24 dezembro, 2009

Cap. 6 - Sorrir para não chorar


Capítulo 6:
Sorrir para não chorar


Narração por Hermione Granger
Eu não entendia onde eu estava, até poucos minutos atrás eu podia jurar que estava em Hogwarts. Mas agora a única coisa que eu via era uma sala muito bela e antiga. Os móveis tinham aspectos medievais e a decoração era nobre. Tudo parecia que tinha saído de um conto de fadas. Mas como eu podia estar aqui? Eu não sabia aparatar nem conhecia esse lugar. Sentei-me na poltrona e tentei pensar em algo, levei a minha mão até o bolso e me espantei ao ver que ele se encontrava vazio. Onde estava minha varinha? Olhei a sala com mais precisão agora, mas ao fitar a porta vi que alguém me observava. Uma mulher incrivelmente linda. Era um fantasma, eu sabia por causa da sua transparência, seu aspecto congelado, o vestido medieval comprovava que ela viveu há muito tempo. Mas o que mais me chamou a atenção foram algumas marcas prateadas em seu colo, sobre o coração, provavelmente seriam marcas de sangue, tentei imaginar como ela deveria ter morrido.

Ela me olhou calmamente e deslizou de forma graciosa até mim, ela tinha uma postura nobre, ela seria alguma princesa? Ela sorriu e me olhou, eu tentei retribuir, mas não consegui, ela não parecia perigosa, era só um fantasma. Eu queria perguntar como eu cheguei até ali, mas eu simplesmente não conseguia gesticular nenhuma palavra. Nenhum som, eu queria poder falar, mas nada.
Ela abriu a boca para dizer algo, mas eu senti meu corpo balançar e quando me dei conta eu estava em Hogwarts, no meu dormitório, Lilá estava do meu lado, ela me acordou bem quando eu ia ouvir a fantasma misteriosa. Levantei-me e vesti meu uniforme ainda pensando no meu sonho. Quem ela deveria ser? Ou melhor, ela realmente existia? Sai do dormitório e fui direto para a biblioteca, não haveria nada lá que pudesse me ajudar, mas aquele lugar me acalmava. Entrei e quase esbarrei em alguém.
-Me desculpe. – eu disse antes de levantar o rosto e me deparar com Draco Malfoy. Ele sorriu papa mim, numa tentativa de se desculpar também e saiu em passos leves e despreocupados. Tentei tirar minha atenção dele, pois eu já tinha desistido de entendê-lo. Peguei um livro que eu estava querendo ler e me sentei em uma das mesas. Depois comecei a procurar sobre algum antídoto para o feitiço da verdade, mas eu não achei nada que pudesse ajudar o Malfoy e assim livrar meu pescoço. Só então eu percebi um pequeno pergaminho amassado no chão, eu o peguei e li.
"Sabendo sofrer, sofre-se menos."
"A página aberta da vida é bela; mais bela, porém, é a página lacrada."
"Olharmos apaixonadamente uma mesma coisa é, inevitavelmente, começar a amar-se."
"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos"
"Se você não tem motivos para sorrir, pelo menos não dê motivos para os outros chorarem."
Eu não conhecia aquela caligrafia, mas eu podia jurar que era de alguém profundo e romântico. Não havia assinatura e isso me deixou mais curiosa ainda. Tentei achar outro papel como aquele, mas não havia mais nenhum. Resolvi ir pra minha primeira aula daquele dia: Herbologia.
É claro que tinha que acontecer alguma coisa ruim logo no início do meu dia. Harry e Rony andavam perto de mim, mas tivemos que nos separar, iríamos trabalhar em duplas e Harry e Rony não se desgrudavam. Então a professora me fez fazer dupla com o Malfoy. Ouviram bem? O Malfoy! Loiro aguado. Tivemos que entram numa estufa para colher uns frutos que servia na alimentação da Lebre do oriente mágico. Eu tinha lido sobre elas num livro pra me distrair. Comecei a colher, mas Merlin gosta de mim? 15 sicles para quem respondeu que não. O pior era que a maioria dos frutos estavam verdes e eram poucos os maduros. A maioria dos alunos começaram a sair na medida em que enchiam um balde com os frutos, mas o balde meu e do Malfoy estava vazio praticamente.
-Porque está me evitando? – a doninha saltitante perguntou.
-Sei lá, talvez porque você está me chantageando, e se eu disse que o feitiço da verdade não tem antídoto, é porque não tem! – estressei.
-Não precisa pesquisar mais. – ouvi ele dizer. Ele bebeu ou bateu a cabeça? Ele estava desistindo de me entregar pro diretor?
-Sério? – ele assentiu com a cabeça. – por que desistiu? – perguntei e vi ele passar a mão no cabelo, ele estava nervoso?
-É que, não vale a pena fazer mal a quem se ama. – ele disse e eu devo ter escutado mal.
-Como é? – perguntei e ele riu. Desgraçado.
-Não sei se percebeu, mas eu estou apaixonado por você. Eu juro que tentei me livrar disso, mas eu não consegui. – ele disse se aproximando de mim devagar e eu vi a sinceridade em suas íris cinzentas.
-Você me ama? – eu perguntei ainda incrédula e vi ele sorrir para mim. Eu fiquei meio inerte ao vê-lo sorrir, certo, eu estava passando mal, por que quando ele está perto eu não consigo fazer nada?
-Talvez você não acredite, mas sim, eu te amo.
-Mas você faz de tudo para eu sofrer. – joguei as palavras na cara dele e voltei minha atenção ao que estava fazendo. Eu não queria ficar mais perto dele, ele só queria brincar comigo, como sempre. Lembrei-me de um feitiço que atraía os frutos maduros e murmurei-o dando um floreio com a varinha, os frutos saltaram dos vasinhos a minha frente e mergulharam no balde. Eu peguei e entreguei à professora, podia finalmente sair dali, mas o Malfoy me seguiu, idiota.
-Olha, eu sei que é difícil você acreditar, mas eu falei a verdade.
-Prova. – eu disse e me arrependi. No outro instante ele se colocou no meu caminho e eu não pude avançar mais. Vi que os poucos alunos que estavam lá perto pararam ao nos ver, íamos ser motivos de mais fofocas.
-Você acha que eu estaria aqui se não te amasse? Você acha que eu perderia meu precioso tempo com uma pessoa que eu odeio? Você acha mesmo que eu não gosto de você?
-Acho. – respondi mal educada e ele riu. Eu perdi alguma piada?
-Tem certeza? – ele perguntou e eu vi mais alunos pararem perto de nós.
-Eu acredito em você – eu disse mais pra poder sair dali e evitar os olhares de todos, tentei sair de lá correndo, mas ele me segurou. – Posso ir?
-Não – ele sussurrou e me encostou contra a parede, ele me segurou pelos braços e me imobilizou. – Diz que me perdoa por te fazer sofrer.
-O que? Eu não posso fazer isso. E nunca faria – Eu o vi sorrir maroto.
-Diz que eu te solto – ele prometeu e percebi ele abafar um gemido fraco, a princípio eu não entendi o que isso significava e eu não soube o que fazer – Vamos Granger, não custa nada.
-Tudo bem, Malfoy. Eu te perdôo, agora me solta! – eu tentei me soltar novamente – Você mentiu para mim, loiro-aguado! – O gemido era de dor por causa da mentira. Não podia acreditar! Ele aprendeu a controlar a dor do feitiço que eu lancei! Agora ele ia mentir descontroladamente.
-Agora diz que me ama – ele provavelmente estava ignorando meus protestos inúteis – Diz com todas as letras “eu amo você, Draco!”
-Você bebeu? Bateu a cabeça? Eu nunca vou dizer isso. Agora me solta!  
-Eu prometo que te solto se você disser isso.
-Eu não acredito em você!
-Eu tenho o dia todo e sua aula de Aritmência começa em dez minutos.
-Droga! – murmurei e ouvi-o rir cinicamente, doninha maldita, eu ainda pegava ele de jeito. O que custava eu dizer isso? Ah, sim! Só o fato de que todos estão assistindo esse show do Malfoy, e francamente, eu sempre achei que ele gostava de atenção, mas isso é apelação demais. Certo, eu falo, é tudo mentira mesmo... Depois eu me vingo dele. Ele vai se arrepender... – Eu te amo, Malfoy – eu disse baixo.
-Eles não escutaram – Draco disse a mim se referindo ao público de alunos. Como assim eles não escutaram? Eu vou falar pra ele o que eles deviam escutar, cobra nojenta! – E é Draco, não Malfoy.
-Você é mal e desprezível – eu disse entre dentes e vendo que essa era a única maneira repeti mais alto - Eu te amo, Draco.
-Eu não escutei – um aluno idiota da Corvinal me provocou, quem mexe com fogo se queima, será que ninguém nunca aprendeu isso?
-Ele não escutou, Hermione. – A doninha maldita me disse despreocupado, será que estavam de marcação pra cima de mim?
-Eu vou matar você depois disso. – eu disse trincando mais ainda meus dentes e gritei para todos que pudessem ouvir – Eu te amo, Draco Malfoy.
-Eu também te amo, Hermione Granger. – ele disse antes de capturar meus lábios num beijo terno.
Tentei com todas as minhas forças resistir, mas o perfume embriagante dele invadiu minhas narinas me impedindo de pensar. Os lábios dele colados aos meus se movimentavam devagar como se tivessem todo o tempo do mundo para isso. Ele explorava cada canto da minha boca de modo possessivo e quente. Ele deixou sua mão deslizar até minha cintura quando soltou meus braços e eu ao invés empurrá-lo, continuei a beijá-lo de forma desejosa e perigosa. Meio segundo depois eu percebi o que realmente estava fazendo, eu estava beijando a doninha saltitante. Afastei-me dele, mas quando nossas faces estavam menos próximas eu agi por impulso e dei um tapa na cara dele.
-Granger... Você bateu em mim! – ele exclamou parecendo uma criancinha.
-Sério? Não fazia ideia! – eu disse e tentei sair de lá, mas a mão dele me puxou de volta – será que dá para você parar de fazer isso! Eu não sou de elástico!
-Você pode dizer qualquer coisa, só não fale que não gostou – ele disse se aproximando de mim perigosamente ainda, eu só consegui puxar meu braço e sair em passos largos dizendo coisas inaudíveis para mim mesma.  
 
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Narração por Gina Weasley
Ser a filha mais nova é bom, você recebe atenção de todos, tem sempre alguém pronto para te ajudar, mas por outro lado, os mais velhos te julgam incapacitada às vezes, como se você fosse uma criancinha. Eu tento todos os dias provar o contrário, mas nem sempre consigo, há tantas coisas de que eu abro mão por causa dos outros...
Mas pior do que tudo isso, é seu irmão tentar convencer os outros de que eu sou nova demais para fazer tais coisas.
-Rony, quantas vezes eu vou ter que dizer? Eu-estou-no-time! Fui melhor do que todos! Eu sou artilheira da grifinória agora!
-Mas você é tão nova e...
-RONY! Eu estou no quinto ano se não percebeu! Harry entrou no time no primeiro ano, você ano passado e tem o Fred, o Jorge, o Carlinhos... Rony, por Merlin, eu não sou uma criança! – explodi e disse tudo de uma vez e vi Madame Pince atrás de mim eu sorri amarelo.
-Srta. Weasley, isso é uma biblioteca se não percebeu...
-Eu fico quietinha... – eu disse com o rosto mais vermelho que meu cabelo e vi Harry e Mione rirem baixinho – acharam engraçado? É culpa do Rony!
-Ei! Você que gritou.
-Por sua causa – eu disse um pouco alto e me virei, mas a bibliotecária não voltou para chamar minha atenção. Virei meu rosto e Rony continuou com sua ladainha.
-Gina, é o seguinte, quadribol é um jogo perigoso, você precisa de experiência e...
-Há há há – Eu ri baixo – Experiência? Já se esqueceu de “Weasley é nosso rei”? Eu sou a melhor jogadora que vocês iriam conseguir! Não é Harry? – eu perguntei e ele levantou a cabeça de seu trabalho de poções.
-Er... É claro, senão eu não te colocaria no time – vi ele corar e suspirei, droga! Controle-se Ginevra Weasley! 
-É culpa sua Harry, por que você a deixou fazer o teste? – Rony começou a discutir com Harry.
-Rony, a culpa não é dele, eu fui porque quis, eu entrei no time porque sou boa, querendo você ou não. – Bufei e peguei um livro de feitiços, ignorando meu irmão. Percebi que ele parou de falar e voltou sua atenção para o próprio trabalho, senti que tinha um par de olhos esverdeados me fitando disfarçadamente e devo ter corado, eu não presto.
-Gente, dêem uma olhada nisso. – Mione disse e nos entregou um livro meio pesado com páginas amareladas.
A pedra do destino é um objeto mágico extremamente poderoso capaz de modificar o futuro e visitar o passado, os poucos bruxos que já o viram, dizem que dependendo de quem é o guardião, a pedra se transforma em uma bela jóia preciosa, alguns arriscam dizer que já o viram como topázio, ônix, rubis, esmeraldas, diamantes, entre outras dezenas de pedras. Por isso ela não é facilmente encontrada, pois pode estar até no pescoço de alguma bruxa ou até mesma uma trouxa. Alguns pesquisares do assunto, dizem que a pedra pode ser preciosa, pelo motivo de valer muito, por ser única ou por transmitir o que se passa nos corações, transformando os sentimentos nos mais nobres possíveis...
-Sabem o que quer dizer? Quem nunca vamos encontrá-la! – Hermione exclamou.
-Claro que vamos, vamos até o fim nisso. – Harry disse decidido.
-Mione, não ligue para o que esse livro fala – Rony disse e jogou o livro para cima, Mione até que tentou pegá-lo de novo, mas ele já tinha voado na cabeça de uma aluna. Ela era da minha altura e de cabelos loiros, me lembrei que estava no mesmo ano que eu.
-O-ou. – ele exclamou e correu para ajudar a garota. – você está bem?
-É claro que não! Você que jogou isso em mim? – ela perguntou furiosa e eu vi Rony hesitar – Grifinório idiota! – ela exclamou.
-Só podia ser uma sonserina... – Rony resmungou.
-Com muito orgulho e dedicação... – a garota respondeu e se virou para uma estante um pouco mais longe.
-Idiota... – Rony disse baixo.
-A questão é: como vamos achar a pedra? – perguntei para Hermione.
-Com esse livro que não. – ela respondeu distante e eu percebi que algo a incomodava, ela voltou para a mesa e folheou outro livro. Ela parecia meio triste.
-Eu vou para o salão comunal... – Harry disse depois de terminar seu trabalho – não se esqueçam do treino de quadribol depois das aulas.
-Eu vou com você. – Rony o acompanhou.
Eu fui até a mesa e fitei Mione. Ela parou de ler e me olhou de volta.
-O que foi, Gina? – ela me perguntou.
-O que aconteceu exatamente com você? – eu perguntei me lembrando do que todos estavam comentando, a maioria dos alunos disseram ter visto ela o Malfoy se beijando mais cedo, mas poderia ser só boatos.
-Você jura que não sabe? – ela perguntou meio irritada. – O Malfoy me beijou. De novo...
-Então é verdade. – eu sussurrei – Como foi dessa vez?
-Ele disse que... Me ama. – ela disse fazendo uma espécie de careta. – e me fez dizer que também o amava na frente de um monte de alunos e me beijou depois.
-Sério? E depois?
-Eu dei um tapa na cara dele. – vi ela sorrir, provavelmente se lembrou da cena. Eu imaginei e tive que rir. Eles eram tão infantis. – O que foi? Por que está rindo?
-Vocês, um corre atrás do outro, brigam, se matam praticamente, se consideram inimigos mortais, mas, no entanto, não conseguem admitir que um não vive sem o outro, ele está diferente se você não percebeu. Faz um tempo que não apronta nada para a gente.
-Só se for para você, ele não me larga desde o primeiro dia de aula! – ela disse e eu ri mais ainda. Isso era uma prova do que eu disse. Ela percebeu o que falou e tentou corrigir – Você sabe, ele me persegue e está me irritando. Ai, esquece, eu não quero falar nele. – ela bufou e saiu da biblioteca carregando uma montanha de livros.
Eu ri dela, por que ninguém percebe quando está amando?
Falando nisso, eu precisava pensar em um jeito de falar o que eu sinto para o Harry... Ele vai ter que me escutar, eu cansei de me iludir.

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Narração por Harry Potter
Eu com certeza não era uma pessoa de sorte. Por que será né? Primeiro: eu nunca pedi para ser o escolhido. Eu preferiria trocar toda a minha fama para ter meus pais comigo. Segundo: Eu ainda tinha que agüentar viver com os Dursleys. Talvez o pior tipo de trouxas que existia. Terceiro: Tinha um bruxo das trevas caçando minha cabeça. Quarto: Meu padrinho estava morto, assim como meus pais. Quinto: As palavras da profecia não saiam de minha mente.
"E um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...”
Eu teria que matá-lo, só assim o mundo viveria em paz. Eu não poderia fracassar.
Mas por outro lado, eu era uma pessoa de sorte. Eu encontrei em Hogwarts um verdadeiro lar, eu encontrei amigos preciosos. E agora eu via que o amor é mais importante que tudo, e isso é o que Voldemort não pode entender. Esse é um poder que eu tenho e ele não. Amor.
E há um amor que só agora eu descobri, eu amo duas garotas. Sim, Hermione Granger sempre foi minha amiga, mas agora eu vejo que eu sinto muito mais por ela, e vê-la perto do Malfoy é horrível, quando ela disse que ele a beijou, achei que fosse à força e de brincadeira, mas pelo que vejo, ele está gostando disso, e ela também, ela anda tão afastada e eu vejo que ela está confusa. Beijá-la foi a melhor coisa que eu fiz na vida. Os lábios dela eram tão doces... Me senti feliz, mais do que quando beijei a Cho. Agora eu sei que a amo como nunca amei.
E Gina Weasley, a irmã do meu melhor amigo. Ela é tão linda e não sei como não desistiu de mim durante todos esses anos, eu me sinto estranho ao lado dela, não sei o que dizer, o que fazer ou que pensar. É diferente do que eu sinto pela Mione, Disso eu sei, mas eu não consigo simplesmente não pensar nelas, cada uma de um jeito, e eu não sei qual das duas eu amo mais.
Seria errado eu ficar com qualquer uma delas, seria arriscado. Agora andando pelos corredores à noite, eu vejo que eu mesmo me coloco em riscos, não sei como não cruzei com nenhum monitor, ou pior, com o Filch.
-Harry, o que está fazendo aqui? Por que não está no salão comunal? – ouvi a voz de Gina.
-Eu? Bem, estou dando uma volta – respondi abobalhado com a presença dela – E você?
-Eu estou te procurando... – ela respondeu e eu vi que ela corou na mesma hora.
-Melhor voltarmos, não é? – perguntei já dando meia volta.
-Espera, eu quer falar com você. – ela se postou na minha frente – Bem, tem um tempo que eu venho me sentindo diferente, Harry. Eu não sou nenhuma garotinha. Eu cresci, e hoje eu vejo que o que eu sentia por você era tão infantil, era um sentimento pequeno. – Ela disse isso e eu e encolhi com medo do que ela fosse dizer. Era mais fácil enfrentar Aragogue e seus filhos. – Mas o que era pequeno cresceu. E eu te amo mais do que antes, e eu não consigo esconder isso mais.
Ela disse isso e eu me senti o homem mais feliz do mundo. Eu não pude evitar me aproximar dela, senti seu perfume floral e a puxei pela cintura. Logo encontrei seus lábios e aprofundei o beijo, passei as mãos delicadamente em seus cabelos flamejantes enquanto ela brincava com meu próprio cabelo e investia em minha boca tanto quanto eu na dela. Era tão fácil esquecer o mundo quando se estava perto dela que eu deixei ser levado pelas inúmeras emoções que aquela ruiva me causava.

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Narração por Draco Malfoy:
Eu estava monitorando os corredores do 2º andar, para minha profunda tristeza ninguém estava fora de seu salão comunal, eu tinha decidido fazer tudo pela Hermione agora, mesmo estando destinado a um futuro negro eu ia viver para ela, não por mim. Eu não tinha achado nada sobre a tal pedra hoje, mas algo me dizia que dependia de mim achá-la. Vi Hermione passar distraída no corredor à frente. Eu a segui. Parei bem perto dela e quase a assustei quando sussurrei com minha voz arrastada:
-Perdida, Hermione?
-Malfoy, assim você me assusta doninha quicante, parece até fantasma! – ela disse e eu ri.
-Um belo e maravilhoso fantasma... Cuidado quando for dormir, eu posso puxar seu pé à noite.  
-Tenta. – ela disse e recomeçou a andar e eu a segui – Por que está me seguindo?
-Não tenho nada pra fazer. – respondi.
-Jura? Por que não se mata? – Até quando ela ia brigar comigo?
-Porque com certeza eu vou para o inferno.
-Bom para você. – ela disse e emburrou a cara para mim, ela não tinha me perdoado ainda pelo que eu fiz de manhã. Escutei um barulho de pessoas falando, eu me alegrei, finalmente eu ia dar detenção para alguém, eu e Hermione fomos até onde ouvimos as vozes, mas ela parou e se escondeu atrás de uma armadura, eu não entendi e a segui.
-O que foi? – perguntei e ela colocou o dedo sobre os lábios para eu ficar quieto. Eu escutei a Weasley e o Potter.
-Eu estou te procurando...
-Melhor voltarmos, não é?
-Espera, eu quer falar com você. Bem, tem um tempo que eu venho me sentindo diferente, Harry. Eu não sou nenhuma garotinha. Eu cresci, e hoje eu vejo que o que eu sentia por você era tão infantil, era um sentimento pequeno. Mas o que era pequeno cresceu. E eu te amo mais do antes, e eu não consigo esconder isso mais.
Eu vi eles se beijarem com ternura e carinho, por que as coisas não podiam ser tão fáceis assim para mim e para Hermione? Olhei para ela e vi seus olhos marejados e vermelhos, eu não entendi a principio. Ela saiu andando em passos largos para longe dos amigos dela e eu não sabia o que fazer. Dar detenção ou ir atrás dela? Bufei e a segui. Vi ela parada no meio do corredor, ela tremia um pouco e eu me aproximei devagar sem fazer ruído algum.
-Hermione, você está bem? – perguntei quase num sussurro e me surpreendi quando ela se virou com grossas lágrimas na face. Eu não sabia porquê ela chorava, mas eu a abracei e ela ficou quieta, chorando e soluçando em meus braços. – me diga o que aconteceu. – eu disse baixo. E finalmente eu pude entender tudo. Ela o amava. – não chore, por favor.
-Me diga um motivo para não chorar. – ela disse com a voz abafada.
-Me diga um motivo para não sorrir – Eu me lembrei de ter escrito algo parecido com isto num pergaminho mais cedo, ela se afastou para me olhar nos olhos.
-Por que isso não me parece estranho? – ela perguntou com a voz falhando ainda.
-Não sei... – eu respondi receando que ela tivesse achado meu pergaminho depois de eu ter perdido. – mas o que importa é que você pare de chorar, não adianta ficar assim, você gosta dele, não é? – eu disse com dificuldade e senti ciúmes.
-Eu realmente não sei. – ela disse meio distante e eu não entendi.
-Como não sabe?
-Eu não sei... Talvez eu o esqueça.
-Não vai nem ao menos lutar por amor? – eu a estranhei.
-Eu não quero lutar pelo amor dele. – ela disse e eu ergui a sobrancelha – eu não ia conseguir amá-lo do jeito que Gina ama, eu o amo, muito, mas é melhor sermos só amigos.
-Eu deveria estar decepcionado por você desistir tão fácil de alguém. – eu disse divertido, mas me sentia leve por ela não querer ele. Uma batalha ganha.
-Por quê?
-Porque isso mostra que você é difícil de conquistar.
-Você anda muito observador sobre mim.
-Essa a chave para te conhecer. – eu disse e enxuguei cada lágrima dela. – ainda chateada comigo?
-Levando em conta que as notícias aqui correm rápido... Sim! – ela disse emburrada.
-Eu não fiz por mal, só confessei que te amo.
-Exatamente, você diz as coisas só para me magoar e...
-Eu não menti se é o que está pensando.
-Digamos que seja verdade. O que acontece agora?
-Eu te conquisto. – eu disse e ouvi sons de passos em nossa direção. Era Pansy. Droga.
-Draquinho, por que você sempre some na monitoração? – ela veio com aquela voz melosa, fitou Hermione perto de mim e sorriu desdenhosa. – não sabia que andava com ela agora.
-Pois é, eu ando. – respondi despreocupado e percebi que Hermione estava incomodada com a presença dela. – A monitoração ‘tá quase acabando, por que não vai para cama? – eu tentei fazê-la sair de lá.
-Vem comigo? – ela disse cinicamente e Hermione a fuzilou com o olhar, ela estava com ciúmes? Eu ia me aproveitar disso.
-Você sabe que não posso. – respondi mais cínico ainda enquanto a morena se aproximava mais ainda de mim – Eu preciso conversar com ela agora.
-Tudo bem Draquinho, mas cuidado para não se misturar muito com algumas pessoas... – ela disse com um olhar de desprezo e inveja para Hermione. E eu tive que me segurar para não azará-la.
-Garota desprezível – Hermione disse depois que Pansy foi embora.
-Não liga para ela, é inveja de você.
-Não sei porquê.
-Porque você está comigo.
-E o que isso tem de especial? – ela perguntou desinteressada.
-Você não sabe mesmo? – eu ri e essa era uma ótima oportunidade para capturar os lábios dela de novo. Controlei-me, eu só ia fazer o que ela quisesse daqui para frente. – Qualquer garota nessa escola daria tudo para estar nesse corredor escuro, agora, comigo – eu disse pausadamente e ela riu.
-Desculpe, eu não sou igual a elas.
-Tem certeza?
-Absoluta.
-Próximo sábado tem visita a Hogsmeade – eu a lembrei.
-E daí? – ela continuou a se fazer de desentendida.
-Passeia comigo? – eu disse me aproximando perigosamente dela, ela recuou um passo.
-Não!
-Por favor.
-Me diga um motivo.
-Eu te amo.
-Esse não vale.
-Eu quero você comigo.
-Acho melhor n...
-Por favor – eu a cortei antes dela dizer a resposta.
-O que todos diriam? – ela perguntou e eu ri. Ela estava preocupada com os outros!
-Que estamos loucos, mas eu não ligo. – ela suspirou.
-Eu vou.
-Sério? – eu perguntei descrente.
-Sério – ela respondeu – agora eu vou indo, meu horário acabou.
Vi ela andar silenciosamente até desaparecer e me senti a pessoa mais feliz do mundo.

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Narração por Lucy Moore:
Depois de um tempo sozinha, sem amigos ou uma família, garotas normais começariam a 
chorar descontroladamente, ficariam com os olhos inchados e vermelhos por semanas, mas 
eu não era esse tipo de garota, eu sempre soube que chorar nunca levaria a nada além de 
humilhação e pena, ah, não. Eu não choro tão facilmente, e talvez esse seja um dos motivos 
para eu saber me virar sozinha, para eu saber fazer as minhas escolhas, é claro que eu 
nunca sequer sonhei em conseguir independência assim, com a morte da minha mãe. Eu 
trocaria tudo para tê-la de volta. Tudo. Estando em meu poder ou não. Agora só me restava 
encontrar o meu pai, eu nunca o conheci, nunca falei com ele, nunca sequer olhei em seus 
olhos diretamente. E isso tornava minha procura mais difícil ainda.
 
I'm standing on the bridge
(Estou parada na ponte)
I'm waiting in the dark 
(Estou esperando no escuro)
 
Eu não tinha pistas, nem informações, estava praticamente no meio de um deserto, sem água 
nem comida. Como sou dramática! O importante é que eu só conhecia uma coisa que podia 
me ajudar: A pedra do destino. Mas eu não sabia onde encontrar, nem conhecia ninguém que 
soubesse, e mais uma vez eu estava sozinha. 
 
I thought that you'd be here by now
(Pensei que você estivesse aqui agora)
There's nothing but the rain
(Mas não há nada além da chuva)
No footsteps on the ground
(Sem pegadas no chão)
I'm listening but there's no sound
(Tento ouvir algo mas não há som)
 
Pistas, eu precisava disso. Mas não sabia exatamente como consegui-las. Abri o livro de 
Herbologia que havia pegado mais cedo na biblioteca e me lembrei daquele ruivo. Eu estava lá só 
para ouvir a conversa dele, do Potter e da Granger, eu não sabia como, mas de algum modo eles 
já sabiam da pedra e agora eu teria que somente acompanhá-los para que continuassem nesse 
caminho. O Malfoy também já estava pesquisando e quanto mais ele e a Granger estivessem 
juntos nisso melhor para mim. Ela era parte importante nessa busca e ele poderia atrapalhá-la 
ou ajudá-la. Eu não sabia o que ia acontecer, mas mantê-los unidos para um bom sinal. Eu acho.
 
Isn't anyone trying to find me
(Não há ninguém tentando me achar)
Won't somebody come take me home
(Ninguém virá me pegar e levar pra casa)


Li algumas linhas do livro, o cheiro da página me lembrava a minha casa. Havia vários livros lá. 
Eu me perdia nas tardes folheando cada um. E a cada surpresa, a cada informação nova eu 
tentava guardar antes que esquecesse. E logo minha mãe entrava olhando os títulos dos livros, 
eu sabia o que isso significava, havia algo que eu não deveria ler, mas quando eu olhei fundo nos 
olhos dela, suas íris castanhas desapareceram e eu vi um livro velho com um símbolo quadrado 
na capa. Era esse e logo eu achei e comecei a ler escondida. Isso foi há uns dois anos.
 
It's a damn cold night
(É uma noite maldita e fria)
Trying to figure out this life
(Estou tentando decifrar esta vida)
 
Senti um vento gelado vindo de uma janela e me arrepiei enquanto me lembrava do conteúdo do 
livro. Falava sobre feitiços e maldições, sobre a pedra e as conseqüências de utilizá-la. Mas eu não 
pude lê-lo inteiro. Com certeza havia muito mais além disso. Mas agora eu já não o tinha para ler. 
Eu sabia que tudo sobre a Pedra era importante, mas eu só a queria para entender meu passado, 
para conhecer minha família, compreender meu futuro.
 
Won't you take me by the hand
(Você não vai tentar me pegar pela mão)
Take me somewhere new
(E me levar a algum lugar novo)
 
Não havia ninguém para me ajudar, para me dar carinho ou amor, não havia ninguém para me 
guiar, para somente estar ao meu lado. Mas eu ainda tinha a esperança de encontrar esse alguém, 
mesmo que eu não soubesse quem fosse.
 
I don't know who you are
(Nem sei quem você é)
But I'm, I'm with you
(mas eu estou com você)
I'm with you
(Estou com você)


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