Capítulo 6 – Poções e venenos
"Hell
is empty, and all the devils are here."
William Shakespeare
A
música alta invadia sua audição, vibrava em seu corpo e a anestesiava. A menina
estava num estado completamente alucinado, olhava para tudo maravilhada, desde
a sala mergulhada em luzes multicoloridas, até a banda improvisada no palco e a
horda de estudantes que se divertiam.
Tudo
se movimentava, rápido, lento, junto com o som, com as vozes histéricas.
Ela
sorria. Gargalhava. Merlin! Aquela era a melhor sensação do mundo, nunca sentira
nada de uma forma tão profunda, nunca vira estrelas brilharem na noite tão
alegres, tampouco prestara atenção ao sorriso dos outros.
Havia
vidros quebrados no chão, eram outrora frascos de poções. Um líquido azul
misturava-se a outro verde.
Os
cachos loiros estavam desfeitos. Ela jogou a cabeça para trás e abriu os
braços, girando devagar e quase caiu no chão. Uma mão a segurou. Por um momento
esperou encontrar olhos tão negros quanto a noite. O que viu, no entanto não
foi isso e ainda assim, não se decepcionou. Olhos azulados a fitavam. A boca
pálida dele gesticulou algo, mas ela não prestou a mínima atenção no que ele
dissera. Seus olhos apenas acompanharam o movimento dos seus lábios e não
resistiu.
Tocou-os
com os seus próprios lábios rosados.
Doce,
fora a sensação do beijo inesperado.
E então... acordara.
A cabeça da garota doía
fortemente. No entanto a pior parte de tudo não era sua ressaca. Lembrava-se
vagamente da noite anterior, do barulho, das vozes, do álcool anestesiante e dele.
Desejou então não ter
sonhado e nunca ter ido àquele maldito lugar.
“Se
arrependimento matasse... eu estaria enterrada já”
pensou, no entanto Lucy não pode evitar morder os próprios lábios, não
acreditando no que acontecera na festa e fora dela.
21 de fevereiro, sexta
Os cachos castanhos
estavam caídos no lado esquerdo do rosto de Hermione, tampando uma página
amarela de um livro. A mão direita escrevia rapidamente num pergaminho e a
expressão era deveras concentrada. Os lábios rosados estavam úmidos, visto que
num curto intervalo de tempo ela molhava-os com a língua e, por vezes, mordiscava-os.
Os olhos se retiraram
do pergaminho e fitaram a biblioteca, onde alguns alunos circulavam a procura
de livros para suas tarefas e trabalhos. Dois olhos cinzentos abaixaram-se de
volta ao próprio volume, folheando-o lentamente e mal prestando atenção nas
palavras.
E
assim a Guardiã da Pedra terá sua Nêmesis, e como tal, possuirá nas veias a
vingança e as trevas. No entanto, a justiça não perecerá e tudo aquilo ou
aquele que se voltar contra a ordem natural e o equilíbrio universal,
colocando-os em perigo, será castigado.
Os olhos do loiro
apenas pairavam sobre as palavras, não se recordava de nada que lia e mais uma
vez seu olhar caiu sobre a grifinória, ela voltara a ler.
Pensou por um momento
no quão bela ela era e no quanto a desejava. Isso estava matando-o por dentro,
corroendo seu corpo, sua mente e o enlouquecendo, pois podia tê-la e ainda sim,
não a tinha.
Hermione levantou os
olhos do volume que lia, seu tempo era cada vez mais escasso e o número de
tarefas e trabalhos só aumentava a cada dia. Checou seu relógio, tinha mais uma
hora antes que a próxima aula começasse. A alguns metros uma sonserina escrevia
num pergaminho, para todos aparentava estar terminando algum trabalho, mas os
olhos atentos de Hermione perceberam exatamente o que se passava.
A sonserina mais durona
daquela escola suspirava, Lucy nunca admitiria, mas Hermione tinha certeza
absoluta que na mente da garota não havia feitiços ou poção alguma, poderia
apostar com qualquer um que certo corvinal de cabelos negros preenchia todos
seus pensamentos.
Hermione riu e retomou
seu trabalho, o que meio minuto depois pareceu ser algo inútil, já que Rony
sentou-se ao seu lado, jogando-lhe um papel dobrado.
– O que? – Hermione
perguntou e leu o que lhe parecia ser um convite.
Para
a Festa dos Desejos está convidado
Poções
e venenos nunca estiveram tão perto
Prove
ou não do veneno adulterado
Desperte
através dum sentimento incerto
Encontre
em si anjo culpado ou demônio ousado
Entretanto,
não ouse tomar do arrependimento
Após
a insanidade a noite é asfixiante
Berço
do bem e do mal, de qualquer findável encantamento
Escolha
seu frasco embebido na doce luz bruxuleante
E
nunca diga não à tão doce evento.
– Rony, o que é isso
exatamente? – Hermione contestou prestando atenção aos versos.
– É uma festa
clandestina, ouvi falar que alguns lufanos e corvinais estão organizando. Uma
menininha do segundo ano me entregou hoje cedo. Pensei que você tivesse
recebido também.
– Ah! – Hermione
exclamou entregando o convite roxo de volta a Rony. – Não recebi, mas, de
qualquer modo, não parece ser uma festa muito... segura.
– Na verdade, Srta.
Granger, é totalmente segura – uma voz falou atrás dela.
Hermione antes mesmo de
virar o rosto sabia quem era. Deu de cara com um Anthony despenteado e com um
sorriso maroto. O garoto deixou que um outro convite roxo caísse sobre a mesa.
– Eu não a vi cedo,
adivinhei que estivesse na biblioteca, mais uma vez.
– Certo, mas talvez,
Sr. Wolhein, você devesse saber que não tenho tempo para ir à festa alguma.
– Desconte do tempo que
vem até aqui. Estudar tanto vai te matar, Granger, é sério! – Anthony murmurou
lançando a ela um olhar falsamente preocupado.
– Como diabos consegue
ter notas tão altas e ainda assim ser tão...
– Lindo? Perfeito? Irresistível?
– Presunçoso!
Rony, que estivera até
o presente momento quieto e com uma carranca em razão da presença do Anthony,
soltou um muxoxo de descaso, fingindo ojeriza.
– Incomodado, cenoura?
– Não comecem você
dois! – Hermione pôs-se entre os dois e puxou Rony consigo. – Não tenho tempo
para isso, tampouco quero encontrar anjos ou demônios, dê esse convite a alguém
mais interessante.
E com isso a garota
deixou Anthony atônico para trás, perdido entre a vontade de ir junto com ela para
convencê-la e, ao mesmo tempo, quase cedendo ao desejo de estuporar o ruivo com
ela.
– Ignore o Weasley –
Lucy falou, pegando o convite que Hermione deixara na mesa. – Eu a convencerei,
ou Draco, tanto faz... Ele só irá se ela for também.
O corvinal sorriu,
prestando atenção na garota.
– Está diferente,
Lucy... – ele murmurou – parece feliz.
– Talvez esteja vendo
coisas demais, lobo.
– Não me chame assim! –
Anthony brigou, abaixando sua voz o máximo que pode.
– Lobo, Lobo, Lobo!
– Lucy!
A loira riu e enquanto
ele exibia uma face colérica, puxou sua mochila e saiu dali, dando-lhe uma
piscadela divertida.
***
Hermione tirava seu
livro de poções da bolsa enquanto via um Harry furioso entrar na sala, Rony
vinha atrás calmo e a garota poderia jurar que vira curiosidade no rosto do
ruivo, com certeza ele sabia tanto quanto ela sobre o estado do moreno.
Eles vieram diretamente
até a mesa dela e Hermione ia logo perguntar o que acontecera se não fosse
Snape ter entrado na sala.
– Abram seus livros na
página 297 – Snape dissera secamente.
No alto da página
Hermione pôde ler perfeitamente o tema da aula: Poções do Sono.
Nas próximas páginas
variadas poções eram citadas, algumas temporárias, simples e fracas, algumas
curativas e outras permanentes, proibidas e realmente perigosas.
– Alguém reconhece essa
poção?
Hermione fitou a poção
numa mesinha perto dela, não havia fumaça alguma, apenas um líquido azul
cobalto, que brilhava intensamente, uma fragrância fraca e doce era exalada e
Hermione sentiu-se levemente tonta. Reconhecia a poção, não tinha duvidas de
qual era e, assim, sua mão foi ao ar, mas era óbvio que Snape a ignoraria.
E como pensou, ele fez
exatamente isso.
– Sr. Malfoy? Pode me
dizer que poção é essa?
Draco, que antes fazia
algumas anotações, levantou o rosto, dando de cara com uma Hermione aborrecida,
virou a face e fitou a poção rapidamente.
– Poção Dormientem, senhor.
– E para que ela serve?
– Para adormecer, obviamente.
Uma gota dessa poção e toda a força vital será drenada, reduzida à metade e a
pessoa dorme por longos anos, até hoje nunca foi registrado ninguém que tenha
despertado após entornar essa poção.
– Dez pontos para
sonserina – Snape falou satisfeito e virou-se para os outros alunos.
“Essa poção foi feita
por uma bruxa no século XIII, Thaleia Dornröschen era seu nome. Alguns
historiadores dizem que ela, por causa da poção, ficou adormecida por cerca de
oitenta anos, e sua história deu origem a algumas versões de um conto trouxa
que agora não me recordo o nome.
Snape conhecer contos
de fadas trouxas? Isso pareceu um absurdo a Hermione, mas ela escondeu o máximo
que pode sua surpresa. O líquido azulado ainda a deixava nauseada e o brilho
era tão belo quanto um luar. E o perigo que aquilo reservava era até mesmo
sedutor para ela, dormir até a morte, sair de toda aquela guerra e não ser a
tão extraordinária Guardiã, mas sim a Bela Adormecida.
– Hermione! – a voz de
Rony soou urgente.
– Ah, o que foi, Rony?
– ela sussurrou para o amigo.
– Você parece...
estranha, estava fazendo umas caretas e não me ouvia.
Hermione piscou os
olhos não compreendendo o amigo, não estava estranha, estava apenas fitando a
poção Dormientem, sua luz brilhante e mágica, imaginando como seria prová-la...
Não estava fazendo caretas, não mesmo.
Imaginou por que uma
poção tão perigosa estava ali, sendo ensinada num livro do 6º ano. Coisas tão
perigosas não deveriam estar nas mãos de adolescentes tão descuidados e
idiotas... Então algo lhe ocorreu. Tinha um livro perigoso também sobre a Pedra
do Destino, mas e se houvesse mais informações em outros livros? Praticamente
varrera a biblioteca e pouco encontrara, mas e se os livros úteis estivessem na
seção restrita?
Obviamente nenhum
professor iria dar-lhe autorização para retirar algum volume de lá. Não a ela
que já era uma suspeita, já tinha a ficha suja na escola, detenções, fugas para
o ministério, desrespeito às regras... E desta vez Lockhart não estava ali para
dar uma autorização à Harry, nunca haveria um professor tão descuidado quanto
ele.
Ficou então tentando
achar uma solução para aquilo e mal prestou atenção à aula. Snape os mandou
fazer uma poção simples e Hermione a fez perfeitamente como sempre, no entanto,
nenhum ponto lhe foi dado por isso.
Saiu tão apressada da
sala que não percebeu Draco demorar-se ali enquanto todos saiam e Snape
terminava de arrumar os ingredientes em seu armário.
“Preciso
pensar em como roubar um livro da Seção restrita. E pensar que um dia eu zelei
pela minha ficha limpa em Hogwarts...”
***
22 de fevereiro, sábado
As capas velhas
pareciam tenebrosas, assustavam-na tanto quanto a escuridão da biblioteca
proibida. Uma estranha sensação preenchia seu ser, mas o medo não a impedia de
continuar sua busca. Era impelida pelo impulso de saber mais sobre aquela
maldita pedra.
Apontou sua varinha
para a estante e pôde ler alguns títulos, eram todos livros antigos, datados de
um tempo incerto. No entanto, emanavam magia pura e tão poderosa que Hermione
tinha absoluta certeza que seu conteúdo era avançado demais para uma mera
garota de dezessete anos.
Puxou um livro, abriu-o
e correu os olhos pelas palavras ainda nítidas. Não era o que ela queria. Puxou
outro. Nada. Estava quase tocando num volume de capa negra quando ouviu um
ruído.
“Nox”
murmurou e seus olhos encontraram a penumbra. “Merda, deveria ter pedido a capa de Harry emprestada!” pensou
consigo mesma, xingando-se mentalmente por sua burrice.
Saiu em passos
silenciosos dali, sabendo que seria inútil continuar sua procura. Alguém a
veria, e perguntas incômodas surgiriam. Fechou a porta calmamente, evitando
barulhos e assim que se virou para o corredor, reprimiu um grito, alguém tampou
sua boca com a mão e fora empurrada contra a parede com uma violência
repentina.
– Você tem o direito de
permanecer calada, Granger! – uma voz zombeteira falou e Hermione percebeu o
sorriso presunçoso de Draco Malfoy.
– Seu maldito! –
Hermione falou com raiva, tentando controlar seu tom de voz o máximo que podia.
Bateu nele com força e os braços dele não demoraram a segurá-la firmemente.
– Silêncio, quer uma
detenção?
– Sou uma monitora, sua
serpente nojenta!
– Uma monitora que
estava na seção restrita à noite e no escuro.
Isso a calou. Maldito!
– O que estava fazendo
lá?
– Olhando os livros!?
– Tenho cara de idiota?
– Quer uma resposta
sincera?
– Olhe aqui Granger,
você estava numa área proibida e até onde sei, sempre que infringe as regras é
por causa do Potter ou do Weasley e...
– Sonserinos ignoram
regras, por que diabos eu fazer isso é tão importante? – Hermione dissera
sentindo uma crescente raiva por Draco.
– Você não é uma
sonserina.
– E você não é meu pai,
então me deixa em paz!
Ela tentou em vão fugir
dali, mas Draco a impediu, segurando-a ainda e com a face perto demais da dela.
– O que estava fazendo
lá?
– Já disse uma vez,
Malfoy. Repito: Não estou procurando nada importante, só queria dar uma olhada
nos livros!
– Precisa relaxar sabe?
Anda estressada demais, por Merlin!
– Por que isso lhe
importa? É minha vida, meu estresse. Não entendo no que isso diz respeito a um
sonserino idiota!
– Ok, mas você ter
invadido a Seção Restrita talvez seja do interesse de algum professor ou até
mesmo de Madame Pince e eu, como um monitor respeitável, teria que reportar
isso à nossa ilustre bibliotecária.
A voz de Draco era
totalmente teatral e seu sarcasmo escorria pela sua boca como veneno de
basilisco.
– Draco! Não brinque
comigo, você já quebrou muitas regras, mais do que eu posso sonhar um dia, não
faça isso...
– Mas eu preciso, sabe
o quanto quero ser monitor-chefe, minha querida?
– Eu faço o que você
quiser por um dia inteiro.
– Que tal por uma noite
inteira?
– Vá à merda, Malfoy!
– Hey, acalme-se! Estava
falando sobre a festa, sua pervertida! Vá e eu não faço nada.
– Sem chances. Vamos,
Malfoy, eu faço um trabalho para você, que tal o de História da Magia?
– Que tal a festa?
– Eu não vou a essa
festa, Malfoy. As chances de que isso aconteça são nulas, inexistentes! Ouviu
bem?
***
22 de Fevereiro, Domingo
– Maldito sonserino,
filho de uma... – Hermione ia murmurando consigo e olhou para os lados, aflita.
“Eu
deveria ter encarnado a Hermione de 11 anos, certinha, chata e inteligente.
Onde diabos fora parar meu juízo? Por que diabos fui cair na chantagem do
Malfoy? Por que, Merlin?”
Se algum professor a
encontrasse estaria frita. E ainda assim entrou na sala precisa.
Ficou abismada com a
barulheira da festa. A sala precisa parecia ser tudo, menos Hogwarts. Havia um
lustre gigante no centro da sala e velas flutuavam no teto. Luzes
multicoloridas dançavam pelas paredes e caiam sobre os adolescentes, sobre o
chão, sobre todo o salão. Vermelho. Anil. Violeta. Verde. As cores se
movimentavam juntas, nunca se misturando e tampouco desviando de suas trajetórias.
Algumas garotas dançavam no centro do salão, girando seus corpos de forma rápida,
desengonçada e sensual, estimuladas a dançarem por um grupo de sonserinos, que as
impeliam a isso e as comiam com os olhos, despindo-as daqueles vestidos ousados
em suas mentes pervertidas.
A música alta enchia os
ouvidos de qualquer um, letras sem nexo, berradas por algum vocalista à beira
da insanidade e acompanhada por instrumentos barulhentos. A banda fazia
Hermione recordar-se das Esquisitonas e do baile de inverno. Mas ali não havia
professor algum para impedir nada ou para controlar adolescentes à flor da
pele.
We
are miserable (Nós estamos tristes)
You
are drivin' me insane (Está dirigindo-me louco)
This
could be your sick love song (Este poderia ser a sua insana música romântica)
This
could be your sign that things are going wrong (Este poderia ser o sinal de que
as coisas vão mal)
This
could be your sick love song (Este poderia ser a sua insana música romântica)
Sick
love song (Insana música romântica)
Sick
love song (Insana música romântica)
– Hey gatinha! – alguém
gritou em meio à multidão e apareceu à frente de Hermione.
Lucy sorria como se
fosse a pessoa mais feliz do mundo. E trazia consigo um copo quase vazio. Wiskey, Hermione pensou.
A sonserina vestia uma
saia negra e uma camisa branca justa, com os primeiros botões abertos e um
quinhão do sutiã negro exposto, usava também uma jaqueta jeans por cima da
roupa. Os cabelos loiros estavam bagunçados dando a impressão de que acabara de
agarrar-se com alguém.
– Viu Wolhein? – Lucy
contestou-a bebericando a bebida.
– Não, eu acabei de
chegar – Hermione respondeu olhando à sua volta, tentando reconhecer alguém em
meio a tantas pessoas.
“Como
diabos colocaram tantas pessoas aqui sem os professores perceberem?”
– Draco ainda não
chegou – Lucy falou divertida. – Sei que o procura e, francamente, não tente ir
embora antes dele a ver. Se fizer isso com certeza ele irá denunciá-la a Snape.
Hermione bufou
irritada, se soubesse que um simples livro causaria isso, nunca teria invadido
a seção restrita na noite anterior.
– Por que ele não
aparece logo então? – a grifinória contestou a sonserina.
– Porque está na
guarda. Só entrará aqui na metade da festa.
– Guarda?! – Hermione
perguntou não entendendo.
– Tem cinco caras lá
fora guardando os corredores. Draco é um monitor, perfeito para o cargo. Ele
ajudou nos feitiços para evitar que o barulho saia dessa sala e também colocou
feitiços nos corredores, assim os professores podem ser confundidos. Um cara da
Corvinal pediu esse favor a Draco e é óbvio que o pequeno Malfoy vai aproveitar
muito bem isso quando exigir sua parte no trato.
– O que Draco irá
pedir?
– Não faço ideia... Ainda.
Lucy percebeu uma
cabeleira negra e alta no outro lado do salão e disse algo a Hermione, voltando
a procurar Anthony.
A castanha ficou
estranhamente sozinha no meio da horda de jovens. Os cachos castanhos não mais
existiam, e sem eles, seus cabelos pareciam maiores e ondulados. Vestia um
casaquinho negro por cima de uma blusa rosada decotada, o que a deixava
embaraçada. Odiava expor seu corpo com roupas mais ousadas, sentia os olhares
sobre ela, sobre seu corpo.
Olhou novamente para o
salão e aproximou-se de uma bancada. Havia dezenas de frasquinhos com líquidos
coloridos, todos embaixo de uma forte luz roxa, o que a fez lembrar-se dos
versos do convite. Numa plaquinha lia-se “Poções ou venenos. Qual sua
escolha?”.
A grifinória não fazia
ideia do que aconteceria caso alguém tomasse uma das poções, ocorreu-lhe que
aquilo era uma brincadeira de péssimo gosto e imaginou quem fora a mente
doentia que inventara.
– Gostou? – uma voz
atrás de si se manifestou.
Virou-se para ficar
quem era e reconheceu Anthony. Abriu a boca num perfeito “O”. Ele nunca lhe
parecera tão irresistível. “Foco,
Hermione Granger! Até o final dessa noite ele será o namorado da Lucy!”,
pensou lembrando-se do dia anterior, quando o corvinal lhe dissera isso.
– Eu que tive a ideia.
– Anthony falou e pegou um dos frascos, o qual trazia um líquido esverdeado.
“Haha,
era óbvio que isso tinha a mão de Wolhein” Hermione
pensara. “Quem mais teria a estúpida
ideia de envenenar alguém?”
– Não pegue nenhum
frasco rosa ou azul. – Tony dissera divertido e deu uma piscadela. – Viu Lucy?
– Er... Estava
procurando por você. Tire a bebida dela, Tony. E boa sorte! – Hermione falou
rindo e o viu afastar-se.
Sozinha novamente
Hermione pensou no que ele disse sobre os frascos. Não pegue o azul nem o
rosa... Não pegue... Mas que droga! Ela não fazia ideia do que ele quis dizer,
poderia ser a verdade, mas também poderia ser uma mentira, visto a picadela.
Maldito!
Pegou então,
teimosamente, o frasco azul e o guardou no bolso.
– Aquela é a Granger? –
ouviu um garoto dizer para um amigo e sentiu-se constrangida, saiu dali e foi
direto para o balcão cheio de cerveja amanteigada.
Estava quase lá quando
trombou com alguém.
– Desculp... – começara
a dizer e viu dois pares de olhos castanhos.
Os cabelos cor de fogo
da garota estavam lindos e lisos, como sempre, mas algo nela estava diferente.
Gina Weasley parecia mais mulher do que qualquer outra garota ali.
A ruiva limitou-se a
olhar rapidamente para Hermione e, depois, saiu dali, com Lilá e outra garota
quintanista.
Hermione sentiu falta
de sua melhor amiga e culpou Harry por isso. Sabia perfeitamente que o amigo
fora estúpido ao dizer que a amava ainda. A cena na sala precisa ainda estava
intacta em sua memória e não se desvaneceria tão cedo. Harry vira suas
memórias, Gina odiava vê-los juntos e agora, pelo o que sabia, ela e Harry
estavam dando um tempo.
Harry... Outro que ela
não vira ainda na festa. E Rony. Deveria ter vindo com eles, mas insistira
tanto que não iria à festa que isso a deixara envergonhada, fora o fato de ter
vindo só por causa de Malfoy e suas chantagens ridículas.
Pegou uma cerveja amanteigada
e a entornou, sentindo-se sozinha. Anthony procurava Lucy e ela, a ele. Gina
resolvera ignorá-la. Harry e Rony estavam sumidos e Draco... não estava ali,
por mais que negasse, se pelo menos o sonserino estivesse ali, se sentiria
melhor.
Hermione então se
forçou a prestar atenção à canção que uma garota do sétimo ano cantava,
enquanto continuava a procurar alguém interessante. “Harry e Rony, apareçam droga!”
Draco sorriu, o tipo de
sorriso que nunca presenteava a ninguém, somente a ela. Entre as luzes
frenéticas Hermione conversava com o Potter e o Weasley, mas ela estava tão
linda que o sonserino mal percebeu a presença dos amigos dela. Somente se deu
conta deles quando estava quase perto de Hermione.
Esquivou-se e
simplesmente a olhou fixamente, desejando que ela o visse e também sorrisse,
mas ela não o fez. Duas garotas pararam ao seu lado e ofereceram um wiskey de
fogo, o qual o loiro negou. Não queria beber ainda, tampouco corresponder à
malícia nos olhos daquelas duas.
– Hey, você! – Draco chamou
uma garotinha morena e ela arregalou os olhos, mal acreditando que Draco Malfoy
estava falando com ela. – Pode me fazer um favor?
A menina balançou a
cabeça, assentindo rapidamente.
– Conhece Hermione
Granger? – ela afirmou. – Sem que o Potter e o Weasley ouçam, diga a ela para
ir até... o balcão de poções. Pode fazer isso?
A garota disse que sim
e, somente o fato de ter trocado meias palavras com o loiro, sua noite
animou-se consideravelmente.
Os lábios de Draco se
curvaram, exibindo um sorriso presunçoso e deveras malicioso. Hermione ainda
era tola, tanto quanto no dia em que a conhecera e a desprezara.
“Maldito”
ela pensou pela enésima vez, se dirigindo até o outro lado do salão, trombando
nas pessoas e desejando estar longe dali o mais rápido possível. Parecia
impossível chegar até onde Draco a chamara, não com tantas pessoas barrando seu
caminho. Fora então que sentiu uma mão puxá-la para um canto e quando percebeu
Draco segurava sua mão direita e a puxava para o meio da pista de dança.
– O que pensa que está
fazendo, Malfoy?
– Dançando, faz bem à
saúde e você deveria tentar isso também...
Granger fechou a cara,
traçando planos na sua mente para se livrar dele, o que incluía torturas,
azarações e uma morte lenta e dolorosa.
– Me solte! – ela disse
baixo, evitando chamar a atenção dos outros. – Eu vim, como pediu, agora me
deixa em paz?
– Agora que a festa
está começando? Não mesmo, minha pequena.
Draco segurou
firmemente suas mãos e a forçou a dançar no ritmo da música animada.
Ela poderia muito bem
ter o empurrado e fugido daqui, mas evitá-lo mais só atrairia problemas. Ia
contra si mesma a cada instante perto dele e odiava-se por isso. O que Draco
queria? Desejava quebrar seu coração novamente? Transformá-lo em pó?
– Não irá dizer o que
estava fazendo na seção restrita, irá? – Draco dissera baixo, as íris cinzentas
sobre as castanhas, a boca fina a poucos centímetros dos lábios da grifinória.
Hermione fitou-o
completamente hesitante, queria muito dizer tudo a Draco, toda a verdade sobre
sua condição, sobre sua sina... Mas ele entenderia? O que isso iria trazer de
bom a ele? Draco fora um completo canalha semanas atrás, antes do natal. Usou-a
como a um lixo e agora parecia tentar recuperar o que perdera. Até onde sua sinceridade
ia? Estaria ele arrependido ou queria apenas se divertir mais?
– Não, Draco. Não
posso, nem quero dizer nada. Assuntos restritos... Apenas pessoas confiáveis
sabem, entende?
O sonserino olhou para
Hermione duramente, estava indiferente, mas o olhar magoado o denunciava. Draco
prensou ainda mais o corpo de Hermione sobre o dele e deixou sua face descansar
no pescoço da garota. Uma leve fragrância adocicada estava impregnada nos
cabelos castanhos e isso o anestesiava. Os lábios dele tocaram levemente a pele
pálida dela.
– Aposto que está
tramando algo, Srta. Granger, mas o quão complicado isso é para você ter que
invadir uma biblioteca? – sussurrou, provocando-a em cada palavra.
Imediatamente a
lembrança veio à mente de Hermione e ela fechou os olhos, sendo absorvida
totalmente no encanto da serpente.
Aquilo a fez rir,
lembrar-se da noite passada e do que dissera era algo engraçado, somente Draco
conseguia curvá-la, fazê-la ir contra si mesma.
Sentia o cheiro dele
impregnar em sua própria pele e tentou em vão afastar-se, mas ele não iria se
separar tão cedo dela.
***
Lucy, tentou
levantar-se, mas quase escorregou, Anthony a amparou rapidamente e seus lábios
ficaram tão próximos que ele pode sentir o cheiro de álcool impregnado na
sonserina.
Os olhos castanhos
claros estavam fixados nos castanhos escuros dele e pela primeira vez Lucy
percebeu que não estavam tão negros, como de costume.
– Lucy, eu...
Ele principiou, sendo
incapaz de achar as palavras que tanto treinara. Lucy poderia ser pequena e toda
menininha, mas ele tinha absoluta certeza de que aquela era apenas sua casca. A
garota era mais forte e mais intimidante do que as outras, então como confessar
a ela o que sentia? Como convencer Lucy a namorar com ele?
– Lucy, eu te a...
Boom!
Algo explodira no meio
do salão e todos os olhos caíram sobre um garoto quintanista, todo cheio de
fuligem, ele fizera uma bagunça descomunal e agora o salão estava um alvoroço.
Meninas queriam esganá-lo por sujarem seus vestidos e alguns garotos apenas riam,
aumentando os desastres mais ainda.
– Merda! – Anthony
deixou escapar e fez com que Lucy se sentasse novamente no balcão. – Não saia
daqui e não beba mais nada. Entendeu?
Lucy sorriu e não
respondeu, quando percebeu Anthony já havia sumido em meio ao tumulto.
– Não acha chato seu
namorado te abandonar assim? No meio da festa? – uma nova voz dissera.
– Dê o fora, Zabini. –
Lucy falou entre dentes e pediu outro wiskey de fogo, ignorando o aviso de
Anthony.
– Por que eu faria
isso? – o sonserino falou com a mão no queixo dela e a puxando mais para si.
Lucy limitou-se a
tentar empurrá-lo, mas não foi isso que a livrou dos braços de Zabini. Alguém o
empurrou e todo o seu wiskey caiu em seu vestido.
– Desculpa aí... Está
uma confusão essa sala... – Ronald Weasley murmurou despreocupado.
– Olhe o que fez seu
grifinório sujo! – Lucy gritou com raiva e desejou amaldiçoar o ruivo ali
mesmo, no entanto saiu dali batendo os pés, sentindo um ódio puro.
A garota alcançou a
porta da sala precisa e dando um ultimo olhar para a festa, saiu dali. Queria
muito ficar lá por Anthony, mas estava toda suja e manchada de bebida, se ali
ficasse, pagaria um mico enorme. Entrou na primeira sala que encontrou e bateu
a porta, mal se lembrando que o barulho poderia denunciá-la.
Tirou a jaqueta toda
molhada e jogou num canto, abriu os botões da camisa um por um e, cinco
segundos depois, a porta fora aberta. Lucy se preparou para uma detenção.
Virou-se. A sua frente
estava Rony Weasley.
– Saia daqui seu
traidor do sangue nojento, não basta me sujar inteira? Precisa vir aqui zombar
de mim? Já me tirou da festa, já acabou com todas as minhas chances de ter uma
noite divertida, agora o que quer?
Para sua surpresa ele
não respondeu, os olhos azulados dele estavam fixos nela e em sua blusa aberta.
Lucy percebeu isso claramente, mas não fez nada, pelo contrário, apenas riu do
embaraço dele e se aproximou perigosamente.
Humilhar o Weasley ia
ser mais divertido do que ficar gritando com as paredes.
– O que foi, Weasley?
Perdeu algo? – dissera provocante e sorrindo maliciosa.
Rony recuou até a
parede, evitando o contato com ela.
– Eu joguei a bebida em
você, admito, mas eu não queria isso. Zabini colocou algo dentro do seu copo e
eu...
– Acha que preto fica
bem em mim? – Lucy contestou ignorando o que Rony dizia.
A loira limitou-se a
arrancar a camisa branca e seus seios ficaram expostos com apenas o sutiã
negro.
A boca de Rony caiu e
ele ficou apenas fitando-a, as palavras estavam perdidas na sua garganta e seu
juízo fora dar um longo passeio. Odiou a si mesmo por não ter forças para sumir
dali.
Quanto a Lucy, ela
estava amando a brincadeira e aproximou-se mais de Rony. Ele escapou novamente,
mas ao dar um passo para o lado acabou caindo numa cadeira e Lucy aproveitou a
deixa, sentando-se no colo do grifinório.
Se alguém dissesse a
ela o que estava fazendo, nunca acreditaria.
A Lucy sóbria iria
matar-se antes que pudesse tocar em um grifinório, mas lá estava ela, bêbada e
provocando uma cenoura ambulante.
– Você gosta disso? –
Lucy perguntou e beijou levemente os lábios do ruivo.
Não fazia ideia do por
que estava brigando com ele antes, aquilo parecia tão bom. Não havia motivos
para gritos, Ronald poderia ser um tapado a maior parte do tempo, mas dissera
coisas legais a ela, certa vez. E ele nunca lhe pareceu tão quente quanto
naquele momento.
– Lucy... talvez
isso... esteja errado... – Rony tentou dizer entre os beijos da sonserina. – Eu
e você... não somos para... ser.
– Shiiiu – Lucy disse, os lábios rosados sorriram – Nada na minha vida
é certo, Weasley, agora cale a boca e me beija.
Então Rony cedeu,
incapaz de resistir mais às pernas da garota enroladas em sua cintura, tocou
sua coxa, por baixo da saia negra e aprofundou o beijo, excitando-a.
A lascívia ardia dentro
dele, sentia seu corpo pulsar de desejo, beijava o pescoço alvo da garota,
maravilhado. Lucy arrancou sua camisa com urgência e ele gemeu baixo quando
sentiu as unhas dela cravarem-se em sua pele. Rony deixou seus dedos deslizarem
pelo corpo dela, sentindo sua pele lisa e delicada.
Lucy estava entregue à
insanidade, mas Rony ainda não. Poderiam ambos estarem anestesiados peça
bebida, mas uma ponta de consciência ainda existia no grifinório.
“Ela
só tem 15 anos” Rony pensou e por isso afastou-se dos
lábios rosados.
Lucy encarou-o
estupefata, o que diabos ele estava fazendo?
– Você me odeia, Moore.
E eu posso ser um idiota, mas nunca seria como Zabini.
E
se não houvesse nenhuma luz
Nada
errado, nada certo
O ruivo agora evitava
fitá-la. Afastando-se dela vestiu novamente sua camisa, botão a botão, enquanto
a sonserina permanecia muda. Pegou estão as roupas dela e entregou a Lucy.
Os orbes castanhos o
fitavam, magoados e confusos.
– Você disse que... –
Lucy começou a dizer, totalmente desconcertada. – Disse que me ajudaria,
Weasley.
E
se você decidir
Que
você não me quer ao seu lado?
Rony olhou-a
desconfiado, mas ali estava somente uma menina, não a arrogante Lucy Moore.
Respirou fundo, sentindo-se incapaz de fazer qualquer coisa que a auxiliasse,
mas sabendo que talvez, com sorte, poderia fazer algo.
– Eu disse – Rony
murmurou – mas que tal vestir suas roupas antes de me falar seus problemas?
A sonserina piscou os
olhos e quase, por pouco, sorriu.
– Vai me julgar uma
sonserina sanguinária?
– Quem sabe... É uma
opinião que eu geralmente tenho sobre você.
Lucy conseguiu com
esforço vestir sua camisa corretamente e hesitou. Um resquício de lucidez
brilhou nela e sentiu-se também cansada.
– Amanhã, Weasley...
amanhã talvez eu te conte algo, sabe como é, né? Sonserinos tem segredos
demais.
E levantou-se trôpega,
quase caindo no chão se Rony não a segurasse.
– Acho que parar de
beber resolveria boa parte da sua vida, Moore.
***
– Estou pensando em
algo realmente interessante... – Draco sussurrou e antes que Hermione pudesse
responder, ele puxou-a pela mão.
– Draco, não! – dissera
tentando se soltar.
Mas fora inevitável,
quando deu por si, estava já em cima do palco e Draco ria. Aquele maldito a
empurrara até ali, apenas para vê-la pagar um mico. Alguém entregara um
microfone a ela e pela primeira vez em semanas Hermione sentia-se fraca.
Onde
eu me meti?
– Ãh, eu – ela começara
a dizer e sentia a face esquentar cada vez mais, todos a olhavam, exatamente o
tipo de atenção da qual tentara escapar toda a noite.
Foco,
Hermione Granger. Você é uma bruxa poderosa e lendária, agora seja esperta e...
Se vingue do Malfoy!
– Eu queria dizer o
quanto essa festa está sendo fabulosa e é claro, divertida. E estive pensando
numa forma de torná-la inesquecível! Na ultima festa de Halloween eu cantei a
vocês e fazer isso novamente não seria original.
– Mas todos amariam! – Draco
gritou e a multidão fez coro ao sonserino.
Hermione o amaldiçoou
profundamente naquele momento.
– Vocês querem uma
canção, mas querem uma de Hermione Granger ou uma de Draco Malfoy?
A sala inteira se
surpreendeu com as últimas palavras da grifinória.
– Ele está ao meu lado,
bem embaixo do palco e disse-me agora mesmo o quanto iria amar cantar algo
hoje.
Draco a olhou com fogo
nos olhos de tanta raiva que sentia dela naquele momento.
– A questão é: Draco
estava brincando comigo ou irá ter coragem para subir aqui? Afinal, alguém tão
audacioso negaria uma simples canção?
Hermione o provocou,
lançando a este um olhar divertido e provocante. Draco exibia uma expressão
cética, como ela se atrevia a inverter os papéis? Ela deveria cantar, ela era
quem gostava de fazer isso, não ele.
Ela queria brincar?
Pois não iria perder aquele jogo tão cedo. Subiu no palco e aproximou-se
perigosamente de Hermione.
– Se não tem coragem
para cantar alguns versos, Granger, não jogue isso nas costas de um sonserino –
dissera para provocá-la e essa simples aproximação causou arrepios na garota.
– Eu tenho coragem de
sobra para cantar qualquer coisa, Malfoy! – Hermione gritou com raiva e se
irritou ao ver um sorriso escapar dos lábios dele.
– Prove.
Hermione o olhou
furiosa. “Foda-se”, pensou, “já fiz isso antes!”
Roubou o microfone do
sonserino e respirou pesadamente, puxando o ar com força e o soltando. Lançou
um olhar rápido para Draco e colou seu corpo levemente no dele, mantendo o
contato com os olhos cinzentos e surpresos. Sua voz ecoou pela sala, visto que
o silêncio se abatera sobre o lugar instantaneamente.
Birds flying high, you know how I feel (Pássaros voando alto, vocês
sabem como eu me sinto)
Sun in the sky, you know how I feel (Sol no céu, você sabe como eu me
sinto)
Reeds drifting on by, you know how I feel (Bambus balançando sozinhos,
vocês sabem como eu me sinto)
It’s a new dawn, it's a new day, it’s a new life for me (É um novo
amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
It’s a new dawn, it's a new day, it’s a new life for me (É um novo
amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
And I'm feeling good (E eu estou me sentindo bem)
A voz de
Hermione soava aguda, angelical e completamente doce, possuía certa nobreza e
manhas de uma mulher dona de si e sua atitude independente e sensual comprovava
mais ainda sua classe, seu poder.
Assim que cantou
o último verso, empurrou Draco com uma leveza e singelo desdenhar, jogando-o
alguns metros para longe. Agitou então sua varinha e alguns instrumentos ali
perto começaram a tocar uma melodia animada.
Fish in the sea, you know how I feel (Peixe no mar, você sabe como eu me
sinto)
River running free, you know how I feel (Rio correndo solto, você sabe
como eu me sinto)
Blossom in the trees, you know how I feel (Flores nas árvores, vocês
sabem como eu me sinto)
It's a new dawn, it’s a new day, it's a new life for me (É um novo
amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
And I'm feeling good (E eu estou me sentindo bem)
Hermione piscou
para os garotos perto dela e deixou um sorriso escapar, estava anestesiada e não
fazia ideia de como conseguia cantar na frente de tantos. Tirou seu casaco
lentamente, com classe, de maneira provocante, deixando metade de sua platéia
excitada com a nova Hermione.
Ela não era mais
a sabe-tudo, para Draco, aquela era a garota que o machucara nas últimas
semanas, a Hermione cruel e sanguinária. E toda aquela atitude o deixava
morrendo de ciúmes.
– Tira mais! –
um corvinal gritou e Draco agitou sua varinha discretamente, fazendo com que o
garoto caísse no chão.
“Babaca” pensou com raiva.
Dragonflies all out
in the sun (Libélulas todas soltas no sol)
You know what I mean, don't you know (Vocês sabem o que quero dizer,
você não sabem?)
Butterflies are all having fun (Borboletas todas se divertindo)
You know what I mean (Vocês sabem o que quero dizer)
Sleep in peace when the day is done, that's what I mean (Dormir em paz,
quando o dia está terminado, isso é o que quero dizer)
And this old world is new world and a bold world for me (E esse velho
mundo é um novo mundo e um mundo ousado para mim)
A grifinória
fitou Draco e o olhar dele era tão intenso que se sentiu desnudada. Seu decote
era evidente, mas perto dele, tudo era mais intenso. Poderia sentir-se
intimidada perto dos outros, mas aquele sonserino a destruía completamente,
afastava toda a sua segurança. No entanto não seria fraca, não dessa vez.
Stars when you shine, you know how I feel (As estrelas quando brilham,
vocês sabem como eu me sinto)
Scent of the pine, you know how I feel (O aroma do pinheiro, você sabe como
eu me sinto)
Freedom is my life (Liberdade é minha vida)
And you know how I feel (E você sabe como eu me sinto)
It’s a new dawn, it’s a new day, it’s a new life for me (É um novo
amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
It’s a new dawn, it’s a new day, it’s a new life for me (É um novo
amanhecer, é um novo dia, é uma nova vida para mim)
And I'm feeling good (E eu estou me sentindo bem)
Hermione sorriu e assim
que abandonou o microfone voou diretamente para Draco. Ele a fitou com interesse
e parecia maravilhado com ela.
– O que fez com
Hermione Granger? – contestou-a divertido.
– Muitas coisas
aconteceram a Hermione Granger, Malfoy – Hermione respondeu dando de ombros e
rindo. – Vou pegar algo para beber, estou com sede.
– Eu pego – Draco
dissera indo direto para o onde alguns sonserinos bebiam.
Um garoto do sétimo ano
preparava alguns drinks enquanto conversava animado com duas meninas da
corvinal. Draco pegou a bebida mais fraca que achou somente pelo fato de álcool
e Hermione serem uma combinação perigosa.
– Não comece a me culpar,
Parkinson. Não posso ser mais inútil do que você, sabe bem disso! – uma voz
raivosa dissera atraindo o olhar de Draco.
Zabini estava
praticamente gritando com Pansy em meio a toda a barulheira do salão. A
sonserina mantinha sua arrogância e levantou a cabeça numa clara alusão à sua
superioridade sobre o outro.
– Você faz tudo errado,
meus planos dão certos, são perfeitos, mas Zabini, você é quem nunca os entende!
– Realmente, nunca há
falhas no que você planeja... Merlin! Você é um gênio Pansy! Mas quantas vezes o
Draco te usou mesmo?
– Ele não me usou!
– Cara, ele te trocou
por uma sangue-ruim, sabe o que é isso? É ridículo, humilhante, nojento!
– Olhe o que diz! Está
correndo atrás de uma mestiçazinha metida a sonserina, quem é você para me
julgar? Se Moore um dia sequer olhar para você considere-se um sortudo.
– Cala a boca, sua
maldita! – Zabini gritou com raiva, indo para cima da garota.
– Hey! Calminha aí! –
Draco postou-se entre os dois, encarando o amigo com suas íris cinzentas e
autoritárias. – Não ouse tocá-la.
– Que emocionante, o
traidor voltou para defender a amante nojenta, a Granger não é suficiente,
Malfoy?
– Ouça aqui, Zabini, eu
nunca ousaria atacá-lo, mas se abrir a boca mais uma vez para...
– Saia daqui, Malfoy!
Ninguém o chamou. – uma voz atrás do sonserino falou e para surpresa de Draco,
esta pertencia a Pansy.
O loiro virou-se e a
fitou desconcertado. Estaria Pansy louca?
– Você é só um maldito
amante de sangue-ruins, não preciso que tente me defender ou algo do tipo, vá
dar uma de herói com aquela maldita grifinória, talvez assim ela volta a abrir
as pernas para você.
Draco sentiu uma
repentina onda de raiva e instintivamente puxou sua varinha. A ponta da mesma
tocou o pescoço alvo da sonserina e ela engoliu em seco, exibindo um nítido e
palpável medo.
– Lave suas palavras
para falar de Hermione. Ela não é você, Parkinson, e não tem metade de sua fama
de vadia. Quem é você para falar dela? – Draco dissera com ódio no olhar,
esquecendo-se completamente do mundo, da suposta festa e de todos os jovens
ali.
Theodore veio até eles
ao ver que Zabini não faria nada e, assim, meteu-se entre os dois, puxando
Draco para longe de Pansy.
Uma fina lágrima
deslizou pelo rosto da sonserina e antes que fizesse alguma besteira, Draco
saiu dali em passos largos, ignorando qualquer um em seu caminho.
Uma ruptura acontecera.
Ele já não conseguia
medir as consequências de seus atos.
Sabia sim desde o
começo o que aconteceria.
Defender Hermione era
ir contra todos os seus amigos, sua família. Para defendê-la passava por cima
dos próprios conceitos.
E
se eu comecei errado
E
nenhum poema ou canção pudesse consertar isso
Ou
te fazer sentir que eu pertenço a você?
E
se você decidir
Que
você não me quer ao seu lado?
Que
você não me quer na sua vida?
Abriu a porta da sala
precisa e saiu pelos corredores silenciosos. Ouvia somente o som dos próprios
passos no chão e, assim que avistou uma porta, abriu-a. Respirava pesadamente e
sua mente explodia.
“O
que diabos eu fiz?”
“Estou
me prejudicando à toa!”
“Não,
não é à toa, é por ela!”
“Mas
se eu for castigado por isso... o que acontecerá à mamãe?”
A porta atrás de si foi
aberta com estrondo e Draco encarou Hermione. Ela estava ofegante.
Como
você pode saber se nunca tentou?
– Eu estava te
chamando, por que não me respon...
Antes que ela
terminasse a frase, ele a puxou pela mão e trancou a porta. Agitou a varinha,
murmurando um Abaffiato.
Cada
passo que você dá
Pode
ser seu maior erro
Odiaria a si mesmo por
isso, mas não poderia impedir a si mesmo.
– Você é uma sangue-ruim, uma nojenta. A escória da
sociedade mágica e não deveria existir, sabe muito bem disso, não sabe,
Granger? Eu a desprezei sempre, desde
o primeiro momento em que pisou os pés nessa maldita escola, e se Potter fosse
meu amigo hoje, se ele tivesse aceitado minha amizade quando ofereci, ah
Granger... garanto que sua vida seria um verdadeira inferno! Não teria nenhum amiguinho amante de trouxas para
defendê-la e talvez estaria morta ou ainda petrificada à essa altura.
“Não imagina como
desejei sua morte todo santo dia, toda santa hora. E só Merlin sabe o
quanto a amaldiçoei por ousar me bater, quis torturá-la por somente ter invadido
aquele maldito ministério. Por que tinha que estar lá? Por sua culpa meu pai
acabou em Azkaban, por culpa do Potter ele foi torturado, por culpa de você e
de seus amiguinhos minha mãe sofre hoje e eu faço coisas que não desejo. Sabe o
que é lutar todos os dias contra si mesmo? Sabe o que é não fazer ideia de quem
realmente é o inimigo? – Draco gritou tudo na cara de Hermione.
Pode
ceder ou pode quebrar
É
o risco que você corre
Estava completamente
descontrolado e jogava tudo para o alto. Hermione encolheu-se quando um vaso
antigo quebrou-se e partículas de vidro voaram para o chão. Uma mesa fora
quebrada, a madeira partira-se ao meio repentinamente. Aquelas magias
involuntárias do sonserino a assustaram, podia sentir seu poder, sua força.
Draco era puro ódio naquele momento.
– Eu a mataria se
pudesse, sabia disso? – o loiro gritou, sua voz cada vez mais alta e insana. –
E eu posso. Posso porque sei o
feitiço para isso – dissera jogando a garota na parede e mantendo-a ali, presa.
Uma mão em seu pescoço, segurando-a firmemente e a outra na varinha, apontada
para o coração da grifinória. – Posso porque sempre desejei isso, porque sempre
a odiei e já fiz coisas terríveis. Aos doze anos fui ingênuo, desejei que um
basilisco fizesse o trabalho de um comensal... e descobri mais tarde que eu
mesmo poderia fazê-lo. Minha meta era matá-la, Granger, matar a sangue-ruim que
eu mais odiei seria algo fascinante.
“Mas aí aconteceu. A
maldita grifinória que eu odiava era você. E você era também a única mulher que
eu já tinha amado, ou melhor, a segunda. Estou preso entre você e meus ideais,
minha família. Estou completamente louco, não sei o que fazer, não sei qual
mulher salvar, qual escolher.
E
se você decidir
Que
você não me quer ao seu lado?
Que
você não me quer na sua vida?
A varinha caiu da mão
do sonserino e ele percebeu somente naquele momento que chorava
silenciosamente. Soltou então Hermione e caiu de joelhos, chorando agora como
uma criança de cinco anos. A garota abaixou-se, abraçando o loiro e deixando-o
deitar a cabeça em seu colo.
Draco tremia como nunca
e murmurava todo tipo de coisas sem sentido, como palavras jogadas ao vento.
– Eu tenho que... eu
não quero ser um assassino... não posso... o Lorde a matará, não posso... não
posso deixá-la morrer... e Hermione, ela não pode sofrer... não pode chorar
mais... e eu não quero... não...
– Não fale nada, Draco.
Eu... – Hermione começou a falar, soluçando tanto quanto Draco Malfoy. – Vai
dar tudo certo, eu prometo.
O sonserino podia
sentir a respiração pesada dela unir-se à sua, seus seios subirem e descerem,
ouvia o coração de Hermione bater num ritmo rápido.
Como
você pode saber se nunca tentou?
Algo nele morria,
talvez a esperança de um dia viver em paz. Sua vida era construída sobre o
desespero, sobre o medo e a insegurança. Tinha medo e amava a única que nunca
possuiria. E só de pensar em sua missão, no que tinha de fazer... Arrepios tomavam
conta de seu corpo e não se lembrava de uma única noite de sono normal. Já não
sonhava e sentia-se fraco.
– Eu não quero matar...
– Você não precisa
fazer isso – Hermione o rebate.
– Preciso sim, se eu
não matá-la, o Lorde matará mamãe.
– A Ordem pode
escondê-la.
– O Lorde é invencível,
ele a acharia e mataria qualquer um que tentasse escondê-la.
– E se...
– Eu não quero... não
posso matar...
– Dumbledore pode
ajudá-lo...
“ ... preciso matar a
guardiã” Draco pensou, sem coragem de colocar aquilo em palavras audíveis e
Hermione ouviu esse pensamento perfeitamente.
Uma lágrima deslizou
devagar pelo rosto de Draco e caiu sobre a pele de Hermione.
Isso calou Hermione e
ela desejou que Steiner nunca tivesse ensinado Legilimência a ela. Seus
próprios pensamentos a perturbavam, não precisa estar na cabeça de outras
pessoas, especialmente na de Draco, que ainda murmurava coisas incoerentes.
A cabeça dele ainda
estava deitada em seu colo como se buscasse proteção, sentia suas lágrimas e as
dele, lágrimas negras que lavavam aquelas duas almas perdidas.
Você
sabe que a escuridão sempre se transforma em luz
– Draco, olhe para mim.
– Hermione se afastou e segurou o rosto dele entre suas mãos – Draco eu fiz
horríveis também, fiz coisas que não deveria e até hoje estou ferida, eu não...
não sei mais o que é felicidade.
Isso não ajudou Draco
em nenhum sentido, ouvi-la dizendo aquilo só piorava tudo.
– Meu maior erro foi
ter me apaixonado por você – Hermione falou lentamente – mas erro maior seria
abandoná-lo.
– Hermione, eu...
– Você me feriu, Draco.
Machucou-me de todas as formas possíveis.
– E por isso mereço a
morte, eu sei.
– Merece sim, mas sabe
o que mais? Isso também seria a minha
morte.
Isso impressionou
Draco. Aquela era mesmo Hermione falando? Acostumara-se tanto com a grifinória
vingativa e ácida que se esquecera como ela conseguia ser doce.
– Me perdoa – pediu e
teve a impressão de que aquela era a primeira vez que usava a palavra perdão.
Hermione fitou-a,
lágrimas nos olhos, gelo no coração. Como perdoar aquele que a matara por
dentro? Cedo demais para isso.
Puxou-o então para si,
tocando seus lábios com urgência, leveza e doçura.
Um beijo terno e
rápido, suporte das mais conturbadas emoções e válvula de escape. Um beijo para
esquecer o mundo e maquiar toda a realidade.
Um toque de dois
amantes, que esvaia toda a angústia daquelas mentes cansadas de lutar. Um
presente dado de bom grato aos dois. Um momento tão perto da perfeição e tão
longe da eternidade. A dor misturando-se ao doce daqueles lábios, e o temor
saindo de cada poro.
Assim que Hermione
abriu os olhos percebeu que o olhar de Draco já não tinha um brilho de
lágrimas, seus olhos estavam tão vermelhos quanto poderiam estar, mas o cinza
gélido tomava conta de seu rosto.
– Você não vai fazer
nada disso, Draco – Hermione começou a dizer, tentando evitar que o choro
saísse. – Não vai matar ninguém e...
Draco tirou as mãos de
Hermione de seu peito e as beijou, tocando-as suavemente.
– Eu nunca amei ninguém
como a amo.
– Draco...
– Mas eu não fui feito
para isso, Hermione. Não sou o Potter. Não tenho permissão para amar.
Hermione fez menção de
interrompê-lo novamente, mas ele a calou com um rápido beijo, tão doloroso
quanto o primeiro.
– Desde o ano passado vivi pensando em como me
tornar um comensal seria minha morte. Junho está tão perto, Hermione e ainda
assim eu não consigo aceitar isso. Durante a minha vida inteira esperei isso e
hoje quero que esse dia nunca chegue.
– Fuja comigo.
– E depois o que?
– A ordem...
– A sua ordem a
acolherá, lá você estará salva, não eu. Me promete algo?
– Qualquer coisa.
– Viva.
Hermione piscou, não
entendendo aquilo. Viva? No que diabos Draco estava pensando? E então a
compreensão caiu sobre ela.
– Não! Não pode estar
falando sério! Não faça nada idiota, eu não suport...
– Prometa! – Draco
exigiu, as mãos dele apertando as dela fortemente, as lágrimas novamente no
rosto de Hermione.
– Draco...
O
que me mata é que eu te machuquei assim
A
pior parte é que eu nem sabia
– Eu preciso que você
prometa isso.
– Eu prometo, mas
Draco... não...
Novamente ela foi
interrompida, calada pelos lábios dele.
Cada
passo que você dá
Pode
ser seu maior erro
Sentia o medo de Draco.
O seu próprio.
A missão dele era matar
a guardiã.
Matar a ela.
E ele nem suspeitava
que ela sabia disso.
Lera seus pensamentos,
invadira sua mente.
Ao abrir os olhos não
conseguiu impedi-lo de fugir. Draco se fora, deixando-a entregue aos próprios
temores.
Como dizer a Draco quem
ela era? Como revelar ao amor da sua vida que ele deveria matá-la?
E
se eu comecei errado
E
nenhum poema ou canção
Pudesse
consertar o que eu comecei errado
Ou
te fazer sentir que eu pertenço a você?
É
o risco que você corre
N/a:
Adorei escrever esse cap, juro, é calmo, essencial para a fic e com um final
bem triste. Adoro finais tristes by the way...
Esse
cap foi betado pela LauraM do Nyah, o primeiro cap betado, que linds *-*
Ok,
o que acharam? O que a Hermi vai fazer? Qual serão as escolhas do Draco? E Rony
e Lucy? Anthony no meio? Ai Merlin! Confusão em cima de confusão...
ushsuhsus
As musicas citadas no cap
são várias, tem trechos de Coldplay (What If), Natalie Gauci (Feeling Good),
Lifehouse (Whatever it takes) e Motley Crue (Sick Love Song).
Várias
canções, admito, mas gostei de cada verso nesse cap e sofri para escrever
aqueles simples versinhos do convite da festa, poesia não é o meu forte :\
Então é isso, bjos :*