16 janeiro, 2010

Cap. 11 - Darkness Parte 2 – O pássaro ferido


Darkness
Parte 2 – O pássaro ferido

-Hermione, você está bem? – Draco corre na direção dela a abraçando, mas vendo-a desmaiada. – Droga! Vou ter que te levar para a enfermaria. – ele resmunga para si mesmo.

-Acho que não, Draco – uma voz masculina disse calmamente para o loiro, fazendo-o se arrepiar de medo com o que pudesse acontecer.

Draco sentiu algo pular em seu estômago ao ver o comensal, Rodolpho Lestrange estava a sua frente, a varinha apontada para ele e Hermione. O sorriso sádico nos lábios.


-Adoraria saber como Bella foi capturada, sabia? Ouvi falar que você estava presente – ele disse assustando mais ainda o loiro.

“Não tema! Mantenha a cabeça fria.” Draco pensou e retomou a antiga máscara de deboche.

-O que eu podia fazer? – ele disse sorrindo cinicamente – Estava eu fazendo um passeio em Hogsmeade e... BUM! Vejo a marca negra. Sabe que eu não podia fazer nada. Eu recebi ordens expressas do lorde para não me expor.

-Claro, e o que me diz de estar aqui agora... com essa garota? – ele disse apontando para Hermione sem reconhecê-la.

-Vi algo estranho aqui. Vi disparos de feitiços. Agora eu já entendi. Há comensais aqui na floresta. – o disse com o tom de voz sério.

-Garoto esperto, descobriu tudo isso mesmo sem ter acesso aos planos?

-Rodolpho, por favor, nós dois sabemos que eu não sou tão idiota assim. – ele disse debochado irritando o homem.

-Ainda não entendo porquê o lorde te escolheu, é óbvio que você não passa de um garotinho despreparado. – Lestrange resmungou.

-Quantos mais estão aqui? – Draco perguntou ignorando o comentário do homem.

-Três, comigo quatro.

-O que pretendem?

-Desculpe, informações confidenciais. – ele disse rindo do loiro – quem é a garota e o que ela faz aqui?

-Não é ninguém importante – ele desconversou tentando tirar a atenção do comensal de Hermione – só mais uma que cai aos meus pés. – ele disse debochado tentando fazer Lestrange parar de prestar atenção nela.

-Volte ao castelo Draco, e não volte aqui se não quiser chamar atenção. Você sabe muito bem que essa floresta guarda perigos, prova disso é o lobisomem que você enfrentou agora a pouco, sugiro não se expor, assim pelo menos você não nos atrapalha. – ele disse e saiu de perto do loiro, entrando na floresta novamente.

Draco respirou aliviado, por sorte Rodolpho não desconfiou de nada e não reconheceu Hermione. O loiro voltou para perto da garota fitando a face machucada dela.

-Acho que foi melhor você ter desmaiado, senão eu teria problemas se você visse Rodolpho Lestrange. – ele disse baixo e olhou os ferimentos dela, com a varinha fez alguns feitiços curando alguns machucados pequenos e estancou um sangramento no braço dela.

Aos poucos ela foi acordando e viu Draco, olhou-o cansada e tentou se levantar, não conseguiu.

-Onde dói? – ele perguntou sorrindo tristemente a ela.

-Meu braço principalmente. – ela fala num sussurro mal se importando com a dor e começa a chorar silenciosamente, não somente por estar assustada com o ataque, mas por suas visões estarem se cumprindo uma a uma.

-Por que me seguiu? – ele perguntou fitando-a calmamente, decidindo-se por omitir o que acontecera entre ele e o comensal.

-Eu... eu sabia que havia algo errado e vi você vir pra cá, então... te segui. – ela disse baixo.

-Não devia ter feito isso, não pode ficar me seguindo – ele disse e respirou cansado – Você não confia em mim ainda.

-Não, Draco, não é isso. Eu só...
-Chega, Hermione, é exatamente isso que aconteceu, você não confiaem mim e por isso me seguiu. – ele falou triste – Mas agora temos que sair daqui. – ele disse preocupado ajudando-a a se levantar para voltarem. – Consegue andar? – ele pergunta e ela confirma.

Eles começam a andar devagar em direção ao castelo, Draco a apoiava ajudando-a a andar, enquanto ela soltava alguns gemidos de dor às vezes. Hermione via que ele estava decepcionado, o olhar cinzento dele estava distante e evitava olhá-la. “Tudo culpa minha!” ela pensou.

-Você está bravo comigo. – ela disse fazendo ele olhá-la.

-Não, não estou... – ele respondeu – estou bravo comigo mesmo, por ter vindo nessa floresta hoje, eu devia ter ficado em Hogwarts. Não devia ter vindo ver a origem daquelas luzes que vimos.

-Descobriu o que era? – ela perguntou tentando acabar com o clima pesado entre eles.

-Não... não descobri – ele mentiu e sentiu-se estranho por isso, mas tentou esquecer fazendo um comentário irônico – Acho que assim só vamos chegar em Hogwarts daqui a meio século. – ele disse rindo observando o quanto devagar ela andava.

-E o que sugere, mestre da inteligência? – ela debochou.

-Posso te carregar, mas não estou afim disso agora, vou me cansar muito, sabe? – ele fala irônico antes de começar a carregá-la.

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-Que tal irmos para o salão comunal? Não tem praticamente ninguém mais aqui. – Gina perguntou a Harry sentindo-se cansada e com sono.
-Vamos então. – ele disse indo com ela para o salão e se despedindo com um beijo quando ela subiu para seu dormitório.
Sentou-se no sofá em frente à lareira, pensou no baile, Gina ainda estava estranha, triste, e ele não conseguia acreditar ainda no que acontecera entre eles naquela sala, quase perdera o controle, quase fizera uma besteira a qual sabia que ia se arrepender depois. Mas não fez nada. Não podia pressionar Gina, ela era importante demais...
Durante o baile havia estranhado muito a maneira como Hermione e Draco se tratavam, Harry já estava acostumado de os verem brigando, não conseguia acreditar que eles realmente estivessem apaixonados.
Harry também não conseguia acreditar que havia se apaixonado por Hermione no começo do ano, sentiu-se tão feliz quando a beijara. Mas ela tinha razão, eram amigos, e ele conseguiu entender isso também. E o destino estava se revelando contraditório, pois colocara Gina em seu caminho, jamais imaginara que ela gostasse tanto dele, e só depois de muito tempo que ele entendeu que sempre ficava nervoso na presença dela porque gostava dela, só depois ele descobriu a origem do perfume floral que tanto sentia. Lembrou-se de uma frase que havia lido em algum livro.
"Olharmos apaixonadamente uma mesma coisa é, inevitavelmente, começar a amar-se.”
Sorriu e imaginou como seria sua vida no momento em que derrotasse Voldemort.
“Um não poderá viver enquanto o outro sobreviver”, essa era sua sina. Escutou passos descendo a escada, se virou e viu Gina.
-Harry, você sabe onde Hermione está? – ela perguntou preocupada.
-Pensei que já estivesse no dormitório. – ele respondeu confuso.
-Lilá disse que ela não apareceu por lá ainda, e que viu ela com o Malfoy durante o baile inteiro e que há algum tempo os viu entrando na floresta proibida. – Gina respondeu aflita – será que...
-Eles estão na floresta? E se Malfoy a levou a força? – Harry disse sério – preciso procurá-la, Gina.
-Harry, você não pode! – ela disse se postando na frente dele – Dumbledore reforçou todas as seguranças para ninguém se machucar, todos na ordem estão arriscando suas vidas para manterem você a salvo. Você não pode correr perigos.
-Gina, me escute, eu não posso deixar a Hermione sozinha na floresta, ela é minha amiga, não posso perder ela e o Rony – ele disse tentando convencê-la.
-Não vá, por favor – ela pediu preocupada, segurando a mão dele como se pudesse impedir ele.
-Desculpa, Gina, mas eu já perdi coisas demais na minha vida, eu tenho que lutar para que mais pessoas não se vão. Sempre foi assim, inclusive com você quando lutei com aquele basilisco, tudo aquilo foi por você. – ele disse se afastando dela e saindo do salão, deixando uma Gina preocupada.
-Me deixo ir junto com você. – ela gritou, antes de ouvir um “não” dele, que já havia desaparecido.
Gina se sentou na poltrona, tinha medo de perdê-lo, e se fosse uma armadilha? Ela ainda se lembrava do ataque que Colin sofrera, ou melhor, não se lembrava, já que só viu o garoto caído ensangüentado no chão. “Fui eu, eu tenho certeza!” ela pensou, “Por que ele tem sempre que ir atrás da Mione?” ela pensou “Ela sabe se defender!” disse mentalmente, mas arrependeu-se, estaria sendo egoísta?        
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Lucy sobrevoou a floresta proibida e algo lhe chamou a atenção, havia uma clareira bem embaixo de onde ela voava, calmamente ela perdeu altitude e pousou em um galho de uma árvore de pequeno porte. Havia dois comensais em volta de uma fogueira, estavam sem máscaras, um era Macnair, o outro era Yaxley. Era um pequeno acampamento, havia uma barraca armada a alguns metros dos dois. Ela resolveu ouvir a conversa deles.

-Sabe, eu fico pensando às vezes... não acha que o plano vai fracassar? – Macnair perguntou.

-Claro que não, o Lorde sabe o que faz e se ele ordenou que viéssemos pra cá, então temos que ficar aqui. – o outro disse impaciente bebendo uma garrafa de wiskey de fogo.

-Mas acho que não vai adiantar muito o que fazemos, francamente, ficar vigiando o Potter, nem sei como Steiner entrou lá. Não agüento mais ficar só atacando criancinhas sem preparo algum para uma batalha. – ele resmungou.

-Temos só que esperar, no momento certo vamos seqüestrar o Potter e levá-lo ao Lorde, é só uma questão de tempo.

Lucy ouviu tudo atentamente e resolveu espiar a barraca dos comensais, levantou vôo e sem nem ao menos chamar a atenção dos dois homens entrou na barraca. Ela era encantada para parecer maior por dentro e parecia um pequeno apartamento, estava uma bagunça dentro, Lucy resolveu voltar à sua forma humana, assim seria mais fácil para espiar. Começou a andar, havia quatro camas desarrumadas. “Há quatro comensais? Merlin! Não pode ser.” Prestou mais atenção nas camas e percebeu que em cima de uma mesa havia um diário “Morgana me amaldiçoe! É o diário da minha mãe!” Lucy correu e viu que o diário estava aberto, mais precisamente, estava com palavras. “Não acredito! Alguém conseguiu descobrir a senha!” Pegou o diário, começou a ler.

7 de dezembro de 1975 

“Merlin, eu não acredito que ele foi capaz de fazer isso, tanto tempo passou, e ele me traí com uma idiota da sonserina! Que ódio, nunca mais quero ver Steiner, ele é tão... mentiroso.”
Eu estava atravessando um corredor, estava à procura dele, o sonserino mais lindo e prepotente que poderia existir, mas eu tinha plena consciência que o amava, eu sabia que o quanto ele era importante para mim. Dois meses de namoro já tinham decorrido e tudo o que eu queria era encontrá-lo nesse castelo confuso. Aposto que ele está na aula de poções. Slughorn simplesmente o adora, aluno modelo, inteligente, ótimo em suas poções. Tenho medo disso, e se ele resolvesse me dar uma poção da verdade para descobrir meus segredos? Como sou idiota, ele não faria isso. Aproximo-me da sala de poções, escuto vozes, uma é dele, a outra eu não reconheço a princípio, mas sei que é de uma garota. Meu dia estava tão lindo, tão... Perfeito. Viro o corredor e vejo a garota sonserina seduzindo meu loiro, fico olhando-os, fuzilando ela com o olhar.

-Não sei o que você vê na Moore, ela é tão... sem sal. – a vaca sonserina fala, meu sangue ferve e eu sinto o desejo de arrancar o cabelo loiro dela lentamente, por que ela simplesmente não se olha no espelho?

-Eu amo ela, é tão simples de entender... – ele fala, mas sua voz é distante para mim, não sei se eu acredito ou não nele.

-Talvez você devesse experimentar algo melhor – ela fala e começa a se aproximar dele, enroscando seu corpo ao dele, sugando seus lábios de maneira possessiva.

Eu vejo aquilo e sinto um vazio por dentro, tudo parece desmoronar, e no outro instante o vidro da janela ao meu lado explode, eu vejo os cacos aos meus pés, me abaixo e pego um dos cacos, eu aperto ele na palma da minha mão, ela sangra como meu coração, ele está despedaçado, como aquela janela. Pego minha varinha, lanço um feitiço separando-os, sinto a magia em mim, o poder incontrolável, preciso de controle. Sem pensar eu a azaro deixando sua cabeça desproporcional ao seu corpo, eu rio dela, mas eu o vejo e não consigo atacar, como se ele fosse a trava de meu poder, a trava do meu controle.

Só consigo pensar em uma coisa...

“Por quê?”

Penso e vejo o olhar dele sobre mim, como se ele pudesse ler meus pensamentos e desvendar minha alma.

-Melanie, eu... – ele tenta falar, mas eu já não o ouço.

-Você disse que gostava de mim. E, no entanto é mentira. Eu não acredito mais em você. Vá se agarrar com aquela vaca loira. – eu disse magoada, com a voz cortante e fria, não sinto mais nada dentro de mim, só a escuridão, o frio...
-Melanie, eu te amo. Você sabe disso. Eles armaram isso para nos separar. Eu nunca desejei nenhuma garota antes, só você, você é minha vida. – ele dizia tentando se controlar para não me magoar mais ainda, mas eu já não me importava com nada, eu não conseguia acreditar nele. – tudo o que você viu, não significou nada pra mim, você significa, só você.
-E como eu posso acreditar em você? – eu disse amargurada, mas séria. – Você sempre me decepciona, sempre... Por que dessa vez seria diferente?
-Por que eu te amo...
-Estou cansada disso, você e suas mentiras. – digo e de repente eu não vejo o corredor em que estávamos, mas sim o jardim da escola, eu estava perto do lago negro, olhei nas águas transparentes, vi meu reflexo, meus olhos azuis e frios se destacando na minha pele pálida, cheios de lágrimas de mágoa, meu cabelo loiro escuro caia na minha face. Charles me olhou, tirou uma mecha de meu cabelo do meu rosto e colocou atrás da minha orelha.

-Me diga a verdade. – ele disse quase num sussurro, me exigindo algo que eu não podia dar a ele, a verdade. 

No outro instante eu já estava de volta ao corredor, fitando o Charles que havia me traído.

-O que foi isso? – ele perguntou desconcertado, com o olhar desfocado.

-Você leu minha mente! Que droga, Charles, já te disse para não fazer isso. – eu explodi, por que minha oclumência não estava funcionando contra ele?

-Desculpa, eu não tive a intenção de fazer isso, é quase automático, leio as mentes das pessoas desde criança, não consigo controlar às vezes...

-Está me dizendo que você usa legilimência desde criança? – pergunto não acreditando, isso é simplesmente impossível.

-Comecei a ler pensamentos algum tempo depois que descobri minha magia. – ele respondeu me fitando com aqueles olhos castanhos. – Mas isso não é importante agora. Por que você vê coisas de repente?

-Isso não é da sua conta. – como dizer a ele o que eu sou? Como dizer que eu tenho visões que sempre se cumprem? Como dizer a ele que eu sou a guardiã de uma pedra perdida?

-Sabe que pode confiar em mim.

-Ah, claro! Assim como eu confiei e o que você faz? Beijou aquela sonserina! Quer confiança? Pare de fazer besteiras!

-Ela se jogou para cima de mim, você sabe disso.

-Ah, tadinho. A garota malvada é muito forte para você, né? Um cara do sétimo ano, batedor de quadribol nunca conseguiria conter uma sonserina, não é mesmo, Charles? – digo aquelas palavras com uma amargura que não é minha, como se a mágoa finalmente estivesse me consumindo. – Me diga, não acha que está com a garota errada? Talvez uma quintanista como eu seja imatura demais para você.

-Melanie, deixe de fala bobagens, você e seu drama, sabe muito bem o que eu sinto por você, e nenhuma outra vai conseguir o que você fez, me conquistar.

-Eu achava que sabia o que você sentia – digo e me viro para deixá-lo para trás, mas ele me puxa e cola seus lábios aos meus de uma forma carinhosa e terna, sugando todo o meu ódio e amargura e injetando uma espécie de anestesia que só ele tinha, porque só ele era capaz de neutralizar a rebeldia dentro de mim, esmagando o monstro da dúvida e da inquietação com um só gesto ingênuo e ao mesmo tempo sem inocência alguma. Ele me larga, me olha nos olhos, seu olhar me queima, me fere, como se minhas defesas estivessem rompidas.

-Eu te amo, Melanie. Ou sou seu ou de mais ninguém, pertenço a você, te dei meu coração e não vou aceitá-lo de volta.

Como discutir com uma declaração dessas?    

Lucy parou de ler, pela primeira vez na vida sentiu uma esperança genuína de conhecer seu passado, e, principalmente, conhecer seu pai. Agora ela não estava baseada somente nas vagas lembranças que viu na mente de sua mãe durante tanto tempo, agora ela tinha um diário que descrevia seu pai. Lucy tinha certeza que o garoto que sua mãe descrevera aos quinze anos de idade era o seu pai, simplesmente eram muitas semelhanças para ela não acreditar nessa possibilidade.

“Charles Steiner. Ele é loiro, tem olhos castanhos, e usa a legilimência desde criança, ele tem que ser meu pai!” ela pensou. “Preciso encontrar mais informações.”

Ela folheou o diário, procurando datas mais recentes, parou em uma página, as palavras ainda eram nítidas apesar do tempo, mas ela teve que se esforçar para entendê-las.

15 de setembro de 1980
A lua brilhava tão fraca no céu, eu não conseguia ver estrelas, a noite era fria, mas ainda assim eu era capaz de enxergar a beleza da noite, tudo tem seu mistério basta saber desvendar. Sempre fui uma boa observadora, vejo tudo ao meu redor e reflito, mas não consigo ver a mim mesma. Besteira? Talvez, mas eu estou aqui nesta noite sem nada para fazer, escrevendo nesse diário velho, tantos segredos eu guardei aqui, tantas vezes eu recorri a esse diário para superar meus temores e guardar minhas lembranças, porque às vezes sinto que isso será necessário para o futuro, meu dom para a clarividência me alerta que esse diário será muito importante, e, por isso, eu escrevo.
Estou esperando Charles, não consigo acreditar ainda no que aconteceu, quero contar a ele o quanto antes, com certeza isso muda todos os nossos planos. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer agora. Mas eu sei que será difícil, ele tem seus deveres para com a Ordem, às vezes acho que ele se arrisca demais, mas é o jeito que ele arranjou para compensar seus erros.
Isso me lembra de algo, Lettie Cowman disse que a provação vem, não só para testar o nosso valor, mas para aumentá-lo; o carvalho não é apenas testado, mas enrijecido pelas tempestades.
Penso que também que tudo que ele faz é para provar seu valor, até hoje ele vem se arriscando por causa dessa guerra, sei que para ele, ficar comigo é um risco, nenhum sangue-puro sonha em se casar com uma sangue-ruim, mas ele fez isso, mesmo que em segredo, ele se casou comigo para provar seu amor. Mesmo que a sociedade bruxa nunca saiba sobre nosso casamento e não o reconheça, eu e ele sabemos, e isso é o mais importante. Melanie Steiner soa bem, mas mantive Melanie Moore mesmo.
Por que ele está demorando tanto? Eu não devia estar tão preocupada, talvez o tempo esteja passando devagar de propósito, ele sempre chega tarde. Maldita guerra, fico pensando no porquê dela existir, é claro que tem que ser por causa de um sádico como um lorde da trevas.
Olho o céu novamente, me sinto igual a ele, misterioso, mas completamente diferente, me sinto iluminada, renovada, talvez seja porque tem uma nova vida em mim, sinto medo, não por mim, mas pela criança dentro de mim, penso em como ela irá crescer com o horror dessa guerra, levo minhas mãos ao ventre, não posso senti-la ainda, mas sei que há uma criança aqui. Charles vai gostar de saber, ele sempre gostou de crianças. Penso em como será a reação dele...
Um ruído se destacou no silêncio, fazendo Lucy parar sua leitura, estava tão inerte no diário que mal percebera a aproximação de um gato de pelo claro. Não conseguia acreditar no que lera. “Então minha mãe se casou com meu pai e ela nunca me contou isso? Ela se casou com Charles, ele é meu pai mesmo, mas, não faz sentido, por que ele sumiu, como se nunca tivesse existido?”
-Miau! - ela escutou e ignorou o animal novamente, voltando ao diário, mas de novo Lucy pulou algumas datas.
5 de novembro de 1981
Não consigo acreditar ainda no que está acontecendo, finalmente a guerra acabou, mas eu sinto o contrário, sinto que nada acabou, mesmo que o mundo bruxo esteja comemorando. É difícil acreditar na ideia que um bebê derrotou o lorde das trevas, pobre Tiago e Lílian. Olho para minha pequena Lucy, ela sorri para mim, seus olhos castanhos parecem me perfurar, como se ela pudesse ler meus desejos e pensamentos, acho que ela herdou isso de Charles. Um bebê ainda, e eu posso ver que seu futuro será difícil. Posso perder minha vida, mas nunca irei abandoná-la, nunca deixarei que nada de ruim lhe aconteça. Sinto falta de Charles, pensei que pudéssemos ser felizes quando tudo estivesse bem, mas nada é como eu queria, já não tenho lágrimas para chorar, o destino é cruel com as pessoas. Será que um dia eu e Lucy vamos poder viver com Charles? Não consigo prever nada, só vejo um anjo, minha pequena. Meu outro anjo está preso, trancafiado...
-Miau! – o gato miou de novo, mas dessa vez ele pulou em cima da garota e tirou o caderno de suas mãos, começando a correr com ele para fora da barraca.
Lucy, sem pensar, o seguiu, mas quando saiu da barraca lembrou-se que havia dois comensais do lado de fora, eles a viram e empunharam suas varinhas em sua direção.          
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Harry corria rápido, desviando de galhos e raízes que atrasavam seu caminho, seguia uma trilha perigosa, mas soube que estava no caminho certo quando encontrou uma tira do vestido de Hermione presa em um galho de um arbusto.
Aumentou a velocidade de sua corrida e quase colidiu com um Draco que carregava Hermione nas costas.
Harry parou e os viu.
-O que aconteceu? – perguntou tentando tirar Hermione de perto de Draco ao vê-la ferida – o que você fez com ela, Malfoy?
-Harry, tudo bem – Hermione disse se aproximando do amigo – Draco me salvou.
-Sério? Não parece – ele disse irônico apontando para os ferimentos dela.
-Não foi ele que fez isso, foi um lobisomem. – ela respondeu calma olhando para Draco.
-Lobisomem? Há lobisomens aqui na floresta?
-Há coisas piores do isso por aqui – Draco respondeu irritado com o moreno.
-E como vocês vieram parar aqui? – Harry perguntou.
-Foi culpa minha – Hermione apressou-se a dizer frente o olhar surpreso de Draco. – não sei o que me deu, eu resolvi trazer Draco para cá. Não sabia que iria ser perigoso.
-Essa história está mal contada, você nunca faria isso. – Harry disse desconfiado.
-Talvez eu tenha mudado, e você não perceba – ela disse no seu tom sério.
-Ou você esteja ficando cega por causa dele. – ele falou.
-Não pode culpá-lo de tudo, Harry – ela disse irritada – Sei que não gosta do Draco, mas não pode querer que eu o odeie também, eu confio nele e você não pode simplesmente ficar bravo comigo por causa disso,por todas essas semanas você tem me evitado, fugindo de mim, porque não para com isso?
-Porque acho que você está cometendo um erro. – ele disse com raiva, mas tentando se controlar – vamos pro salão comunal, Gina está preocupada com você.
Hermione olhou para Harry visivelmente magoada, olhou para Draco,viu que ele permanecia com a face calma, embora estivesse irritado com o moreno.
-Vá com ele Hermione, a gente conversa depois. – ele disse para ela, e a beijou calmamente nos lábios antes dela ir contrariada.
“Potter idiota!” pensou mentalmente antes de começar a andar de volta ao castelo também, mas escutou um barulho estranho vindo da direção contrária à que estava indo. Era um barulho de feitiços sendo disparados. Draco começou a seguir o som e depois de um tempo chegou a uma clareira, onde viu dois comensais duelando com Lucy. “O que ela pensa que está fazendo?” perguntou-se e sacou a varinha pronto para tirá-la de lá, mas percebeu que ela estava virando-o muito bem sozinha. Resolveu ficar atrás de uma àrvore para ver o que Lucy iria fazer.     
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Lucy parou de perseguiu o gato quando viu os comensais, mas já era tarde demais, os dois homens a viram. Ela pegou sua varinha e apontou para o felino.
-Estupore! – o gato então caiu, estuporado.
Ela viu os homens sacarem suas varinhas também e apontarem na sua direção, mas a garota os desarmou a tempo de não ser atacada. Lucy foi até o felino e retomou o diário. Olhou para trás, os comensais já haviam recuperado suas varinhas. Ela se levantou e preparou-se para o duelo.
-O que uma garotinha como você está fazendo aqui? – Macnair perguntou debochado – Sabe, é uma pena ter que atacar mais uma aluna indefesa, nem vai ter graça.
-Eu também vou sentir muita pena de ter que atacar um comensal – ela respondeu irônica.
-Ora, ora, ora, ela não tem noção do perigo – Yasley disse mais debochado ainda.
-Errado, são vocês que não sabem com quem estão mexendo – ela disse antes de acertar Macnair com uma azaração de corpo preso, levando-o ao chão, mas não foi rápida o suficiente para desviar do feitiço do segundo comensal. Lucy caiu no chão frio sentindo dor, cada parte de seu corpo doía até que a Maldição Cruciatus foi cessada. Ela ouviu o comensal rir, sentiu ódio, muito ódio.
-Garota estúpida, como se sente agora? – Yaxley riu frente à dor dela, mas então a viu levantar-se, viu os olhos castanhos dela transformar-se numa máscara de ódio que ele já vira antes.
“Accio varinha” Lucy pensou e sua varinha veio à sua mão. Apontou para o comensal e deu alguns floreios no ar.
-Sectumsempra – ela disse fazendo o comensal urrar de dor, enquanto feridas surgiam na sua pele, sangrando descontroladamente. – Conheço feitiços piores do que um crucio – ela falou ainda com um olhar de profunda aversão ao atacar novamente o homem – Destrincho – ele caiu no chão sobre uma poça de seu próprio sangue. Mas Lucy caminhou até ele, executou outro feitiço que o suspendeu no ar – Nunca mais tente me atacar, da próxima vez você morre – ela disse friamente antes de cessar o feitiço e o deixar cair no solo inconsciente.
Lucy voltou-se para Macnair, ele ainda não tinha conseguido se livrar da azaração, mas ela o estuporou e conjurou cordas em volta dele, amarrando-o. Foi então que ouviu uma movimentação atrás de si. “Outro comensal” pensou, e teve certeza ao ouvi-lo falar.
-Está na hora de um duelo de verdade, menina. – Rodolpho Lestrange disse apontando sua varinha diretamente para Lucy.
Lucy estava de costas para ele, sabia que não ia ser um duelo fácil, olhou para uma árvore próximo distraidamente e viu Draco, escondido, mas pronto para defendê-la e intervir no duelo. “Desculpe, Draco, Petrificus Totalus!” pensou mentalmente ao apontar a varinha para o loiro e o petrificando para que o comensal não o visse. Lucy se virou para Lestrange e lançou-lhe um olhar seguro, como se já estivesse acostumada a duelos e não temesse nada. Segurou a varinha na direção dele e executou um feitiço escudo quando ele atacou.
-Vejo que é boa em duelos e muito poderosa também. Você é sangue-puro? Daria uma boa comensal.
-Vou me tornar uma quando o inferno congelar. Além disso, não estou nem aí para meu sangue, é vermelho como o de todos, não existe sangue-puro ou sangue-ruim, eu aposto que vocês comensais apenas se fazem passar por puros-sangues, mas que não passam de mestiços, como seu mestre. – ela disse e teve que repelir outro feitiço – O que foi? Ficou bravinho, é?
-Crucio! – ele bradou fazendo-a gritar de dor, ela contorceu-se pela segunda vez naquela noite pela tortura de uma maldição – nunca insulte o Lorde das Trevas. – ele falou com ódio na voz – sua mestiça imunda.
-Incarcerous – Lucy disse quando retomou a varinha e levantou-se – nunca me ataque se não quiser ver o demônio em pessoa – ela falou com aversão enquanto o atacou com um feitiço que quebrou os dedos da mão que ele segurava a varinha, mas com a outra mão, ele empunhou a varinha e cortou o braço de Lucy, mas ela lhe lançou um feitiço fazendo-o urrar mais ainda de dor.
-Avada Kedr... – ele começou a dizer apontando para a garota, mas o gato que ela estuporara antes pulou contra Lestrange, arranhando-o e ferindo-o ferozmente. Lucy viu aquilo e achou estranho, enquanto pensava divertida “Até um gato o ataca”
Ela ignorou as tentativas do gato de atacá-lo e estuporou o comensal, deixando-o inconsciente. Olhou para o felino, o pêlo dele era castanho claro, e os olhos vagamente familiares, ela tentou se aproximar dele, mas ele correu. Vencida, ela olhou para onde Draco estava e viu que ele ainda estava petrificado, por sorte os comensais não o viram. Lucy foi até Macnair e apontou a varinha para ele:
-Enervate – ele despertou e tentou mexer-se, mas estava amarrado, olhou para os lados e viu Yaxley e Lestrange inconscientes e amarrados. – Quem roubou esse diário de mim? – ela perguntou com raiva apontando o diário e pressionando sua varinha no pescoço dele.
-Eu... não sei. – ele respondeu com dificuldade, temendo o que ela pudesse fazer com ele depois de ter derrotado os outros dois homens.
-Eu vou perguntar diferente. Quem leu esse diário? – ela perguntou, mas como ele não disse nada, ela usou sua Legilimência nele, foi fácil já que ele não sabia nada de oclumência e logo ela viu um homem loiro deitado numa das camas da barraca lendo o diário. – Quem é ele? Diga-me o nome do outro comensal que está com vocês. – ela exigiu e percebeu que Macnair estava espantado por ela saber que havia mais um comensal com eles – Diga ou explodo sua cabeça. – ela ameaçou com ódio nos olhos.
-Steiner. – ele disse ante a ameaça.
-Steiner? – ela repetiu perplexa e com receio – espere aí. Você quer dizer Charles Steiner? – ela perguntou
-Como você tem tantas informações, menina?
-Não é da sua conta – ela disse e o estuporou novamente.
Não conseguia acreditar, Charles Steiner era um comensal. Agora ela já não entendia mais nada. Foi até Draco e reverteu o feitiço, fazendo-o voltar ao normal, logo em seguida começou a andar para longe do acampamento dos comensais, abriu o diário, ele estava em branco novamente, talvez porque foi fechado. “Onde será que ele está? Preciso encontrá-lo, preciso de respostas verdadeiras.” Ela pensou e percebeu que Draco estava vindo com raiva em sua direção e puxou-a pelo braço fazendo-a parar.
-Por que me enfeitiçou? – Draco perguntou com raiva.
-Para os comensais não te verem – Lucy respondeu seca, se desvencilhando dele e retomando seu caminho. – além disso, eu não precisava de ajuda.
-Cabeça dura, claro que precisava, olhe o que ele fez no seu braço, você está sangrando.
-É, realmente, um dia eu me vingo de Lestrange por isso, depois eu curo meu braço.
-O que você está fazendo aqui?
-Estou apreciando a paisagem – ela respondeu irônica, mas voltou ao seu olhar sério – Vim aqui sem querer e achei o diário da minha mãe na barraca deles. – respondeu sem olhá-lo ainda.
-E como derrotou três comensais sozinha? Ninguém do quinto ano conseguiria duelar como você fez, onde aprendeu?
-Com alguém por aí! – respondeu evasiva. – onde está a Granger?
-Com o Potter – ele respondeu irritado – como sabe que ela também estava aqui?
-Quem você acha que atraiu o lobisomem para longe de vocês?
-Mas... Que droga, Lucy! Por que você me escondeu que sabia duelar e enfrentar lobisomens?
-Nunca vi um lobisomem até hoje. – ela disse sincera, pensando onde Anthony estaria. – mas um obrigado já seria suficiente da sua parte.
-Obrigado – ele disse sincero.
Draco parou de falar, ela sabia que o loiro estava irritado, o gênio dele era forte demais, só precisa de um pouco de tempo até ele se acalmar. Pensou no que descobrira naquela noite. Charles Steiner era seu pai, Lucy já não tinha dúvidas, eram várias semelhanças, os olhos castanhos, o dom da legilimência desde a infância, o fato de pertenceram à mesma casa: sonserina. Mas um pequeno fato mudava tudo e a deixava confusa. Ele era um comensal, segundo Macnair. Seria verdade? Pela primeira vez na vida ela sabia que estava perto de desvendar o segredo de sua origem, mas pela primeira vez sentia também que não queria mais descobrir.
-Eu não te entendo, Lucy. Você sempre quer descobrir o segredo dos outros, mas quando o assunto são os seus segredos, a sua vida, você foge, não me revela nada. Isso não é justo, você tem lido meus pensamentos sem minha permissão e não fala nada quando eu pergunto. – Draco disse furioso com ela, sem ao menos poder olhar nos olhos dela, pois ela estava de costas.
-Cala a boca, Draco – ela disse e finalmente se virou, ficando próximo a ele, e Draco pôde ver que ela chorava – Você não sabe do que está falando, se eu li seus pensamentos era porque eu queria te ajudar, mas faz tempo que eu não uso legilimência em você, não precisa se preocupar se terá seus segredinhos preciosos expostos ou não. E se eu não respondo nada sobre mim, é porque nem eu mesma sei quem eu sou. Minha vida foi marcada por desafios, você não sabe o quanto foi difícil aprender a controlar a legilimência. Eu escutava todos os pensamentos, via todas as lembranças de quem estivesse perto de mim, eu odiava isso, eu queria arrancar esse poder de mim, mas eu não conseguia... e eu só tinha sete anos, Draco... Eu só queria ter acesso às lembranças de uma pessoa, mas por algum motivo eu só não conseguia ler os pensamentos da minha mãe. – ela praticamente gritou com ele, fazendo-o finalmente se calar. – Mas eu consegui aprender a controlar esse poder, Draco, e depois, eu perguntei a ela o porquê de eu ter esse dom, ela não me respondeu a verdade, ela mentiu para mim! Só agora eu sei... eu herdei isso do meu pai.
Ela parou de falar, chorando compulsivamente, lembrou de vários momentos da sua vida, do quanto sofrera para aprender a controlar seu poder, lembrava que escutava pensamentos e não sabia de onde eles viam a princípio.
-Eu teria enlouquecido se não aprendesse, mas depois, quando eu fiz onze anos, ela me ensinou a oclumência, foi mais fácil, não tive que sofrer tanto, só alguns pesadelos, e depois eu estava controlando completamente minha mente, ela disse que provavelmente eu poderia resistir à maldição imperius, mas ninguém nunca a usou contra mim. – tomou fôlego, viu que estavam perto de Hogwarts já, e que o lago negro estava próximo, ela fez um sinal para Draco e ele a acompanhou, sem falar mais nada.
Lucy se sentou no chão frio e olhou para as águas do lago, viu seu reflexo, mas era alguém que ela não conhecia, alguém que desconhecia suas origens e destino.         
I am silver and exact. I have no preconceptions.
(Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.)
Whatever I see, I swallow immediately.

(Tudo o que vejo engulo no mesmo momento)
Just as it is, unmisted by love or dislike
(Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.)
I am not cruel, only truthful
(Não sou cruel, apenas verdadeiro)



-Quando eu fiz doze anos, eu comecei a aprender a duelar, minha mãe me ensinou feitiços, me ensinou a usar minha varinha com inteligência, não adiantava eu usar só poder, eu tinha que aprender a controlá-lo ou ele me controlava. Ela disse que eu devia aprender a me defender, porque existiam muitas pessoas que poderiam me atacar, e, que talvez, me matariam, não importando se eu fosse criança ou não. Ela tinha razão. Sempre há alguém lhe querendo o mal.  


The eye of a little god, four-cornered.
(O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.)
Most of the time I meditate on the opposite wall.
(O tempo todo medito do outro lado da parede.)
It is pink, with speckles.
I have looked at it so long
(Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele)
I think it is a part of my heart.
But it flickers.
(Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele falha.)


Lucy fitou Draco que escutava em silêncio e riu cansada ao ver a expressão séria dele. As lágrimas ainda caiam pelo rosto pálido dela, desfocando-lhe a visão, mas ela continuou.

-Eu continuei a procurar por ele, Draco, todos esses anos eu procurei, e um dia eu consegui ler a mente da minha mãe, eu vi ele... – ela disse e parou de falar retomando o fôlego – eu vi meu pai, mas ele estava indo embora. E entendi que aquela era uma lembrança antiga, e não queria acreditar nela, era difícil acreditar que ele nos abandonou. Ela disse que meu pai havia morrido algum tempo depois de eu nascer, durante a ascensão de Você-sabe-quem antes do Potter o derrotar. Eu acreditei durante algum tempo, mas depois de ver aquela lembrança, eu percebi que ela mentiu para mim todo esse tempo. Eu nunca disse a ela que sabia da verdade. Mas hoje eu tive certeza, ela mentiu, meu pai está vivo, eu consegui ler o diário dela, Macnair disse quem que o roubou de mim.

-Quem que roubou, Lucy? – Draco perguntou frente ao silêncio dela.

-Charles Steiner, meu pai – ela disse com pesar, não conseguindo se acostumar com a ideia. – Macnair disse que ele é um comensal. No diário, eu li coisas... que eles não deveriam ter escondido de mim. Eles se casaram, provavelmente viveram juntos por um tempo, mas o que deu a entender é que ele foi embora. Por que ela não me disse? Eu tinha o direito de saber a verdade! 

Faces and darkness separate us over and over.
(Escuridão e faces nos separam mais e mais.)
Now I am a lake. A woman bends over me.
(Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça sobre mim,)
Searching my reaches for what she really is.
(Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira.)
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
(Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.)


-Lucy, você deve estar tirando conclusões precipitadas, talvez você tenha lido poucas coisas ou pode ser até que o diário não seja verdadeiro, ou Macnair tenha mentido, há várias coisas ainda para você tirar a limpo.

-Você não acredita em mim, não é? – ela perguntou mirando seus olhos marejados nele.

-Claro que acredito, mas não quero te ver chorando por causa do que um comensal te falou.

Lucy parou de fitá-lo e se voltou para o lago, ela não queria mais buscar a verdade, poderia viver muito bem sem saber se o que sabia era mentira ou não.

-Acho que não quero mais descobrir nada – ela disse simplesmente.
 


I see her back, and reflect it faithfully
(Vejo suas costas, e a reflito fielmente.)
She rewards me with tears and an agitation of hands.
(Me retribui com lágrimas e acenos.)
I am important to her. She comes and goes.
(Sou importante para ela. Ela vai e vem.)


-Acho que cedo ou tarde você vai querer saber sim sobre seu passado e de sua família, a verdade sempre aparece. – Draco disse com pesar, sentindo-se incomodado pela conversa, mas querendo mais do que tudo ver sua amiga bem.

-Talvez… - Lucy respondeu distante ainda fitando o lago e vendo sua imagem desfocada, tão perto da verdade, mas tão longe ao mesmo tempo.  

Each morning it is her face that replaces the darkness.
(A cada manhã seu rosto repõe a escuridão.)
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
(Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha)
Rises toward her day after day, like a terrible fish.

(Emerge em sua direção, dia a dia, como um peixe terrível.)

-Draco, volte para o castelo – ela disse – eu vou ficar bem, preciso de um tempo sozinha.

-Tem certeza? – ele perguntou e ela acenou com a cabeça. Draco começou a andarem direção ao castelo, mas ela o chamou.

-Draco! – o loiro de virou para fitá-la – obrigada. – ele sorriu e continuou seu caminho, ciente que Lucy precisava de sua amizade para enfrentar seus problemas.
Lucy se deitou no chão, contemplou o luar e nem ao menos se importou com o frio que sentia, sabia que seu vestido estava parecendo trapos, mas não se importava. Sorriu ao pensar que aquela noite deveria ser de diversão e não de duelos e tantas surpresas. “Como o destino pode guardar tantos mistérios?”
Ficou observando a noite e a solitária lua, sentindo-se igual a ela, sozinha em meio à escuridão. Sem saber se havia passado horas ou anos, ela percebeu que logo amanheceria. ”Preciso achar o Anthony” pensou antes de se transformar em um pássaro e voar em direção à floresta, ela se sentia cansada, mal tinha forças para bater as asas, principalmente por que uma estava sangrando por causa do feitiço de Lestrange, mas não demorou muito e logo ela já o encontrara.    
::::::      ::::::

A lua brilhava fracamente e desaparecia devagar enquanto o dia nascia, um longo uivo se fez ouvir, fazendo a floresta inteira se estremecer, logo um silêncio se apoderou de tudo, um silêncio sobrenatural, como se a floresta sentisse medo da fera e não ousasse chamar sua atenção. Um silêncio medonho.

Dedos compridos, com unhas pontudas, afastaram as folhas banhadas pelo brilho da lua, dois olhos sem pálpebras fixam ao longe a luz e a fera uiva mais uma vez fazendo a floresta novamente se encolher de medo. O céu se pinta devagar com raios fracos, enquanto a lua vai desaparecendo e de repente não existe mais nenhuma fera, só um jovem fraco e cansado caído entre as folhagens, ele abriu os olhos e viu um pássaro branco cair no seu lado, viu que a asa do pássaro estava ferida, tentou pegar o pequeno animal com as mãos, mas o pássaro começou a se mexer e de repente se transformou em uma moça, alguém que ele já conhecia.

-Lucy?

-Oi, Wolhein! Tudo bem? – ela falou irônica e sorrindo cansada.

-Você não me deu ouvidos – ele falou suspirando também cansado em razão da transformação – não voltou a Hogwarts como falei, está vendo o porquê de eu ter dito para voltar? – ele falou furioso com ela e si mesmo, apontando para o ferimento no braço dela.

-Anthony, você não me atacou, tive um pequeno acidente enquanto voava. – ela mentiu tranqüilizando-o.

-Peraí – ele disse só agora registrando os fatos – você é uma animaga. – ele disse – É um pássaro, Merlin! Você pode ser expulsa se descobrirem!

-Não só expulsa, posso ser presa, mas acontece que ninguém vai descobrir, são segredos por segredos, você guarda o meu, eu guardo o seu, lobinho – ela disse irônica para provocá-lo.

-Por que de repente você está sendo legal comigo? – ele perguntou olhando-a nos olhos e vendo sua tristeza.

-Boa pergunta, hoje tem sido eu dia meio confuso mesmo – ela respondeu fitando o sol nascer.

Anthony a olhou, viu a expressão séria e triste do rosto dela, o vestido dela estava rasgado em várias partes, ele concluiu que ela passara a noite na floresta e provavelmente não dormira ainda, mas mesmo assim mantinha os olhos abertos e apreciava o nascer do sol. O garoto olhou o céu também, e percebeu que por pior que fosse uma noite, o dia sempre nascia do mesmo modo, tranqüilo, cálido e radiante.


::::::     ::::::


N/a: Merlin, esse capítulo foi o mais difícil que eu escrevi até agora, tive que pensar e repensar muito até postá-lo. E dessa vez eu não demorei a postar. O passado da Lucy ainda está oculto, uma dica: às vezes as coisas não são como pensamos.
Realmente, a mãe dela, a Melanie, mentiu para ela, mas logo vamos descobrir mais. O Charles é o pai dela? Talvez sim, talvez não, mas as semelhanças são muitas *autora realmente má*. Será que ele é um comensal mesmo? Quando vamos descobrir a verdade? Logo logo.
Mas aquele gato é chato mesmo né? Nem deixou a garota ler e pior, deixou o diário se fechar e as palavras se apagarem, fico pensando no que a Lucy fará para descobrir a senha e ler de novo o diário.

Tudo bem, eu sei que esse cap não teve os beijos maravilhosos, mas tive que fazer assim, foi por isso mesmo que eu dividi em duas partes, a primeira era romance e a segunda, drama. Tá, eu sei, a fic inteira tem drama. Sushhsuhus.

Quanto ao Anthony, bom, só vamos conhecê-lo mesmo mais para frente.

Perceberam que nesse cap o Harry meio que decepcionou a Gina? Acho que isso terá consequências. Além disso, o Draco parece triste, deve ser duro perceber que alguém que você ama não confia em você ainda.

Ah! Nesse capítulo eu coloquei um poema, não é música! O poema é de Sylvia Plath, o nome do poema é Mirror. Para quem quiser lê-lo sem as intercalações do poema e da narração da fic, vou colocá-lo abaixo.
 
I am silver and exact. I have no preconceptions.
(Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Whatever I see, I swallow immediately.

(Tudo o que vejo engulo no mesmo momento
Just as it is, unmisted by love or dislike
(Do jeito que é, sem manchas de amor ou desprezo.
I am not cruel, only truthful
(Não sou cruel, apenas verdadeiro
The eye of a little god, four-cornered.
(O olho de um pequeno deus, com quatro cantos.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
(O tempo todo medito do outro lado da parede.
It is pink, with speckles.
I have looked at it so long
(Cor-de-rosa, malhada. Há tanto tempo olho para ele
I think it is a part of my heart.
But it flickers.
(Que acho que faz parte do meu coração. Mas ele falha.
Faces and darkness separate us over and over.
(Escuridão e faces nos separam mais e mais.
Now I am a lake.
A woman bends over me.
(Sou um lago, agora. Uma mulher se debruça sobre mim,
Searching my reaches for what she really is.
(Buscando em minhas margens sua imagem verdadeira.)

Then she turns to those liars, the candles or the moon.
(Então olha aquelas mentirosas, as velas ou a lua.)
I see her back, and reflect it faithfully
(Vejo suas costas, e a reflito fielmente.)
She rewards me with tears and an agitation of hands.
(Me retribui com lágrimas e acenos.)
I am important to her. She comes and goes.
(Sou importante para ela.
Ela vai e vem.)
Each morning it is her face that replaces the darkness.
(A cada manhã seu rosto repõe a escuridão.)
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
(Ela afogou uma menina em mim, e em mim uma velha)
Rises toward her day after day, like a terrible fish.

(Emerge em sua direção, dia a dia, como um peixe terrível.)


Infelizmente dessa vez eu não tenho prévias, até porque eu nem comecei o next cap. Mas prometo não demorar.

Quanto aos coments...

Lúh. C. P. – realmente, as cenas foram lindas *metida* ouhshsuhs, não sei onde eu arranjei tanta inspiração, de repente eu estava na frente do PC, tentando escrever alguma coisa e saiu aquelas cenas. Mas falando sério agora, muito obrigada, é tão bom receber elogios, quer dizer que eu estou escrevendo bem a fic e que vocês estão gostando da história, por isso eu peço coments, para saber o que vocês leitores pensam, elogie, sugestione, critique, mas dê sua opinião. Hsushusuhs eu má? Suhsuhs você não viu nada ainda, só tende a piorar.

Karla Dumbledore – E vou assistir, quando tiver tempo, não se preocupe, um dia a gente ainda vai ficar conversando de House, comentando sobre os episódios. Se eu não me engano minha amiga disse que esse episódio (HouseXDeus) é muito engraçado, vcs duas estão me deixando curiosa, quero assistir... Nossa, vc não sabe o quanto me ajudou, essas frases eram exatamente o que eu estava procurando, por incrível que pareça, elas se encaixam certinho nas ideias que eu tive. Muito obrigada. Ah, os seriados que eu assisto? Atualmente One tree Hill, Skins e estou começando Gossip Girl. E planejando assistir Supernatural. Já viu, né? Nem tenho tempo de assistir mais nada, por enquanto.    
        

Quem quiser entrar em contato comigo, ou mandar alguma mensagem ou simplesmente quiser conversar, me adicione no MSN ou me sigam no twitter.



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Gabi Ravenclaw


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