12 setembro, 2009

Cap. 5 - Lágrimas que não cessam

Capítulo 5:
Lágrimas que não cessam

-Hermione, calma! Talvez ele não tenha culpa – dizia Gina seguindo a amiga pelos corredores, enquanto esta arrumava o uniforme que tinha vestido minutos antes.

-Talvez é uma palavra muito vaga, Gina. Eu tenho certeza que ele está por trás disso! – a castanha contra-argumentava furiosa, seguindo para as masmorras segurando um pergaminho.

-Mas a assinatura é de uma garota!

-Se ele quer se passar por uma garota o problema é dela! – ela disse parando de andar esperando um loiro sair de seu salão comunal.

-Hermione, o que você vai fazer? – a ruiva perguntara preocupada.

-Nada de mais – ela disse simplesmente e fitou o jornal em sua mão – quantos exemplares devem ter no castelo?
-Acho que muitos. – a ruiva disse com cuidado.
No mesmo instante um loiro apareceu por entre uma porta secreta e ela começou a gritar.
-POSSO SABER O QUE ISSO SIGNIFICA? – ele se assustou com o tom dela e pegou o jornal que ela jogou em cima dele. Começou a ler, enquanto seus olhos percorriam o pergaminho sua boca abria e fechava de surpresa e fúria.

ORDEM DE MERLIN
Editora-chefe:
Miss M.

É com um imenso prazer que eu, Miss M., apresento a vocês, caros hogwartinianos, o mais novo jornal pop, Ordem de Merlin. Nós reuniremos as mais bombásticas notícias da nossa querida escola, mas é claro que também apresentaremos um conteúdo informativo de ótima qualidade. Desde meras notícias sobre provas chatas até as fofocas mais apimentadas, mas é óbvio que não vamos tratar de pessoas simples, pelo contrário, queremos realmente destacar quem merece receber fama e elas devem aceitar essa nova vida, mas por outro lado, se não quiserem ter fama, não se metam em confusões, pois querer ser famoso pode ser a pior escolha que alguém pode optar, pois nunca se sabe as conseqüências. E por isso nossa identidade será extremamente secreta, assim como nossas fontes. E se querem saber como nos ajudar, procurem se meter em confusões, armadilhas, loucuras, pois nunca se sabe onde me encontrar.
Mas como eu quero estrear o OdM de modo sensacional eis que trago a notícia mais estranha e quente de todos os tempos. Desde o início de nossas (queridas?) aulas, um casal vem me chamando a atenção, mas antes eu não os chamaria como um par ou casal, afinal, eles são inimigos desde o primeiro ano e se não fosse eu ver com meus próprios olhos, não acreditaria que Draco Malfoy, atualmente monitor, apanhador e capitão da sonserina, além de ser cobiçado por praticamente toda a parte feminina de Hogwarts (e invejado pela masculina), teria beijado uma das garotas mais inteligentes da escola, ela, monitora da casa que presa a coragem, sim, estou falando de Hermione Granger. Eles foram flagrados pelos meus olhinhos em pleno amasso do lado de fora da sala da professora McGonagall. Até onde se sabe eles receberam uma detenção por serem vistos “nadando” juntos no lago negro, embora nunca se saiba ao certo o que aconteceu naquelas águas, devemos esperar por mais notícias do nosso novo casal. Não sabemos como os amigos da garota reagiram ao saber de tal fato (e se sabiam é claro), mas algo me diz que isso não vai acabar, ou melhor, começar bem.

Bom, espero que tenham gostado do novo divertimento informativo de Hogwarts e aguardem até a próxima edição, quando tivermos mais notícias fresquinhas.


Por: Miss M.

-E ENTÃO MALFOY? O QUE DIZ SOBRE ISSO? – ela perguntou ainda furiosa.

-O QUE EU DIGO, GRANGER? EU NÃO FAÇO A MÍNIMA IDÉIA DO QUE ESSA PORCARIA QUER DIZER, OU MELHOR, SEI SIM, ISSO É O QUE ACONTECEU ONTEM SE VOCÊ NÃO SABE. – ele disse no mesmo tom que ela.

-VOCÊ É RESPONSÁVEL POR ISSO, NÃO É? – ela acusou.

-EU? EU NÃO SEI DE NADA! – ele disse ainda gritando.

-Então pára de gritar. – ela pediu já assustada com ele.

-Você quem começou. – ele disse tentando se controlar. – se não percebeu essa tal ordem de não sei das quantas também está falando de mim.

-Jura? Eu nem notei... – ela disse sarcástica – O que eu quero saber é como eles descobriram.

-Não sei, talvez eles tenham colocado Veritaserum no meu suco de abóbora – ele disse reprimindo um gemido de dor pela mentira irônica, mas continuou – Não! Quem sabe me lançaram um Imperius.

-Você é patético! Eu te odeio, Malfoy. Você acha que é só porque é lindo e sedutor que pode ter todas as garotas? Acho que NÃO! Porque você é e sempre vai ser um ridículo, arrogante e imbecil que só pensa no seu sangue-puro. Mas olha só: você é mais sujo do que pensa. – ela jogou essas palavras em cima dele e só então lembrou-se que Gina ainda estava lá, os observando, como se fossem as estrelas principais de um show.

A ruiva permanecia incrédula com as palavras da amiga, mas a castanha não ligou. Ela olhou pro loiro à sua frente e viu que ele tinha o rosto abatido, como se tivesse se afetado com o que ela dissera, ele tentava parecer superior, inalterado e indiferente, mas ela percebia que o esforço dele era em vão.

-Sabe, Granger, mesmo que eu seja tudo isso, meu sangue ainda é puro e o seu? O seu não. Eu posso não ter amizades verdadeiras, mas você tem. Porém perder uma coisa que foi construída e alimentada durante e anos é tão fácil, como tirar um sapo de chocolate de uma criança. Você não é perfeita, você é tão arrogante quanto eu, só sabe agir sem ferir seu orgulho e deixa eu falar uma coisa... Isso é autodestruição, e outra, você nunca saberia contornar uma situação se esta fosse publicada nesse jornalzinho medíocre – ele disse apontando o jornal – sabe por quê? Porque você não sabe controlar nem ao menos suas emoções, você tenta me ferir, mas, no entanto é você quem sai ferida no fim das contas. – ele disse olhando o rosto dela, que tinha os olhos marejados, uma lágrima deslizou por seu rosto devagar afetando mais ainda o loiro – está vendo? Você se afeta tão fácil, e não consegue revidar.

-Eu te odeio Malfoy. – foi a única coisa que conseguiu dizer antes de fazer menção em ir embora e sentir o loiro segurando seu braço – me solta, Malfoy – ela disse entre dentes e ele pôde ver claramente mágoa e ódio em seus olhos.

-Só me diz uma coisa? – ele pediu relutante – O que você sente quando te beijo?

-Eu... – ela se desconcertou com a pergunta, mas logo respondeu indiferente – eu sinto nojo.
Ela disse se soltando de seus braços e saiu andando com Gina atrás dela, deixando Draco totalmente machucado.

-Hermione, que cena foi aquela?- Gina perguntou ficando no caminho da amiga.

-Foi exatamente o que você viu – ela disse limpando as lágrimas.

-Como vocês conseguem ser tão infantis? Só conseguem ferir um ao outro. Hermione será que você não entende? Ele gosta de você, mas aparece que você não enxerga isso.

-Ele? Conta outra piada, Gina – ela disse indiferente à afirmação da ruiva.

-Piada? Não é piada. Você é tão infantil e por causa desse seu orgulho não consegue aceitar que o ama também.

-Eu? Eu não amo o Malfoy. Eu...

-O odeia? Tem certeza? Quantas vezes ao dia você pensa nele? Quantas vezes ele já te beijou? O que você sente quando isso acontece? Ou melhor, o que você sente quando ele está perto de você? E quando ele te diz coisas ruins? – ele disse fitando a expressão magoada da castanha e finalizou – Comece a rever isso minha amiga, pois Hogwarts inteira já sabe de vocês dois. – a ruiva disse séria e se afastou da amiga, deixando-a mais preocupada e ferida. Algumas lágrimas brotaram de seus olhos e ela ficou parada, pensando no motivo de estar acontecendo isso com ela.

O Malfoy não podia estar apaixonado por ela. Não podia. Mas o que poderia ter de mal nisso? Somente o fato de que Draco Malfoy é um garoto arrogante e desprezível, sempre a tratou mal e é um projeto a comensal da morte, mas definitivamente, ele é lindo e inteligente, porém sonserino. Ele não poderia estar apaixonado. A castanha lembrou-se da expressão dos olhos dele depois dela ter dito aquelas palavras sombrias. Tão cinzentos e sem vida, repleto de mágoa e algo mais que ela não conseguia decifrar. Ela afastou esses pensamentos e seguiu para o salão principal para o café.

Enquanto andava, alguns alunos nos corredores lançavam olhares furtivos a ela sem ao menos disfarçar, mas a situação piorou quando ela entrou no enorme salão. Todos cochichavam com os amigos que estavam próximos e todos os olhares acusavam que ela e o Malfoy eram o assunto principal. Ela sentou-se na sua mesa ao lado de Harry, mas ele, indiferente, não falou sequer Bom dia. E a manhã seguiu turbulenta parecendo que nada podia piorar, mas não, Merlin não gostava da castanha nem ia com a cara do loiro.
O dia estava apenas começando...

:::::: ::::::


Na aula de poções ela fez menção de se sentar ao lado de Harry, mas ele estava com Rony, então ela ocupou uma mesa sozinha. Snape entrou na sala tão sombrio e frio como sempre e mal ele deu um passo surgiu um Malfoy ofegante à porta.

-Com licença, professor Snape, mas eu me atrasei... – a doninha começou a dizer.

-Sente-se Sr. Malfoy. – Ele perdoou o garoto com sempre o fazia.

O loiro procurou um lugar vago e se sentou ao lado de uma garota que ele nem ao menos prestou atenção. Evidentemente não sabia quem era. Permaneceu indiferente, lendo o livro de poções e lançou um breve olhar para a garota que escrevia sem parar em um pergaminho, e foi com surpresa e cautela que murmurou baixo:

-Granger?

Ela se virou instantaneamente e o mirou perplexa, manter um olhar por muito tempo com ele não ia dar em boa coisa e por isso voltou sua atenção ao pergaminho. O professor riscou algumas instruções e ingredientes num quadro e eles se viram obrigados a trabalharem juntos na poção.

-Granger, me passa a raiz de sabugueiro – o loiro pediu estendendo a mão e quando ela entregou suas mãos roçaram brevemente provocando arrepios em ambos.

Ele tentou ignorar, mas seu coração batia descompassado em somente pensar que ela estava sentada ao seu lado. O calor da mão dela provocava uma sensação estranha nele, que ele não sabia qual era exatamente, sem perceber ele já não estava mais prestando atenção ao que estava fazendo.

-Corta isso direito, Malfoy. – ela o alertou enquanto acrescentava um líquido azul no caldeirão.

-Eu estou cortando – ele retrucou.

-Ah, Claro! E eu sou o Bozo! – ela ironizou.

-Quem? – ele perguntou confuso.

-Esquece. – ela disse voltando sua atenção ao caldeirão que no instante que o loiro acrescentou um ingrediente começou a borbulhar e fumegar – o que você fez?

-Nada! Você me entregou o frasco e eu despejei.

-O frasco inteiro? Era só uma gota. Você não sabe ler? – ela disse apontando o livro.

-Sei sim, obrigado. Mas fica difícil com uma vassoura do seu lado.

-Ora seu trambolho engordurado.

-Desequilibrada.

-Presunçoso.

-Insuportável... – eles falavam sem se preocuparem com o volume da voz.

-Sr. Malfoy e Srta. Granger será que não conseguem nem ao menos prepararem uma poção sem discutirem... Tss Tss, menos 10 pontos pra sonserina e 20 pra grifinória.

-Mas... – a castanha ia retrucar, mas a poção acabou explodindo nela e no garoto, transformando-se em apenas uma fumaça azulada – Que droga! – ela murmurou baixo.

-Acho que vocês devem se retirar.

Eles o fizeram. Quando ouviram a porta da sala bater atrás deles recomeçaram a discutir.

-Será que você não consegue colocar uma simples gotinha numa poção, Malfoy? Não! Você tem que bancar o loiro. Ah, esqueci! Você é loiro!

-Antes loiro e lindo do que totalmente pirado, sério, Granger, acho melhor você ir pro St. Mungus ou quem sabe você enlouquece quem ainda tem sanidade.

-Você é tão... Desprezível.

-Sabe... Eu fico pensando, toda essa raiva é pela poção ou por hoje cedo? – ele provocou fitando ela nos olhos.

-É por tudo! – ela disse quase sussurrando com a voz embargada.

Eles permaneceram em silencio, olhos cinzentos estavam fitando profundamente olhos castanhos. Ele se sentiu estranho, a raiva foi dando lugar à mágoa em ambas as expressões, era fato que eles só conseguiam machucar um ao outro com facilidade, mas não sabiam como fazer essa dor parar. Hermione deixou uma lágrima deslizar seu rosto e lentamente ele direcionou a mão à face dela, ele acariciou sua pele com carinho e ela não conseguia fazer isso parar, ela não conseguia fugir, só queria sentir esse carinho.

-Granger... eu... – ele não sabia o que estava falando, e hesitava em deixar seus lábios dizerem algo – eu... eu sinto muito.

Foi a única coisa que ele disse antes de sair em passos largos de lá, deixando uma castanha confusa.


:::::: ::::::


Hermione estava no salão comunal lendo um livro que trouxera da biblioteca aquela tarde, Gina estava acabando um trabalho de herbologia enquanto Rony e Harry terminavam o de Transfiguração que a castanha já tinha feito. Ela estava concentrada na leitura quando escutou alguns gemidos. Olhou e viu Harry aparentemente passando mal, ele tinha a expressão vaga e os olhos observando o nada.

O garoto tentava lutar contra mais uma visão, mas ele queria ver, queria saber o que Voldemort estava fazendo e se entregou à visão.

Viu uma pequena abertura na parede, onde provavelmente havia um quadro e ele reconheceu o quarto, era o mesmo do seu sonho. A abertura estava vazia e a fúria tomou conta de sua mente e foi com grande esforço que ele retornou ao salão comunal.

Ele estava caído no chão e Rony e Hermione o miravam assustados, talvez eles já soubessem o que aconteceu com ele.

-A pedra não está naquela casa, Voldemort esteve lá e não achou, Hermione como você sabia que não estava lá? – ele disse rápido e sem se preocupar se houvesse alguém ouvindo.

-Eu tive só um pressentimento, só isso – ela disse simplesmente – mas você deveria pelo menos tentar oclumência.

-Agora não Hermione. Você sabe que eu não consigo... – ele disse tentando não brigar com a amiga. – vocês sabem o que isso significa? – ele perguntou sorrindo.

-Que podemos encontrar a pedra antes dele – Hermione disse olhando o céu por uma janela. Estava anoitecendo, mas o céu estava romanticamente rosado – Estou pesquisando, mas não tenho muitas informações... – ela completou distante.

-Não tem problema, Hermione – Rony disse a ela – A gente dá um jeito.

-É... – foi a única resposta que ela conseguiu dar com um meio sorriso, mas sentiu uma energia negativa passar por seu corpo, como se algo fosse dar errado, como se alguém fosse sair terrivelmente ferido. Isso fez com que ela se arrepiasse de medo, mas fez o possível para que seus amigos não percebessem sua reação. – acho melhor eu ir, a detenção me espera – ela disse sarcástica – Depois eu corrijo seus trabalhos – ela prometeu antes de passar pelo quadro da mulher-gorda.

A castanha entrou na sala, tinha acabado de falar com a professora McGonagall e esta lhe indicou qual sala deveria limpar naquele dia. Percebeu que o loiro já estava lá e resolveu não dar muita atenção a ele. Pegou um pano e um balde e começou a limpar o parapeito da janela, notou que o loiro estava usando um gorro e se perguntou o motivo, já que não fazia frio ainda. O loiro percebeu os olhares dela e tentou agir normalmente.

-O que está olhando Granger? – ele perguntou irritado.

-Nada, Malfoy. – ela respondeu e tentou puxar assunto – mentindo muito, Malfoy?

-Só o de sempre... – ele disse divertido – acredita que o Goyle me perguntou se o que diz aquele jornal é verdade?

-E o que você respondeu? – ela perguntou parecendo se esquecer do que ocorrera mais cedo.

-Que não, é claro, mas...

-Mas não passou pela sua cabeça que era a mais pura verdade, não é? – ela completou – o que aconteceu depois que você mentiu?

-Você não vai querer saber...

-Quero sim.

-Uma poção caiu em mim e...

-E?

-Eu fiquei inteirinho colorido. – ele respondeu contrariado.

-Que cor?

-Nenhuma. – ele respondeu rápido.

-Por que você está com esse gorro? – ela perguntou parecendo adivinhar e parou de limpar e aproximou-se mais do loiro.

-Por nada... – ele disse também parando.

-Deixa eu tirar? –ela disse parando na frente dele e se atirou para arrancar seu gorro, ele caiu pra trás, eles rolaram no chão, travando uma batalha infantil, esqueciam-se cada vez mais que estavam abatidos, que estavam magoados, só queriam fingir que nada tinha acontecido e no outro instante o loiro a imobilizou no chão.

-Você não vai tirar meu gorro! – ele dissera divertido, mas seu dedo latejou novamente e nesse meio tempo a garota conseguiu arrancar-lhe o gorro revelando seus fios de cabelo não em tom loiro, mas sim rosado.

-Há há há há – a castanha explodira em gargalhadas se contorcendo no chão de tanto rir.

-Acha engraçado Granger? – ele perguntou fazendo-se de ofendido.

-Imagina – ela respondeu irônica.

-Tudo por sua causa! Por causa desse feitiço idiota!

-Você está uma gracinha! – ela continuou zombando.

-Você acha? – ele entrou na brincadeira – Acho que vai amar isso então... – ele dissera puxando ela para perto dele, segurou seus pulsos por trás das costas dela, deixando-a na frente dele. – Tudo bem ai?

-Tudo ótimo e você?

-Melhor agora. Que tal brincarmos um pouco? Gosta de altura, Granger? – ele dissera a guiando para a sacada da torre – Você não sente medo?

A garota viu a altitude da torre, ela não podia negar, seu ponto fraco era o pavor de altura. Mas o loiro afundou sua face no pescoço dela sem pensar. Sentiu seu perfume embriagante e soltou os braços dela, mas prendeu-a novamente a ele cruzando seus braços na cintura dela a abraçando.
Ela sentiu arrepios em seu corpo, mas não se desvencilhou, ela continuou onde estava, não sabia o porquê, mas enquanto ele a estivesse abraçando, ela estaria protegida.
E pouco a pouco a brincadeira ficava mais séria e perigosa, envolvendo mais do que eles esperavam envolver, pouco a pouco as lembranças ia clareando e a mágoa voltava, e o que estavam fazendo poderia fazer sangrar mais ainda a ferida que eles tinham no peito.

-Você não sente medo? – o loiro repetiu a pergunta sentindo-se como se o ar lhe escapasse.

-Não – ela respondeu sincera e afetada e no outro instante se desvencilhou dele – é melhor voltarmos ao trabalho.

-É... – ele respondeu relutante.

Draco não sabia por que se importava com ela, ou por que seu pulmão comprimia-se cada vez que pensava na dor que sentia, mas ele sabia somente que tinha que parar de pensar nela, e consequentemente, isso faria a dor cessar.

-Só teremos mais uma detenção, não é? – ela perguntou de repente.

-Só. – ele respondeu seco.

Eles permaneceram em silêncio durante todo o tempo até que uma hora depois ouviram passos que iam se intensificando e a professora Minerva entrou na sala.

-Vejo que fizeram um ótimo trabalho, só terão mais uma detenção, por hoje é só, já podem ir pros seus dormitórios.

-Tudo bem, professora... – Hermione respondera.

-Ah... Sr. Malfoy, o que aconteceu com seu cabelo? – ela perguntou espantada enquanto Hermione prendia uma meia risada.

-Um acidente com uma poção...

E com um floreio com a varinha a bruxa removeu a tinta da poção revelando os fios loiros dele.

-Obrigado. – ele respondeu aliviado.

-Bom, já podem ir, amanhã vocês vão monitorar depois da detenção.

:::::: ::::::


Um dia depois...

A castanha andava despreocupada por um corredor, finalmente ela voltara a monitorar, ela já não se sentia bem enquanto ocupava a mesma sala que o loiro, ou melhor, nunca se sentira bem com ele. Ela não direcionava uma só palavra a ele desde o dia anterior, era muito melhor ficar longe dele. Mas ela mal acabara de pensar isso, surgiu um loiro no fim do corredor.

-Er... Granger? – o loiro a chamara interrompendo seu caminho.


“Por que será que ele aparece sempre que eu penso nele? Oh! Desgraça! Você me ama né Merlin?!”

-O que foi?

-O feitiço da verdade tem antídoto? – ele perguntou direto e firme.

-Não que eu saiba... – ela respondeu percebendo o tom de voz dele.

-Então pesquise. – ele ordenou.

-Por que o faria? – ela desafiou.

-Porque eu to mandando – ele respondeu indiferente.

-Você não tem poder sobre mim.

-Ah não?

Ele dissera puxando a castanha pela cintura colando seu corpo no dela. Encontrou os lábios da garota e explorava cada canto de sua boca, de maneira possessiva e nada gentil, causando calafrios nela, embora esta tentasse lutar contra. O beijo se tornava quente, sedutor e selvagem e ao mesmo tempo tempestuoso, frio e sem carinho, apenas agiam por impulso e por isso a castanha reuniu forças e afastou o garoto dela.

-Você está louco? – ela dizia sem ar, enquanto um sorriso cínico crescia nos lábios do loiro.

-Não, não estou... Por que a pergunta?

-Estúpido! – ela exclamou tentando retomar seu caminho, mas fora impedida pelo loiro novamente – Sai. Da. Minha. Frente.

-Agora me escuta. Ou você arranja um antídoto ou o diretor vai saber desse feitiço, e eu tenho certeza que ele vai amar saber disso – ele ameaçou friamente, embora estivesse sangrando por dentro.

-Isso é uma ameaça, Malfoy?

-É um fato Granger. – ele disse e deixou-a sozinha no corredor andando em passos largos.

“Como ele consegue ser tão idiota, ridículo e um retardado ao mesmo tempo?” Hermione pensara.
“Não sei não, ele parece bem lindo e nossa! Quantos loiros daquele você conhece?” a Hermione diabinha pensara.
“Não é a beleza dele que importa, mas sim o que ele é por dentro, ele está amargurado e frio.” A Hermione anjinha pensara.
“Tanto faz, eu estou com calor mesmo...”
“É o calor do inferno! Luxúria é pecado!”
“Mas pelo menos eu não estou mentido, um pecado a menos.”
“Você realmente não entende o que é um pecado...”
“Será que vocês poderiam parar só um minuto, eu preciso de um tempo pra cavar a cova de vocês duas.”
A Hermione normal exclamara irritada.
“Estressada!” a diabinha falou.

:::::: ::::::


O loiro permanecia inquieto em sua cama, não sabia o motivo, mas não conseguia dormir, embora fechasse os olhos eles voltavam a abrir, ele sabia que só conseguiria dormir quando estivesse tranqüilo, mas seu corpo trabalhava rápido, como se ele precisasse correr, como se precisasse fugir... Da realidade


I open my eyes
(Eu abro meus olhos)
I try to see but I'm blinded
(Tento ver, mas fui cegado)
By the white light
(Pela luz branca)
I can't remember how
(Não consigo me lembrar como)
I can't remember why
(Não consigo me lembrar por quê)
I'm lying here tonight
(Eu estou deitado aqui essa noite)



Ele tentava descobrir o que o afligia tanto, mas não conseguia pensar, pois um rosto não saia de sua mente, "sangue-ruim” pensou, embora soubesse que não a desprezava, pelo contrário, ele se desprezava, Por fazê-la sofrer, por fazê-la chorar.

Uma parte dele queria destruí-la, fazer com que ela ficasse completamente magoada. Essa era a parte que ele deixou transparecer durante todos esses anos, uma parte fria e sem vida. Mas a outra parte dele, que por sinal era mais forte do que a outra, temia vê-la sofrer, chorar, não queria que ela se magoasse, não queria que ela se machucasse, queria somente... Amá-la. Sim. Amá-la, protegê-la, sentir o gosto dos lábios dela nos seus, o arrepio dela quando seus corpos se tocavam. Ele sorriu, e hesitou. Não sabia se esse amor era bom para ele, ou se isso era forte o bastante, simplesmente não sabia e talvez fosse melhor assim. Então ele se deu conta, ela era quem lhe tirava o sono, até sem ele saber ela podia afetá-lo, mas ele queria dormir, estava cansado depois de tudo o que aconteceu, principalmente pelo fato que ter discutido com ela daquela forma, e ter beijado-a de maneira fria.



And I can't stand the pain
(E eu não consigo agüentar a dor)
And I can't make it go away
(E eu não consigo fazê-la ir embora)
No I can't stand the pain
(Não, eu não consigo agüentar a dor)




E um punhal parecia estar sendo colocado em seu peito porque doía pensar nela, vê-la sem realmente olhá-la, beijá-la sem realmente acariciá-la. Doía somente saber que ela sofria e chorava, que ele a feria, que ele provocava toda essa dor.


How could this happen to me?
(Como isto pôde acontecer comigo?)
I've made my mistakes
(Eu cometi meus erros)
Got nowhere to run
(Não há pra onde fugir)




Agora ele não sabia o que fazer, ele não conseguia simplesmente ignorá-la, não pensar nela já estava fora de questão, ela entrou na sua vida tão rápido que ele não conseguia tirá-la.


The night goes on
(A noite continua)
As I'm fading away
(Enquanto estou desaparecendo)
I'm sick of this life
(Estou cansado desta vida)
I just wanna scream
(Eu só quero gritar)
How could this happen to me?
(Como isto pôde acontecer comigo?)




Então ele ouviu um barulho na janela, ele a abriu silenciosamente e uma coruja negra apareceu com uma carta no bico. Ele a pegou e começou a ler, sentiu uma pontada de felicidade pelo fato de ser de sua mãe, mas isso não durou muito tempo.

Draco,
Estou com muita saudade de você querido e ansiosa para que chegue logo as férias de natal, mesmo que você tenha acabado de regressar à escola. A situação aqui está difícil, não sei como será daqui pra frente com o seu pai em Azkaban. Sua tia está me pressionando para que você receba logo a marca negra, mas não sou eu quem decide isso, infelizmente. Seria bem melhor que você não esteja destinado a esse futuro frio e sombrio. E é por isso que eu estou escrevendo a você, bem, talvez não só por isso, mas o lorde quer que você consiga informações sobre um objeto mágico, ele é extremamente importante e poderoso. O chamam de pedra do destino. Não sabemos ao certo o que ele faz e nem onde podemos encontrá-lo. Tentamos encontrá-lo,mas seguimos uma pista falsa, cabe a você descobrir agora. Me escreva, mas cuidado, não envie suas descobertas em relação à pedra por cartas.





Ele terminou a leitura receoso, Você-Sabe-Quem não costumava confiar tarefas a ele, mas algo lhe dizia que isso era realmente importante. Agora ele tinha certeza: não ia conseguir dormir.


Everybody's screaming
(Todos estão gritando)
I try to make a sound
(Tento fazer um som)
But no one hears me
(Mas ninguém me ouve)




Ele não queria servir ao lorde, ser destinado a esse futuro sombrio e frio, ele não queria ter que murmurar um feitiço que causasse dor, não queria ser responsável por tirar a vida de alguém, seria bem melhor se ele estivesse predestinado a lutar contra tudo isso, mas ele não podia.


I'm slipping off the edge
(Estou escorregando no precipício)
I'm hanging by a thread
(Estou pendurado por um fio)
I wanna start this over again
(Eu quero recomeçar isto de novo)




E o que Hermione Granger pensaria sobre isso? Ela permaneceria longe se soubesse, ou melhor, todos permaneceriam afastados ao saberem quão perigoso o loiro era. Teria que haver um jeito de escapar disso tudo, ele tinha que tentar recomeçar.


So I try to hold on to
(Então eu tento me apoiar em)
A time when nothing mattered
(Um tempo em que nada importava)
And I can't explain what happened
( E eu não consigo explicar o que aconteceu)




Mas tentar tudo de novo poderia levá-lo a cometer os mesmos erros de antes, os mesmo erros que agora lhe causam dor.


And I can't erase the things that I've done
(E não consigo apagar as coisas que eu fiz)
No I can't


(Não, eu não consigo)




Esquecer o que aconteceu seria difícil, tantas vozes ele tentou lutar contra seu destino e acabou perdendo cruelmente, tantas vezes sua boca disse palavras imperdoáveis àquela que ele queria odiar nesse momento, seria mais fácil se ele a odiasse,tão fácil...


How could this happen to me?
(Como isto pôde acontecer comigo?)
I've made my mistakes
(Eu cometi meus erros)
Got nowhere to run
(Não há pra onde fugir)
The night goes on


(A noite continua )

Ele não sabia o que fazer, o que ele decidisse poderia custar caro, era tão difícil saber o certo, o errado, quando ele só se preocupou em fazer o que lhe convinha todos esses anos.



As I'm fading away
(Enquanto estou desaparecendo)
I'm sick of this life
(Estou cansado desta vida)
I just wanna scream
(Eu só quero gritar)
How could this happen to me?
(Como isto pôde acontecer comigo?)

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