27 agosto, 2012

[Magic and Mistakes] Plans

Narração por Hermione

Duas semanas e tudo parecia diferente. Quatorze dias e na verdade eu tinha a mesma vida de antes. Eu já sabia como era viver com Draco, já imaginava como seria a vida de casada. No entanto eu nunca pensara em morar numa mansão. Havia elfos que trabalhavam para mim, mas eu mal suportava suas reverências exageradas e os constantes “Sim, Sra. Malfoy”. Eu nunca desejei que eles trabalhassem dessa forma, mas Draco já havia me dito há alguns dias “Eles não querem ser libertados, Hermione. Tente fazer isso e vão acabar se suicidando. Este é o trabalho deles”.

Particularmente, eu nunca aceitaria isso.

Mas Draco estava certo.

Eu não precisava dispensá-los e, de certa forma tê-los comigo era bom, pelo menos assim eu tinha certeza que ninguém iria explorá-los.

E ainda assim, tudo parecia diferente. Minha barriga estava crescendo e Draco vivia dizendo que seria um menino grande e forte. Eu discordava, falando que seria uma menininha linda.

Era quando começávamos a brigar, discutindo qual seria o sexo do bebê, mas como sempre, essas briguinhas acabavam numa bela noite quente e divertida. Era esse o lado bom.

O lado ruim era as dores e enjôos, cada vez mais fortes, e o fato de eu estar engordando.


De repente a porta do quarto foi aberta e eu afundei mais nos cobertores. Obviamente isso não evitaria que alguém abrisse as cortinas, deitasse ao meu lado e me abraçasse. E não me surpreendi quando senti uma boca no meu pescoço. Tentei em vão afastá-lo.

– Eu quero dormir... – resmunguei.

– Mais ainda? – Draco perguntou.

Seus lábios já passeavam pela minha pele e trilhavam um caminho qualquer, primeiro para meu queixo, depois para a bochecha. Eu sinceramente queria dormir, mas ele não deixava escapatória. Era injusto Draco me deixar acordada metade da noite e depois chegar assim. Virei-me na cama e fiquei sobre ele.

– Sem brincadeirinhas para você hoje, Malfoy. – Falei divertida e saí da cama antes que ele tivesse outra brilhante ideia e me puxasse de novo.

De qualquer forma, eu tinha que trabalhar, querendo ou não e, assim, fui até o banheiro e comecei a me arrumar.

Coloquei um vestido simples e cinzento, algo que eu comprara com Emily há algumas semanas. Abri o closet e peguei um casaco negro. Olhei-me no espelho e lembrei-me mais uma vez que eu não poderia usar meu jeans favorito. Draco veio, abraçando-me por trás. Só então percebi que ele já estava vestido e pronto para trabalhar também. Sua mão tocou minha barriga e ficou ali. Pelo reflexo no espelho o percebi sorrindo e quase bati nele. Sabia o que ele estava pensando, principalmente porque ele estava olhando para os meus seios.

–Draco? – chamei-o.

–Sim?

–Pare de me olhar assim. – Falei e ele deu uma risada deliciosa.

Então me abraçou mais ainda e beijou meu pescoço novamente.

–Acho melhor irmos... – o loiro falara, segurando minha mão e descemos as escadas.

Fomos até a sala de jantar, onde Draco mandara servir o café. Fora algo rápido, mas eu praticamente comera três pedaços de bolo, o que eu nunca fazia. No entanto eu não deveria sentir-me culpada. Eu não estava comendo só por mim, como Draco insistia em falar sempre.

Então novamente veio a mim uma sensação ruim. Fazia quase dois dias que eu sentia isso, como se fosse um pressentimento e, internamente, eu tinha medo disso.

Mas Draco não percebera e ignorei aquilo pelo o que me pareceu ser a décima vez.

Logo saímos de casa, aparatando perto do Ministério da Magia. Separamo-nos e entramos cada um pela sua passagem costumeira. Eu me lembrava da primeira vez em que estive ali e naquela ocasião eu e meus amigos invadimos o ministério, salvamos vários nascidos-trouxas e ainda levamos uma horcruxe de brinde.

Merlin! Meu humor estava tão alterado que eu já estava começando a ironizar aqueles tempos sombrios... Realmente, eu precisava de ajuda psicológica.

Assim que entrei no saguão percebi uma movimentação estranha. Havia vários bruxos andando apressados, fotógrafos e repórteres. E Shacklebolt estava tentando em vão escapar deles e de suas perguntas inoportunas.

– Ministro, acha que outros funcionários correm perigo? – um bruxo de cabelos grisalhos perguntou.

– Como estão lindando com os fatos recentes? – uma mulher vestida de roxo contestou.

E assim, as perguntas eram jogadas em Kingsley, até que ele se cansou e mandou todos saírem de lá.

Mas assim que eles olharam para a saída se depararam comigo e percebi que eu era o próximo alvo.

Assim que decidi sair dali, senti uma mão segurar a minha e eu fui puxada para um elevador. Olhei para a pessoa ao meu lado e me deparei com Rony. Do outro lado dele estava Emily e pelo jeito ela também fora puxada, assim como eu.

– O que está acontecendo? – Emily perguntou estranhando tudo aquilo.

–Vocês duas… acho melhor ficarem longe de repórteres. – Rony começou a dizer e respirou fundo – e digamos que não é aconselhável que andem sozinhas.

– Rony, será que você pode ser mais direto?

Eu estava sem paciência para toda aquela hesitação dele e queria logo saber o motivo de tudo aquilo. O ruivo então retirou um jornal do bolso da capa que usava e estendeu para nós duas.

Era o Profeta Diário.

E a manchete deixou-me arrepiada.


Chefe da Seção de Controle do Uso Indevido de Magia assassinado!


Emily soltou um grito de horror enquanto meus olhos liam a notícia.

De acordo com o jornal o Sr. Sparks fora encontrado morto, junto com a sua família.

– Por quê? – foi a única coisa que pude dizer.

Levantei os olhos e encontrei dois pares de olhos azuis me encarando.

Era óbvio. Meu chefe já condenou metade dos comensais à morte ou à Azkaban. Quem seria o próximo então? O chefe dos Aurores?

Bufei irritada quando o elevador parou. Despedi-me de Rony e fui com Emily até a nossa sala. O trabalho não estava atrasado e sem nosso chefe, não teria muito o que fazer.

Fiquei sentada na minha mesa, tentando pensar em algo, toda essa rebelião de comensais e os ataques me deixavam com dor de cabeça.

– Hermione...

– Sim?

– Você está bem? – Emily perguntou, visivelmente preocupada.

– Mas é claro. – Respondi, não sendo totalmente sincera.

A loira foi até o armário e começou a mexer em seu conteúdo. Percebi que ela tirara de lá uma caixa de documentos.

– Como não temos muito trabalho hoje, acho melhor desenterrar alguns casos antigos – ela ia dizendo. – Na verdade eu preciso te contar algo. – Emily falou hesitante. – Mas você tem que prometer que não falará nada para o Pietro.

Endireitei-me na cadeira, levantando uma sobrancelha. O que ela tinha de tão importante para dizer que nem Pietro poderia saber?

– Ok, mas também não diga a ele que eu sei. – Falei com medo de que ele brigasse comigo por não dizer nada.

– Certo. – A loira falou enquanto observava os documentos, distraída. – Há quase uma semana Pietro está me pressionando. Ele quer que eu diga quem é o pai de Jean. E bem, não é tão simples assim.

– Por quê? – perguntei, atenta.

– Ele me deixou e me procurou algum tempo depois. E fugi dele. Eu não queria ter alguma relação com um homem como ele.

Havia algo errado naquela história e se eu conhecia Emily, ela ainda tinha alguns segredinhos. Respirei fundo, não entendendo muito bem o significa de um homem como ele.

– Explique melhor. Por que você fugiu?

– Eu fiquei grávida quando o Lorde das Trevas começou a ascender. Abe era doce e romântico...

– Abe?

– Abelard. – Emily falou e percebi certa tristeza em sua face. – É o nome dele.

A loira deixou a caixa de lado e levantou-se, procurando algo na gaveta de sua mesa. Quando se voltou para mim, mostrou-me uma foto.

Os cabelos dele eram negros e um par de olhos azuis me encarava, seu olhar era encantador, mas era fácil imaginar aqueles mesmos olhos duros e cruéis. Sua pele era clara e um sorriso irônico estava em seus lábios. Inconscientemente reparei que ele e Jean tinham algumas características em comum.

– Eu contei que estava grávida e ele, bem, disse que isso não era bom. – Emily continuou. – Para mim, nem para Jean.

– Por quê?

– Porque ele é um comensal. Aberlard Dolohov. – A mulher à minha frente falou e eu congelei.

Eu conhecia aquele sobrenome, eu enfrentara um comensal que chamava Dolohov, provavelmente um parente do tal Abelard.

E então eu entendi todo o problema dela. Emily tinha 22 anos, estava grávida de um comensal e Voldemort dominava metade do ministério, na época.

– E eu sempre soube disso – ela completou. – Sempre soube o que ele era e, na verdade, eu não me importava. Até que ele se afastou, com medo de que eu fosse usada por algum auror para que chegassem até ele. Abe não deixaria que o pegassem e então, Potter derrotou o Lorde.

Eu já tinha uma ideia do que acontecia a seguir. Com a derrota dele, vários comensais fugiram. Eu não precisei que Emily me dissesse aquilo.

– Ele foi embora e eu o vi apenas um ano depois. Abe estava me procurando e eu não permiti que ele se aproximasse de mim ou do meu filho.

Por um momento me dei conta de algo. Eu estava grávida e casada com um ex-comensal. Ironia do destino ou não, estava acontecendo o mesmo comigo.

– Mas Emily, por que não conta a Pietro a verdade? – perguntei, ainda tendo a impressão de que faltava um detalhe naquela história.

A loira me fitou e novamente eu percebi uma hesitação da parte dela, como se revelar seu segredo a machucasse. Os olhos azulados pairaram no chão e eu insisti para que ela falasse.

– Abelard está na França, na casa de Pietro. – Emily falou por fim – Acho que ele é amigo da viúva do pai de Pietro.

A frase era confusa, mas eu a entendi. Emily deixou-se cair na cadeira e pegou a caixa de documentos novamente, mal prestando atenção no que fazia.

–Eu não sei o que fazer. Preciso achar uma prova da inocência de Sophie, mas não consigo trabalhar com ele tão perto.

Eu também não saberia o que fazer, fiquei fitando-a, sem ousar comentar nada, fora quando percebi que o olhar de Emily estava vidrado num papel. Ela estreitou seu olhar e eu vi que havia algo errado ali.

– O que foi? – perguntei, levantando-me e indo até ela.

– Como deixamos isso passar despercebido? – ela falou, não era mim, mas para si mesma, como se de uma hora para outra, duvidasse de seu conhecimento e eficiência. Tomei o papel das mãos dela e Emily nem se importou com aquilo. Ela estava pensativa, talvez desvendando algo. Foquei meus olhos nas palavras e disse a mim mesma que tínhamos cometido um erro, definitivamente.

Era o caso de magia negra na França que havíamos trabalhado meses antes. Ninguém achou pista alguma na região, mas agora eu sabia perfeitamente onde era aquele lugar. Rennes. E perto da propriedade dos Breine.

– Acha que alguém na casa é suspeito? – perguntei a Emily.

– Talvez. A questão é: Por que uma magia dessas estaria lá? O Sr. Breine poderia estar envolvido, ou a esposa, eu realmente não faço ideia.

– Ele está morto e querendo ou não, precisamos investigar. Vamos investigar primeiro a mulher dele, já que ela apareceu por lá na mesma época que registramos a magia.

– Ok – Emily falou e começou a mexer em um armário, retirando mais alguns papéis de lá. – O nome dela é Pansy Parkinson, tem 20 anos, é inglesa...

– Espera, espera. – Falei agora realmente surpresa e respirei fundo. – Você está tentando me dizer que Pansy Parkinson era a esposa de Jacques Breine?

Emily me enviou um olhar preocupado e assentiu com a cabeça. Imediatamente eu voltei para a minha cadeira e afundei meu rosto entre as minhas mãos.

Não. Não era possível. Pela primeira vez na vida eu me sentia livre daquele trasgo e agora eu descubro que a vaca estava mais perto do que eu imaginava.

– Então você a conhece. – Emily falou.

Olhei para ela novamente e vi a minha própria preocupação estampada no rosto da francesa.

– Não faço ideia do que ela é capaz de fazer, Emily, mas precisamos tirar Sophie de lá.




***




Narração por Draco


Aquele ministério estava uma confusão, o pior era que quem tinha que lidar com todas as perguntas retardadas era o assistente do Ministro e pela primeira vez na vida eu estava arrependido de ter aceitado esse cargo.

Kingsley estava trancado em sua sala com os outros chefes dos departamentos e eu não fazia ideia do que estavam planejando.

Uma mulher de meia-idade estava agora na minha frente e tinha um sorriso bobo no rosto.

– Então, Sr. Malfoy… que tal me dizer o que o Ministro está pensando em fazer? É o que todos querem saber... e lógico, quem é que vai ocupar o cargo de Sparks?

Ela não parava de fazer aquelas perguntas, quase se jogando em mim e sua mão foi parar no meu ombro do nada. Quando olhei para ela sua expressão era ainda mais patética.

– Senhora, eu já disse. – Falei tirando a mão dela de mim. – Todos os repórteres devem sair agora do Ministério e aguardar um pronunciamento de Shacklebolt.

A mulher pareceu ligeiramente irritada e saiu de lá ofendida pela minha frieza. Com sorte ela era a última e, assim, eu fui até a sala do Ministro, onde eu entrei facilmente para ficar a par de tudo.

E pelas conversas descobri que eles não tinham nada sobre o inimigo.

Nenhum indício.

Nenhum nome.

Simplesmente os corpos mortos que eles deixaram.

Eram inúteis para descobrir algo e eu não podia aceitar que aqueles homens não sabiam sobre a situação atual.

Fora então que eu senti uma ardência no braço esquerdo, cada vez mais forte e aguda. Sem chamar atenção saí de lá e entrei na minha sala. Tirei meu casaco e deixei a marca negra exposta. Ela ardia como nunca ardera em quase três anos. Lancei um feitiço na sala, para evitar ser ouvido e gritei de dor, caindo no chão e tentando em vão fazer aquilo parar.

Era como se ela estivesse sendo tatuada novamente no meu braço a fogo.

Alguns minutos depois a ardência parara e eu fiquei em pé novamente. Algo estava errado. Muito errado. E eu precisava descobrir logo o que era. Mas ainda assim, eu temia descobrir, e internamente, eu já tinha uma ideia do motivo para aquela dor. O Lorde das Trevas estava voltando e logo tudo iria desmoronar.



Narração por Abelard



Novamente eu estava ali, encarando aquela garota. Os olhos verdes me fitavam com uma espécie de ódio e amargura. Ela me culpava pelo o que lhe acontecia, mesmo eu não sendo inteiramente culpado.

Eu estava sem paciência e quanto mais me enrolava, mais eu queria fazer aquela decisão por ela.

– Você tem mais dois dias – falei.

Aquele era o ultimato. E assim como previ ela começou a arfar e veio para cima de mim, tentando me atingir. Eu simplesmente a segurei pelos pulsos e a joguei contra a parede, não me importando se doeria ou não.

Os olhos esverdeados me fitaram com medo.

– Você não tem nada a perder. – A garota falou, não deixando nunca de estudar minha mente e minhas ações. – Não sabe o que é perder aquilo o que você ama. Não sabe o que ter que escolher entre a sua liberdade e a vida de alguém que você gosta.

Soltei seus braços e afastei-me, por algum motivo eu odiava quando ela começava com aquelas lições de moral irritantes.

– Sou um sortudo então, por não saber o que é isso. – Falei, completamente insensível.

– Sabe, eu costumava odiar você, mas agora eu sinto pena. Diga-me, como você entrou nessa?

– O que quer dizer?

– Como você veio parar na França, com uma mulher fria e insana, lutando por uma causa que você não se importa?

Aquela pergunta era um balde de água fria e eu fiquei vários segundos pensando na resposta. Como uma garota como ela chegava a essa conclusão tão rápido, sem ao menos conhecer minha vida?

Era frustrante saber que ela conseguia ler facilmente as pessoas. Eu nunca havia percebido isso e fiquei totalmente perdido e confuso. Uma causa que eu não me importava? Era óbvio que eu me importava. Eu odiava sangue-ruins. Eles deveriam ser retirados dos mapas, expurgados e aniquilados. E eu garantiria que isso acontecesse. Mas por um segundo, por um segundo apenas, eu vacilei, não tão certo sobre o que fazer, nem tendo certeza de que eu realmente queria aquela guerra novamente. A primeira custara a mulher que eu amava e meu filho. O que essa tiraria de mim?

Percebi, então, os lábios dela formarem um sorriso.

– Eu estou certa então.

Quase não entendi o que aquilo significava, a não ser que... Um blefe. Ela estava blefando e conseguiu arrancar a verdade de mim.

Ela era esperta demais e eu, totalmente descuidado. Fiquei com raiva e a larguei ali, saindo de sua cela e fechando-a novamente.

– Dois dias. – Repeti e antes que eu pudesse sair dali ela encostou-se na grade e segurou-me pela mão.

Os olhos verdes estavam alertas e brilhantes e a mão, totalmente fria.

–Você sabe que pode evitar tudo isso, se quiser. Pense no que pode perder ainda... E pense também se o sacrifício vale a pena. – A francesa falou, seus lábios tremiam e estavam secos.

Com essa última nota ela me largou e voltou para seu colchão, não deixando de me encarar.

Eu ainda fiquei ali, fitando-a. Até que decidi fazer algo.

–Você trabalhava com o Sr. Breine algumas vezes, não é? – perguntei e ela assentiu. – Qual é o objeto mais importante no cofre dele? Algo que ele não poderia deixar na Artefatos Breine?

Artefatos Breine era a loja de Jacques Breine. Ele possuía várias quinquilharias e objetos raros, poderosos e até valioso. E Agora quem estava paralisada era Sophie e eu sorri com isso. Então realmente havia algo lá que Pansy queria.

Antes que ela pudesse responder me vi tendo um plano. Aquela maldita da Parkinson precisava de mim somente para o serviço sujo. Ataques e terror. E é claro, para lidar com miss Laurent. Eu precisava de algo no que me apoiar. Precisava de um controle sobre Pansy. Essa era a minha chance.

– Pelo visto há. – Falei agora divertido – me conte o que é e como consegui-lo.

Vi hesitação nos olhos dela. Eu precisava usar mais minha persuasão.

–Vamos, Sophie. Você falou agora sobre sacrifícios. Eu estou fazendo um. A questão é... ou você dá essa informação para Parkinson ou para mim. – Disse com a voz suave e a vi quase ceder. – Se for condenada, ela terá acesso à herança e ao cofre, se der a mim, pode sair daqui e Pietro ficará bem.

Feito. Ela levantou-se e veio até mim.

–Aquilo... não é para você. – Sophie sussurrou. – Mas podemos negociar.

Eu sorri. Mas então ela me apunhalou novamente com suas palavras.

–Não confio em você, mas se quer aquele objeto longe da Parkinson, posso fazer isso. – Ela dissera – mas eu tenho que estar longe daqui quando tirar ele do cofre.

Não era o que eu queria. Se ela desse fim no artefato eu irritaria Pansy, apenas isso. Não obteria mais nada. Mas é claro, planos eram feitos para serem executados e eu poderia arranjar o artefato de Sophie Laurent depois.

O único problema era que existia somente uma coisa que atrapalhava planos. O inesperado. Traçar um plano era ter a certeza de que ele aconteceria, era ter o poder sobre tudo, para que ele desse certo. E eu não tinha certeza se poderia fazer tudo isso. Mas se Pansy conseguisse o que queria, se livraria primeiro de Emily, por ela estar investigando a morte do Breine. Eu evitaria isso, entregando o objeto em troca da vida de Emily.

– Você fora daqui. O objeto longe do cofre. – Refleti e percebi que talvez eu estivesse mudando de lado naquela guerra. – Temos um acordo.



Narração por Harry



Como entrar numa casa protegida por feitiços protetores, sair pela porta da frente e deixar para trás quatro corpos?

Parece cruel.

Frio.

Mas é o que comensais fazem. E o meu trabalho é achar vestígios do lugar onde eles estão. Naquele momento eu estava na casa do chefe assassinato e alguns bruxos haviam retirado os corpos da casa. O pior de tudo foi ver o rosto sem vida de duas crianças. A pele pálida delas e o olhar desfocado. O olhar da morte.

Por mais que eu tentasse, isso nunca iria sair da minha cabeça, assim como o rosto de tantos outros mortos.

E eu também tinha certeza de que o ministério não estava conseguindo fazer nada sobre aqueles ataques. Já haviam ocorrido dezenas de mortes e a comunidade bruxa estava aterrorizada. O único motivo para tudo não piorar era o fato da maioria dos comensais estarem em Azkaban e enquanto estivessem presos, os outros não tentariam fazer muito alarde.

A marca negra estava sobre a residência e eu a desfiz, apagando-a do céu púrpuro.

Já fazia uma semana que eu convocara a Ordem da Fênix, pelo menos era o que Dumbledore faria nessa situação. A maioria dos antigos membros estava disposta a tudo para amenizar a situação, o que já era ótimo. E os novos membros queriam também mais do que tudo acabar com aqueles ataques. Entre eles estavam Rony, Gina, Neville, Luna e Hermione.

O interessante era que Malfoy ofereceu-se também, mas não queria se expor. Ele iria passar informações a mim e me fizera prometer que eu não contaria nada sobre isso a Hermione. Era estranho estar trabalhando com um ex-comensal, mas não estava acontecendo pela primeira vez. Snape fizera o mesmo, tornara-se um agente duplo, arriscando-se. Internamente eu não queria que Malfoy fizesse o mesmo, uma coisa era passar informações sorrateiramente, outra era agir entre os seguidores das trevas e, eventualmente, tentar enganá-los. Se eu permitisse isso, Hermione enlouqueceria e me mataria com certeza.

Com aquela morte pouco descobrimos, havia cerca de seis homens no ataque, todos com máscaras e com vestes negras. Nada foi levado da casa e eu voltei à opção de que tudo fora para aterrorizar as pessoas.

O terror. Os pequenos ataques. As perseguições. Era o estilo deles de assustar. Queriam desestabilizar o Ministério e tomá-lo, como já tinham feito antes.

Inconscientemente eu me lembrei do que Luna profetizara. Segundo Hermione algo aconteceria no dia 21 de Dezembro, a noite mais longa.

Se isso fosse verdade, eu tinha somente dois meses para agir.



Narração por Emily



Eu e Hermione estávamos preocupadas com Sophie. Pela expressão preocupada dela a tal Pansy era perigosa. E mais uma vez eu estava com dúvidas. E se ela tivesse matado o pai de Pietro? Todo aquele choro poderia convencer sobre sua inocência, mas eu via a verdade, via que era apenas uma encenação.

E eu me pergunto se Pietro vira isso também.

Assim que chegamos à prisão francesa, fui falar com um funcionário, como já sabiam que eu trabalhava no caso, permitiram que eu entrasse com Hermione.

Assim que vi Sophie fiquei aliviada. Ela era a irmã de Pietro e também uma inocente. Era mais do que o suficiente para eu querer libertá-la.

– Como está indo? – perguntei a ela, ficando perto das grades.

Assim como Azkaban, essa prisão tinha dementadores, mas como eu falei com algumas pessoas importantes, obtive a permissão de deixar Sophie numa seção diferente, sem aquelas criaturas horríveis e medonhas.

Mas estar numa cela já era horrível por si só.

– Estou indo... – ela falou distante e uma sombra passou por seus olhos esverdeados.

– Ouça, estou quase conseguindo te tirar daqui – falei tentando animá-la – a investigação está...

– Não temos tempo. – Sophie falou, ainda distante, como se estivesse falando consigo mesma. – Pansy Parkinson... ela é perigosa demais. Vocês deveriam se preocupar com ela e não comigo.

Havia algo no tom de sua voz que me afligia.

– Sophie, o que...

– Tem um papel e uma caneta? – ela me interrompeu.

Fiquei surpresa por um segundo, mas tirei da minha bolsa o que ela queria e Sophie voltou para seu colchão, escrevendo apressada.

Alguns minutos depois ela levantou-se. E olhou para Hermione, preocupada.

– Está tudo bem. – Falei. – Esta é Hermione Malfoy. Trabalhamos juntas e ela é de confiança.

A garota deu uma olhada em Hermione, mas relaxou. Entregou-me o papel dobrado e senti que ela tremia ligeiramente.

– Entregue isto a Pietro. Somente a ele. Ninguém deve ler o que há nesse papel e diga a ele que deve fazer o que eu escrevi o mais rápido que puder, assim que a herança for liberada.

– Sophie, não pretende fazer nada arriscado, certo? – perguntei, agora realmente preocupada com ela, com seu tom urgente e cauteloso.

Ela não respondeu, nem permitiu que eu continuasse a falar algo. Mandou-me ir atrás de Pietro o quanto antes.

Um aperto tomou conta de mim, lembrando-me de que ela era jovem demais e não tinha ideia do que aconteceria se fizesse algo errado.

– Não se exponha, Sophie. Nem se entregue. – Falei, não como uma ordem, mas como um conselho sensato.

Eu realmente não queria que acontecesse algo ruim a ela.




Narração por Draco



Hermione sentou-se perto do piano e eu estendeu sua mão para mim. Sentei-me ao seu lado e ela começou a tocar as teclas, fazendo uma bela melodia sair do instrumento.

Aquele fora um longo dia e eu precisava descansar. A tatuagem não ardia mais e eu decidira não contar a Hermione nada sobre isso, não queria preocupá-la mais ainda. Depois de algum tempo ela me fez repetir o que acabara de tocar e eu o fiz, lembrando-me vagamente do que minha mãe me ensinara sobre pianos.

– Você sabe tocar. – Hermione falou repentinamente.

– Não como você. – Falei e ela voltou-se novamente para a melodia.

Quando eu menos esperava, ela começou a cantar, sua voz doce preencheu a sala e eu esqueci tudo sobre aquele dia. Éramos novamente um casal se divertindo depois do jantar. Mas a melodia era triste, e sua voz, quase silenciosa.


Under your spell again
Sob o seu encanto novamente

I can't say no to you
Eu não consigo te dizer não

Crave my heart and it's bleeding in your hand
Deseje meu coração e ele estará sangrando em sua mão

I can't say no to you
Eu não consigo te dizer não

Shouldn't have let you torture me so sweetly
Não deveria ter te deixado me torturar tão docilmente

Now I can't let go of this dream
Agora eu não consigo acordar deste sonho

I can't breathe but I feel good enough
Eu não consigo respirar, mas me sinto boa o bastante

I feel good enough for you
Me sinto boa o bastante para você


Algo em seu tom de voz me arrepiava e o que ela dizia na canção causava um efeito estranho um mim. Eu nunca a ouvira cantar desta forma, nem mesmo em Hogwarts, quando me apaixonei. Não. Eu já vira isso. Fora quando eu a vira cantar pela primeira vez. Ela continha tristeza em sua voz, assim como agora.


Drink up sweet decadence
Beba desta doce decadência

I can't say no to you
Eu não consigo te dizer não

And I've completly lost myself and I don't mind
E eu me perdi completamente e não me importo

I can't say no to you
Eu não consigo te dizer não

Shouldn't let you conquer me completly
Não deveria ter te deixado me conquistar por completo

Now I can't let go of this dream
Agora eu não consigo acordar deste sonho

Can't believe that I feel good enough
Não posso acreditar que me sinto boa o bastante

I feel good enough
Me sinto boa o bastante

It's been such a long time coming, but I feel good
Demorou muito, mas me sinto bem


Os dedos dela se movimentavam de forma ágil pelo piano, tocando aquela canção melodiosa e ligeiramente amarga. E eu era totalmente atingido por aquela voz de Hermione Granger. Como se eu ainda fosse um adolescente perambulando pelos corredores de Hogwarts e ainda a ouvisse cantar, sem que ela percebesse.

E de alguma forma, aquela canção era um aviso do quanto ela estava disposta a ir por mim. Eu poderia fazer qualquer coisa por ela e percebi que Hermione também o faria, por mim.


And I'm still waiting for the rain to fall
E eu ainda estou esperando pela chuva a cair

Pour real life down on me
Derramar vida real sobre mim

Cause I can't hold on to anything this good enough
Porque não consigo me apegar a algo tão bom assim

Am I good enough for you to love me too?
Eu sou boa o bastante para você me amar também?

So take care what you ask of me
Então tome cuidado com o que você me pede

Cause I can't say no
Porque eu não consigo dizer não


Algo estava prestes a mudar. Eu sentia isso. E era tão certo como o nascer do sol. Hermione, assim que parou de tocar, me fitou. Eu via preocupação em sua face e não gostei nada disso. Ela respirou fundo e deixou de me encarar.

– Pansy Parkinson está na França. – Hermione dissera. – E pode estar envolvida na morte do pai de Pietro.

Eu congelei, percebendo o tom de suas palavras. O passado nos persegue e Pansy, bem, era uma ótima perseguidora.



0 comentários:

Postar um comentário

Não faça comentários com conteúdo preconceituoso ou com palavras de baixo calão.
Respeite as opiniões expressas no blog, bem como opiniões de outros leitores.
Faça comentários sobre o tema da postagem.
Leia também a Licença do blog
Volte sempre. Obrigada.