25 agosto, 2012

[Magic and Mistakes] Discovery

Narração por Pansy Parkinson


O salto do meu sapato batia na rua, no entanto não fazia som algum. Na verdade, eu era silenciosa demais. Durante um período eu aprendi exatamente como me camuflar no ambiente, como agir sem que ninguém notasse minha presença. Assim, eu não atraia olhares desse modo. Apenas pela minha aparência e isso, eu não podia nem queria evitar. O homem ao meu lado me acompanhava silenciosamente e eu ainda não sabia como ler sua expressão.

–Algo o preocupa, Abelard? – perguntei olhando para ele.

Tínhamos acabado de sair de uma reunião importante e agora todos os comensais que não estavam em Azkaban sabiam que o retorno do Lord era apenas uma questão de tempo. Segundo meus planos, nessa noite tudo começaria novamente. Estava na hora do mundo saber que retornamos e em breve o Lord das Trevas voltaria.

–Não é nada, Pansy. – Abelard falou dando de ombros.

Através de seus olhos azuis eu via que ele tinha um problema sim, mas eu não me importei com isso. Problemas dele. Não meus.

Enquanto eu andava pelo beco calmamente avistei uma mulher que eu já conhecia há muito tempo. E eu a odiava. Ela me enfeitiçara certa vez, armara contra mim junto com a amiguinha sangue-sujo dela e aqueles sonserinos traidores. Eles me humilharam. Nada mais natural do que uma vingança.

–Não devia estar na França com seu marido? – Abelard perguntou me despertando de meus devaneios.

–Não. Na verdade quanto mais eu ficar longe da França hoje, melhor para mim. – falei sem desviar meus olhos da cabeleira vermelha a minha frente – Abelard, eu te disse, tudo começa hoje. Então... o que acha de começar agora?

–Como assim?

Eu sorri e levantei minha varinha, executei um feitiço e uma máscara negra apareceu em meu rosto. Aberlard finalmente entendera o que eu quis dizer ao olhar para frente e ver a mulher ruiva. Ele então escondera sua face como eu havia feito.

Nada como começar atacando a garota de Harry Potter.

–Repello Aparatio. – falei para prevenir que meu querido alvo não desaparatasse dali e fugisse da diversão.


Narração por Gina Weasley


Havia uma quantidade enorme de folhas secas caídas no chão do beco diagonal, mas eu não dava atenção alguma para elas. Caminhei lentamente pela rua, observando as pessoas entrarem e saírem das lojas, cheios de compras.

Eu ainda não conseguia acreditar que eu perdera o último jogo. O pior da temporada. Bufei irritada e finalmente achei a loja que eu queria. Entrei, então, na Gemialidades Weasley e passei de uma estante a outra, sem tocar em uma poção ou um Snap Explosivo que fosse.

Sem perceber alguém tocou meu ombro e me virei.

–É raro você aparecer por aqui... especialmente quando acabou de por os pés da cidade.

–Eu perdi Jorge! Perdi! Tem noção do que é isso? – perguntei desviando meu olhar dele e voltando a fitar os produtos.

Aquele lugar me animava, às vezes. E eu ainda não sabia o porquê.

–É só um jogo, Gina. Relaxe. Tenho certeza que as Harpias ainda chegam à liderança.

–Assim que a arrancarmos daqueles búlgaros. – resmunguei e de repente me dei conta do quanto infantil eu estaria parecendo.

Ri e olhei para meu irmão.

–Não é só o jogo que te preocupa. – Jorge falou e eu sabia que aquilo não era uma pergunta.

Era um fato.

No entanto, eu não respondi. Apenas fiquei em silêncio. O que estaria de errado comigo? Seria ainda o medo de que a qualquer dia eu poderia encontrar um comensal em meu caminho? Não. Não era essa a resposta. Eu já enfrentara vários, não seria um problema. Meu medo era que Harry encontrasse um deles, como aconteceu há dois dias.

Seja como for, sei que ele ama essa carreira, eu o apoio, mas muitas vezes já me peguei pensando como seria se ele simplesmente houvesse escolhido um emprego menos perigoso.

–Não é nada, Jorge. – falei e peguei uma varinha enfeitiçada qualquer numa prateleira – Está tudo bem.

Ele me olhou desconfiado e achei que o melhor seria voltar de onde eu viera. Afinal, minha raiva havia passado e eu não queria mesmo responder as perguntas de Jorge Weasley.

Despedi-me dele e saí da loja. Fui caminhando pelo beco sem prestar atenção no meu caminho. Para onde mais eu iria? Para casa?

Foi então que algo aconteceu.

Um feitiço passou acima da minha cabeça e explodiu o vidro de um pub. Olhei para os lados, alerta. Havia duas pessoas com máscaras negras e segurando suas varinhas. E eles apontavam para mim.

Peguei minha própria varinha numa velocidade inimaginável e tentei me defender. Um feitiço acertou meu braço esquerdo e senti uma dor aguda. Mas seria mais do que isso que me faria desistir da luta. Ergui minha mão direita enquanto dava um floreio e executava uma azaração qualquer. Dois contra um. Não era nada justo. E eu estava perdendo.

–Conjunctivitus! – falei mirando no homem e o acertei.

Pelo menos ele não conseguiria ver nada por um tempo.

Meu alvo agora era a mulher.


Narração por Draco Malfoy


Eu fitava aquela porta receoso. Tudo o que eu queria era bater e ouvir os passos dela e sua face quando abrisse a porta. Eu ainda não acreditava que ela estava fugindo de mim. Ergui a mão, mas ela perdeu-se no caminho e eu estava quase desistindo. Por Merlin! Era apenas uma porta! E lá dentro existia só uma bruxa teimosa e orgulhosa. Nada demais, a não ser pelo fato de que essa bruxa era Hermione Granger e conhecia milhares de azarações para me afastar de seu apartamento.

Chega!

Bati na porta e esperei. Ouvi um som de passos e alguém aproximar-se. Depois, somente o silêncio. Encostei-me na porta.

–Sei que você está aí. – falei com meu ouvido colado na porta – Sei que não quer me ver, Hermione. Mas eu preciso...

Preciso do que? Explicar-me de novo? Não. Não era isso. O que eu deveria dizer para que ela me ouvisse?

–Eu preciso de você, Hermione – falei por fim e ouvi um soluço do outro lado.

Ótimo. Ela está chorando, pensei com ironia e comecei a ficar mais temerosa ainda.

–Eu nunca quis te machucar. Nunca.

Outro soluço e eu me sentia ainda mais inferior.

–Pare de fugir de mim.

Eu me sentia como no dia anterior, quando eu viera até aqui e tentei conversar. Pensei que aconteceria o mesmo, ela não me deixaria entrar de novo.

Mas de repente a porta abriu-se e ainda que ela estivesse com lágrimas nos olhos, parecia mais do que segura.

–Você tem um minuto. – ela dissera e eu revirei meus olhos. Aquilo era infantil demais.

Mas era uma chance e eu não desperdiçaria. Tentei me aproximar, mas ela não deixou e desisti.

–Eu não te traí, Hermione. Eu apenas estava bebendo e uma mulher veio conversar comigo. – falei omitindo quem ela era. Se ela soubesse eu tinha certeza que me estrangularia vivo – Ela me beijou e eu saí de lá. Estou falando a verdade. Eu não seria louco de jogar tudo pela janela.

–Tem certeza? – ela perguntou sarcasticamente.

–Acorda, Hermione! – eu praticamente gritara – Por que razão eu estaria aqui, parado nessa porta, me humilhando? – perguntei e me irritei ao vê-la desviar seus olhos – Me diga!

Hermione colocou uma mecha dos cabelos atrás da orelha e me olhou nos olhos. De repente percebi que não era só a suposta traição que a afetava. Era algo mais. Lembrei-me então das minhas palavras e das dela.


–Suicídio? Foi suicídio ir atrás de horcruxes e viver por meses numa barraca, cada noite em um lugar diferente? Foi suicídio cair nas mãos de sequestradores, Draco? Foi suicídio salvar você do incêndio na sala precisa? Foi?

–Foi, Hermione, e eu não aguento mais isso. Toda vez é sempre a mesma coisa. Você quer o perigo. Deseja-o. Entrava em florestas com comensais por causa do Potter e me fazia ir atrás de você. E agora quer entrar num beco com cinco deles prontos para matá-la?

–Como assim `Me fazia ir atrás de você’? Eu nunca te pedi para me salvar, nunca te disse para cair de cabeça em tudo que me envolva. Você não precisava fazer nada disso.

–EU SEI! Mas você parece gostar de correr perigo. Parece divertido, não?

–Eu não acredito que você disse isso. Eu não estou tentando me matar, estou tentando salvar as pessoas que você não tem coragem de proteger, apenas isso, Draco.


–Eu não queria ter dito aquelas coisas. – falei quase que instantaneamente e percebi que estava indo para o caminho certo ao ver a expressão dela – Você tinha razão. Mas a questão é que eu sou um fraco. Nunca fui como você e sabe que nunca serei.

Eu via certa hesitação nela. Hermione sabia perfeitamente que aquelas palavras era a verdade, no entanto, mais do que tudo, ela tinha medo de que eu a decepcionasse de novo.

Era apenas uma questão de visão aquilo. Era também já me machucara, e muito, na época de Hogwarts. Eu a vira beijar o Potter. Ela vira apenas uma marca de batom.

Assim que conclui esse pensamento me senti um idiota. Por que eu ainda insistia nisso? Eu apenas queria que ela entendesse. Já repetira mil vezes, agora era com Hermione. Ela era quem deveria dizer algo.

–Se eu confiar em você... se eu acreditar em suas palavras... como posso saber se isso não vai acontecer de novo?

–Você tem a minha palavra. Ela deveria bastar... – eu falei dando de ombros cansado daquilo tudo – Sempre me disseram que você só começa a dar valor ao que tem quando perde, mas será que você nunca percebeu que eu não precisei te perder para entender isso? – perguntei agora dando um passo para frente.

Ela deu outro para trás.

–Pode parecer que não, mas essa é a verdade. – levantei minhas mãos e passei no rosto dela, sentindo sua pele quente – Não sou o sonserino que você conheceu. Não mais.

–Eu... – ela começou a falar, mas hesitou.

Esperei, mas as palavras não vieram. Enfiei minha mão esquerda no bolso do casaco e tirei de lá algo. Abri as mãos dela e depositei ali a chave que ela me dera.

–Você tem uma semana, Hermione. Pode me procurar quando quiser. Mas não adianta perguntar mais nada sobre aquela noite. Você já sabe tudo. – falei ressentido – Quando esses dias passarem, quero uma resposta definitiva. Se você ainda quiser ficar comigo, apenas me encontre no C’est La Vie e me diga. Mas se não... – parei, incapaz de pensar no que aconteceria se ela optasse por essa alternativa.

Ela me encarou com seus olhos castanhos brilhando e fitei seus lábios. Nosso último beijo fora tudo, menos romântico. Era mais algo físico do que psíquico. Naquele momento nenhum de nós sequer estava pensando.

Eu sentia falta dela e a queria de volta, mas o que eu podia fazer era esperar até que ela decidisse.

–Estou morando com Theodore Nott – falei lembrando-me e ela assentiu.

Ainda me olhava e eu não sabia mais o que dizer. Se eu pudesse a agarraria agora mesmo e não daria chance alguma de escolha. Mas as coisas não deveriam ser assim.

–Meu trabalho está cada vez mais complicado – Hermione falou, mudando de assunto bruscamente – Estamos tentando desvendar a profecia.

Eu não fazia ideia no motivo para ela comentar aquilo. Era como se ela quisesse fugir da conversa. Mas saber que ela estava trabalhando naquilo era de certa forma bom.

–Ótimo – falei sem saber o que acrescentar mais. Eu queria falar sobre nós ainda. Até que me ocorreu algo – Hermione, se estivéssemos no beco... se por acaso pudéssemos voltar naquele noite... – comecei, escolhendo minhas palavras – Se eu pudesse fazer tudo diferente, eu não faria. Nunca eu ia deixar você se arriscar do modo que queria. Nunca.

Mesmo que o que eu fiz tenha desencadeado tudo, eu não mudaria isso. Meu medo de vê-la ferida era tão grande quanto o de perdê-la. Ela não entendia isso.

Vi Hermione arfar por um instante, como se estivesse refletindo sobre as palavras e então eu não fazia mais ideia do que dizer.

–Bom... acho que é isso. – como dizer adeus, sabendo que provavelmente da próxima vez que eu a visse seria para ouvir qual seria sua escolha? – Estou indo.

Por um segundo pensei que ela fosse dizer mais algo, mas assim como antes suas palavras se perderam antes de serem proferidas. Eu dei uma última olhada para o interior do apartamento e percebi que estava do mesmo jeito que eu deixara. Pelo menos ela não jogara minhas coisas pela janela ou algo do tipo. Peguei minha varinha e executei um feitiço simples. Segundos depois uma mala vinha até mim.

–Vai ir embora? – ela perguntou – É isso?

–Não. Eu só preciso de roupas nesses dias. É temporário, mas depende de você agora.

Sorri e fiquei aliviado por não termos brigado de novo. Já era um avanço. Saí de lá, e ainda que eu tivesse acabado de deixar minha chave com ela e estivesse com uma mala de roupas, de um modo engraçado, eu sabia perfeitamente que eu voltaria. Eu tinha que voltar.


Narração por Hermione Granger


Eu olhava para a chave na minha mão e erguia meus olhos para a porta. Draco acabara de ir e as palavras dele me atingiam cada vez mais. É, eu estava certa. Assim que nós conversássemos, eu ficaria cheia de dúvidas. No entanto essa conversa fora satisfatória. Draco não estava mentindo, pelo menos. E não era apenas meu sexto sentido que dizia isso. Eu sabia quando alguém estava mentindo. Eu estudei as expressões corporais no meu curso e sabia como reconhecer um mentiroso. Esse estudo era algo novo e eu tinha certeza que quando eu tivesse permissão para participar de julgamentos no ministério, seria muito útil. Mas agora eu havia usado esse conhecimento em Draco. Ele não havia tocado em sua face nenhuma vez, nenhuma coceira, nenhuma auto-pacificação, nenhuma puxada no canto da boca. Nenhuma alteração no tom de sua voz. E principalmente, ele sustentou seu olhar, não o desviou e insistiu no assunto quando eu comentei algo completamente diferente. Eu não tinha interesse algum no meu trabalho. Aquilo fora somente mais uma armadilha.

Agora eu tinha certeza. De duas, uma. Ou ele era um mentiroso muito bom, ou estava falando a pura verdade. Bem, eu preferiria acreditar na segunda opção.

Sorri. Ainda havia uma chance para nós.

Você tem uma semana, Hermione.

Eu não precisava de mais tempo. Poderia ter escolhido agora, mas havia outro fato: Eu não sabia como contar que eu estava grávida. Tentei duas vezes e não consegui. Deus! Ele iria gostar. Então qual era a minha preocupação?

Bufei e peguei meu casaco. Precisava ver alguém que me ajudasse. E havia somente uma pessoa que faria isso. Emily.


–Como assim ‘eu não quero mais ver Pietro’? – perguntei olhando para ela censurando-a – Emily, ele não é tipo de cara que você pensa que é!

Ela limitou-se a dar de ombros.

–O jantar ontem não pode ter sido tão ruim. – falei tentando saber o que a afligia.

–Foi o melhor jantar da minha vida – a francesa falou tomando o suco que pedira.

Estávamos num pub no beco diagonal. Eu mandara uma mensagem para ela mais cedo e ao invés de eu contar meus problemas, estava acontecendo exatamente o oposto.

–Certo. Agora eu estou completamente perdida. – falei levantando as mãos, rendendo-me – Se você gostou, então qual é o problema?

Eu estava começando a ficar com raiva daquilo. Não podia ser tão complicado.

–Você não contou ainda a Draco sobre a gravidez, embora tenha me dito que a reação dele seria ótima. Então por que ainda não o fez?

Touché.

Ela havia se defendido da melhor forma.

Atacando.

E eu tinha raiva disso. Estávamos no mesmo barco e tudo parecia difícil, embora fosse mais do que simples.

–Pietro não vai se importar. – falei ignorando o comentário dela – Se tem algo que observei durante esses meses foi que ele não é mais o mesmo. Pietro vivia rodeado de mulheres. Era uma a cada noite em uma festa diferente. Ele faz parte da elite, sei disso. Mas agora o que ele está fazendo? Está cuidando de um negócio, algo que o pai dele nunca colocou fé. Ele está quebrando limites e ainda por cima está querendo uma família. Você pode dar isso a ele.

Eu ainda via hesitação nela. Por Merlin! Até onde isso iria? Já estava irritada com tudo aquilo.

–Draco me procurou hoje. – falei repentinamente, tentando acabar com o clima estranho de Emily – Conversamos e ele me deu um prazo. Preciso decidir o que vai ser.

–E o que você escolherá? – Emily perguntou mais animada agora.

–Nós dois erramos. Fato. Mas eu ainda o amo. Mesmo que eu tentasse abandoná-lo, eu enlouqueceria longe dele. Então... acho que você já sabe. – falei sorrindo e pensei em como seria tudo daqui para frente.

–Err... Hermione, – Emily chamou – não diga a Pietro sobre o que houve entre você e Draco. Ontem no jantar eu deixei escapar algo sobre como você estava com problemas e ele quis saber. Acho que ele pensa que é tudo por causa do ataque no beco. Sei que ele gosta de você. – ela falou com a voz baixa – Ele me contou tudo... E eu quero acreditar que ele possa gostar de mim, mas...

–Acho que ele já gosta. Não é uma questão de sair com uma garota linda. Da última vez que conversamos, ele parecia encantado com você. Não era como se um feitiço veela fosse deixá-lo daquele jeito.

Ela sorriu, sem poder evitar.

–Pois então... eu deixei escapar algo e se ele insistir, não diga. Será melhor para o Draco se Pietro não quebrar a cara dele. E eu tenho quase certeza que seus amigos, o Potter e o Weasley, fariam a mesma coisa.

Era verdade. Quanto menos pessoas soubessem daquilo, melhor.

Eu ia começar a falar algo quando vi um feitiço dirigir-se na direção do vidro do pub. Assim que vi o brilho percebi que o vidro se quebraria e milhares de pedacinhos acertariam a mim e a Emily. Tudo aconteceu muito rápido. Movi minha mão para a varinha e no momento que a explosão aconteceu um campo de força estava entre mim e os vidros. Nada penetrou o campo num raio de 3 metros. Os vidros caíram no chão sem ferir ninguém ali.

Assim que ergui meus olhos percebi que Emily se assustou com o barulho repentino. Não havia tempo para sustos agora. Movi-me para fora do pub e percebi que havia duas pessoas com máscaras. Comensais. Mas o que me impressionou foi que eles duelavam com Gina.

Vi eles acertarem o braço dela e depois havia sangue, vermelho e púrpuro.

Ela moveu-se rapidamente mesmo assim e acertou o homem.

No entanto a mulher com ele enfeitiçou Gina e vi o corpo dela desfalecer no chão.

Não. Ela não mataria Gina, nem fugiria.

–Impedimenta! – falei quando ela aproximou-se de Gina.

O corpo da mulher foi arremessado para longe. Agora eu a enfrentaria. Os olhos por trás daquela máscara eram insanos, cruéis. Mas aquilo não me abalaria.

Ela soltou uma risada zombeteira e adiantou-se para mim, sussurrando uma maldição.

Eu a repeli e fui entrando no jogo dela, mais me defendendo do que atacando.

–Locomotor Mortis! – ela disse e senti minhas pernas serem coladas uma a outra e caí no chão de pedra.

Senti que a maldição da tortura seria a próxima que ela usaria, percebi que o homem com ela estava com raiva e agora conseguia sustentar sua varinha. Esperei o fim, minha varinha estava caída do meu lado, mas assim que eu tentasse recuperá-la, eles me atacariam.

Foi então que ouvi outra voz.

–Steleus! – o feitiço viera detrás de mim e me virei.

Era Emily segurando sua varinha. Ela acertara a mulher e agora ela espirrava ininterruptamente. Isso a distrairia.

Ela foi para frente e lançou cordas nos pés do homem e jogou a varinha dele para longe. Voltou-se para mim e fez um contra-feitiço, livrando-me da azaração.

Levantei-me e voltei a duelar com a comensal. No entanto assim que eu tentei acertá-la, uma corda invisível pareceu chicotear em mim e senti dor. Executei outro feitiço e ela defendeu-se.

Ouvi um contra-feitiço vindo dela e percebi que ela estava retirando algum feitiço anti-aparatação. Não. Eu não podia deixá-la escapar.

–O jogo começou. – ela sussurrou e soltou uma gargalhada.

Foi então que ela aparatou.

Virei-me para o lado e percebi que Emily duelava com o homem. Ela lançava feitiços e ele apenas defendia-se. Eu não entendia. Ele deveria estar atacando também, mas por algum motivo ele não o fazia. Os olhos azuis através da máscara não tinham a mesma insanidade da mulher. Tentei acertá-lo, mas ele estuporou Emily e lançou um último olhar para mim antes de me desarmar e aparatar também.

Recuperei a varinha e corri para Emily e Gina.

A loira eu consegui acordar facilmente.

Já o caso de Gina era mais complicado. Ela estava ferida e desmaiada. Eu então aparatei com ela para o St. Mungus.


–O que aconteceu? – Draco apareceu na sala de espera do hospital e veio direto até mim.

Ele passou suas mãos pelo meu rosto e ficou me examinando, procurando talvez algum ferimento.

–Eu estou bem. – falei sorrindo e apertei as mãos dele nas minhas.

Vê-lo tão preocupado assim havia me pego desprevenida.

–Gina é quem está machucada. – informei tristemente – Mas já está acordada. Harry está com ela.

Expliquei a ele tudo o que aconteceu e ao fim percebi que Draco estava aliviado por não me ver machucada.

–Todos estão comentando agora. – ele disse – Pode ter certeza que isso será a matéria principal do profeta amanhã. Merlin! As pessoas vão começar a ficar assustadas de novo.

Ele tinha razão. Ter encoberto os assassinatos e ataques que aconteceram de nada serviria agora. A aparição de comensais no beco diagonal era assustador para qualquer um.

A mulher disse algo como... O jogo começou. O que quer dizer? – perguntei a ele – Tudo vai mudar agora? Eles atacarão regularmente... é isso?

–Eu não sei. Estou por fora disso, Hermione. E mesmo se eu tentasse descobrir, não me diriam nada. Sou o traidor, lembra-se?

De repente algo me atingiu. E se por alguma insanidade Draco tentasse contatá-los para conseguir informações?

Aconteceria o mesmo que ocorreu com o comensal no beco? Isso me assustava.

–Me prometa que não vai procurá-los. – pedi olhando-o nos olhos fixamente.

Ele devolveu o olhar e quando abriu a boca para falar algo, alguém chamou nossa atenção.

–Gina está melhor – era Emily que agora tinha um curativo na cabeça – Harry está tão atencioso... mas vejo que tem medo também. – a francesa falou – Alguns repórteres estão tentando tirar informações de mim. Se quer uma dica, não vá embora pela porta da frente. – disse fechando a cara e virando-separa ir embora – Vou ver Pietro, ele está que nem um louco tentando falar comigo. Só que prefiro que ele fique longe disso...

Emily despediu-se de nós e foi-se. Olhei para Draco e percebi que eu queria ir embora também, mas eu queria ir com ele. Coloquei minha mão no bolso e comecei a procurar por algo, até que senti o metal.


Look outside
Olhe à fora

It's already light and the stars ran away with the night
Já é dia e as estrelas somem com a noite

Things we're said, words that we'll try forget,
Coisas nós dizemos, palavras que tentaremos esquecer

It's so hard to admit
Tão dificil admitir

I know we've made mistakes
Eu sei cometemos erros

I see through all the tears, but that's what got us here
Eu vejo através de todas as lágrimas, mas é o que nos trouxe aqui


Abri a mão dele e depositei ali a chave do apartamento.

–Não preciso esperar até o próximo sábado para decidir. – falei sorrindo – Você sabe a resposta. Sabe que eu te amo, não importa o que aconteça. Fui burra o suficiente no passado ao tentar afastar esse sentimento. Eu te magoei também. Sou tão culpada quanto você. Você é uma mentiroso Draco, e eu sempre soube disso. Apaixonei-me não pelas suas músicas e seu lado bom, mas pelo seu eu inteiro. Eu sempre soube que seria difícil. E tudo conspirava contra nós, mas olhe onde estamos. Ainda apaixonados... ainda nos importamos um com o outro. Você tenta me proteger e está certo em querer isso.


If love is an ocean wide
Se o amor é um vasto oceano

We'll swim in the tears we cry
Nadaremos nas lágrimas que choramos

They'll see us through to the other side
Eles nos irão ver através do outro lado

We're gonna make it
Nós vamos conseguir

When love is raging sea
Quando amor é mar em fúria

You can hold on to me
Você pode me segurar

We'll find a way tonight
Vamos encontrar um caminho à noite

Love is an ocean wide
Amor é um vasto oceano


A mão dele fechou-se segurando a chave e nunca senti um olhar tão penetrante em toda a minha vida. Eu estava desarmada, como sempre estive frente à Draco Malfoy.

Eu podia sentir meus olhos começarem a embaçar. Céus! Eu odiava chorar.

–Não, não estamos mais apaixonados, Hermione – Draco falou – passou muito tempo desde que estivemos assim. Paixão é pouco agora. Há algo maior.

Sorri. Era verdade. Nossa relação deixara de ser uma simples paixão há um longo tempo.

–Dizem que não se deve deixar o amor verdadeiro morrer. – Draco falou repentinamente – É o que eu tenho tentado fazer. Eu não quero que isso acabe. Nunca.


I'll stay right here
Eu ficarei bem aqui

It's where I'll always belong
É onde eu sempre pertenci

Tied with your arms
Laçado em seus braços

Days like this, I wish the sun wouldn't set
Dias como esses, queria que o sol não se pusesse

I don't want to forget
Eu não quero esquecer

What made us feel this way
O que nos fez sentir assim

You see through all my fears
Você vê através dos meus medos

All that's what got us here
Tudo o que nos trouxe aqui


Draco procurou algo em seu casaco e fiquei olhando para ele, enquanto ele falava olhando para minha face.

–Eu nunca quis te decepcionar. Nunca desejei te ver infeliz. Durante todo esse tempo, até mesmo quando estávamos separados, o que me fazia acordar era saber que nos encontraríamos. Assim que o sexto ano acabou nós dois seguimos caminhos completamente diferentes, opostos. Mas aqui e agora, sabemos que não estamos mais cada um numa estrada. Não. Estamos juntos.


If love is an ocean wide
Se o amor é um vasto oceano

We'll swim in the tears we cry
Nadaremos nas lágrimas que choramos

They'll see us through to the other side
Eles irão nos ver através do outro lado

We're gonna make it
Nós vamos conseguir

When love is raging sea
Quando amor é mar em fúria

You can hold on to me
Você pode me segurar

We'll find a way tonight
Vamos encontrar um caminho à noite

Love is an ocean wide enough to forget
Amor é um vasto oceano pra esquecer

Even when we think we can't
Mesmo que pensarmos que não podemos

Think we can't
Que não podemos


–Hermione, eu te amo. Sempre amei e sempre amarei. – Draco falou e segurou minha mão. – Você me perdoa?

Eu sorri. Era tão óbvia a resposta.

–Mas é claro – eu falei – Ambos cometemos erros.

O sorriso que Draco me lançou foi tão genuíno que me senti feliz, ainda que a situação de agora há pouco fosse exatamente o contrário disso. Ele me fazia esquecer a realidade.

–Hermione, você quer casar comigo? – ele perguntou abrindo a mão e depois uma caixinha, a que ele tirara do bolso.

Eu olhei para o anel ali dentro e não me dei conta a princípio do seu significado. Eu provavelmente perdera algo na conversa ou Draco estava mesmo me pedindo em casamento.

Não sei quanto tempo eu fiquei olhando para a caixinha de veludo e seu conteúdo, porque Draco me fitava nervoso.

–Hermione... respire! – ele falou e só então percebi que estava arfando.

–Sim. – eu falei – Eu quero me casar com você – agora eu estava chorando.

Pouco me importava se estávamos em um hospital ou não. Eu não podia me segurar. Agora eu entendia o motivo de Gina não ter se importado em nada com o pedido pouco convencional de Harry.

Eu sorri, até que percebi que Draco precisava saber a verdade antes de tudo.


If love is an ocean wide
Se o amor é um vasto oceano

We'll swim in the tears we cry
Nadaremos nas lágrimas que choramos

They'll see us through to the other side
Eles irão nos ver através do outro lado

We're gonna make it
Nós vamos conseguir

When love is raging sea
Quando amor é mar em fúria

You can hold on to me
Você pode me segurar

We'll find a way tonight
Vamos encontrar um caminho à noite

We'll find a way tonight
Vamos encontrar um caminho à noite

Love is an ocean wide
Amor é um vasto oceano

Love is an ocean wide
Amor é um vasto oceano


–Mas Draco, antes que... – comecei a dizer, mas ele me interrompeu capturando meus lábios.

Eu aproveitei no começo, saboreando seus lábios da forma que eu sempre fazia, mas me afastei.

–Draco, você precisa saber de algo antes. – falei forçando-o a olhar-me.

–Nada me fará voltar atrás. – Draco disse.

–Eu estou grávida.

Pensei que o sorriso dele fosse murchar, finalmente eu havia conseguido dizer aquilo em voz alta para ele desde que eu confirmara a gravidez com um medibruxo.

Draco não parou de sorrir, pelo contrário, agora ele tinha um sorriso bem bobo na face e resolveu sentar-se na cadeira, antes que caísse no chão. Então ele começou a rir. Senti-me totalmente perdida. Ele estava louco!

–Desculpe... – ele falou controlando-se e me puxou para ele, abraçando minha cintura – Isso é... maravilhoso.

Então seu olhar cinza azulado voltou-se para mim. Ele pegou minha mão direita e colocou o anel no meu dedo anelar.

–Você é minha Hermione Granger. Sempre foi. E não faz idéia do quanto estou feliz hoje.

Não. Eu sabia perfeitamente como ele se sentia. Finalmente beijei os lábios dele sorrindo.

De um jeito ou de outro, o que aconteceu essa semana não era nada para mim. Esse é meu Draco. Apenas esse.

–Merlin! – Draco exclamou olhando para um ponto qualquer – Eu vou ser pai...


Narração por Pietro Breine


–Tem certeza que você está bem? – perguntei de novo para Emily e a vi revirar os olhos pela vigésima vez.

–Absoluta. – ela falou e se aproximou de mim – Acabei de sair do hospital, tenho somente esse corte na cabeça. É superficial, não se preocupe.

Eu estava aliviado, mas ainda assim, preocupado.

Assim que ela entrou pela minha porta eu sabia que havia algo errado.

–Sabe... Hermione me disse umas coisas hoje. – ela falou fitando-me – Eu estou sendo uma idiota ultimamente. Eu tentei afastar você desde o momento que nos conhecemos.

–Verdade, sempre a misteriosa Emily... – debochei e ela fez uma careta – Nunca permite que eu a conheça...

–Isso vai mudar. – ela disse e um som na janela prendeu nossa atenção.

Fui até lá e tirei mais uma carta de uma coruja. “Rennes, França”. De novo.

Joguei a carta sobre a mesa.

–De quem é? – Emily perguntou.

–De casa.

–E por que não abre?

Suspirei. Não queria falar sobre isso.

–Porque provavelmente é mais uma insistência para eu voltar para lá.

Ela me olhou enigmática e depois se voltou para a carta, entregando-a para mim.

–Abra. – pediu e eu não sabia como resistir a ela.

Mas eu não queria saber da França.

–Abra você para mim. – pedi sorrindo e ela revirou os olhos novamente.

Era engraçado, ficar tanto tempo com ela estava sendo divertido. Quando estava irritada ela fazia aquilo. Quando estava nervosa ou distraída brincava com os cabelos. Quando estava hesitante mordia seu lábio inferior. Eu nunca percebera nada disso antes. Talvez porque nunca estive em um relacionamento sério.

–Ok. – ela disse e abriu a carta.

Enquanto seus olhos corriam nas linhas eu observava sua fronte concentrada. Foi então que sua expressão mudou para a surpresa e talvez dor.

Havia algo na carta.

–O que fala aí? – perguntei interessado pela primeira vez em meses.

Emily mordeu o lábio. Oh não. Ela não sabia se contava ou não. Optou por me entregar a carta e enquanto eu li reparei que não era a caligrafia do meu pai. Era da governanta.

E fiquei em choque, sem saber o que fazer, como se aquilo fosse somente uma brincadeira idiota de alguém ou do destino.


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