05 outubro, 2012

[Never] The Beginning




Hermione’s Point Of View
Não era a primeira vez que a garota viajava de trem. A fumaça, o aglomerado de pessoas e a gritaria das crianças era algo normal para ela. Por um momento, duvidara do que lera no livro, pensou que, assim como uma mundana, se chocaria com a parede de tijolos e cairia, com suas malas e demais pertences e talvez até mesmo se machucasse. Porém, o que aconteceu foi exatamente o que fora premeditado. Hermione acabou por ultrapassar a parede e quando deu por si, estava na tão esperada Plataforma, de frente para uma das mais belas locomotivas que já vira.
A menina arfou, sentiu-se repentinamente feliz. Ver aquele monte de crianças e adolescentes a deixava mais calma, entretanto, a ausência dos pais trazia à tona certa hesitação. Tão jovem e já sozinha no mundo.
Pegou seu carrinho e levou até onde as demais bagagens estavam sendo guardadas, teve o cuidado de apenas agarrar sua bolsa, onde seus livros estavam, provavelmente precisaria deles para se distrair na viagem. Virou-se então para entrar num dos vagões e reparou no modo como os jovens se vestiam. Eram diferentes dela, nas cores berrantes, nos conjuntos que nada faziam referencia a moda londrina. Sentiu-se deslocada, mas resolveu por ignorar nesse pequeno fato. De qualquer forma, ela era mesmo diferente deles.
Entrou na primeira cabine vazia que encontrou e se pôs na janela da mesma, observando pais abraçarem os filhos e amigos se reencontrarem. Faria ao menos um amigo? Pegou-se pensando e suspirou, achando-se estranha demais para isso. Qual casa cairia? Lera em “Hogwarts, uma história” sobre todas elas, conhecia a todas. A corajosa casa Griffyndor, a ambiosa Slytherin, a prestativa Hufflepuff ou a sábia Ravenclaw. Pegou-se imaginando o que seria de sua vida, era uma aberração tanto no mundo bruxo, quanto no trouxa. Ela riu por isso, embora um bolo estivesse se formando em sua garganta.
Olhou para um ponto na plataforma, onde um casal e um menino loiro conversavam. Ela percebia q ele olhava furtivamente para todos os cantos, tentando como ela capturar todos os momentos que passasse ali naquele lugar. E percebeu também que ele invejava a felicidade que emanava de qualquer um. Hermione perguntou-se o porquê, visto que ele parecia ser um menino que facilmente saberia se encaixar nesse mundo.
Diferente dela.
Não demorou muito para o Expresso de Hogwarts partir e o cenário da estação ser substituído pelas folhagens típicas inglesas. A viajem seria longa. A menina estava tão concentrada em observar tudo que se assustou quando alguém parou a porta de sua cabine. Um menino gordinho e com um sapo preso na mãe esquerda. Ignorou sua ojeriza pelo animal e fitou o rosto cheio do garoto.
– Posso me sentar aqui? – ele pediu e era claro para a menina o nervosismo dele. Talvez fosse como ela, um novato na escola.
– Claro! – Hermione respondeu e o garoto sorriu. – Sou Hermione Granger! – falou cortes.
– Neville Longbottom.
Ficou horas falando com garoto, perguntando sobre questões do mundo bruxo e conhecendo mais sobre a escola que ingressaria. Descobriu que o menino era um sangue puro e que tinha uma péssima memória, além de ser descuidado e distraído.
– Er... Neville, por que você está com um sapo, se me permite perguntar? – a menina contestou e o garoto a fitou mal se importando com a pergunta.
– É um brinde naturalmente, vem nos sapos de chocolate. O nome dele é Trevor – Neville falou erguendo a criaturinha para que Hermione pudesse vê-lo melhor, porem a menina não demonstrou sinal algum de que quisesse olhá-los por mais tempo.
Nisso, os dedos do menino se escorregaram pela pele úmida do sapo e ele deslizou da mão do mesmo, desaparecendo pela porta da cabine entreaberta. O garoto, em pânico, tentou encontrar seu animal, mas isto era quase impossível, visto que no corredor estavam vários alunos. Hermione adiantou-se para ajudá-lo, ainda que não compartilhasse afeto algum por Trevor.
– Eu vou pela direita, enquanto você vai pela esquerda, ok? – Hermione falou e sem esperar resposta saiu a procura do mascote perdido.
A garota andou de cabine em cabine, até que parou em uma onde dois garotos magricelas estavam.
– Alguém viu um sapo? Neville perdeu o dele – Hermione disse e fitou os dois, o ruivo empulhava uma varinha e ficou ansiosa para ver o que aconteceria – Você está fazendo mágicas? Quero ver.
A menina então sentou-se no bando e fitou o ruivo. Este balançou a varinha e murmurou algumas palavras.
– Sol, margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro.
O rato para o qual a varinha tinha sido apontada continuou parado e adormecido e, assim, era perceptível que o feitiço não tivera o resultado esperado.
– Você tem certeza de que esse feitiço está certo? – Hermione contestou. – Bem, não é muito bom, né? Experimentei uns feitiços simples só pra praticar e deram certo. Ninguém na minha família é bruxo, foi uma enorme surpresa quando recebi a carta, mas fiquei tão contente, é claro, quero dizer, é a melhor escola de bruxaria que existe, me disseram. Já sei a cor de todos os livros que nos mandaram comprar, é claro, só espero que seja suficiente; aliás, sou Hermione Granger, e vocês quem são?
Eles se entreolharam espantados pela rapidez com que ela falava.
– Sou Rony Weasley.
– Harry Potter.
– Verdade? Já ouvi falar de você, é claro. Tenho outros livros recomendados, e você está na História da magia moderna e em Ascensão e queda das artes das trevas e em Grandes acontecimentos mágicos do século XX.
– Estou? – admirou-se Harry sentindo-se confuso.
– Nossa, você não sabia... Eu teria procurado saber tudo que pudesse se fosse comigo. – disse Hermione. – Já sabem em que casa vão ficar? Andei perguntando e espero ficar na Grifinória, me parece a melhor, ouvi dizer que o próprio Dumbledore foi de lá, mas imagino que a Corvinal não seja muito ruim... Em todo o caso, acho melhor irmos procurar o sapo de Neville. E é melhor vocês se trocarem, sabe, vamos chegar daqui a pouco.
Com isso, a garota deixou-os para trás, voltando a procurar o pequeno sapo, não andou mais do que alguns passos quando deu de cara com um garoto loiro e um pouco mais alto que ela. Sentiu-se estranha, algo forte bateu contra seu peito, internamente e o estomago revirou-se, era obvio que aquele garoto dava-lhe sensações fortes, porem isso era bom ou ruim?
Ela não sabia.
Sua postura era nobre e ela reconheceu-o da estação, lembrou-se que vira-o com os pais.
– Não vê por onde anda? – o loirinho falou e ela encolheu-se.
– E você por acaso vê? – Hermione falou e percebeu que o garoto estava com outros dois garotos, ambos eram mais altos, porém da mesma idade que ela. E ambos tinham uma atitude de capangas, como se aquele loiro fosse uma espécie de líder ou algo do tipo.
Ela percebeu também que estava sozinha e que não seria fácil lidar com aquele garoto.
– Acho que você deveria aprender a respeitar seus superiores.
– E quem seria? Você? – Hermione riu, claramente se divertindo. – Como você é engraçado! – exclamou e deu-lhe as costas, voltando pelo caminho que viera.
Ela só não sabia que esse simples ato a condenaria por anos.
Por que ela mexera com fogo e agora iria se queimar feio.
Draco’s Point Of View
Draco sentia um sentimento forte correr por seu coração, entranhado ao mesmo como uma adaga.
A garota talhava cada vez mais profundo sua paciência. Seus dois dentes da frente, consideravelmente maiores do que os demais, causariam-lhe imensa ânsia de riso, caso a situação fosse outra.
Quem ela pensava que era?
Ela deu de ombros e partiu, deixando-lhe ali, com uma fúria sem igual.
Virou-se, encarando fixamente Crabbe e Goyle, que o olhavam com posturas imaturas, prendendo uma estrondosa risada que já vinha de antemão, inertes.
– O que foi, seus idiotas? – Caminhou lentamente até sua cabine, enterrando as unhas em sua carne, sibilando, furioso. – Devo adverti-los mais uma vez quanto às brincadeiras? Não quero que isso se repita novamente, me entenderam? – Disse à eles, sentando-se no assento da cabine.
Os dois gorduchos se calaram, e abaixaram as cabeças, sem dizer uma única palavra. Os dois sabiam quem tinha mais efetividade e poder sobre todos ali. Draco poderia pisoteá-los facilmente, em um único movimento.
– Não pedi para que se amedrontassem, ou que ficassem com medo, fracotes – disse-lhes Draco.
– Desculp... – quase disseram. Perceberam o quão inútil seria caso eles falassem isso. Levantaram a cabeça, fortalecidos. Draco lançou-lhes um olhar aprimorado; forte.
– Aquela garotinha irá me pagar... Quem ela pensa que é? Ela não sabe com quem fala dessa forma? – Suas palavras mais pareciam flagelos.
– O que você tem em mente, Draco? – perguntou-lhe Crabbe.
– Algo que a faça refletir que não pode passar em cima de mim e sair impune da situação – respondeu-lhe o garoto. – Iremos fazer de sua vida um inferno.
E então sorriu, pensando nas várias possibilidades que surgiam em sua mente de como realmente tornar isso possível.
E então discutiu com os dois garotos até o fim da viagem. Falaram sobre a chegada das cartas; o garoto Malfoy se gabando da família sangue puro, e de que não havia dúvida alguma de que ele receberia sua carta de antemão, sem remendas; e de que, caso não recebesse, o ministério iria ter de arcar com a fúria dos Malfoy, seus pais haviam lhe prometido.
O garoto gabou-se de sua vida, de como era perfeita. Gabou-se de cada mínimo detalhe; os mesmos rebaixavam os dois gorduchos, que, apesar das riquezas, não vivenciaram um terço do que Malfoy vivenciara em todas suas vidas; juntas.
Conversaram, por fim, do sangue.
O Malfoy, claro, tinha o sangue puro de seus milhares de antepassados correndo por suas veias, e, com um orgulho sem igual, vangloriava-se de que isso dava mais direito do que todos naquela “escolinha”, como a nomeara.
Nada de que os dois garotos não podiam se vangloriar; porém, deixaram isto de lado. Já haviam passado muito tempo com o garoto para descobrirem que tudo contradito a ele, seria retribuído de antemão, duplamente.
O céu ia se intensificando em uma cor cada vez mais forte, fazendo o azul claro que outrora o tomava desfalecer.
Enquanto o garoto, ainda que literalmente, humilhava os dois gorduchos, uma garotinha chegou à porta da cabine, e revirou o olhar aos três garotos.
– Ainda com suas vestes normais? – perguntou ela em um tom arrogante. – Vão vestir o traje escolar, antes que cheguemos. – Completou, sorrindo ironicamente.
– Quem você pensa ser para falar assim comigo? – começou Malfoy, levantando-se. O garoto tinha um grande talento para começar uma discussão.
– Chamo-me Pansy Parkinson, prazer – Ainda irônica, a garota sorria, fazendo a bochecha de Draco ficar avermelhada. – Podia, por favor, fazer a mesma pergunta a você? – Ela o desafiava sem temor algum, mas ainda assim, não como a outra, dos dentes de coelho.
– Me chamo Draco Malfoy, garotinha – disse o garoto. – Esses são Crabbe e Goyle.
Ela fez um pequeno gesto com os dedos, acenando para os garotos que permaneciam sentados logo atrás de Malfoy.
– Nos vemos por ai... Malfoy – disse Pansy, retirando-se, ainda sorridente. Aquilo era irritante.
Draco experimentara o sabor da irritação feminina duas vezes em um mesmo dia. Ainda assim que a segunda experiência não fosse tão degradante quanto à primeira, sentia que a tal de Pansy tinha mais autoconfiança em si mesma, o que lhe agradou; percebeu no mesmo instante em que esse era o tipo de pessoas com quem teria de conviver em Hogwarts; alguém que não tivesse extremidades para a diversão, ou até mesmo, a maldade.
Sorriu de leve, e virou-se para os garotos:
– Gostei dela – disse.
Apesar da grande vontade de rir, naquele momento, os dois gorduchinhos apenas assentiram e morderam a língua, prendendo a risada. Mas não puderam evitar.
– Levantem-se e vistam logo a manta, seus idiotas – disse-lhes Draco.
Puxou com rapidez sua mala da prateleira acima da cabine e rapou de lá a manta negra de Hogwarts, junto com a gravata, cujas mesmas continham o brasão de Hogwarts. O leão dourado na parte superior, à esquerda, representando a casa Grifinória; a serpente prateada logo à direita, representando a Sonserina; o texugo azulado, na parte inferior esquerda, representando a Lufa-lufa; e o corvo amarelado, representando a Corvinal, logo à direita.
Quando deram por si, encararam a escuridão do céu, que se tornava mais e mais denso à cada minuto. Eles estavam à minutos de distância de Hogwarts.
– Como será a aparência de Hogwarts? – perguntou Goyle, esperançoso.
Draco deu de ombros:
– Pouco me importa. Irei para Durmstrang de qualquer forma. Admiro-me que meu pai não tenha tido argumentos para discutir com mamãe quando ela quis me mandar para essa escolinha sem graça. – disse.
Então ouviu-se o estrondoso barulho de um sino tocando compulsivamente; o trem foi freando lentamente, fazendo-os levantar, ansiosos. Finalmente, o momento tão esperado.
O trem pousou suavemente, e parou, com um impulso lento e almejante. Ao alto, logo após um grande e escuro lago, que se estendia compulsivamente pelos mais diversos lados, era possível se enxergar um imenso castelo esculpido por imponentes rochas, com diversas torres e torrinhas.
Eles haviam chegado.

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