31 agosto, 2012

[Incantatem] Lips of a angel

– Tem certeza disso? Sabe nós poderíamos pensar em algo, mudar todo o plano, eu poderia fingir que estou doente, Lorcan ainda assim iria com Camila para Hogs...

– Weasley! – eu reclamei, já cansado dela arranjar desculpas para não ir – você vai com Scamander, deixará de ser uma nerd chata por um dia e se tornará uma garota interessante.

– Eu sou interessante – ela protestou arrumando seu gorro negro na cabeça.

– Obviamente – falei avaliando-a de cima a baixo. – Você bem que poderia ter se arrumado mais.

– Não começa! Já tive que aguentar minhas primas doentes querendo me arrumar, por um milagre escapei, mas você, Malfoy... você é o último que pode falar da minha aparência e, de qualquer forma, Lysander é um cego apaixonado.

– Mas uma saia curta ou um decote iria deixá-lo...

– Quieto! – ela falou com raiva e virou-se para a janela.

Weasley usava uma saia vermelha com uma estampa xadrez, a meia preta escondia suas pernas para a infelicidade de qualquer um e a blusa branca também não revelava tanto de seu corpo. Ela ainda parecia a nerd irritante da grifinória, mas eu tinha que admitir, estava linda.

Mal percebi que agora ela me fitava e falava algo.

– ... Então, o que acha? – ela contestou. – Malfoy! Você está prestando atenção?

– É claro que não! Por que eu te ouviria? – falei para quebrar meu embaraço por fitá-la com tanta atenção.

Weasley bufou de raiva e quase me bateu, por pouco mesmo.

– Eu perguntei se você acha uma boa ideia eu levá-lo até o Café Madame Puddifoot...

– Não! – me vi quase gritando e ela me olhou, surpresa e levemente assustada. – Quero dizer... deixe apenas Lorcan e Camila lá, obviamente eles irão até o Café, e depois disso você pode apenas passear com seu amiguinho, pelo visto, para você, quanto menos românticas as coisas são, melhor, não?

Ela me olhava desconfiada, eu estava nervoso com o olhar intenso de seus olhos azuis.

– Certo, Malfoy – ela sussurrou e olhou para os lados – Estou indo, então.

Vi pela janela a Weasley se reunir com os gêmeos Scamander e di Angelo. A loira usava uma boina marrom e uma saia jeans curta que exibia suas pernas torneadas, totalmente diferente da Weasley, di Angelo usava também uma maquiagem leve e roupas que deixam óbvias as suas curvas. Se ela não fosse um furacão, nem estivesse me ameaçando, seria uma boa sair com ela. A garota ao menos tinha atitude.

Por outro lado, aquela nerd sem o uniforme parecia realmente uma garota de verdade, tsk, “ela é uma garota, Malfoy!” falei para mim mesmo e me arrependi, “Não, ela é apenas uma Weasley”. Vi ela beijar a bochecha de Lysander e uma sensação estranha cruzou meu estômago.

Senti então alguém me abraçar por trás e nem precisava virar para saber que era apenas Diana. A garota loira beijava minha face delicadamente.

– O que você tanto olha, Scorp? – ela sussurrou próxima ao meu ouvido.

– Nada – falei virando-me e ela tomou meus lábios com lascívia, prensando-me contra a parede de pedra. – Diana?

– Sim?

– Sabe que hoje não posso ir com você, né?

Automaticamente ela parou de beijar-me.

– Por quê?

– Isso, minha querida, não é da sua conta.

– Você está estranho! – a loira falou – até mesmo Liam pensa isso! Seu melhor amigo, Scorp!

– Olha, minha vida não é da conta de ninguém e hoje eu não irei com você para a vila.

Deixei a garota para trás e sai do castelo. Peguei o primeiro coche que achei e entrei nele.

***

A mão dele tirou uma mecha do cabelo dela de seu rosto, os olhos dele a fitaram com encanto, os lábios dele estavam próximos demais e ela... apenas sorria, ria, como se repentinamente um encontro com Scamander não fosse um problema. Ela estava adorando aquilo.

Traidora! E pensar que ela complicara tudo, se eu soubesse que ela ia se divertir num encontro com aquele trambolho, eu não teria sujado minhas mãos com a poção, teria deixado tudo por conta dela.

Eles estavam olhando a vista para a Cada dos Gritos e eu me aproximei mais, me escondendo atrás de uma das centenárias árvores que havia ali.

– Eu preciso te dizer algo – Scamander falou, o sorriso idiota ainda em seu rosto me fez querer vomitar.

– Então diga – a Weasley o encorajou, ainda que estivesse meio temerosa do que poderia ouvir.

Oh não, declaração não! Ah, merda, não sei se eu ria da cena ou fugia para não ter que aturar açúcar escorrendo do focinho de Scamander.

– Eu não sei direito como te falar isso – ele começou, não falasse, simples! – Mas eu acho que te amo, Rose.

Espera! Ele ACHAVA?

– Lysan...

– Não, Rose, não fala nada. Eu sou encantado por você desde criança, gosto de ver você com seus livros, você sorrindo, você com medo de cair da vassoura enquanto nós, Lorcan e seus primos jogávamos quadribol na Toca, acha que eu não me lembro desses detalhes? Eu sou louco por você – ele repetiu.

Legal, ela tinha medo de altura, refleti, tentando não pensar nas outras coisas que ele dizia. Olhei para a Weasley, ela tinha os olhos arregalados e a expressão... indecifrável. Mas algo nela me dava arrepios, talvez fosse o modo como ela olhava o nerd corvinal.

– Rose, eu quero te namorar.

Ok, pausa dramática para eu rir! Rose Weasley namorando! A poção ficara mais forte do que eu pensara, mas espere. Não fora forte, conclui agora realmente nervoso, olhei para os dois atentamente e o olhar de Scamander parecia... genuíno. Ele se inclinou para a Weasley e em dois segundos ele selou toda a distância entre eles. Ele a beijara.

Apertei minhas mãos com força, pronto para ir até lá, afinal, eu prometera a Weasley que não deixaria nada acontecer, mas mal pensei isso e ela o envolveu com seus braços. Ela estava correspondendo ao beijo.

Pisquei não entendendo mais nada. Rose o correspondera. Scamander a amava realmente, provavelmente não tinha coragem de contar isso a ela, a poção apenas o ajudou a se declarar.

Scamander a amava.

Eu comecei a rir e os dois se separam abruptamente. A Weasley olhou para mim surpresa e eu sustentei seu olhar. Meu rosto estava quente e eu não conseguia parar de gargalhar.

– Mas que lindos, finalmente um casal fofo em Hogwarts! Chamem-me para o casamento, por favor – eu disse gargalhando e vi mágoa na face da Weasley.

– Cale a boca, Malfoy – ela falou e Lysander entrou na frente dela, me desafiando.

– Está brincando, não é? – eu gritei. – Você não é Lorcan, Scamander, não tem força, não sabe defender nem a si próprio, quanto mais a Weasley. Seu irmão sim, e a propósito, está na hora de você sair da sombra dele.

– Você tem razão, Malfoy! – Scamander falou e avançou para cima de mim.

No entanto, eu não senti nada. Fui jogado para trás não por ele, mas sim por uma força invisível. Olhei para a Weasley e ela tinha sua varinha em mãos. Scamander estava também jogado no chão, bem longe de mim.

– Vocês são dois idiotas! – ela gritou com lágrimas nos olhos azulados e saiu correndo.

Pude apenas ver sua cabeleira cor de fogo desaparecer.

Ela estava certa. Eu era um completo idiota.

***

Eu dedilhava meu violão com calma, meus dedos percorriam as casas na madeira lisa, roçavam nas cordas e com a pressão exigida eles já estavam doloridos. A melodia que saia do instrumento me acalmava, somente aquilo conseguia me colocar novamente sob controle.

Mas por que diabos eu estava assim? Ela era apenas uma Weasley e nosso plano estava dando certo. De certa forma ela fora uma boa atriz. Tsk. Atriz! Nem pensar, ela era péssima para dissimulações e talvez fosse exatamente por isso que eu a odiava mais naquele momento.

Ela correspondera a Scamander, o beijara por livre e espontânea vontade enquanto enojava tudo que vinha de mim. Aquela ruiva ferira meu orgulho, apenas o orgulho e pagaria por isso. Chamara-me de idiota! Tsk, ridícula!

Abandonei meu violão e joguei-me na cama. Eu olhava para o teto da sala precisa, que agora parecia o céu estrelado de lá de fora, no entanto eu não via céu algum, via olhos claros e púrpuros cabelos vermelhos.

“Maldita!” xinguei-a novamente e ouvi um clique ali perto, levantei-me e percebi que alguém entrava na sala precisa, minha sala.

– Vá embora! – eu gritei e então vi a última pessoa que desejava ver.

Rose Weasley.

Eu soltei uma gargalhada e percebi os olhos inchados dela.

– Eu não te convidei a entrar – falei com raiva.

– Foda-se – ela resmungou.

– Nossa! Ela sabe falar palavrões! – zombei e ela veio até mim, sua varinha apontada para meu peito.

Mas eu não tinha medo dela. Apenas sentei-me na cama.

– O que quer?

– Por que fez aquilo? – Weasley contestou.

– Porque eu quis!

– POR QUE ME HUMILHOU, MALFOY? ERA O SEU PLANO! – ela gritou com ódio.

– NO MEU PLANO VOCÊ NÃO PRECISAVA BEIJAR SCAMANDER! – gritei de volta levantando-me e ficando de frente para ela, embora ela fosse mais baixa.

– ENTÃO ESSE É O PROBLEMA? CIÚMES? – Wesley gritou mais forte.

Eu hesitei. Não era ciúmes, era apenas meu orgulho ferido, por ela preferir beijá-lo e não a mim.

– Eu... eu não sentia ciúmes de você! – falei, embora tivesse gaguejado.

– E por que fez isso? Qual a outra brilhante explicação para você ter feito o que fez? – a ruiva perguntou com novas lágrimas, o que me matava por dentro.

– Weasley, mulher chorando não é legal.

– VOCÊ É O CULPADO.

– VOCÊ O BEIJOU PORQUE QUIS.

– E você o provocou por que quis também? – ela disparou e eu tampei meu rosto com as mãos, caindo propositalmente na cama.

– Sim, eu fiz porque quis! – gritei com raiva e percebi ela a minha frente, abaixando-se para me fitar nos olhos.

– Por quê?

Sua pergunta morrera. Não a respondi, apenas a puxei, fazendo com que ela desequilibrasse e caísse em cima de mim, a prendi pela cintura e tomei seus lábios, explorando-os com cuidado, como se ela fosse uma boneca de porcelana, minha porcelana.

A mão dela foi até meu rosto e eu entendi perfeitamente que ela não fugiria. Rolei e a fiquei por cima dela, tocando sua pele por baixo de sua roupa. Merlin! Aquela grifinória era quente demais, pensei sorrindo em meio aos beijos e senti ela tocando meus cabelos de forma nada experiente. Apenas uma menininha, pensei divertido e jurei que mesmo que estivesse louco, nunca faria nada que destruísse essa imagem dela.

Well, my girl's in the next room

Sometimes I wish she was you

I guess we never really moved on

– Scorpius – ela falou, afastou-se ligeiramente da minha boca, ela arfava, tinha dificuldades para respirar. – Eu... não sei se isso é certo...

– Fala de novo – pedi.

– Não sei se isso é certo.

– Não – eu sussurrei. – Eu quero que você diga meu nome – pedi agora sorrindo e pela primeira vez na vida o sorriso dela era genuíno e eu que a fizera sorrir.

It's really good to hear your voice saying my name

It sounds so sweet

Coming from the lips of an angel

Hearing those words it makes me weak

And I never wanna say goodbye

But girl you make it hard to be faithful

With the lips of an Angel

– Scorpius – Rose Weasley falou e meu nome pela primeira vez fora dito pelos lábios de um anjo. – Você é um idiota – ela riu e eu capturei seus lábios.

– Eu quero você Weasley – falei. – Realmente quero – sussurrei.


And I never wanna say goodbye

But girl you make it hard to be faithful

With the lips of an angel

Ela me olhou assustada e eu não entendi isso a principio.

– Eu... eu preciso ir – ela falou e me jogou para o lado, tirando-me de cima dela.

Num minuto ela estava ali, no outro estava já de pé e me fitando desnorteada.

– Weasley? – chamei, mas ela apenas me ignorou e saiu de lá, ou melhor, fugiu de mim.


And I never wanna say goodbye

Merda! Eu fizera besteira!

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