31 agosto, 2012

[Incantatem] Fogo!

Se horas antes alguém dissesse que meu futuro na escola estava comprometido por uma enguia sonserina, eu não acreditaria. Afinal, eu era a garota mais certa de toda a Hogwarts, ou pelo menos era o que todos amavam lembrar e falar. Rose Weasley? Quem era? Óbvio que a santa da grifinória, certinha demais, irritante demais.

É como me descreviam.

E eu acreditava neles, embora não quisesse.

Mas todo meu autocontrole desaparecia quando uma serpente cruzava meu caminho. Vejam bem: Malfoy me provocava praticamente toda vez que me via. E eu precisava revidar, eu não herdara apenas a inteligência de minha mãe, mas também seu orgulho. E somente por isso eu esperei escondida atrás de uma armadura depois da reunião.

Malfoy passaria naquele corredor e era apenas uma questão de tempo até isso acontecer.

Dessa vez não havia Albus Potter nenhum para me segurar.

Dito e feito. Avistei a cabeleira loira e engordurada dele e já com a minha varinha a postos eu me revelei. Claro que a face dele converteu-se numa careta de surpresa. Ele por um segundo estava assustado a ponto de dar um passo para trás. Efeito surpresa, eu amava isso.

Murmurei um feitiço simples e ele foi empurrado por dois metros, caiu no chão com uma careta de dor.

– Está louca, Weasley? – ele rosnou com raiva puxando sua varinha.

Eu fora mais rápida e bloqueei seu feitiço. Os olhos cinzentos pareciam uma tempestade naquele momento, prontos para desabar sobre mim.

– Você destruiu minha poção, Malfoy!

– E daí? Vai me bater com um livro? – ele gritou ríspido e eu não me controlei.

Gritei o primeiro feitiço que passou pela minha cabeça. O bom foi que eu nunca usara o feitiço e eu o fizera perfeitamente. Era como observar um trabalho bem feito. O ruim era que o feitiço era totalmente destrutivo. Eu não acertei o Malfoy, porque ele lançou sua própria magia e esta se chocou com a minha. O que veio a seguir foi uma explosão e eu fui jogada para trás. Minhas costas bateram na parede e eu senti dor. Abri os olhos e vi chamas pelo corredor, entrando numa sala, destruindo a tudo.

Malfoy estava perto do fogo e levantou-se rapidamente, correndo para longe.

E então ouvi passos. Desesperei-me, comecei a correr e o idiota do Malfoy me seguiu. Tínhamos destruído uma sala. A sala de troféus. Destruímos uma sala. Eu estava morta. Morta!

Vi uma porta e a abri. Era um armário de vassouras, ótimo lugar para um esconderijo, mas péssimo para mim. Pensei duas vezes e então senti alguém me empurrar para dentro. Desesperei-me mais ainda.

– Hey! – reclamei enquanto Malfoy se apertava lá comigo e trancava a porta.

Estou perdida!

– Incomodada, Weasley? – a galinha sonserina falou perto demais, eu podia sentir sua respiração.

Não, eu não estava incomodada, estava ficando louca!

Tentei me afastar, não havia espaço para isso. Espaço, eu precisava de espaço imediatamente.

– Deixe-me sair – eu falei e ele tampou minha boca.

– Juro, Weasley. Se me pegarem considere-se morta! – ele sussurrou, mas sua voz era firme, assustadora.

Mas eu não tinha medo dele, tentei me soltar, mas nem isso eu conseguia fazer naquele cubículo, e pior, eu me mexi tanto que acabei quase caindo e nisso o Malfoy veio junto, sua mão segurou-me pela cintura, uma das mãos ainda tapava-me a boca e os olhos cinzentos... bem, digamos estavam perigosamente perto dos meus olhos.

Ele me fitava com interesse, com um olhar fixo e que eu não podia ler. Uma voz estava no corredor, lá fora. E nem eu, nem ele, ousou mudar de posição. Ficamos ali, apenas nos fitando, meu coração pulando pela boca por causa de toda a adrenalina, por causa do duelo, por estar naquele lugar apertado, por eu estar totalmente enrascada. E pior, enrascada com Scorpius Malfoy!

A voz foi desaparecendo e senti Malfoy relaxando e então ele soltou-me.

– Nem um pio, Weasley!

Quem ele pensava que eu era para obedecê-lo? Não mesmo que eu ouviria suas palavras.

– Vão me expulsar, vou ser banida de Hogwarts, nenhuma escola irá me querer e... e eu vou acabar velha e com mil gatos... e preciso, preciso...

– Weasley! – Malfoy falou segurando meus ombros, eu estava entrando em choque, mas ao olhar o loiro, senti que nem tudo estava perdido. – Não vai acontecer nada, você vai ficar quieta, não dirá nada a ninguém. NINGUÉM! Nem mesmo para o Potter.

– Mas Malfoy...

– Odeio dizer isso, Weasley, mas esse será nosso segredo. Eu não posso arriscar meu futuro, meu pai...

Então ele parou, obviamente estava falando demais para uma mera nerd grifinória, mas eu sentia uma pontada de curiosidade.

– O quê?

– Esquece – o loiro falou e fitou o chão. – Jura que não dirá a ninguém?

Eu hesitei. Eu estava mesmo fazendo um acordo com Malfoy? Aquilo tudo soava como uma loucura.

– Sim.

– Mesmo que sua vida dependa disso?

Ow, além de loucura parecia também um pacto. Aquele loiro era assustador, isso sim. Daqui a pouco ele me pedia para fazer um voto perpétuo.

– Eu já lhe dei minha palavra! – falei mais alto do que pretendia e ele quase tampou minha boca novamente. – Podemos sair daqui? – perguntei agora baixo, rezando para ele dizer sim.

Malfoy encostou um ouvido na porta e percebi, mesmo no escuro, que ele fazia uma expressão concentrada, algo que eu já vira durante as aulas, suas sobrancelhas estavam mais juntas, a testa franzida.

“Tire seus olhos da serpente agora, Dona Weasley!” gritei para mim mesma em pensamento, corando. Mesmo com Malfoy ali na porta eu achei a maçaneta e o portal abriu-se.

Ele me olhou com uma careta, mas eu já estava empurrando-o para fora e sai daquele armário maldito. Liberdade! Liberdade! Viva!

Nunca me senti tão bem ao sentir o ar fresco dos corredores, e só naquele momento percebi o quanto o armário estava quente comigo e com o Malfoy lá dentro. Ok, eu deveria parar de pensar nessas coisas, não era saudável ficar tão perto dele, definitivamente.

– Volte direto para o dormitório, invente uma desculpa. Se eles perceberem que estávamos fora, já era, ouviu bem?

Aquela cobra estava mesmo me dando ordens? Era isso mesmo, Merlin?

– Adeus, Malfoy – falei sorrindo e só então percebi que o suéter dele tinha algumas fagulhas, como se tivesse sido queimado. – Livre-se do suéter, ou o concerte – falei preocupada.

Ele olhou-se e então suspirou.

– Livre-se você da sua saia, Weasley. – ele falou completamente divertido e comendo minhas pernas com o olhar.

De fato minha saia estava também ligeiramente queimada, e eu corei com o comentário dele. Merda! Eu tinha que ficar vermelha? Eu devia ter sido uma bruxa realmente má numa outra vida, só assim para eu merecer o Malfoy! Ô Deus, por favor, tire-me daqui, ou leve Malfoy com você!

– Adeus, Malfoy! – falei novamente e me virei, indo para minha sala comunal.

Pude ouvi-lo gargalhar e só deus sabia o quanto eu queria estrangulá-lo por isso.

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