabelos. O que acontecera conosco? Ele disse que ficaríamos sempre juntos, dissera que nada nos separaria, jurou por tanto tempo. Quão tola fui, deveria imaginar o quanto ele era um fraco. Desde quando um Malfoy enfrentaria a família por uma garota como eu? Desde quando ele abdicaria a nobreza? Sujar seu sangue azul? Nunca!

Eu me afastei, incapaz de me controlar, incapaz de controlar às lagrimas.

– Hermione...

– Volte para eles. Você é para sempre meu inimigo, o passado não volta, e os mortos não ganham vida. Então o que tínhamos não voltará tampouco – falei e ele tentou tocar-me uma vez mais – Não, me deixa.

Eu dei um passo para trás e fiz menção de partir, mas ele me conteve.

– Você fica, estava aqui antes, merece ela mais do que eu. Eu irei – Draco falou. – Eu só queria dizer, antes de ir... adeus, Hermione.

– Para onde vai? – perguntei antes de poder conter-me. Para o diabo com meu orgulho, eu ainda me importava com Draco Malfoy.

– O Lord das Trevas nomeou-me o terceiro em comando depois que meu pai morreu no último ataque... quando o Potter o matou – Draco falou com uma carranca. – Irei para a França. Há partidários lá e eu não deveria dizer isso para uma auror, entretanto, aqui estou eu me arriscando, falando coisas que não deveria...

– Diz porque quer – falei.

– Não, Hermione. Eu falo porque desejo que seja o seu lado o vencedor. – Draco falou e eu mal pude acreditar em suas palavras. – Eu quero que você confie em mim, mas eu não sei como ter sua confiança. Ninguém sabe o quanto tem sido difícil esses anos todos.

Eu ri, incapaz de acreditar no que ele me dizia.

– França então? – falei. – E voltará?

– Acredito que não – o loiro falou e percebi seus olhos escurecerem, ele tocou o casaco negro e tirou de lá uma carta. Entregou-a a mim. – Eu pensei que teria que procurá-la por toda Londres para te entregar isso. Desculpe-me por só ter essa atitude agora – ele falou e eu não entendi. – Demorei tempo demais para dizer-lhe certas coisas. Perdão, Hermione.

Senti medo, nunca o vira naquele estado. Abri a carta, mas ele me parou.

– Deixe-me partir antes de lê-la. Pelo amor de Merlin! – ele pediu.

Eu estava confusa. O que diabos ele tinha a me dizer? Por que não dizer-me pessoalmente? Por que demorou tanto tempo, como revelou há pouco? O loiro pegou-me pela mão e puxou-me, a carta ficou entre a minha própria pele e a dele. Os lábios dele procuraram os meus e eu cedi, entorpecendo-me em seu cheiro. Sentindo-me nas nuvens, como desejara estar minutos atrás. Ele me tocava com angustia, como se quisesse guardar-me para sempre, como se esse toque fosse o ultimo que teríamos e eu sentia que realmente o era. Um último beijo de Draco Malfoy. Estremeci e o abracei, deixando que uma lágrima deslizasse em minha face.

Draco afastou-se bruscamente e eu quase cai na terra úmida, ele partia e eu queria gritar para que ele voltasse. Fitei novamente a lápide, li os dizeres calmamente, porém com um aperto do coração.


Helena Lysandra Malfoy

23 de janeiro de 2011 - 10 de agosto de 2001


Abri a carta, sem controlar minha curiosidade e nervosismo, a letra dele apareceu a minha frente e eu me senti aliviada em ter parte dele comigo.




Minha querida Hermione,

Escrevo a ti e lembro-me das cartas de nosso passado. Eu costumava escrever-lhe todo o verão que passamos separados no último ano de Hogwarts. Como eu queria voltar para aquele tempo. Com dezessete anos pensava que a vida era difícil, agora, quase dez anos depois, vejo que aquilo não era nada. Eu a tinha ao menos, e os anos de nosso casamento foram os melhores da minha vida. Sonho com teu sorriso, com seus lábios nos meus. Desejo senti-los novamente todos os dias. Sinto falta de vê-la acordar ao meu lado, sinto falta até mesmo das pequenas provocações que fazíamos um ao outro. Sinto saudades de teu perfume, dos teus olhos dourados, do teu corpo inteiro. Penso que irá me odiar quando findar a leitura desta carta, por esconder por tanto tempo, a verdade é que eu precisei desses anos para descobrir a informação a qual eu queria, algo que devolverá parte da tua felicidade. Minhas mãos doem ao escrever estas palavras, mas não posso ficar mais um segundo sem falar a ti a verdade. Na noite de 10 de agosto de 2001, há cinco anos, lembro-me de vê-la caída no chão, lembro do sangue e da casa destruída. Eu estivera desacordado. Elissa estava em seu colo, ela não chorava e também não acordava. Desesperei-me. Minha filha estava entre a vida e a morte e eu temia que você também estivesse. Não estava. Logo você despertou e agarrou-se a Elissa mais ainda, chorando e chorando. Não pude acalmá-la. Comecei a gritar por Helena, lembra-se? Não sei se suas memórias daquela noite ainda permanecem, mas sei que foram alteradas para torturarem a mim e a você. Assim que gritei por Helena, você pareceu se desesperar mais e levantou-se, pronta para procurar a nossa outra menina.

Lembro de ouvir o choro dela e em seguida uma risada que me arrepiou até a alma. Você não se lembrará disso meu amor, e eu não posso culpá-la e também não pude resgatar essa tua memória. O fato era que Bellatrix Lestrange aninhava nossa Helena nos braços. E ela chorava, reconhecendo que estava nos braços de uma tia-avó malévola. Eu tentei tirá-la nos braços de Lestrange, mas ela me afastou com sua varinha. Desculpe-me, Hermione, por não ser capaz de protegê-las. Você tentou salvar Helena e também falhou, pensei que receberia a morte, mas não. Você recebeu uma tortura pior. Viu, sem poder se mover, Bellatrix tirar a vida da nossa Helena. Eu tentei salva-la, minha Hermione, eu juro que tentei, mas era fraco e logo Bellatrix tirou Elissa de seus braços. Ficou repetindo que um Malfoy deveria zelar pelo seu sangue e que os galhos pobres de nossa árvore genealógica deveriam ser cortados. Supliquei por Elissa. Pedi pela vida dela, disposto a trocar a minha vida pela dela. Minha tia estava se divertindo com a nossa angustia e concluiu, ao final de tudo, que manter a nós separamos era mais divertido do que nos matar. Uma família separada. Bellatriz era a insanidade pura. E inveja. Ela nos invejava. Rodolpho Lestrange nunca a amou e ela nunca pode ter os próprios filhos. Uma estéril, seca por dentro, era o que ela era, invejando à minha própria mãe por me ter, à Andromeda com Nymphadora, à você com Helena e Elissa.

Bellatriz Lestrange propôs um contrato. Ela manteria a sua vida, a minha e a de Elissa se eu me juntasse ao Lord novamente e me afastasse de vocês duas. Vivos, mas separados. Lembro-me bem de vê-la dizer não, mas eu disse sim. Aceitei ao acordo por não poder lutar contra ela. Fiz um voto perpétuo, jurei que nunca revelaria a você sobre a existência de Elissa e seu paradeiro. Jurei que serviria ao Lord. E que em troca Bellatrix e nenhum comensal as mataria.

E ao fim, só então eu compreendi todas as minhas palavras e a insistência de Bellatrix naquele juramente. Ela apagou as suas memórias. E no outro dia você acordou sem mim e com Helena morta. Eu acordei em minha antiga casa, com minha mãe zelando meu sono. E Elissa eu não fazia idéia de onde estava. Minha menininha estava perdida, e eu vi uma brecha em meu voto. Eu estava livre para procurá-la. E a encontrei. Se estiver lendo esta carta, significa que matei Nagini, o último horcrux de Voldemort. Potter pode matá-lo e eu espero que o faça logo. Algo que também é certo é a morte de Bellatrix. A matei quando soube o destino de Elissa. Mesmo que você não se lembre de sua filha, sei que irá amá-la de qualquer modo, porque é nossa. E agora as duas estão livres da insana Lestrange. Pegue a chave que lhe dei, é a chave para a minha casa, não a antiga mansão Malfoy, mas sim onde eu vivia até hoje, você sabe onde é, minha querida, lembro que o Ministério da Magia ama investigar minha casa à procura de informações de Voldemort. Elissa está lá, esperando-a.

Tive a maior surpresa ao levá-la para a minha casa e ouvi-la gritar ao ver o seu antigo piano, onde você costumava tocar e cantar como um anjo. Elissa sentou-se ao piano e começou a tocá-lo. Por Merlin, ela tem cinco anos e já sabe uma melodia! Sua voz infantil me desconcertou e eu soube ali que ela era igualzinha a você.


Can't you see that it's a beautiful world

Come with me, I'll show you

Open your eyes and see the beauty around

Take my hand, and I'll lead you

It's so wonderful, so magical


Esses foram alguns versos que ela cantara e logo parou, sentindo-se repentinamente envergonhada e me olhou sorrindo, perguntando aonde estava a mulher má. Respondi que ela se fora e ela sorriu, sorri junto com a pequena e disse-lhe que ela logo conheceria sua mãe.

Se você estiver lendo esta carta, meu amor, saiba que te amo, com todas as minhas forças.

E diga a Elissa que sempre a amei e amarei também, porque eu poderei dizer agora a Helena o quanto você a ama.


– Draco Malfoy