27 maio, 2010

Cap. 15 – Goodbye


Cap. 15 – Goodbye

As horas passam, o tempo voa, mas ninguém nunca consegue apagar ações e momentos, principalmente os indesejáveis. É como dizem, existem três coisas que não se pode voltar atrás: a pedra lançada, a flecha arremessada e a palavra dita.
Quantas vezes dizemos aquilo que não deveríamos? Quantas pedras lançamos em alguém sem nem ao menos olharmos para nossas próprias ações? E principalmente, em quantos corações disparamos a flecha dolorosa do amor?
Não há volta. E descobrimos isso, às vezes, tarde demais.

A manhã estava cinzenta e pouco convidativa para algum passeio. No entanto Hermione acordou bem naquele dia, dessa vez não tivera sonho algum, sinal que sua magia não a dominava como antes. A garota levantou-se sentindo um leve frio em seu corpo. Fitou a janela e percebeu o quanto era bela e mágica a neve nos terrenos de Hogwarts. Mas ainda sim, era uma beleza reprimida, daquelas que só vendo atentamente, é capaz de revelar suas magias secretas.
Hermione seguiu então para o banheiro das garotas. Despiu-se e deixou a água quente deslizar seu corpo com calma, como há tempos não fazia. Ela não tinha presa alguma. E imaginou as tantas coisas que acontecera nos últimos meses. Ficara trancada com Draco Malfoy no expresso e nunca descobrira como aquilo foi acontecer. Ficara em detenção com ele e não conseguia esquecer as palavras que trocaram naquela época. Beijaram-se com paixão, como ela nunca fizera antes. Desejou-o com tanta vontade que nem ao menos percebia o quão viciada nele estava. Mesmo ignorando aquele sentimento, Draco a aprisionou em suas mãos. Levou-a até o mar das carícias e desejos, guiou-a para o amor. Mas mesmo assim, algo dentro nela não a deixara entregar-se completamente para ele. Chances não faltaram, muito menos vontade, mas um medo estúpido não a deixava agir quando ele a tocava. Imaginou como seria passar a noite com Draco. Seus dedos pálidos percorrendo seu corpo com volúpia. Sua boca sugando sua pele com desejo. O prazer a envolvendo.
No entanto, aquele amor era perigoso, e por vezes, impossível. Enganavam-se quando pensavam que poderiam levá-lo adiante. E, então, ela sentiu algo contorcer seu corpo, uma sensação fria a envolvia, contrária à água quente. Era uma sensação de que nada poderia dar certo, de que algo ruim iria acontecer.
Desligou o chuveiro e enrolou-se em uma toalha, não deixaria nada acontecer. Não poderia deixar.
Colocou seu uniforme com calma e seguiu até a biblioteca.
Nos dias que seguiram a revelação de que ela era a guardiã da pedra, ela e Lucy começaram a encontrar-se cedo na biblioteca, não só porque o lugar ficava quase vazio naquele horário, mas também porque Draco não as encontraria lá.
A garota andava despreocupada pelo corredor frio quando, sem perceber, esbarrara em Anthony.
–Que escola pequena, Granger… Toda hora a gente se esbarra em um canto. – disse irônico – Vai ver a Lucy?
–Sim… – Hermione respondeu e percebeu que ele começou a andar na mesma direção que ela. – Perdeu alguma coisa?
–Não… só acho que você e a sonserina invocada fizeram o mesmo curso: “Como tratar mal Anthony Wolhein”
Hermione deu de ombros e percebeu o quanto o garoto era inoportuno. Sempre tinha algum comentário a fazer. Isso a irritava, mas não ia brigar com ele. Não agora. De repente algo passou por sua mente. Toda manhã ele ia à biblioteca. Todo dia ele provocava Lucy, não importava por qual maneira, mas a irritada. E então compreendeu.
–Você gosta dela – disse sorrindo.
–Como é que é? – ele perguntou fitando-a surpreso. – Lucy? – questionou e viu a garota assentir – Por Merlin! Somos só...
–Amigos? Acho que não. Ela não te suporta. – Hermione disse e viu Tony fechar a cara.
Hermione entrou na biblioteca com Anthony em seu encalço. Ele foi o primeiro a achar Lucy, mas manteve-se atrás da grifinória. Não tinha certeza se o que estava fazendo era certo, mas estava gostando daquilo. Fora então que parara. Desde quando se tornara tão suscetível a uma garota? Elas o procuravam. Elas o seguiam. Ele nunca precisava correr atrás de nenhuma. E Lucy estava completamente fora da regra. Ela parecia desprezá-lo. Mas como seria se ele a ignorasse? Se parecesse não ligar mais para ela? Será que assim Lucy perceberia que ele estava cansado dos joguinhos dela? Fora então que ele teve uma ideia. Sorriu, já sabendo o quanto divertido seria. De agora em diante, pouco se importaria com a sonserina. Ela seria como as outras. E ele a conquistaria como se fosse qualquer uma. Só não sabia o quão perigoso aquele jogo seria.   

Quando se segue para o caminho dos jogos, pode não haver volta também. Uma jogada mal feita causa estragos desagradáveis e conseqüências inoportunas. A menos que o Xeque esteja garantido, o jogo é perigoso, para ambos os lados. Pois ainda que a artilharia seja de primeira, nunca se sabe a estratégia do adversário, e muito menos, se ele é um bom jogador ou não.

Anthony sentou-se do lado de Hermione e viu Lucy arquear a sobrancelha como se estivesse perguntando o que ele estava fazendo ali. No entanto ele nada respondeu, apenas a fitou divertido e a garota não deu impressão nenhuma de que iria contestá-lo, mas o ignorou completamente.
–Granger, como vai seus sonhos?
–Eu não sonhei nada esta noite. – respondeu fitando as íris amendoadas da outra.
–Algum pressentimento? – Lucy voltou a perguntar, como se fosse uma detetive ou médica.
Hermione, então, omitiu o ocorrido de minutos antes. Não iria dizer à Lucy, não era necessário. Era só uma sensação idiota de uma medrosa como ela. Não precisava dizer. 
–Não vi, nem senti nada. – dissera por fim e vira Lucy sentar-se mais à vontade na cadeira.
Hermione só se esqueceu de que Lucy poderia ler sua mente.

É incrível a capacidade humana. O falso pressentimento de poder. A sensação maravilhosa de que nada lhe pode ser negado e, principalmente, de que ninguém pode lhe atingir.     

Lucy tateou a mesa em busca de algo. Não sabia por que, mas Hermione mentia para ela. Pois bem, que ela lhe ocultasse informações. Aquilo tudo era de interesse dela própria, não da sonserina. Por hora. Lucy pegou então, um livro antigo e de capa de couro, com um estranho símbolo na capa avermelhada. Entregou-o à Hermione.
–Leia-o com atenção, e não o perca! Tem muitas informações sobre a pedra nele, não seria bom se caísse em mãos erradas. – disse e suspirou irritada, tudo saía completamente ao avesso do que planejava. – Escute outra coisa. Essa magia vai te dominar, assim como te dominou naquela droga de floresta! E sabe o que vai acontecer? Você vai ficar completamente descontrolada. Poderá machucar qualquer um, independentemente de quem seja. Só por estar em seu caminho, alguém poderá morrer, então me diga Granger. Você quer que isso aconteça?
Lucy falara tudo com desprezo, e mesmo que controlasse o volume de sua voz por estarem na biblioteca, sua voz saíra mais ameaçadora do que se tivesse gritado. E Anthony percebeu o quanto ela era parecida com certa pessoa. O mesmo jeito de falar. O mesmo jeito de tratar alguém inferior. O mesmo jeito sonserino de ser. E percebeu que ela até poderia ser filha de um comensal. E se eventualmente servisse o Lord das Trevas, seria sua melhor combatente. “Mas o que estou pensado? Ela não faria isso! Não mesmo!” Tony disse a si mesmo, repreendendo-se.
Hermione a fitava com medo, nunca imaginara o quanto difícil seria controlar aquele poder. “Parecia ser tão fácil...”
–MAS NÃO É FÁCIL! – Lucy gritou ao ler a mente da outra e arrependeu-se ao ver os olhares dos poucos alunos que estavam ali – Droga! – dissera e abaixou a cabeça. – O que eu quero dizer é que você quase nos matou lá...
–Mas você que me provocou!
–Acorda Granger! Eu fiz aquilo exatamente para te descontrolar!
–Então porque está brigando comigo?
–Quer mesmo saber? – perguntou e Hermione assentiu não sabendo o que fazer para a outra parar de brigar com ela. – então me siga.
Lucy juntou suas coisas e recolocou os livros na estante, saindo do local com Hermione e Anthony em seu encalço. Mas antes que pudessem andar muito, a loira abriu uma porta e entrou. Os dois a seguiram. Hermione olhou para Lucy, como se estivesse perguntando por que exatamente fora chamada até ali. O olhar da loira continha raiva, mas mais do que isso, continha certo desprezo.
–O que você faria se a guerra fosse amanhã? – perguntou simplesmente.
Hermione fora pega de surpresa, nunca imaginou a guerra sendo tão perto, sempre pensou que seria em algum tempo distante, em que estivesse já formada e com conhecimento suficiente para ajudar Harry a vencer.
Harry... já fazia semanas que não falava com o moreno, mas ele estava errado, completamente errado.
–Vamos Granger, pense direito. Ele não estava totalmente errado. – disse sorrindo com desprezo ao acompanhar a linha de raciocínio dela. – Ele só finalmente percebeu o quanto é perigoso ser o escolhido, o-menino-que-sobreviveu. Ele está cansado disso tudo e quer dar um fim em Voldemort, mas sabe que não vai conseguir. Não se for apenas um garoto de dezesseis anos. Uma sombra de Dumbledore. Ele quer afastar seus amigos de si próprio.
–Ele mesmo disse que não precisa de mim!
–Lucy... – Anthony a chamara, mas a loira o ignorou.
E quem precisaria de uma garota mimada, descontroloda e idiota como você? – Lucy dissera e viu ódio nos olhos de Hermione – Acorda para a vida! Estando com o Draco você nunca vai ter a amizade do Potter. E estando com o Potter você nunca vai ter o Draco. É lógica! E eles estão sendo mais espertos que você!
–O que quer dizer com isso?
–Lucy... – o garoto tentara de novo chamar a atenção dela.
–Agora não, Wolhein, e quanto a você, Granger, não se preocupe, você vai descobrir logo, logo. – a loira dissera divertida, como se saboreasse o fato de saber mais do que a castanha – e voltando ao assunto em questão... ‘por que estou brigando com você?’. É o seguinte. Sabe o que é ter uma pessoa irresponsável, com o futuro de todos na mão? Sabe o que é ver alguém não dar a mínima para o poder que tem? Eu sei o que é isso. Chama-se Hermione Granger.
–Não pode dizer isso. Eu estou controlando meu poder.
–Lucy!
–CACA A BOCA WOLHEIN!! – ela gritou virando-se para ele e finalmente vendo o livro que ele segurava brilhar.
–Se você está controlando seu poder, então porque diabos aquele livro idiota está brilhando? – Lucy perguntou apontando o livro que Anthony estava nas mãos.
Hermione ficara sem fala, fitava o livro como se sua vida dependesse disso, seus olhos estavam desfocados, pareciam quase hipnotizados pela luz. Luz... ela queria ir na direção dela. Tão irresistível era...
Hermione pegou o livro das mãos de Anthony, não o olhou, simplesmente tirou-o de suas mãos, aquele era seu livro, não pertencia a mais ninguém. Folheou-o como se tivesse acabado de reencontrá-lo, ficou tanto tempo longe dela, mas a garota ainda lembrava-se de suas palavras, cada palavra, cada mancha causada pelo tempo. Mesmo que nunca o tivesse realmente visto ele em toda a sua vida. Era a sua magia que o reconhecia. E não seria diferente, era um livro milenar. Parou em uma página, passando seus dedos finos pela superfície do papel.
E de repente, ela teve consciência do lugar onde a pedra estava, e não precisava checar, sabia que ela estava segura. A menos que descobrissem sua localização.
–Granger...– uma voz chamara, mas a menina ignorou.
Hermione tinha os olhos em Lucy agora, a loira a olhava surpresa, sem o seu desprezo no olhar, por um instante vira hesitação na face dela, mas não se importava.
–Escolhas, perigos e armações em sua vida... Amigos a trairão, mas o remorso os perseguirá... Um amor indesejado acontecerá... O pássaro ficará engaiolado... A rosa regressará, cheia de espinhos, mas não vermelha, e sim negra, como as trevas. 
As palavras saíam da boca de Hermione causando certo assombro em Anthony, não só porque ele nunca vira a menina profetizar nada, mais também por estar se referindo à Lucy. No entanto, a própria menina a fitava com os olhos arregalados, não compreendendo absolutamente nada. Seus braços se arrepiaram como se sentisse frio. Pássaro engaiolado. O que isso queria dizer? Ela não sabia.
No outro instante, o encanto se rompeu, os olhos antes desfocados, ganharam brilho e Hermione tombou para frente, quase caindo no chão, se não fosse por Anthony, que a segurou.
–Lucy, me desculpe... eu não queria...
–Não fale nada, Granger – Lucy pedira seca, tentando esconder sua confusão por causa das palavras da outra menina – você não controla nem um pouco seus poderes.
Em seguida a loira saiu da sala, deixando uma Hermione transtornada e um Anthony confuso. O garoto olhou a castanha, ela parecia afetada pela visão, mas não tanto quanto Lucy. E ele teve certeza de que a menina entendeu algo daquelas palavras, ou achou que entendeu.
–Desculpe, Granger – ele começou a dizer saindo da sala – eu preciso... – continuou, mas a frase perdeu-se quando ele passou pelo portão, no entanto ele não precisava dizer mais nada, Hermione entendera perfeitamente que ele precisava cuidar de Lucy. 

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–Lucy! – Anthony a chamara – Lucy, espera! – dissera novamente ao ver que ela não o respondeu.
Lucy corria, e ele ia atrás, correndo também, mas mal a alcançando, ela atravessou os jardins da escola e caiu, machucando o joelho, mas não se importava. Só conseguia abraçar seu próprio corpo, sem tentar ao menos levantar-se. Lágrimas saiam de seus olhos amendoados, indo parar em seu paladar, salgadas e dolorosas. Ela não costumava chorar, mas aquilo era demais para ela, como uma faca pontiaguda cravando-se em seu coração ensanguentado, abrindo mais ainda a ferida.
Anthony a alcançou, assustando-se ao ver as lágrimas grossas dela, mas não hesitou em sentar-se ao lado dela no chão e abraçá-la.
Ela deixou sua cabeça ir até o ombro dele, não o repeliu, sabia que Anthony não queria seu mal, nem iria rir dela, ele era um amigo. Um amigo que ela ganhara por acaso, como Draco. Mas naquele momento sabia que nem o sonserino poderia consolá-la, pois estava com seus próprios problemas para resolver. Mas Anthony não. Ele estava ali por ela, e por ora os joguinhos dos dois seriam cessados.
–Me conta o que há de errado... – Tony pedira calmo, deixando suas palavras atingi-la.
Lucy deixou a angústia dominá-la, fazia tempo que não deixava isso acontecer.
–Eu não posso... – disse ainda chorando descontroladamente.
A garota controlada e seca de minutos antes se fora, agora só restava uma menina assustada.
–Sei o que está pensando – ela dissera – eu não posso dizer, mesmo.
Tony deixou seus olhos caírem no rosto manchado dela, sabia que ela tinha inúmeros segredos, mas nunca pensara que poderiam ser tão horríveis a ponto dela não confiar em ninguém. E no mesmo instante que pensara isso, ela respondeu a ele mais calma.
–O problema, Anthony, é que eu confio em você. E não quero causar mais problemas ainda por causa disso. – dissera limpando as lágrimas – se só de saber o que eu fiz com o Malfoy e a Granger você já se afastou de mim, imagina se soubesse de mais coisas...
–Então você admite que não quer que eu me afaste? – perguntara sorrindo, como se acabasse de ganhar algo.
Lucy olhou-o confusa, odiava se contradizer, não deveria ter dito aquilo, mas agora não tinha volta. Suas palavras ditas não voltariam.
–Wolhein... – tentara em vão explicar melhor o que dissera, mas não adiantava, ele não iria acreditar. – Não vamos ter essa conversa. – dissera por fim.
Lucy afastou-se, deixando-o para trás, mas ele acompanhou-a. O sorriso dele estava maior, como se fosse uma criancinha que acabara de ganhar um doce. A menina fitou-o e ele começou a rir.
–Pode parar – ela disse – Você está pensando tudo errado!
–Está lendo minha mente?
–Não! – ela admitiu.
–E como sabe o que penso? – perguntou mais divertido ainda.
–Simplesmente sei, é como se estivesse escrito na sua testa.
Ele suspirou derrotado, ela era teimosa demais para dar ouvidos a ele. Continuaram andando, até que ele puxou-a de volta pelo braço. Lembrando-se do que ela fizera com Hermione. O modo como a tratava, o jeito como suas palavras pareciam secas.
–Por que está fazendo isso com a Granger? – perguntou e viu as íris castanhas dela encarando-o surpresa.
Lucy abaixou seus olhos para o chão, como se não quisesse responder, ou talvez, sentisse vergonha do que fizera. Anthony, então, começou a seguir seu caminho, crente de que ela não iria respondê-lo, quando a resposta veio, quase sussurrada.
–Eu preciso fazê-la entender que o poder dela não é brincadeira... – quando Lucy começou a falar, o garoto virou-se para olhá-la, vendo uma sombra perpassar seus olhos. – Preciso fazê-la esquecer suas emoções para não deixar-se levar pela magia. Os sentimentos a fazem sonhar com o futuro, ver as coisas que acontecem, aconteceram ou acontecerão. Não a trato daquele modo por mal, mas sim para ajudá-la.
Lucy fitou-o, os olhos incrivelmente negros dele perdiam-se nela, fazendo-a arrepiar-se, e ela sabia que não era em razão do frio.
–Por que está me olhando assim?
Anthony desviou o olhar, visivelmente transtornado, no entanto lembrou-se de uma conversa que tivera há um tempo com alguém.
–Me promete uma coisa? – Anthony pediu e continuou – Me promete que não vai desistir de encontrar seu pai.
Lucy piscou certa de que ouvira errado. Logo ele propor isso a ela... Ele que mal falava com o próprio pai, e nem sequer via a mãe. A menina respirou cansada.
–Prometo, com uma condição, só se você prometer também que não vai desistir dos seus pais.
A sonserina pegou-o desprevenido, de guarda baixa, e nenhum dos dois conseguiu prometer nada ao outro. Ambos não admitiam o quão difícil era fazer aquela promessa.  

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Hermione saiu da aula de feitiços, naquele momento teria um tempo vago, portanto seguiu para o campo de quadribol, onde Draco deveria estar terminando o treino. Mas o que viu quando chegou ao campo, foi a maioria do time sonserino parado. E várias garotas ao redor. Hermione ficou vendo apenas de longe. Pansy se insinuava para Draco, provocando-o, mas ele, controlava-se pelo o que ela via, no entanto, estavam próximos demais e sorrindo mais do que deveriam. E isso não era só com Pansy, era com todas as garotas que estavam lá.      

“E estando com o Potter você nunca vai ter o Draco. É lógica! E eles estão sendo mais espertos que você!”

Lucy dissera aquilo, mas o que exatamente aquilo significava?

Harry estava com Gina. E Draco... estava cada vez mais distante dela. Como se não a quisesse mais. E aquela cena provava mais ainda sua teoria. “Não acredito que ele está me trocando!” pensou com raiva e saiu dali, voltando para o interior do castelo.
Andava sem rumo, sem uma direção definida, não via para onde estava indo, não via quem passava por ela. Eram todos sombras, figurantes de sua vida. Parou já cansada de somente andar e encostou-se na parede de um corredor.
Ela tinha um objetivo. Encontrar a maldita pedra. Não importava como, faria isso.
Teve um vislumbre de um castelo em meio a montanhas, “ou seriam rochas?” perguntou-se ainda tendo a visão. Lembrou-se de que a pedra podia mudar de forma. Poderia ser um rubi, uma esmeralda, um ônix. Uma pedra que fazia alusão à preciosidade. Seria por que o destino era importante? Incerto.

Hermione viu então uma garota loira. Ela tinha a face convertida em uma expressão de tortura, como se lutasse com algo doloroso dentro de si própria.  No entanto alguém a ajudava, um garoto também loiro e com incríveis olhos castanhos. Olhos tão parecidos com o de Lucy.     
–Hermione... – Draco a chamou.
Sua voz estava distante, ele ia em direção a ela, passo a passo. Ao aproximar-se dela, viu o quanto ela estava estranha. Os olhos machucados o fitaram, acusadores.
–Como foi o treino, Draco? – perguntou provando-o.
Draco sabia que ela o vira a pouco no campo, sabia que a magoara. Mas tinha que ser falso.
–Foi ótimo, acho que vai ser fácil ganhar esse ano. – respondeu sorrindo e inclinou-se para beijá-la, no entanto ela arrastou sua face da dele, puxando-o pela mão.
–Só mais cinco dias e vamos estar em casa... – Hermione comentou sem dar importância para o que acabara de fazer – Acha que o baile de inverno vai ser como o último que teve?
Draco fitou uma das janelas, começara a nevar novamente. As lembranças deles na floresta e os comensais o aterrorizou. Desejou intimamente que não houvesse nenhum problema durante o baile, mas sabia perfeitamente que não seria uma noite feliz.
–Vai ser um ótimo baile. – sussurrou, iludindo a si próprio.

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Gina estava terminando seu dever de poções na sala comunal quando Harry aproximou-se dela.
–Ah... olá projeto de amigo. – disse sarcástica e com raiva do namorado.
–O que eu fiz? – ele perguntou na defensiva.
–Sabe exatamente o que fez, Potter. – a ruiva falou com desprezo e parou de escrever com a pena, resolvendo por olhá-lo diretamente. – Finalmente eu descobri o motivo da Hermione estar te evitando. Por Deus! Não acredito no que você fez!
–O que eu fiz? – ele perguntou ainda não entendendo.
–Você destruiu a amizade de vocês, Sr. Escolhido.
Gina começou a recolher seu material, não se importando em ver a expressão de Harry.
–Eu só disse que não queria a ajuda dela, eu estava de cabeça quente. Brigaria com qualquer um que aparecesse na minha frente. Foi por esse motivo que eu te deixei no Três Vassouras. Eu não queria descontrolar em ninguém a minha raiva.
–Mas descontrolou na única que tem te ajudado todos esses anos. Na sua melhor amiga! – a garota disse fazendo Harry encolher-se de vergonha – E quer saber? Eu te renego como namorado também!
Ela mal dissera isso e fora impedida por ele de afastar-se.
–Gina, eu estou tentando me desculpar com ela, sei que estava errado, mas ela não me ouve. O Rony está com raiva de mim, mal me olha nacara, não se afaste de mim também. – as palavras dele a desarmaram.
–Sugiro que a encontre e se explique, logo. – ela dissera.
Em seguida Gina subiu a escada para seu dormitório, deixando Harry sozinho com seu arrependimento. Só tinha uma coisa em mente: Encontrar Hermione.

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–Você é tão burro como parece, Malfoy? – a loira perguntou para o garoto sentando à sua frente. – não acredito no que está fazendo. Você vai destruí-la assim.
Draco fitou as chamas esverdeadas na lareira. Não estava destruindo Hermione com seu joguinho. Estava se autodestruindo.
–Você começou isso. Você me instigou a namorá-la.
–Por favor, sabemos muito bem a verdade. E não é exatamente essa. Eu dei só um empurrãozinho.
O sonserino a fitou com ódio. Tinha raiva da habilidade de Lucy, era como se nenhum segredo estivesse seguro perto dela e, de fato, não estava.
–Me conte algo sobre você Lucy, um segredo.
A loira olhou-o com curiosidade, era óbvio que não ia contar nada a ele. Ou por não poder, ou por não se lembrar de nada que a não complicasse.
–Não tenho segredos, Draco.
O loiro arqueou a sobrancelha. Era óbvio que ela tinha, mas não admitiria. De repente, teve uma ideia.
–Vamos brincar um pouco. – dissera pegando um pergaminho limpo, uma pena e sua varinha.
–Voltou à infância? – Lucy falou irônica.
–Cala a boca. – ele dissera brincando – pegue o diário da sua mãe.
Lucy estreitou os olhos, sem entender, mas subiu para seu dormitório. Quando voltou, percebeu que só Draco estava ali, todos já haviam ido dormir. O pergaminho estava no chão, e agora, um pequeno caldeirão estava perto de Draco.
–O que pretende com isso?
–Você vai ver. – ele dissera colocando alguns ingredientes no caldeirão, deixando-os ferver. – Sente-se de frente para mim.
Lucy obedeceu, trazendo consigo o diário. Observou quando ele acrescentou uma pedra negra na poção e transfigurou duas velas. Acendeu-as em seguida, deixando-as uma de cada lado do caldeirão. Logo, a poção adquiriu um tom vermelho, como sangue ou como o fogo que ardia nas velas.
Em seguida Draco pegou uma faquinha de prata e cortou o próprio dedo, fazendo o sangue pingar no pergaminho.
–Me dê sua mão. – pediu para Lucy.
–Não até me dizer o que pretende. – a loira disse sem se afetar com a impaciência dele, não querendo oferecer seu sangue antes de saber o que ele queria com isso.
–Quero saber umas coisas.
Isso não adiantou para ela, que permaneceu sem alterar-se à espera de uma resposta plausível.
–Ok. Quero descobrir como será nosso futuro, não vou conseguir ver muito, só coisas simples, não tenho poder suficiente para realizar essa magia de uma forma completa.
–Não quero que você saiba o que acontecerá.
Lucy desviou os olhos, dissera sabendo que aquilo deixaria Draco confuso, e como preveu, o loiro a contestou pelo olhar. Mas ainda assim, nada disse a ele.
Agora até Draco estava querendo saber o futuro. Lucy tinha medo do que ele poderia ver. E se descobrisse sobre Hermione e a pedra? E se visse que não teria chances com a grifinória? E se fosse morto por estar do lado das trevas?
–Tudo bem. Eu faço tudo sozinho. – ele dissera, mas no último minuto, Lucy também cortou seu dedo, deixando o sangue escorrer no pergaminho.
O vermelho contrastando no amarelo desbotado. Pingos sem formas definidas. Draco tocou o pergaminho com a ponta da varinha e os borrões, formaram dois nomes. Draco Malfoy e Lucy Moore. E em baixo dos nomes, uma data. 1997.

Depois disso, Draco rasgou-o em várias partes. Jogando-os em seguida, no caldeirão. Uma fumaça azulada envolveu a sala, deixando um cheiro acre na sala e que os impediu de verem o ambiente sonserino. Por entre a fumaça viram cenas. Eram eles próprios, mas pareciam não se reconhecer.

–Repita o que eu falar. – Draco sussurrou para Lucy e começou a falar feitiços em uma língua estranha, mas a garota ainda assim, repetiu as palavras dele.

Um brilho verde difuso irrompeu e Lucy ao sentir que era puxada para outra dimensão, encontrou os dedos de Draco e os segurou com força, quando dera por si, estava em uma espécie de torre.
O céu estava escuro, com uma lua solitária brilhando. O frio dominava o lugar, assim como a escuridão. Só havia pequenos archotes acesos. Figuras desconhecidas e com capuz estavam no local. Eles usavam máscaras, escondendo suas faces.
Draco olhara para um ponto da torre reconhecendo a si próprio, mas com uma postura muito mais fria. Um olhar perturbado. Só conseguira desviar seus olhos quando ouvira um gemido fraco, um choro gutural. Olhou para trás, bem onde seu eu do futuro olhava e encontrou um par de olhos familiares.
Uma explosão no andar de baixo foi ouvida, mas Draco não desviou seus olhos daquela visão. Ela estava diferente. Chorava. Mas não demonstrava medo. Pelo contrário, parecia resignada por vê-lo ameaçá-la com uma varinha. Por vê-lo com seguidores das trevas.
–Me mate, Draco. – Hermione dissera em desafio, dividindo seu olhar para Draco e para os outros na torre.
Draco quis ver o que aconteceria, mas a mesma força que o puxou para a visão, o levou para outro lugar completamente diferente. Os dedos de Lucy ainda estavam entrelaçados nos dele, como de tivesse medo de perder-se naquele mundo de visões.
A bruma ao redor deles se dissolveu, deixando agora o ambiente dos Três Vassouras à vista. Uma garota de longos cabelos loiros sentada em uma mesinha no canto chamara sua atenção.
A mudança de atmosfera deixou Draco desnorteado. Estar naquela torre e depois no bar era mais do que estranho, mas aproximou-se da Lucy do futuro e percebeu o quanto ela também estava diferente. Notou também que ela olhava atentamente para dois cantos do lugar, ora para um, ora para outro. Hermione de um lado, e Draco do outro.
Isso não passou despercebido nem por Draco, nem pela própria Lucy ao lado dele.
–Se eu não conseguir dessa vez... Desisto. – ela murmurara e olhara para longe, depois buscou algo dentro da bolsa.
Draco não entendera nada e aproximou-se mais, ela não poderia vê-lo e assim, ele conseguiu ver o que tanto ela procurava. Era um papel visivelmente amassado. Tentou ler, mas Lucy deixou-o dobrado, levantando-se em seguida de onde estava e seguindo na direção de Hermione. Draco ficou à espreita dela, e se surpreendeu ao ver a grifinória. Era a mesma de sempre, mas com um olhar indiferente, quase que machucado. Um olhar que não gostou de ver.
–Faça isso parar, Hermione – Lucy sussurrou para a outra – Já passou da hora de vocês dois decidirem o que vai ser. Essa guerrinha amorosa é ridícula.
–Ele me provoca – a castanha dissera seca e estreitando os olhos – Não posso fazer nada quanto a isso.
Lucy respirou fundo, era lógico que poderia, mas nenhum desistia daquele joguinho. Odiavam-se e amavam-se, ou pelo menos fingiam muito bem.
–É claro que pode – dissera colocando na mão dela o papel que trouxera. – E sabe disso perfeitamente. – sussurrara – Agora faça sua escolha. Você o quer ou não?

A pergunta ficara no ar, pois segundos depois de Draco ver o olhar hesitante de Hermione, ele tivera a visão bloqueada por uma névoa, seguindo que era puxado para outra dimensão e depois e que vira fora a sala comunal da sonserina. Impecável. Deserta a não ser por Lucy que o olhava com uma mistura de surpresa e hesitação.
–Draco... – ela começara – ver o futuro não foi uma boa ideia.
–Eu percebi, Lucy – respondera irritado tentando compreender o que vira.
Era óbvio que nunca ameaçaria Hermione de morte, não conseguiria nunca. Talvez ela representasse uma ameaça aos planos do Lorde das Trevas, que a preferiria morta. Talvez ela estivesse na torre por causa dele, por teimosia, pela maldita coragem grifinória.
–Draco! – Lucy gritara agarrando a frente das vestes dele, obrigando-o a olhá-la. – Não adianta você fazer isso, não vai dar em nada. O futuro é incerto, talvez não aconteça. Não faz bem martirizar-se com algo que nem sequer aconteceu.
–Os feitiços que eu usei, junto com a poção, são para um futuro certo. – Draco dissera sem ter coragem de encará-la. – Algumas coisas têm que acontecer. É o destino, sina, karma. Escolha o nome que quiser, Lucy, mas aquilo, será real, e ainda por cima, ocorrerá em 1997, ano que vem.
Lucy soltou-o, tentando entender tudo o que ele dissera. Não poderia ser verdade. Todos têm escolhas.
–Essa poção mostra coisas que acontecerão que tem importância. Que afetarão drasticamente no futuro. Só não entendo o motivo de ter mostrado você e Hermione no Três Vassouras. Aquilo não era importante. – Draco murmurou.
Lucy fitou-o procurando algo em sua expressão. Algo que o denunciasse, que mostrasse que ele realmente não sabia a resposta do que acabara de falar. Só então percebeu que ele não sabia mesmo.

Tem pessoas que ignoram a verdade. O óbvio que, às vezes, está tão perto é deixado de lado. Como fazer para vê-lo? Simples. Arriscar-se. Procurar a verdade. Pena que alguns não desejam fazê-lo.

­­­–Por que pediu o diário? – Lucy perguntara segundos depois.
–Há duas poções desse tipo Lucy. – Draco dissera – A Futurus. Que fizemos agora e a Antidea, que vamos fazer agora.
–O que essa faz?
–Vamos para o passado. – falara sorrindo.
Lucy incomodou-se com isso. Não era possível existir tais poções, tão acessíveis, tão fáceis de se executar. A menos que Draco estivesse omitindo algo.
–De onde tirou essas poções?
Draco pareceu não tê-la ouvido e continuou a preparar a nova a poção, depois de ter limpado o caldeirão. Lucy percebeu que ele colocara um líquido pronto. Acrescentando algumas ervas e ingredientes.
–Draco... – ela insistira e tentara ler o pensamentos dele, achando facilmente a resposta. – São proibidos. – sussurrou deixando a realidade penetrá-la.
–Não exatamente – ele emendou – são desconhecidos. O ministério não tem ideia de que exista essas poções. – dissera e vira o olhar interrogador dela. – Levam-se meses para fazer uma poção dessas. Se for bem executada, os resultados são corretos, mas se errar um pouco, não funciona. Poucos conseguem fazê-la.
–Feitiços e poções desconhecidas são proibidas, Draco. Eu ainda vou acabar em Azkaban... – ela resmungara – Mas onde a achou?
–Em um livro. A magia da clarividência. É óbvio que não serve só para videntes, mas para qualquer um com um poder razoável. – Draco falara cortando uma raízes e levando ao caldeirão. – Também exige muito poder. E desgasta fisicamente.
Draco pegara o diário, todas as páginas amarelas, sem nada escrito.
–Posso rasgar? – Draco perguntara, e tendo o consentimento da loira o rasgou.
Assim como minutos atrás, ele deixou seu próprio sangue pingar e nem teve que esperar que Lucy fizesse o mesmo, pois o fizera sem reclamar.
Tocou a varinha no papel e viu palavras formarem. Melanie Moore. 1978.
Draco sabia que o nome da mãe de Lucy era aquele, mas surpreendeu-se quando a própria Lucy também tocou a varinha no papel e fez aparecer outro nome. Charlie Steiner.
Draco só não se lembrava porque aquele nome lhe parecia tão familiar.
Ao repetirem novos feitiços como da primeira vez, viram a sala ser mergulhada em brumas e depois sentiam outro ambiente surgir.
A única coisa que não poderiam prever era que o feitiço dera errado.

:::  :::
            
–Hermione, me ouve, por favor – Harry pediu ao ver a garota entrar pelo quadro da mulher-gorda e se dirigir para o dormitório. – Hermione!
–Me deixa, Potter. – ela dissera estressada com a perseguição dele.
O garoto, sem saber o que fazer, segurou-a pela mão, não querendo que ela o ignorasse mais ainda.
–Vou contar até três. Me solta ou te azaro. – ela dissera entre dentes.
Harry ia soltar, sabia que seria inútil discutir com ela, mas precisava se desculpar.
–Me desculpe, Hermione... – sussurrou ainda impedindo-a de ir embora – Fui um idiota, completo estúpido, imaturo...
–E será um homem morto se não me soltar agora – ela dissera sem se importar.
Harry fitou-a, aquela Hermione era nova, não a conhecia e percebeu a acidez da voz dela. E o quanto lembrava Malfoy. Soltou-a e em seguida viu-a se dirigir até a escada para o dormitório.
–Nunca pensei que isso fosse acontecer – Harry dissera, fazendo Hermione parar no segundo degrau, mas ela ainda assim, não se virou. – Você está cada vez mais ficando parecida com ele.
Isso a atingiu. O que Harry queria dizer? Não perguntou. Apenas continuou seu caminho.

Chegou ao quarto e deixou-se cair na cama. Mais quatro dias e estaria em casa. Parecia ter passado um século desde que vira seus pais.
Sentia-se cansada, não sabendo ao certo se era porque estava com sono ou por que algo a afligia. Aquela mesma sensação de perda que sentia na manhã ainda a dominava.
Resolveu permanecer na cama, aproveitando aquele conforto. E penetrou em seus sonhos. Como se fosse uma válvula de escape do mundo. Era isso que ela desejava.

:::  :::

Draco sentiu o chão abaixo de si e percebeu que estava caído, como se tivesse desmaiado. Abriu os olhos e viu que estava na plataforma 9 ¾. Mas o que estaria fazendo ali? Procurou Lucy, mas não a vira em lugar algum. O fluxo de pessoas aumentava. Um homem loiro estava parado ao lado de Draco de forma impaciente, mirando o relógio a cada minuto, e por isso também Draco olhou um relógio na parede e calculou que aquele era o horário que o trem chegava à plataforma, mal percebeu isso e avistou o expresso de Hogwarts.
Vários alunos desembarcaram, mas uma garota destacou-se na multidão, parando à frente do estranho ao lado de Draco. Ela sorriu misteriosa e o sonserino percebeu que já conhecia aquele sorriso.
–Que surpresa, Steiner. Não te esperava aqui – ela disse divertida e abraçou o homem.
Draco ouviu atentamente o que ela dissera. Steiner. Esse era o nome que Lucy escrevera no pergaminho. Eles eram os pais dela.
–Senti sua falta. – ele falara depositando um demorado beijo nos lábios dela. – Tem sido tão difícil aqui fora. Sem você.
–Bom... Agora estou aqui. – ela sussurrara e deixou seus olhos caírem no chão, pensativa – Sabe, Chuck, foi estranho deixar Hogwarts, arrumar minha mala, sabendo que eu não voltaria.
Charles olhou-a, sabia como era aquela sensação. Deixara a escola há dois anos e estar no mundo real era mais difícil do que imaginara.
–Eu sei como é.
Mal falara isso e avistou atrás de Melanie um grupo de estudantes. Quatro jovens. Amigos. Um com o cabelo despenteado. Tiago Potter. O outro com uma postura, um olhar que só um Black tinha. Sirius. Este conversava com outro, a aparência cansada, mas um sorriso gentil. Remo Lupin. Já o último era mais gordinho que os outros, parecendo um rato, à sombra de Tiago. Pedro Pettigrew.
Charles olhava-os, aquele grupo sempre o impressionou e sabia internamente que sempre se lembraria dos marotos. Cada pensamento, cada lembrança deles, o fazia admirá-los. Tinham laços de amizade. Laços que poderiam ser eternos. Ajudavam-se, mantinham os segredos do outro.
Olhou então para Melanie, ela tinha o olhar desfocado. Prometera não ler a mente dela e cumpriria isso. Sabia que era uma visão, mas não tinha o direito de acessá-la.
Ela fitou-o. O semblante sério, o olhar contestador.
–Quando ia me contar sobre você e suas escolhas? – perguntou. – Por que fez isso?
Ela soubera na visão. Tanto trabalho para ocultar a verdade dela e um cinco minutos ela adivinha. Charles suspirou cansado. Pegou na mão dela e levou-a para fora da estação. Minutos depois estavam em um pub.
Draco os seguira, não querendo perder aquela visão do passado.
–Não sirvo ao Lorde por considerá-lo um modelo a ser seguido. Um líder a quem devo fidelidade. Não. Eu o sigo para conseguir informações. – ele dissera – e você ficaria impressionada se eu lhe dissesse algumas coisas.
–Como o quê? – Melanie perguntara.
–Sabe o Snape, amigo da Evans? – ele perguntou no que ela afirmara – ele vem passando informações sobre Hogwarts para o Lorde. Agora que terminou o sétimo ano, aposto que logo estará no círculo de comensais.
Draco percebeu que ela o olhava atenta, talvez até com curiosidade, talvez querendo perguntar algo.
–Até onde você iria nisso? Que ordens dele você atenderia?
Charles desviou o olhar. Já perguntara aquilo para si mesmo. Várias vezes. A verdade era que não sabia.
–Você mataria? – ela perguntou, mas não obteve resposta – Faria mal às pessoas? Ou melhor, aos sangue-ruins?
–Claro que não! Quer dizer... Eu nunca te machucaria – ele falara.
–Eu não devo ser tratada diferente dos outros nascidos trouxas. Se os ferirá, por que não a mim? Sou igual a eles, Chuck.
–Não. Você não é. Você é a herdeira do destino. O ponto de equilíbrio entre o passado e o futuro. Você é importante.
Draco se engasgou. Acabara de ouvir que a mãe de Lucy era a guardiã da pedra. Ou herdeira do destino, como ele dissera.
Lucy deveria saber disso. E escondeu essa informação dele por tanto tempo. Deixando-o à mercê de suas pesquisas que não mostravam absolutamente nada. Mas por que ela fizera isso?

Mas ninguém o responderia naquele momento, pois fora puxado por uma força invisível, sendo jogado no chão do salão comunal, com Lucy a uma pequena distância dele.
Ambos fitaram-se. Um tentando encontrar algo na face do outro. Não. Draco não diria a ela que sabia quem era sua mãe. Nem Lucy iria comentar o que vira em sua visão.
Permaneceriam como se não tivessem visto nada.
Ou pelo menos, foi o que pensaram.
–Eu preciso ir dormir – Lucy sussurrou levantando-se recolhendo o diário. – Boa noite.
Draco viu-a subir a escada para o dormitório, desejando-lhe outro boa noite, mas continuou sentado no chão frio.
Quando mais pedia para o destino ser de um jeito, este se mostrava diferente do que desejava. Pedira tanto para não ter que continuar a investigar sobre a pedra... e agora isso lhe surgia.
A única coisa que poderia fazer era continuar sua missão.
    
:::  :::

Anthony fitou a porta de madeira. O sol estava fraco do lado de fora, deixando pequenos raios entrarem no castelo. Iluminando-o.
Não precisava estar ali. Mas sabia que queria. Bateu fraco na porta e ouviu um “entre”. Obedeceu. Ao entrar na sala encontrou o professor arrumando uma pequena mala, colocando seus pertences dentro dela, sem preocupar-se em organizá-los.
–O que quer Sr. Wolhein? – o professor perguntou seco.
O jovem apenas continuou fitando-o. Olhava-o desafiador. Mas sua mente estava completamente vazia, o que intrigou Peter Woodsen. Havia algo errado.
–Se veio fazer alguma pergunta sobre...
–Não vim fazer nenhuma pergunta. – Tony cortou-o secamente, sentando-se numa cadeira que vira por perto. – Não preciso. Sei quem você é. E o que faz aqui não é da minha conta.
O tom dele fez o professor estranhá-lo mais ainda. Aquele não era o corvinal brincalhão que vira nas últimas semanas. Nem o jovem que entrara em sua sala outro dia. Era alguém diferente. Determinado.
–Só vim aqui te dar  um aviso... – Tony sussurrou – Não me importo se vai revelar meu segredo a todos. Pode acabar com minha vida. Não me importo, é o que vai acontecer cedo ou tarde.  E se você não assumir o que fez, eu vou dizer a todos. É muito fácil espalhar informações aqui em Hogwarts, como em qualquer outro lugar.
–Não pode me ameaçar. – o homem disse autoritário.
–Você começou. – o garoto dissera dando as costas para ele e voltando para a porta, saindo sem dar mais nenhuma atenção ao professor de duelos.  

:::  :::

 –Você tem mais uma chance. – Lucy dissera segurando sua varinha e olhando Hermione caída no chão. – ou você consegue desta vez, ou paramos por hoje.
A grifinória levantou-se determinada, já fazia horas que estavam ali na sala precisa treinando e não sairia dali antes de conseguir derrubar a sonserina.
–Vamos continuar. – dissera tentando pegar a loira desprevenida, mas só o que conseguiu foi receber outro feitiço.
–Não está se concentrando. Se só ficar atacando dessa forma, você nunca vai conseguir aumentar sua magia. Precisa liberar seu poder. Você é a guardiã, mas não precisa ater-se só às visões. Pode ser boa em duelos, em poções, em qualquer feitiço. Quase me matou esses dias com sua força, mas por que não liberar seu poder?
–Eu estava descontrolada. – Hermione sussurrou e deixou-se cair no chão, sentando-se desconsolada. – É difícil acordar todo dia no meio de um sonho, uma visão. É difícil mentir para o Draco quando ele me pergunta se estou bem. Porque não estou.
Lucy abaixou sua varinha. Por hora elas deveriam parar o treino. Hermione não estava nada bem para continuar.
–Vamos parar com os treinos. Depois das férias continuamos. – ela dissera sentando-se ao lado da grifinória.
As duas garotas não lembravam-se da última vez que conversaram educadamente, sem as típicas provocações. Ocorria agora à Lucy que não deveria agir assim com Hermione.
–Granger, você vai ser muito poderosa. – ela sussurrou. – O que fará quando estiver treinada?
–Vou ajudar o Harry a liquidar Voldemort. – Hermione dissera segundos depois de pensar no assunto. – E espero que ele não descubra tão cedo sobre minha magia.
–Ele não vai.
Lucy falara e sabia que não importava o que acontecesse, Voldemort não poderia descobrir a verdade.
Hermione olhou para a sonserina. Lucy era tão calculista. Sabia ser manipuladora. Fria. No entanto, tinha apenas quinze anos. E como lidar com a morte da mãe nessas condições? Como viver sem uma família?
E ainda, como exigir de Hermione um controle sobre uma magia que nunca desejou?
Hermione pensou nisso. Nunca pedira para ser a guardiã. Mas estava ali. Tentando controlá-la.
–Não queria que isso acontecesse... – a grifinória sussurrou – Não pedi por isso.
–Ninguém pede, Hermione. Apenas acontece. – Lucy disse fitando-a – eu também não pedi para ser legilimente.
–Mas você gosta de ler a mente das pessoas. Isso é diferente do meu problema.
–Pelo contrário. É o mesmo caso, acredite. Em menos de um ano, você vai estar seduzida por sua própria magia. Eu sei como é. O poder em suas mãos. Você o usa uma vez,  e quando vê, não vive sem ele. – a loira disse com o olhar desfocado.
–E por que usar essa magia? Eu não a quero.
–Você não precisa querer. Você simplesmente tem que controlá-la. Ou ela te controla. Não tem escolha.
–MAS VOCÊ TEVE! – Hermione gritou quase sucumbindo à ansiedade e às lágrimas que já não desejava.
–Quem disse? – Lucy perguntou arqueando as sobrancelhas de forma arrogante. – Não tive mesmo. Pense no que é ouvir vozes em sua cabeça. Sussurros. Sentimentos que não são seus. Palavras que você nunca proferiria. E imagine sentir isso desde os sete anos de idade!
Lucy viu Hermione encolher-se. Não deveria estar falando sobre sua vida para ela, mas já que pedira tanto, falaria.
–Imagine viver sem um pai. Apenas com uma mãe que esconde vários segredos de você. E pior, uma inominável. Imagine ter que aprender a controlar toda essa magia. E não é uma legilimência convencional. Isso é maior do que já vi. E às vezes eu penso no porquê de ser eu. Por que eu posso ler mentes? Não pedi nada disso também, Granger. E também não pedi para viver sozinha.
Lucy parou de falar, sentia-se de certa forma melhor por colocar suas angústias para fora, mas não deveria. Balançou a cabeça em um óbvio descaso e pegou sua bolsa, saindo da sala sem ao menos olhar a grifinória uma última vez.
Atravessou os corredores, sabendo que ainda teria um tempo vago antes da sua próxima aula. Foi, então, para a biblioteca. Sentou-se em uma das mesas, apoiando a cabeça entre as mãos. Não deveria ter dito aquelas coisas à Hermione. “Grifinória maldita” pensara decidindo-se por tentar revisar um trabalho que teria que entregar naquele mesmo dia. Talvez assim se acalmasse, no entanto, mal abrira a bolsa quando um garoto da lufa-lufa sentou-se na cadeira de frente para ela.
–Perdeu algo aqui? – ela perguntou seca, sequer olhando-o.
–Quer ir ao baile comigo? – ele dissera sorrindo para ela indo direto ao assunto, mostrando uma face irresistível. 
Lucy pousara a pena na mesa, agora olhando o garoto séria. Era o terceiro que fazia essa mesma pergunta a ela naquela semana. Já estava cansada daquilo. Não queria ir ao baile.
–Eu já tenho um par. – dissera por ser a primeira desculpa que encontrara – Sinto muito.
O garoto olhou-a sem jeito, talvez testando a resposta dela, pronto para encontrar o mínimo vestígio da desculpa, e perguntou.
–Então com quem você vai?
Lucy não esperava que ele perguntasse e, por um momento, ficou sem saber o que responder. “Só me faltava essa. Primeiro a Granger, agora esse idiota! E o dia ta só começando...”
–Ela vai comigo oras... – uma voz dissera e Lucy até fechou os olhos pedindo para os céus que não fosse quem ela imaginava ser. Ledo engano. Era ele.
–Anthony... – ela tentara argumentar com ele.
–Nós vamos juntos – ele repetiu para o outro garoto, que desistiu e finalmente se afastou.
Depois disso o corvinal se sentou se frente para ela com um sorriso canalha na face.
–O que foi? – ele perguntou vendo o olhar furioso dela.
–Não vou com você.
–Vai sim. – Tony disse. – Vai colocar um lindo vestido e usar uma bela máscara. Irá ser meu par nesse baile. Queira você ou não.
–Não pode fazer isso. – a loira disse entre dentes.
–Veremos. – Tony disse divertido, piscando de forma canalha e deixando-a, mais uma vez, sozinha.  

:::  :::

A noite revelava-se fria e mais escura ainda com a ausência da lua, aquela não era uma noite bela, mas sim, perigosa. A penumbra escondia uma mansão e seu terreno nobre. Um estalo foi ouvido pelo calar das sombras e uma figura surgiu na escuridão da rua antiga e larga. Com o pequeno vestígio de luz de um poste na rua, podia-se ver que tratava-se de um homem alto, com belos cabelos dourados penteados impecavelmente. Uma capa negra cobria seu corpo. Parecia um ser vampiresco, porém poucos poderiam dizer sua real natureza. Seus olhos castanhos eram mágicos, sobrenaturais e hipnotizavam em frações de segundos.
Porém aqueles mesmo olhos treinados para ver o perigo e encenar qualquer emoção que quisesse, por vezes tornavam-se tristes e distantes. Era fato que vivera sempre uma vida amarga, repleta de desilusões e desapontamentos, mas o pior era sucumbir às trevas, mas mesmas trevas que levaram seu único motivo para resistir, para sorrir. No entanto existia uma só razão ainda, algo importante, parte dele. E lutaria até o último suspiro por isso.
O homem atravessou a rua e parou na frente de um grande portão ornamentado, percebeu que em algumas extremidades havia serpentes de prata, fatais e cruéis em sua visão. No entanto, assim que se postou de frente para a entrada, os portões se abriram, como se reconhecessem sua presença.
Ele, então, entrou e avistou a mansão, sem reparar muito no jardim cuidadosamente tratado. Guiou-se até a porta principal, que assim como o portão, apresentava serpentes em prata. Alguém abriu a porta para ele.
Uma figura pálida, com longos cabelos platinados caindo-lhe nas costas e um ar superior apareceu, porém ele reconheceu sua antiga amiga como se sempre a visse, mas não a via há anos, longos anos.
–Como vai Ciça? – disse divertido, resgatando um pouco do garoto debochado que fora.
–Bem, Charles – a mulher respondera surpresa sem abrir espaço para passagem dele – não sabia que foi convidado para a reunião. – dissera dessa vez, superior.
–E não fui... mas por isso pretende me deixar na soleira da porta? – perguntou com sua voz sarcástica.    
–Claro que não, entre. – ela disse vencida, guiando-o para o hall.
Charles adentrou a mansão e parou em uma sala, que Narcisa lhe indicara, mas quando ela aparentou que iria retirar-se por um segundo, ele foi direto até onde queria.
–Onde eles então? – perguntara.
–Charles, você não vai querer interromper, se não foi chamado...
–Sem muito bem cuidar de mi mesmo Ciça, agora me leve até o Lorde.
A mulher hesitou, talvez pensando se seria ou não castigada por deixá-lo entrar, mas resolveu atender ao pedido dele. Guiou-o até uma porta de madeira ornamentada e tocou a maçaneta de prata, abrindo-a e deparando-se com o grupo de comensais reunidos e o Lorde das Trevas no centro.
Charles olhou-o diretamente, sem medo. Encontrando os olhos ofídicos e a aparência de alguém muito mais velho do que deveria ser. As pupilas vermelhas dilatando-se, mas a pequena linha da boca transformando-se no que ele julgava ser um sorriso. Na verdade, um sorriso maquiavélico.
–Ora, ora, Charles, não deveria estar aqui. – sussurrou o Lorde com imponência.
–Perdão, Milorde, mas eu não poderia deixar de vir, quando tenho estado tão longe daqui a tanto tempo. – ele respondera curvando-se levemente.
–Sabemos muito bem por que está aqui. – Voldemort dissera – É por causa de sua filha.   
:::  :::
O salto de seu sapato batia no chão sem fazer barulho, como se ela não quisesse ser vista. Algo dentro de si a precavia de que não seria uma boa noite. O frio do castelo não parecia a afetar, mesmo que estivesse com um vestido fino. Parou no meio do corredor. Talvez ainda pudesse dizer a Draco que não queria ir a esse baile. Não. Não seria medrosa. Deveria ir.
Continuou a andar. Passo a passo. Seu vestido longo roçando o chão, seu cabelo caindo em cachos perfeitos em sua costa. A maquiagem leve no rosto.
Alcançou o saguão de entrada e hesitou, para, logo em seguida, descer a escada e encontrar dois olhos cinzentos sobre ela. Olhos que a fitavam com intensidade e faziam-na arrepiar-se ligeiramente.
Loving you like I never have before
Amando você como eu nunca amei ninguém antes
I'm needing you just to open up that door
E precisando que abra esta porta
If begging you might somehow turn the tides
Te implorando, como se, de algum modo, pudesse mudar a situação
Than tell me too I've got to get this off my mind
E me peça também, eu preciso tirar isto da minha cabeça

Hermione se dirigiu a Draco, e depositou um leve beijo em seus lábios. O loiro estava mais uma vez com um traje negro, como no último baile. Mas estava irresistível. A única diferença eram as máscaras. A dele era cinzenta, destacando seu olhar azul-acinzentado tão machucado.
A dela era azul com pedras, combinando com seu vestido da mesma cor.
–Você está linda – disse puxando-a pela cintura, guiando-a para o salão principal.
Hermione sentiu uma energia estranha, não sabia de onde viera, mas fora no mesmo instante em que Draco a tocara. Um pressentimento.
Sentiu seu corpo mais fraco e desequilibrou-se, só não caindo por Draco estar segurando-a.
–Você está bem?

I never thought I'd be speaking these words
Eu nunca pensei que estaria dizendo estas palavras
I never thought I'd need to say
Eu nunca pensei que precisaria dizer
Another day alone is more than I can take
Outro dia sozinho é mais do que posso suportar

Hermione fitou-o. Tão doce. Tão preocupado. Até quando teria esse Draco? Até quando ele usaria essa mascara para ela?
Esse não era o real Draco Malfoy. Era apenas mais um personagem criado para enganá-la.
–Estou ótima. – respondeu sorrindo para ele.
Quem poderia saber que aquele era um sorriso falso? A grifinória também sabia jogar. E esse jogo, ela queria ganhar.
Os dois então entraram no salão.
As enormes mesas das casas haviam sido retiradas, deixando o ambiente bem maior do que aparentava normalmente. No centro havia uma pista, e ao redor, várias mesinhas circulares foram colocadas, onde já havia vários alunos.
Enfeites que pareciam terem sido esculpidos no gelo estavam espalhados no local. Um lustre de cristal fora colocado no centro do salão, dando um efeito maravilhoso, que destacada mais ainda o teto que imitava o céu sereno do lado externo do castelo.
O lugar estava escuro, somente com algumas velas trazendo iluminação.
–Está tão lindo. – A grifinória murmurou ao ver o lugar.
Draco a olhou, ela estava bela, mas algo em seu rosto não parecia bem. Como se algo a preocupasse. Isso o deixava inquieto.
–Vamos dançar. – ela pedira.
Draco sorriu e a levou até a pista, prendendo-a pela cintura, abraçando-a ao mesmo tempo em que dançavam. Sentindo o perfume adocicado que ela usava e percebeu que ela usava também o colar de prata que lhe dera. Sorriu internamente e a guiou conforme a música.

Won't you save me?
Você não vai me salvar?
Saving is what I need
Salvação é o que eu preciso
I just wanna be by your side
Eu apenas quero estar ao seu lado

–Você vai me salvar, Draco? – Hermione perguntara divertida no ouvido dele.
–E do que eu precisaria te salvar? – Draco sussurrou com sua voz arrastada.
Hermione riu. Era típido dele devolver a pergunta com outra pergunta.
–De mim mesma.
Draco olhou-a nos olhos. Tentando achar o motivo dela falar aquilo. Não era só uma curiosidade ligada à música que ouviam. Ela pretendia algo com isso.

Won't you save me?
Você não vai me salvar?
I don't wanna to be
Eu não quero ficar
Just drifting through the sea of life
Apenas vagando sem rumo neste mar da vida

Não consigo entender... você nunca precisaria ser salva de si mesma. Nunca precisará saber o que é estar em guerra consigo mesma. – Draco dissera, não permitindo que ela protestasse, pois tomara-a nos lábios, sugando-os com prazer.

Won't you...
Você não vai...
Listen please baby don't walk out that door
Ouça, por favor querida não saia pela porta
I'm on my knees you're all I'm living for
Estou de joelhos, você é tudo que eu estou vivendo

–Não vai poder me calar com beijos sempre, Malfoy. – a garota dissera em desafio.
–É por isso que existem coisas mais interessantes do que beijos. – ele dissera canalha, deixando-a corada.

I never thought I'd be speaking these words
Eu nunca pensei que estaria dizendo estas palavras
Haven't gonna find a way
Nunca pensei que encontraria uma maneira
Another day alone is more than I can take
Outro dia sozinho é mais do que posso suportar

Lucy sentia-se incomodada com aquele baile, sentia-se estranha, inquieta. Tinha a impressão de que alguém sondava sua mente. Como se suas lembranças estivessem sendo expostas. A música lenta não tinha efeito algum sobre ela. Muito menos o ambiente romântico.
–Até que enfim eu te achei. – ouviu alguém dizer atrás dela e virou-se, encontrando os olhos negros de Anthony. – Oh meu Deus! Você está linda. – ele dissera fitando-a naquele vestido ocre e encontrando o olhar dela escondido na máscara dourada. – Dança comigo?
–Não. – dissera simplesmente sem fitá-lo e completou antes que ele protestasse. – não era nem para virmos juntos. Só aceitei para me livrar dos outros. Não somos em casal. Nem seremos.
Anthony desviou seus olhos dela, era incrível como conseguia ser irritante quando queria, mas iria vencer esse jogo. Não importava como.
–Eu sei que você me quer. – sussurrara aproximando-se. – chega de mentiras.
–E aposto que quer me beijar agora mesmo. – Lucy dissera irônica.
–Errado. Eu sempre quis te beijar. – ele disse sorrindo e deixou-a sem palavras.        

Won't you save me?
Você não vai me salvar?
Saving is what I need
Salvação é o que eu preciso
I just wanna be by your side
Eu apenas quero estar ao seu lado
Won't you save me?
Você não vai me salvar?
But I don't wanna to be
Eu não quero ficar
Just drifting through the sea of life
Apenas vagando sem rumo neste mar da vida

–Ainda me deve uma dança. – Tony disse e se afastou.
Lucy olhou-o ir embora para longe. Ele era um idiota. Não sabia onde estava se metendo. A garota balançou a cabeça tentando esquecer o que ele dissera, mas não conseguia.
“Idiota” pensou e por um segundo, quando olhou o outro lado do salão, pensou ter visto Zabini a encarando. Lembrou-se do que ele fizera com ela na última festa que fora e, em seguida, no que Anthony fizera.
Por que ele se preocupa comigo?” perguntou para si mesma, sem saber o que pensar.

Suddenly the sky is falling
Repentinamente o céu está caindo
Could it be it's too late for me?
Poderia ser tarde demais para mim?
If I never said "I'm sorry"
Se eu nunca disse "Me perdoe"
Then I'm wrong, yes I'm wrong
Então estou errado, sim eu estou errado
Then I hear my spirit calling
Então eu escuto meu espírito chamando
Wondering if she's longing for me
Imaginando se ela está ansiando por mim
And then I know that I can't live without her
E aí eu entendo que não consigo viver sem ela

Harry e Gina dançavam calmamente sob a melodia lenta e calma da canção. A menina sentia a mão quente dele firmemente em sua cintura e deitou a sua cabeça no ombro dele. Dançavam lentamente, no compasso da música bela e romântica e, por vezes sentiam-na penetrar em seus corpos, deixando-os serenos, calmos.
Gina respirou fundo, já perdera a conta das vezes que ficara abraçada com ele. Do quanto gostava de tê-lo perto. Harry... que logo estaria longe dela. Tentando destruir um lorde que todos pensavam ser invencível, que causava temor.
A garota lembrou-se do baile de halloween. No modo como o quisera da última vez, do modo como ele a tocara. Então, não soube como, mas dissera baixo, sentindo a veracidade de suas palavras: 
–Eu quero ser sua. – Gina sussurrou ao pé do ouvido dele e viu-o estremecer.
–Gina, eu já falei que...
–Sei que não vai me forçar a nada, Harry – sussurrara – E eu estou dizendo que quero.

Won't you save me?
Você não vai me salvar?
Saving is what I need
Salvação é o que eu preciso
I just wanna be by your side
Eu apenas quero estar ao seu lado
Won't you save me?
Você não vai me salvar?
I don't wanna to be
Eu não quero ficar
Just drifting through the sea of life
Apenas vagando sem rumo neste mar da vida

Harry sorrira, abraçando-a e guiando-a conforme a canção. Tanto tempo sonhara em estar com ela. Por tanto tempo a ignorara, descobrindo seus sentimentos por ela somente quando ela tomar a iniciativa de procurá-lo. Tanto tempo pensando estar apaixonado por Hermione. Quando tudo o que procurava estava tão perto.
Aquela noite não era mais um homem marcado por uma profecia indesejável. Não era o menino que sobrevivera, o órfão. Era apenas Harry. Um adolescente. Apenas isso. 

Won't you save me?
Você não vai me salvar?
Won't you save me?
Você não vai me salvar?
Won't you save me?
Você não vai me salvar?


:::  :::

–Milorde... ela não é minha filha. – Charles dissera sabendo que todos naquela sala o olhavam, talvez desejando saber a verdade sobre o passado do comensal, talvez para conhecerem a ligação que ele tinha com a menina. – Melanie Moore foi minha namorada nos tempos de Hogwarts, sim. Mas foi passageiro. Não temos uma filha juntos.
Voldemort continuou impassível, talvez dividido entre acreditar ou não em um de seus melhores comensais, então, após lançar um sorriso frio para Charlie, lhe indicou uma cadeira vazia na mesa, onde o comensal sentou-se.
O ambiente era gélido, mesmo com o fogo da lareira ardendo. O Lorde das Trevas avaliava seus seguidores, mas um deles, apenas um, deixava-o com dúvidas sobre seu caráter e real dedicação. O que Charles Steiner escondia?
Voldemort levantou-se, começando a andar em volta da mesa, pensando nas palavras que usaria, ou melhor, na prova de fidelidade que daria a Steiner, mal começara a andar, já sabia qual seria.
–Estávamos discutindo sobre a pequena Moore quando você chegou aqui, Charles. Ela é poderosa e excepcionalmente boa em duelos.
O assunto incomodou o comensal, mas não demonstrou absolutamente nada, apenas uma indiferença a qual já estava acostumado.
–Seria ótimo tê-la do nosso lado, ela seria uma ótima comensal, no futuro. – o lorde dissera divertido, e os comensais se entreolharam. O que aquela garota teria de tão especial? – Rodolpho e Yaxley me disseram o que ela fez. O que acha Charles?
–Ela não é devidamente treinada para cumprir suas ordens, Milorde... – o homem respondeu com frieza – É apenas uma adolescente rebelde.
–Talvez seja, mas receio que não. Ela é importante. É amiga do Draco. – ele sibilou com sua voz – Seria de ótima ajuda se os dois procurassem a pedra juntos, e tenho certeza de que ela tem conhecimento sobre esse artefato.
–Milorde... – uma comensal, sentado no lado oposto de Charles, começou a falar, mas foi interrompida.
–Tenho um plano especial para a menina Moore, e você pode me ajudar, Charles. – o lorde falou, fazendo o comensal recear mais ainda o que poderia acontecer naquela guerra. – Logo, o Potter estará morto. E teremos a pedra. Estaremos livres da escória que são os sangue-ruins. 

:::  :::

Pansy Parkinson era o tipo de garota que não se subestimava facilmente. Tinha, como qualquer puro sangue, tudo o que queria e somente contentava-se quando tinha tudo. Era a típica sonserina egoísta e arrogante. E sendo assim, não ter o que queria era angustiante. E o que queria era Draco Malfoy.
Podia ver que ele estava do outro lado do salão. Sorrindo. Com ela. Uma grifinória patética que, provavelmente, só o queria para ter popularidade.
No entanto, ela iria virar esse jogo. Teria Draco. E asseguraria que a sangue-ruim nunca mais o olharia na vida.
Percebeu que Zabini a olhava, e ambos sustentaram um olhar cúmplice. Ele também teria sua vingança. Era só uma questão de tempo. “Que os jogos comecem!” a morena pensou divertida seguindo na direção de Draco, que se afastou da grifinória, para, talvez, buscar uma bebida.

:::  :::

Lucy estava incomodada com aquele ambiente cheio, odiava ficar perto de muitas pessoas. Em bailes como aquele, todos ficavam agitados. Criavam expectativas. Não conseguiam conter seus pensamentos, seus desejos de ficar com aqueles que amavam. O que resultavam, às vezes, em pensamentos fortes demais. Pensamentos que Lucy podia ouvir. E isso a irritava.
–Seu namorado parecia tão determinado a vir com você e onde ele está agora? – uma voz atrás de Lucy perguntara, fazendo-a virar-se e reconhecer o garoto da biblioteca. – Oh Merlin! Você está tão linda.
Lucy, mesmo não querendo, ficou com a face corada, aquele garoto era imprevisível.
–Ele não é meu namorado. – dissera sem olhar para ele.
–É um idiota por te deixar sozinha... nem sei como consegue aguentá-lo. – ele disse revirando os olhos.
–Por que eu sinto como se você o odiasse? – a menina perguntou.
Ele hesitou, os olhos claros demonstrando uma raiva momentânea, mas seja o fosse, ele não falou, mas ela pode ver em sua mente o motivo dele odiar tanto Anthony. E não gostou do que vira. A visão a atormentara, mas não demonstraria para o garoto à sua frente.
–Deixa pra lá. – ele suspirou cansado – Então Lucy, dança comigo?
A garota quis negar, mas ele não esperou resposta, simplesmente a puxou, e ela nada pode fazer.
–Você ainda não me disse seu nome... – a loira falou.
–Aaron...  Aaron Sparks. – ele dissera guiando-a perfeitamente na dança lenta.
Quem era esse garoto? E o que ele queria com ela? Lucy não saberia dizer.

:::  :::

–Olá, Draquinho... – Pansy falara melosa para o sonserino. – Será que preciso entrar na fila para conseguir uma dança com você?
–Pansy... hoje não, por favor. – Draco falara já irritado com a perseguição dela.
–É apenas uma dança. – a garota insistiu insinuando-se mais ainda para o loiro.
Draco já estava casado daqueles joguinhos da menina. Já dissera a ela que não havia mais nada entre eles. Ela não entendia.
E aquele sorriso dela era frustrante, como se planejasse algo, ou soubesse de algum segredo, um mistério.
–Sabe, Draco... seu namoro não vai durar muito... – ela sussurrara, deixando-o com mais raiva. – Mas quer saber? Aproveite enquanto pode.
A menina, então pegou um copo de firewhiskey e o entornou, passando a língua nos lábios de forma provocante e aproximando-se dele.
–Há uma sala vazia no terceiro andar. – sussurrou – estarei lá, à meia-noite.
Em seguida ela se afastou, deixando Draco para trás.
O loiro sentia ódio, era óbvio que Pansy ficaria cansada de esperá-lo, não iria. Cansara de brincar com ela. Mal pensara isso e Hermione apareceu na sua frente.
–O que ela queria? – perguntou estreitando os olhos e pareceu a Draco que a Hermione ciumenta não combinava em nada com ela.
–Sabe como ela é, gosta de provocar. – ele disse abraçando-a e ouvindo uma música começar a ser tocada.   

How can I just let you walk away?
(Como posso eu simplesmente deixar você ir embora?)
Just let you leave without a trace
(Simplesmente deixar você partir sem deixar rastros?)
When I stand here taking every breath with you, ooh
(Quando eu fico aqui a cada respiração com você, ooh!)
You're the only one who really knew me at all
(Você é a única que realmente me conheceu por inteiro.)

 Sem perceber, arrastou Hermione para o meio do salão, deixando-se envolver pela melodia. Pousou suas mãos na cintura da garota e ela simplesmente deixou-se ser levada, apoiando a cabeça no ombro dele.

How can you just walk away from me,
(Como você pode simplesmente se afastar de mim,)
When all I can do is watch you leave
(Quando tudo o que posso fazer é assistir você partir?)
'Cause we've shared the laughter and the pain
(Porque nós compartilhamos o riso e dor)
And even shared the tears
(Compartilhamos até mesmo as lágrimas)
You're the only one who really knew me at all
(Você é a única que realmente me conheceu por inteiro)

Naquele momento Draco percebera uma coisa. Seria muito mais fácil se Hermione não estivesse com ele. Estaria protegida pelo menos. Sua família não a aceitaria. Nem mesmo sua mãe entendera aquele namoro. E ele sabia, não adiantaria simplesmente acabar o namoro, Hermione não desistiria dele tão fácil. E mesmo não querendo, Draco sabia que teria que fazê-la odiá-lo. E pior, ele já sabia como faria aquilo.

So take a look at me now, 'cause has just an empty space
(Por isso dê uma olhada em mim agora, porque há apenas um espaço vazio)
And there's nothing left here to remind me,
(E não restou nada para me recordar,)
Just the memory of your face
(Apenas a lembrança do seu rosto)
Just take a look at me now, who has just an empty space
(Só dê uma olhada em mim agora porque há apenas um espaço vazio)
And you coming back to me is against the odds
(E você voltar para mim está contra todas as chances)
And that's why I've gotta take
(E é isso que tenho que enfrentar)

Aquela era a última dança dos dois, fora o que ele decidira. Apenas um adeus. Quando a canção acabasse, o velho Draco voltaria. Era previsível. Sabia que esse dia chegaria. O conto que estava vivendo encontrava o fim. Abraçou-a mais ainda, aspirando o perfume do cabelo dela. Oh! Como sentiria falta dela! 

I wish I could just make you turn around,
(Eu queira poder fazer você voltar)
Turn around to see me cry
(Voltar e me ver chorando)
There's so much I need to say to you,
(Há tantas coisas que preciso lhe dizer)
So many reasons why
(Tantas razões pelas quais)
You're the only one who really knew me at all
(Você é a única que realmente me conheceu por inteiro)

Tantas coisas queria dizer a ela. Na verdade, queria gritar que nunca a deixaria, que nunca permitiria a ela afastar-se. Que nunca a soltaria. Mas não poderia. Era um homem marcado. Sem liberdade. O irônico era que, mesmo sendo tão nobre, estava fazendo o papel de um servo, cumprindo ordens de um senhor de não desejara, em momento algum, obedecer.

So take a look at me now, 'cause has just an empty space
(Por isso dê uma olhada em mim agora, porque há apenas um espaço vazio)
And there's nothing left here to remind me
(E não restou nada para me recordar)
Just the memory of your face
(Apenas a lembrança do seu rosto)
Just take a look at me now
(Só dê uma olhada em mim agora)
'cause there's just an empty space
(Porque há apenas um espaço vazio)

Um espaço vazio que ninguém iria preencher. Não teria um coração, não mais. Ninguém iria machucá-lo. Ninguém tomaria o que, um dia, fora de Hermione.
Como fora idiota entrando naquela cabine no trem, escolhendo-a ao invés de Pansy, como fora estúpido ouvindo Lucy. Como não pensara antes de tentar brincar com os sentimentos da grifinória. Como não fora precavido ao apaixonar-se por ela. Queria voltar no tempo, mas nada podia fazer.

But to wait for you, is all I can do
(Mas esperar por você é tudo o que eu posso fazer)
And that's what I've gotta face
(E é isso que eu tenho que enfrentar)
Take a good look at me now, 'cause I'll still be standing here
(Dê uma boa olhada em mim agora porque ainda estarei parado por aqui)
And you coming back to me is against all odds
(E você voltar para mim está contra todas as chances)
And that's what I've got to face
(E é isso que eu tenho que enfrentar)

A partir daquela noite, Hermione Granger o odiaria. Mas mesmo assim, ele não poderia arriscar-se e deixá-la pensar que ainda teriam chances. Precisava magoá-la. Era a única forma dela ficar bem, ainda que ela não entendesse.

Take a look at me now
(Apenas dê uma olhada em mim agora!)

–Hermione...  – ele tentou dizer, mas, seja pela sua má sorte, ou por Merlin odiá-lo, a garota interrompeu-o.
–Sabe que eu te amo, não é Draco?
Isso o feriu mais do que tudo, sentia vergonha pelo o que faria, nem ao menos sabia como iria conseguir olhar a si próprio. Seu olhar vacilou por um segundo, no entanto, ela não percebera, apenas procurou os lábios dele com urgência.
Tão macios, tão convidativos. Ele a beijou, explorando sua boca, sentindo não só angustia, mas uma necessidade.
Nada era mais torturante do que saber que não faria aquilo novamente. Nada parecia mais doloroso do que dizer adeus. Hermione sentiu a tensão dele, mas, em momento algum, deixou-o afastar-se. Era como se também precisasse daquele beijo. Como se nunca o tivesse feito.
Não havia um só casal ao redor deles que não os observassem, todos admirando aquele romance, desejando um amor como o deles. Toda garota naquele castelo deseja estar no lugar de Hermione, mas era certo que nenhuma iria desejar quando chegasse a hora em que Draco faria o que planejava.

:::  :::

A noite fria a envolvia, naquele momento já não nevava, mas o efeito da neve sobre os terrenos da escola era maravilhoso. Lucy estava sentada no parapeito da janela e de onde estava, a escuridão do lado externo parecia pregar peças em sua visão, pois sombras pareciam se mover, no entanto sabia, a neve confundia os olhos, às vezes.
Seu volumoso vestido ocre tornava seus cabelos loiros mais lindos ainda, bem como seus olhos amendoados.
Olhos que demonstravam aflição. Enquanto dançava com Aaron vira uma cena, não deveria ter olhado nos olhos dele, ou buscado ler sua mente. Vira o que não queria, de modo algum, ver. A cena a atormentava, mas não admitiria nem para si mesma. A imagem era nítida, a mão dele tocando a cintura de outra, os lábios dele tocando os lábios de uma qualquer. Esse era o segredo que Aaron não queria ter revelado. Sua namorada o traíra, com Anthony.
Um arrepio percorreu sua espinha e ela culpou o frio cortante.
No dia seguinte teria que ir para a casa de uma tia. “Pelo menos ela é legal...” pensara lembrando-se de algumas vezes que visitara a tia, e sabendo que a casa dela seria sua casa também a partir de agora.
A música no salão principal chagava até seus ouvidos, mas ela não conseguia prestar atenção na canção.
No entanto, ouviu quando alguém começou a andar em sua direção. Os passos lentos, despreocupados. Não importava para ela quem fosse, apenas continuou a fitar a noite e a luz crescente.
–Deveria estar aproveitando o baile, Moore. – a voz conhecida dissera, ela ignorou.
Anthony chegara mais perto, fitando o rosto dela atentamente de forma misteriosa, até que desistiu de encontrar o que procurava na expressão dela.
–Onde vai passar o Natal? – perguntara, mas ela não falara nada – Fale comigo, Lucy.
–Com uma tia. – respondera seca e sem olhá-lo – Em Rye, no sul da Inglaterra. 
–Interessante... – gesticulou e sentiu a atmosfera pesada, nem ao menos sabendo porquê – vou para a França. – disse, mesmo que ela não tivesse perguntado.
–Que bom para você. – Lucy falou irônica e saiu andando.
No entanto ele a puxou pelo braço, fazendo-a ficar de frente para ele e perto demais.
–Então é isso? Manter essa máscara indiferente faz bem para você?
–Não lhe diz respeito o que faz ou não bem para mim. Você não sabe quem sou. – Lucy dissera entre dentes, desejando que ele a soltasse.
–Talvez eu saiba. – Tony sussurrou fraco – Me diga qual é o problema. – pedira ainda segurando-a.
–Você é o problema! – Lucy dissera com raiva – Tudo é uma brincadeira para você. Até agora não entendo por quer tanto estar perto de mim. Você não se importa comigo! Fora que quer todas as garotas. Aposto que só serei mais um número para você. Mais uma que você pegou. Como a Lilá, que traiu o Weasley com você, ou como a namorada do Aaron...
–Sabia que ele falaria algo... – o corvinal resmungara.
–Eu descobri Anthony. Eu. Eu e meu poder idiota! – ela dissera mais irritada ainda. – estou cansada de você. CANSADA! – gritara. – e me solte agora...
Não pudera reclamar mais, Anthony calara-a unindo seus lábios aos dela, não permitindo que ela fugisse. Lucy até que tentou empurrá-lo, mas ele era forte demais para ela sequer conseguir isso. Tentara não permitir que ele a tocasse, mas a tempos isso já estava tornando-se difícil. Cansara de resistir. No fim, acabou levando sua mão para o pescoço dele, pulando-o para si, arranhando a pele dele, enquanto Tony prensava-a firmemente pela cintura. Era um beijo violento, como se eles já tivessem esperado demais por aquilo, e, de fato, esperaram.
Por um segundo esqueceram-se de eu precisavam de ar e separaram-se arfando. Olharam-se nos olhos com volúpia. Tony sorrira, sabendo que talvez em um segundo ou mais, ela começaria a brigar com ele, mas ela não fez.
–Não sou esse cara que você acha que sou – Anthony dissera. – Tudo bem, eu admito, já estive com várias e já me passei por amante. Era tudo por diversão. No fim, todas me entediavam. Mas se depois desses meses eu não enjoei de você, acho que vai demorar para isso acontecer. 
Uma badalada foi ouvida. O relógio marcava meia-noite. Era hora de tirar as máscaras. Anthony, delicadamente, retirara a máscara de Lucy, e ela a dele. Era hora de parar com o fingimento.
–Você não gosta de relacionamentos – Lucy dissera.
–Mas eu gosto de você. – Tony dissera para a loira. – Gosto da sua mania irritante de ler meus pensamentos, gosto do seu cabelo, dos seus olhos, da sua boca.
Lucy sorrira, nunca se acostumaria em ver Anthony declarando-se. Ou falando aquelas palavras. Mas também não o via como um namorado, não sabia o que responder a ele. Entretanto, não precisara, pois no exato momento em que tentara falar algo, Hermione viera até eles, interrompendo-os.
–Viram o Draco? – ela perguntara já sem a própria máscara também.
–Não... – Lucy respondera, mas outra pessoa também respondera.
–Ele comentou algo sobre o terceiro andar. Não lembro direito... – Zabini dissera andando calmamente até eles, mas parando que chegasse muito perto de Anthony. 
–O que ele vai fazer lá? – Hermione resmungara seguindo para onde Zabini falara.
Fora então que Lucy vira algo nos olhos dele. Algo ruim iria acontecer. Sentia isso. E a cada segunda que via Hermione distanciar-se dela, procurando por Draco, a sensação ficava pior. E o olhar arrogante de Zabini em nada ajudava.
–Vem comigo – Lucy dissera puxando Tony pela mão e seguindo a grifinória pelos corredores escuros.

Hermione sentia seu corpo congelar de frio, e a cada passo, sentia uma péssima sensação a qual culpou a noite fria. Acabara de entrar o corredor do terceiro andar e assim que fizera isso percebeu que alguém estava ali. Mas, por mais que quisesse, não podia acreditar no que via.

Uma onda elétrica parecia atravessar seu corpo, deixando-a arrepiada. Temerosa. No entanto, assim que o choque passou, ela deixou a negação entrar em sua mente. Não era ele. Ele não faria aquilo, mas quanto mais negava, mais percebia que tudo era real. E, assim, a raiva a dominou, por Draco Malfoy não poderia estar ali, com Pansy, beijando-a com tanta volúpia, prensando o corpo dela ao seu. Era uma cena horrível.

Lentamente, e sem sequer fazer barulho, a grifinória caminhou até os dois, entretanto, assim que aproximou-se o suficiente, Draco a vira.
Primeiro ele demonstrou surpresa, depois soltou-se da sonserina, para em seguida, tentar explicar-se para Hermione.

–Hermione... eu... posso explicar... – ele disse indo para perto dela.
–Não precisa. – a garota dissera surpreendendo-se por sua voz estar tão estável. Indiferente. – Poupe seu fôlego para explicar algo que eu já entendi.
–Por favor, não é o que você está pensando.
Palavras tão inúteis, dispensáveis. Ela não entendia o porquê dele tentar explicar-se. A traição já fora cometida, não havia o que explicar. Ou seria aquilo apenas o arrependimento?
Hermione virou-se, não querendo mais ouvi-lo, era demais para suportar, era doloroso sequer pensar até onde eles iriam. Mas Draco segurou-a pela mão, não a deixando ir. A única coisa que ele recebeu em troca foi um tapa, que deixou sua face vermelha.
–Não toque em mim, Malfoy. Nunca mais. – Hermione dissera com raiva e lembrou-se do colar que ele lhe dera.
Levou a mão até ele, retirando-o e o fitando. A pedra delicada estava intacta, era bela demais. Lembrou-se de quando a ganhara.

::: Flashback :::

–Eu tenho uma coisa para você – Draco disse enquanto a soltava do abraço e procurava algo na própria mochila – queria ter entregado ontem, mas não pude obviamente. – ele sorriu e entregou uma caixa preta de veludo à Hermione. – Feliz Aniversário.
A garota pegou a caixa e abriu, para sua surpresa, dentro dela havia um colar com a corrente em prata e um pingente em forma de coração, era vermelho e cravejado de diamantes, ela olhou aquele presente delicado espantada.
–Eu não posso aceitar – ela disse, mas Draco não permitiu os protestos dela. Pegou o colar e colocou delicadamente no pescoço dela.
–É seu, não pode devolver meu coração. E a partir de agora, você é minha namorada. – ele disse sorrindo e a garota o puxou para um mais beijo terno e único, selando o destino de ambos.

::: Fim do Flashback :::

Mentiras. Apenas mentiras. Draco Malfoy não tinha um coração. Como fora tola em acreditar nele e seu suposto amor... odiava-se por isso. E mais do que isso, odiava-se por realmente ter gostado dele. Tudo não passara de uma brincadeira dele.
Ela estendeu o colar para ele, devolvendo-o, mas ele não aceitou.
–Não o quero mais. Estou devolvendo, Malfoy. – falara secamente.
–Eu te disse, uma vez, que eu não o aceitaria de volta.
–E eu estou dizendo que não o quero. – ela repetiu colocando-o na palma da mão dele, fechando as mãos dele envolta do colar.
–Hermione... – ele chamara o nome dela mais uma vez, fora em vão.
–A partir dessa noite você está morto para mim. Tudo o que ouve entre nós acabou. Eu pensei que você pudesse ser diferente. Mudar. Mas vejo que é impossível. – ela dissera agora com a voz entrecortada. – Adeus, Draco.

Em seguida, Draco via-a afastar-se dele, passo a passo, segundo a segundo, quando ela virou o corredor, percebeu o quanto estava perdendo. Mas pelo menos o plano dera certo. Ela não voltaria tão cedo a olhá-lo nos olhos. Se isso era bom ou não, ele não sabia.

Sem pensar, acabou indo atrás dela, precisava disso. Até mesmo esqueceu-se de Pansy e deixou-a sozinha naquele lugar frio.

:::  :::

A ruiva deixava-se ser levada pelo Moreno naquela escuridão do castelo. Fazia alguns minutos que deixaram o salão principal e andavam até a sala precisa. O frio cortante soprava em seus braços nus. Ela sentia frio, e o vestido fino que usava não a ajudava. 
Mas pouco se importava. Nada mais atrapalharia ela e Harry. Não teria mais medo. Estariam sempre juntos e nunca tivera tanta certeza disso como agora.
Vira Hermione passar por eles, sem sequer falar nada e percebeu que ela chorava. Quis seguir a amiga, mas não queria deixar Harry, não agora.
–Hermione! – chamou-a, mas ela não respondera.
–Alguma coisa aconteceu... – Harry sussurrou. – Gina, eu...
–Vá atrás dela. – a ruiva dissera olhando para onde Hermione fora – Ela não está bem. E é uma boa chance para vocês dois voltarem a se falar.
–Sabe que eu te amo, né? – Harry disse sorrindo mais uma vez naquela noite e beijando-a nos lábios.
–É. Eu sei... – ela respondeu sorrindo também – Vou estar no salão comunal. Leve ela para lá.
Ver Harry se afastar seu estranho, mas ela sabia que haveria outra chance deles ficarem juntos. Sabia disso.

:::  :::

Hermione andava sem rumo, as lágrimas a cegavam, impediam-na de ver para onde ia, até que, cansada de andar, ela entrou um uma salinha, deixando a porta entreaberta e encontrando o mesmo piano antigo que um dia encontrara. Ironicamente, fora em outro dia em que Draco a decepcionara. Sentou-se na cadeirinha perto do piano, passando seus dedos nas teclas e, por um momento, desejou que nada que vira fosse real.
Começara, então, a tocar a mesma melodia daquele dia, lembrando-se do quanto dolorosa ela lhe parecera ser. Nota e nota, ela deixava sua mágoa dirigir-se para a música.

I'm so tired of being here
Estou tão cansada de estar aqui
Suppressed by all my childish fears
Reprimida por todos meus medos de infância
And if you have to leave, I wish that you would just leave
E se você tiver de deixar queria que você apenas deixasse
'Cause your presence still lingers here and it won't leave me alone
Porque sua presença continua demorando por aqui e não vai me deixar sozinha

Tantos medos tivera e ainda tinha. Sua magia. A guerra. E Draco. Por que ele não podia simplesmente deixá-la? Tinha sempre que quebrar seu coração em pedaços?
Será que todo aquele tempo, todas aquelas palavras, nada significaram para ele? Por que traí-la, por que enganá-la tanto? Por que tantas mentiras, contadas sem piedade?
Talvez ele ainda fosse o mesmo sonserino debochado e arrogante, não aquele garoto assustado que ela conseguira enxergar.

These wounds won't seem to heal
Essas feridas não parecem curar
This pain is just too real
Essa dor é muito real
There's just too much that time cannot erase
Existe tempo demais para ser apagado

Draco a machucara demais. Só agora percebia o quanto fora tola ao se envolver com ele. Tinha provas suficientes de que ele a feriria, mas fora estúpida. Se pelo menos tivesse ouvido Harry...

When you cried I'd wipe away all of your tears
Quando você chorou, enxuguei suas lágrimas
When you'd scream I'd fight away all of your fears
Quando gritou, espantei seus medos
And I held your hand through all of these years
E segurei sua mão todos estes anos
But you still have all of me
E você continua tendo tudo de mim.

Tudo. Ele tinha tudo dela. E não soubera o que fazer com isso. Jogara seu coração fora. Tantas lembranças... Por que todas elas pareciam mais distantes do que realmente eram?

You used to captivate me by your resonating light
Você costumava me enfeitiçar pela sua luz ressonante
Now I'm bound by the life you've left behind
Mas agora estou no limite da vida que você deixou pra trás
Your face it haunts my once pleasant dreams
Seu rosto me inspira sonhos agradáveis
Your voice it chased away all the sanity in me
Sua voz espanta toda a sanidade de mim

Draco, por um longo tempo, a deixara irracional, colocara seus sentimentos na frente de sua razão e, agora, pagava por isso. Sentia-se angustiada. Ferida. Usada.

These wounds won't seem to heal
Essas feridas não parecem curar
This pain is just too real
A dor é muito real
There's just too much that time cannot erase
Existe tempo demais para ser apagado

Pela primeira vez em muito tempo, Draco chorava. Suas costas estavam apoiadas na parede fria. Não fazia barulho, não queria que ela o visse. Pela fresta da porta ouvia-a cantar de forma dolorosa. E a canção o atingia mais do que à ela. Pensara tanto que a magoaria que esquecera-se de pensar em como ele próprio se sentiria. Agora, era tarde. Hermione era quem o machucava, com a canção.

When you cried I'd wipe away all of your tears
Quando você chorou, enxuguei suas lágrimas
When you'd scream I'd fight away all of your fears
Quando gritou, espantei seus medos
And I held your hand through all of these years
E segurei sua mão todos estes anos
But you still have all of me
E você continua tendo tudo de mim.

“É o meu próprio coração traidor que me faz chorar” Draco pensara mal percebendo que Lucy e Anthony aproximavam-se. Eles não eram importantes para ele naquele momento. Sentia-se horrível por Hermione. Um idiota.

I've tried so hard to tell myself that you're gone
Eu tentei com todas as forças dizer a mim mesma que você se foi
But though you're still with me
E embora você esteja comigo
I've been alone all along
Eu tenho estado sozinha todo esse tempo.

Você é um idiota, Malfoy. – Anthony sussurrara com raiva. – ela finalmente era sua, e o que você faz? Você a machuca da pior forma possível.
–Wolhein... – Draco falara limpando suas lágrimas – eu não devo nada a você, então vá embora. – dissera friamente, num misto de tédio e raiva.
Anthony sabia que o sonserino estava péssimo, podia ver nos olhos dele, mesmo não sendo uma cena boa para se assistir. Mas não conseguia imaginar no porque dele ter sido um estúpido.   
Hermione era uma ótima garota, o amava, então por que jogar isso fora?
Sem perceber, Anthony acabara gostando de a ter como amiga.
–Você fez sua escolha, Malfoy. Agora não há volta. E eu não vou deixar você feri-la mais ainda. – ele dissera já cansado de Draco e olhou para Lucy.
Ela tinha seus olhos concentrados em Draco. E não parecia tão preocupada com Hermione. Tony sabia que ela estava lendo a mente dele. Draco não estava gostando nada disso. Simplesmente saiu andando, deixando-os para trás.
–Eu te vejo depois. – Lucy dissera para Anthony seguindo Draco.

When you cried I'd wipe away all of your tears
Quando você chorou, enxuguei suas lágrimas
When you'd scream I'd fight away all of your fears
Quando gritou, espantei seus medos
And I held your hand through all of these years
E segurei sua mão todos estes anos
But you still have all of me
E você continua tendo tudo de mim.

A canção terminara, mas Hermione ainda sentia um bolo formar-se em sua garganta. Deixou as lágrimas continuarem a vir. Como se pudesse fazer com que toda a dor fosse embora com elas. Nem percebeu quando alguém entrara na sala.
–Vá embora... – ela falara baixo.
–Não posso. – Anthony dissera aproximando-se dela – Não posso deixar uma amiga quando ela precisa.
Hermione fechou os olhos e sentiu ele a abraçar, fazendo-a chorar mais ainda, ainda que aquilo não aliviasse em nada sua dor.
–Hermione... – Harry chamara da porta, vendo os dois abraçados e não entendendo nada.
A presença do amigo passou segurança a ela, Anthony soltou-a e deixou Harry tomar seu lugar. O moreno aproximou-se e abaixou-se na frente dela, que ainda estava sentada, olhando-a nos olhos.
–Harry... – ela sussurrara rouca – me desculpe... eu deveria ter te ouvido. Você sempre estava certo. – ela dissera abraçando-o.  
Harry não soube o que fazer senão abraçá-la também, lançou um olhar interrogativo para Anthony, mas este apenas deu de ombros.
–O que aconteceu, Hermione? – o moreno perguntou, mas ela nada falara.
Harry sabia, tudo aquilo tinha haver com Malfoy. Somente com ele.
–O que o Malfoy fez?
–Nunca mais diga o nome dele, em hipótese alguma – ela dissera com raiva, afastando-se dele e levantando-se da cadeira.
Por breves segundos Harry viu uma sombra perpassar os olhos dela, e , no momento em que ela retomara o que dizia, ele teve certeza que Hermione estava diferente. Talvez mais fria.
–Draco Malfoy está morto. – dissera sem emoção – E acabei de mudar de planos, não vou com você e Rony para a Toca nesse Natal. Vou à França.
–O que vai fazer na França? – Harry perguntou estranhando-a.
–Vou à Roquefort procurar informações sobre a pedra do destino. – ela dissera simplesmente e lembrou-se de que não contara a Harry sobre a relação dela e da pedra.  
Tudo vinha à tona para Hermione agora, tudo parecia ter sido jogado em cima dela, como se, sem Draco, ela pudesse concentrar-se somente em seu poder agora. Só lhe restava estabelecer uma ligação.
Pedra do destino... Melanie Moore... Visões... Roquefort... Preciosidade... Futuro... Passado... Presente...
Ela tinha que tentar desvendar esse mistério, tinha que buscar, sem desistir, mesmo que a dor em seu peito fosse forte, mesmo que as lágrimas a cegassem, mesmo que o amor sufocasse seu coração, mesmo que suspiros representassem mais mágoa, mesmo que seu pulmão explodisse suplicando mais ar, mesmo que Draco Malfoy não se importasse mais com ela. Mesmo que ele tenha ido embora. Pra sempre.
– Harry, eu sou a guardiã da pedra. – ela dissera dessa vez admitindo não para ele, mas para ela própria.
E dissera tão naturalmente, de modo tão debochado, que ele não sabia se acreditava ou não, mas depois de uns segundos, ele percebeu que era verdade. Mas estava surpreso demais para falar algo.
–Roquefort... esse é o lugar da sua visão? – Anthony perguntara confuso e ela confirmara. – Bom, pelo menos você terá um guia com você – ele disse divertido.
–Como assim?
–Moro lá com meu avô desde meus doze anos. – Tony respondeu sério – Pode viajar comigo. E de qualquer maneira, podemos aparatar, você é maior de idade mesmo.

Harry estava perdido, aquela Hermione não era sua amiga. Era apenas uma garota fria, que estava aceitando viajar sozinha com um garoto que mal falava com ela. Mesmo tentando discutir, ela não lhe daria ouvidos. Era espantosa a transformação dela. Em uma hora, estava em prantos e na outra, indiferente. Ela, decididamente, não estava bem.

:::  :::

–Draco! Pare de fugir de mim – Lucy dissera seguindo o loiro e entrando atrás dele no salão comunal, mas ele a ignorara. – Me ouça!
–O que quer, Lucy? – ele virou-se irritado assustando ela – quer me dizer o quanto eu sou idiota? Vá em frente! DIGA!
As palavras dele eram tão frias que a assustou, mas não o deixaria subestimá-la.
–Eu sei porque você fez isso, não preciso perder meu tempo dizendo o quão estúpido foi. Eu só não acreditava que você teria coragem...
–Você lê minha mente, no entanto pouco me conhece, para uma amiga deveria saber do que sou capaz. – Draco dissera com raiva jogando-se no sofá da sala.
Isso a irritara, ele não devia ter dito aquilo. Mas sabia que Draco só estava com raiva. Logo passaria.
–Escuta aqui, Malfoy, sou a única nessa escola que sabe quase sua vida inteira. E não fico por aí me exibindo disso, como aquelas vadias que você pega de vez em quando. Também não sou a Granger para você brincar depois jogar fora. NÃO! Eu sou sua amiga. E ou você percebe isso, ou eu vou ser outra que irá embora e te deixará para trás.
Lucy mal falara aquilo, dera um passo para trás, mas Draco a segurou pela mão, como se tivesse se arrependido por descontar nela, seus erros.
–Me desculpe... – dissera olhando para o chão, sem ter coragem de olhá-la nos olhos – É que... eu a perdi, Lucy. Para sempre.
Lucy, então, sentou-se no sofá ao lado dele, deixando-o deitar a cabeça em seu colo. Naquele momento era apenas isso que ele precisava. Ficar quieto, descansar, porque a realidade seria pior assim que o dia amanhecesse.
–Não, Draco. Isso não é para sempre. Eu posso apostar que não. – Lucy sussurrara vendo o loiro fechar os olhos, cansado.    
Ela percebeu que havia algo na mão dele, algo que ele não tinha largado ainda. Era o colar que Hermione lhe devolvera. Parecia estranho, mas Draco não o havia soltado, desde que ela lhe entregara.

:::  :::

O dia havia nascido lentamente, e não nevava naquela hora. Estava em Hogsmeade, pronta para embarcar no expresso. Não iria para casa. Não seu iria com sues amigos. Iria para um lugar novo, em busca de seu destino. Seus olhos inchados de chorarem tanto a incomodava. Não iria mais demonstrar fraqueza. Havia jurado isso. Estava seguindo para um novo caminho. Era um recomeço. Sem Draco. Sem preocupar-se com Voldemort. Sem ter que ser alguém que ela não era.
Já na cabine que dividia com Harry, Rony e Gina, ela fitava o céu pela janela. O trem estava partindo, levando-a para longe da escola e mais perto de sua jornada. Estava tão fria, como o céu do inverno. Chegara meses antes, como uma garota ingênua, achando que o que mais importava era a inteligência, e agora sabia que não era somente isso que importava. Aprendera da pior forma: Vivendo. E continuaria a aprender tudo o que precisasse para tornar-se forte. Não seria mais uma menina assustada. Era uma mulher. Senhora de seu destino.  


"Dentro da noite que me cobre Negra como as Profundezas, de um pólo ao outro, Agradeço aos deuses, se é que existem, pela minha alma indômita. Nas garras ferozes das circunstâncias não me encolhi, nem fiz alarde do meu pranto. Golpeado pelo acaso, minha cabeça sangra, mas não se curva. Longe deste lugar de ira e lágrimas só assoma o Horror da sombra, Ainda assim, a ameaça dos anos me encontra, e me encontrará sempre, destemido. Não importa quão estreita seja a porta, quão profusa em punições seja a lista, sou o mestre do meu destino. Sou o capitão da minha alma."
(William Ernest Henley)



N/a: Nossa, nem acredito que acabei a fic, é triste isso, mas mais do que isso, me deixa tão feliz, foi tanto tempo com vcs e espero que continuem comigo em mais uma temporada da fic, (uau, não é série, mas vamos chamar de temporada suhsuhus).
Espero que tenham gostado da fic e não me culpem pela separação do nosso casal preferido, mesmo que tenha sido triste e mto dramática. Talvez ainda haja humanismo em mim e eles ainda tenham chance, torçam por isso.
Espero todos vcs na continuação. Quem tem conta no FeB é só ir pra http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37369, lá já tem um “bônus” e logo irei postar lá o 1º cap de Por culpa do destino 2. 

As músicas desse cap são:

Save me - Hanson
Against All Odds (Take A Look At Me Now) - Pode ser na versão do Phil Colling, Gavin DeGraw, vcs decidem...
My Immortal - Evanescence

Bom, obrigada a todos que leram a fic nesses meses, e a quem ainda vá ler. Foi ótimo distraí-los com essa história.

Gabi Ravenclaw


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